O quarto de Mary: um experimento de pensamento filosófico - Eleanor Nelsen
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0:07 - 0:11Imagine uma neurocientista
brilhante chamada Mary. -
0:11 - 0:14Mary vive em um quarto preto e branco,
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0:14 - 0:16ela só lê livros em preto e branco,
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0:16 - 0:21e suas telas exibem apenas preto e branco.
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0:21 - 0:26Mas mesmo que nunca tenha visto cores,
Mary é uma especialista em visão colorida -
0:26 - 0:31e conhece tudo o que foi estudado
sobre a sua física e biologia. -
0:31 - 0:34Sabe como diferentes
comprimentos de onda de luz -
0:34 - 0:37estimulam três tipos de cone na retina,
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0:37 - 0:39e ela sabe como os sinais elétricos
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0:39 - 0:42viajam pelo nervo ótico para o cérebro.
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0:43 - 0:45Ali eles criam padrões de atividade neural
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0:45 - 0:50que correspondem aos milhões de cores
que a maioria dos humanos podem ver. -
0:51 - 0:52Agora imagine que um dia
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0:52 - 0:55a tela em preto e branco da Mary falha
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0:55 - 0:58e uma maçã colorida aparece.
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0:58 - 0:59Pela primeira vez,
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0:59 - 1:04ela pode experimentar algo
conhecido por ela há anos. -
1:04 - 1:05Ela aprendeu alguma coisa nova?
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1:05 - 1:10Há alguma coisa sobre percepção de cores
que não foi captada com seu conhecimento? -
1:10 - 1:13O filósofo Frank Jackson propôs
esta experiência de pensamento, -
1:13 - 1:17chamada Quarto de Mary, em 1982.
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1:17 - 1:21Ele argumentou que, se Mary conhecia
todos os fatos físicos da visão de cores, -
1:21 - 1:25e experimentar cores
ainda ensina algo novo a ela, -
1:25 - 1:27logo os estados mentais,
como percepção de cores, -
1:27 - 1:32não podem ser completamente
descritos por fatos físicos. -
1:32 - 1:33O experimento do quarto de Mary
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1:33 - 1:37descreve o que filósofos chamam
de argumento do conhecimento, -
1:37 - 1:40em que há propriedades
e conhecimentos não-físicos -
1:40 - 1:44que só podem ser descobertos
através da experiência consciente. -
1:45 - 1:48O argumento do conhecimento
contradiz a teoria do fisicalismo, -
1:48 - 1:51que diz que tudo,
inclusive os estados mentais, -
1:51 - 1:53tem uma explicação física.
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1:54 - 1:56Para quem ouviu a história de Mary,
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1:56 - 1:59parece intuitivamente óbvio
que ver as cores -
1:59 - 2:03é algo totalmente diferente
do que aprender sobre isso. -
2:03 - 2:06Portanto, deve haver alguma
qualidade na visão de cores -
2:06 - 2:09que transcende sua descrição física.
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2:09 - 2:13O argumento do conhecimento
não é apenas sobre a visão de cores. -
2:13 - 2:18O quarto de Mary usa a visão de cores
para representar a experiência consciente. -
2:18 - 2:22Se a ciência física não pode explicar
inteiramente a visão de cores, -
2:22 - 2:27então talvez ela não possa explicar
outras experiências conscientes. -
2:27 - 2:29Por exemplo, poderíamos
saber todos os detalhes físicos -
2:29 - 2:33sobre a estrutura e função
do cérebro de outra pessoa, -
2:33 - 2:37mas ainda assim não entender
como é ser essa pessoa. -
2:38 - 2:42Essas experiências indescritíveis
têm propriedades chamadas qualia, -
2:42 - 2:48qualidades subjetivas que não podemos
descrever ou medir com precisão. -
2:48 - 2:50Qualia são exclusivas para a pessoa
que as experimenta, -
2:50 - 2:52como ter uma coceira,
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2:52 - 2:53estar apaixonado,
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2:53 - 2:55ou sentir-se entediado.
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2:55 - 2:59Os fatos físicos não podem explicar
completamente estados mentais como esses. -
3:00 - 3:02Os filósofos interessados
em inteligência artificial -
3:02 - 3:04usam o argumento do conhecimento
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3:04 - 3:07para teorizar que recriar um estado físico
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3:07 - 3:11não necessariamente recria
um estado mental correspondente. -
3:11 - 3:13Em outras palavras,
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3:13 - 3:16a construção de um computador
que imita a função de cada neurônio -
3:16 - 3:18do cérebro humano
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3:18 - 3:22não necessariamente cria um cérebro
computadorizado consciente. -
3:23 - 3:27Nem todos os filósofos concordam
que o quarto de Mary seja útil. -
3:27 - 3:30Alguns argumentam que o vasto
conhecimento sobre visão de cores -
3:30 - 3:33poderia permitir que ela
criasse o mesmo estado mental -
3:33 - 3:35produzido pela visão real de cores.
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3:35 - 3:40O mau funcionamento da tela
não mostraria nada de novo a ela. -
3:40 - 3:43Outros afirmam que o conhecimento
dela nunca foi completo, -
3:43 - 3:46porque foi baseado
apenas nos fatos físicos -
3:46 - 3:48que podem ser expressos em palavras.
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3:49 - 3:50Anos depois de sua proposta,
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3:50 - 3:54Jackson inverteu sua própria posição
sobre a sua experiência de pensamento. -
3:54 - 3:57Ele decidiu que, mesmo a experiência
de Mary de ver o vermelho -
3:57 - 4:02ainda corresponde a um acontecimento
físico mensurável no cérebro, -
4:02 - 4:06sem qualia desconhecida
além da explicação física. -
4:06 - 4:08Mas ainda não há uma resposta definitiva
-
4:08 - 4:11para a questão se Mary aprende algo novo
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4:11 - 4:13quando ela vê a maçã.
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4:13 - 4:16Será que há limites fundamentais
para o que podemos saber -
4:16 - 4:19sobre algo que não podemos experimentar?
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4:19 - 4:22E será que isso significa que há
certos aspectos do universo -
4:22 - 4:25que se encontram permanentemente
além da nossa compreensão? -
4:25 - 4:31Ou a ciência e a filosofia nos permitirão
superar as limitações da nossa mente?
- Title:
- O quarto de Mary: um experimento de pensamento filosófico - Eleanor Nelsen
- Speaker:
- Eleanor Nelsen
- Description:
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Veja a lição completa: http://ed.ted.com/lessons/mary-s-room-a-philosophical-thought-experiment-eleanor-nelsen
Imagine uma neurocientista que só viu coisas em preto e branco, mas é especialista em visão de cores e sabe tudo sobre sua física e biologia. Se um dia ela vir cores, aprenderá algo novo? Existe alguma coisa sobre a percepção da cor que não foi captada por seu conhecimento? Eleanor Nelsen explica o que esta experiência de pensamento pode nos ensinar sobre a experiência.
Lição de Eleanor Nelsen, animação de Maxime Dupuy.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TED-Ed
- Duration:
- 04:52
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Maricene Crus approved Portuguese, Brazilian subtitles for Mary's Room: A philosophical thought experiment | |
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Francisco Dubiela edited Portuguese, Brazilian subtitles for Mary's Room: A philosophical thought experiment | |
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