Quem foi Confúcio? - Bryan W. Van Norden

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A maioria das pessoas reconhece seu nome e sabe que ele é famoso por ter dito algo, mas, considerando o impacto duradouro que seus ensinamentos têm tido no mundo, poucas pessoas realmente sabem quem foi Confúcio, o que ele disse... e por quê. Bryan W. Van Norden revela o homem por trás do mistério.

Lição de Bryan W. Van Norden; animação de Tomás Pichardo-Espaillat.

A maioria das pessoas reconhece seu nome

e sabe que ele é famoso por ter dito algo,

mas, considerando o impacto duradouro
que seus ensinamentos têm tido no mundo,

bem poucas pessoas sabem
quem realmente foi Confúcio,

o que ele realmente disse

e por quê.

Em meio ao caos da China do século 6 a.C.,

onde Estados em guerras sem fim
lutavam entre si pela supremacia,

e governantes frequentemente
eram assassinados,

às vezes até pelos próprios parentes,

Confúcio dava exemplos
de benevolência e de integridade

e por meio de seus ensinamentos tornou-se
um dos grandes filósofos da China.

De origem nobre, mas criado na pobreza
desde a mais tenra idade

após a morte prematura do pai,

Confúcio desenvolveu o que se tornaria

uma empatia permanente
pelo sofrimento das pessoas comuns.

Mal sustentando mãe e irmão deficiente,
como pastor e contador num armazém,

e tendo outros empregos estranhos,

foi somente com a ajuda de um amigo rico

que Confúcio conseguiu
estudar nos arquivos reais,

onde sua visão de mundo seria formada.

Apesar de alguns considerarem
aqueles textos antigos

como relíquias irrelevantes do passado,

Confúcio se inspirou neles.

Por meio do estudo e da reflexão,

ele passou a acreditar que o caráter
humano é formado na família

e pela educação nos rituais,
na literatura e na história.

Uma pessoa educada dessa forma
trabalha para ajudar os outros,

guiando-os pela inspiração
moral em vez da força bruta.

Para colocar sua filosofia em prática,

Confúcio se tornou conselheiro
do governante do seu Estado natal de Lu.

Mas após outro Estado enviar ao governante
um grupo de dançarinas como presente,

e o governante se esquecer de seus deveres
para desfrutar da companhia das garotas,

Confúcio renunciou em desgosto.

Ele então passou alguns anos
viajando de Estado a Estado,

procurando um governante digno a quem
servir, sem abrir mão de seus princípios.

Não foi fácil.

De acordo com sua filosofia,
e contrário às práticas da época,

ele dissuadiu governantes de se fiarem
em duras punições e no poder militar

para governar suas terras,

por acreditar que um bom governante

é o que inspira os outros
a seguirem-no espontaneamente

pela virtude do seu carisma ético.

Confúcio também acreditava

que, sendo o amor e o respeito
que aprendemos na família

fundamentais para as outras virtudes,

o dever para com a família às vezes
suplanta as obrigações para com o Estado.

Assim, quando um duque se gabava
de que seus liderados eram tão íntegros

a ponto de um filho testemunhar
contra seu próprio pai,

quando seu pai roubou um carneiro,

Confúcio informou ao duque

que pais e filhos genuinamente
íntegros protegiam um ao outro.

Durante suas viagens, Confúcio
quase morreu de fome,

passou um breve tempo na prisão

e teve sua vida ameaçada diversas vezes.

Mas ele não era amargo.

Confúcio tinha fé de que o céu
tinha um plano para o mundo,

e ensinava que uma pessoa virtuosa

poderia sempre encontrar alegria
no aprendizado e na música.

Incapaz de encontrar
o governante que procurava,

Confúcio retornou a Lu

e se tornou um professor
e filósofo tão influente

que ajudou a moldar a cultura chinesa,

e seu nome é reconhecido
em todo o mundo ainda hoje.

Para os discípulos de Confúcio,

ele foi a encarnação viva de um sábio
que guia os outros por meio da virtude,

e eles perpetuaram suas palavras,

que acabaram sendo editadas num livro
conhecido como "Os Analectos".

Hoje, milhões de pessoas no mundo todo
adotam os princípios do confucionismo

e, apesar de, por milênios, se debater
o significado exato de suas palavras,

quando instado a resumir
seus ensinamentos em uma única frase,

o próprio Confúcio disse:

"Não faça aos outros aquilo
que não quer que façam a você".

Hoje, 2.500 anos depois,
ainda é um sábio conselho.