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Jes Fan: Beleza Infecciosa | Art21 "New York Close Up"

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    Jes Fan: Logo que os vemos
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    eles ficarão gravados no nosso espírito
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    Especialmente se pensarmos neles
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    como uma das primeiras
    poucas representações
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    de um chinês como sujeito.
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    [Biblioteca Médica
    da Universidade de Yale]
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    Há um missionário médico
    chamado Peter Parker
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    que viajou até Cantão para realizar
    a remoção cirúrgica de tumores
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    no início do século XIX.
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    Lam Qua era um pintor
    muito famoso na época.
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    Era famoso por pintar retratos.
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    Mas suponho que Lam Qua
    também era conhecido
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    pela forma rigorosa
    com que pintava os seus modelos.
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    É conhecido por ter dito:
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    "O que os olhos não veem,
    não se pode fazer".
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    Há qualquer coisa de chinesice aqui.
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    Pensem nisto: como é que
    chinesice passou a ser uma palavra?
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    Quais são as tecnologias envolvidas
    na criação desta ideia de "o outro"?
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    Porque é que o ombro
    tem de estar destapado?
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    A forma como a trança está colocada.
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    É muito sedutor e eu pensei
    se este tipo de sedução
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    tem de aparecer de forma
    a que consigamos ver o modelo
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    como uma pessoa igual a nós.
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    [Jess Fan: Beleza Infecciosa]
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    Acho que isso fez com que eu
    me esforçasse por perceber
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    a ideia de beleza e sedução.
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    Penso que o meu trabalho
    tem muito a ver com sedução.
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    Atualmente, a beleza é muito chata.
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    Só há podemos mostrar
    uma emoção nas redes sociais,
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    é o coraçãozinho, não é?
    (Risos)
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    Só há um formato de coração.
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    Quando uma coisa é bela,
    é só um simples coração.
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    Mas depois, quando pensamos
    na beleza no passado,
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    é a beleza e o sublime.
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    Tem de chegar com esta suspensão
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    — este receio.
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    Também significa, no passado,
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    descrever uma coisa que era tão bela
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    que quase nos faz querer vomitar.
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    Eu cresci em Hong Kong.
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    É muito opressivo ser gay ali.
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    Não podermos ver-nos
    refletidos na sociedade
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    nem sequer...
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    podermos ver gays adultos e felizes
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    ou gays adultos em geral.
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    É como não conseguir ver
    um futuro para nós mesmos.
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    Tive anos muito difíceis enquanto crescia
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    a tentar descobrir quem podia ser.
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    Julie Wolf: Pelo que entendi da peça
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    é que é feita de vidro
    com um certo formato.
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    Depois, junta-se a melanina à peça
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    e depois enche-se com silicone,
    está certo?
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    JF: Está.
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    JW: O que queremos fazer é melanina.
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    Vamos fazer a forma física final.
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    Chama-se L-DOPA.
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    Neste caso L-DOPA
    é uma molécula muito instável.
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    Se a expusermos à luz
    ou à temperatura ambiente,
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    começa a fazer uma coisa
    chamada autopolimerização.
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    Vai começar a fazer um polímero
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    que é uma subunidade repetida
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    que se vai ligar com a melanina.
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    O que vamos fazer é criar as condições
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    tão instáveis quanto possível
    para a L-DOPA
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    para podermos contornar
    o processo biológico
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    e chegar diretamente à melanina.
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    Não está muito escura
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    mas podemos ver que tem flocos lá dentro.
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    JF: É estranho estão quentes.
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    JW: Estão.
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    JF: Seria ótimo se fosse...
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    qualquer coisa que pudéssemos
    identificar ou acionar
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    e esperar que sejam..
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    Porque as placas que me deste com E.coli
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    são parecidas com mofo.
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    Esperemos que estas cresçam alegremente
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    e fiquem mais viscosas.
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    Muito do que estou a tentar fazer
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    com o que consideramos
    materiais sexualizados
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    ou materiais racializados,
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    é realmente muito absurdos
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    É como um programa de culinária.
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    Tenho sémen, sangue,
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    melanina e chichi.
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    (Risos)
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    Numa altura em que eu pensava
    muito em como a raça,
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    especialmente nos EUA,
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    é olhada como infecciosa.
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    Pensem na China e no coronavírus.
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    Pensem na SARS, estando em Hong Kong.
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    Pensem na era de Jim Crow
    e a não partilha de água.
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    Essa ideia de estar infetado.
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    Hoje em dia, na Ásia, a beleza é suave,
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    não tem arestas, não causa repulsa.
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    Há qualquer coisa sobre...
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    fazer isto é subverter esse equilíbrio,
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    mostra o trabalho que dá
    conseguir essa suavidade.
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    Assim, ela parece-se
    com estes círculos infecciosos.
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    Mas depois, os materiais
    que estão nessas formas bulbosas
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    são sémen em decadência.
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    Acho isto muito divertido.
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    Tem muito a ver com formas
    que se encaixam umas nas outras
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    e de certa forma evoca
    uma sensação dessa estranheza
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    mas, simultaneamente tão erótica
    que não conseguimos parar.
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    Mas para ser atraído para isso,
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    esse erotismo seduz-nos.
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    É beleza no brilho
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    e a possibilidade de ver
    o nosso reflexo nele.
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    Ao mesmo tempo,
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    estamos a olhar para uma coisa
    que nos causa repulsa
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    que é considerada infecciosa ou suja.
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    O meu terapeuta diz que eu estou
    tão familiarizado com a opressão
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    que o perigo, o risco e a opressão
    fazem com que me sinta em casa.
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    Por isso, escravizo-me no estúdio.
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    Ou melhor, privo-me do prazer
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    porque aqui não sou oprimido
    enqanto "gay".
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    Por isso, agora oprimo-me a mim mesmo.
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    Porque não posso voltar atrás,
    se fracassar.
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    Tradução de Margarida Ferreira.
Title:
Jes Fan: Beleza Infecciosa | Art21 "New York Close Up"
Description:

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Video Language:
English
Team:
Art21
Project:
"New York Close Up" series
Duration:
10:23

Portuguese subtitles

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