Uma breve história da medida do tempo| Noel Dimarcq | TEDxParisSalon
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0:06 - 0:09Bom dia a todos!
Vou falar-vos da medida do tempo. -
0:09 - 0:12Para falar da medida do tempo,
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0:12 - 0:14é preciso começar
por uma pergunta evidente: -
0:15 - 0:16Que horas são?
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0:17 - 0:19É uma pergunta que parece anódina
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0:19 - 0:22mas, se fizéssemos hoje a experiência
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0:22 - 0:24em que cada um olhasse para o seu relógio,
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0:24 - 0:27cada um teria uma hora
diferente do seu vizinho. -
0:28 - 0:31Em particular, teriam uma hora diferente
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0:31 - 0:34da hora deste relógio um pouco especial.
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0:34 - 0:38É um relógio que nos dá as horas atómicas.
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0:38 - 0:41Eu hoje não pude trazer
um relógio atómico comigo. -
0:41 - 0:44O tempo atómico é construído
no observatório de Paris. -
0:44 - 0:46É difundido por ondas de rádio.
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0:46 - 0:49E ali recebemos essa informação.
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0:49 - 0:53Penso que, se compararem a hora
— ali é a data, 27 de novembro — -
0:53 - 0:56com a hora que vemos aqui,
vão encontrar uma diferença. -
0:57 - 1:00A minha palestra não vai ser apenas
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1:00 - 1:02para vos explicar como acertar os relógios.
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1:03 - 1:08Também vai ser para vos explicar
como medir o tempo muito rigorosamente. -
1:08 - 1:11Vão ver que as ordens de grandeza
de precisão são bastante impressionantes. -
1:11 - 1:15Também vou dar algumas aplicações
originais e fascinantes. -
1:16 - 1:19Vou começar por uma coisa muito simples:
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1:19 - 1:21para medir o tempo
vamos utilizar uma régua. -
1:22 - 1:24Arranjei uma analogia
com uma régua temporal, -
1:24 - 1:25uma régua espacial.
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1:25 - 1:27Quando queremos medir uma distância,
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1:27 - 1:29agarramos numa régua
que é graduada, -
1:29 - 1:32contamos o número de graduações,
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1:32 - 1:33neste caso, por exemplo, em centímetros.
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1:33 - 1:36Se contamos cinco graduações,
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1:36 - 1:38supondo que uma graduação
vale um centímetro, -
1:38 - 1:40deduzimos que a distância
equivale a cinco centímetros. -
1:40 - 1:42Com o tempo, é a mesma coisa.
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1:42 - 1:45Vamos utilizar uma régua temporal.
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1:45 - 1:48Podemos materializar uma régua temporal
com um oscilador. -
1:48 - 1:51Um oscilador é um dispositivo físico
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1:51 - 1:54que nos dá um sinal periódico no tempo,
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1:54 - 1:57em que um parâmetro é reproduzido
de modo periódico no tempo. -
1:57 - 2:01Trouxe um comigo, o pêndulo de Tournesol.
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2:01 - 2:03Isto é um oscilador.
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2:03 - 2:04Veem que podemos contar o tempo,
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2:04 - 2:06contando o número de idas e vindas.
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2:06 - 2:10Se dissermos que uma ida e vinda
se faz num segundo, -
2:10 - 2:13podemos contar 1, 2, etc.
o tempo que passa. -
2:13 - 2:15Utilizando esta régua temporária,
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2:15 - 2:18cuja graduação elementar
— aquilo a que chamamos período — -
2:18 - 2:20podemos medir o tempo.
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2:20 - 2:23É fácil de imaginar que, se quisermos
ter uma precisão melhor, -
2:23 - 2:26temos que ter mais graduações.
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2:26 - 2:29É equivalente ao que temos numa régua.
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2:29 - 2:33Se a nossa régua, em vez de estar
graduada em centímetros, -
2:33 - 2:34estiver graduada em milímetros,
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2:34 - 2:38e medirmos 51 pequenas
graduações milimétricas, -
2:38 - 2:41deduzimos que o comprimento
tem 5,1 centímetros. -
2:41 - 2:44É exatamente o mesmo
para a medida do tempo. -
2:44 - 2:46Se tivermos um oscilador
que vai mais depressa -
2:46 - 2:48do que o que acabei de mostrar,
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2:48 - 2:50e que, portanto,
tem um período mais curto, -
2:50 - 2:51ou seja, uma frequência,
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2:51 - 2:54um número de batidas por segundo,
mais elevado, -
2:54 - 2:57vamos ter uma resolução muito melhor
para a medida do tempo. -
2:57 - 3:01É isso que orientou as investigações
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3:01 - 3:04desde a invenção da medida do tempo
com os osciladores. -
3:04 - 3:06Normalmente, se damos ordens de grandeza,
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3:06 - 3:08arranjamos um relógio mecânico
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3:08 - 3:10que não é obrigatoriamente Franc-Contois
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3:10 - 3:15mas que seja mecânico,
como o meu pequeno pêndulo oscilante, -
3:15 - 3:17tem uma batida por segundo,
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3:17 - 3:20portanto, não temos uma precisão enorme
quando queremos medir um segundo. -
3:20 - 3:24Mas se tivermos um oscilador
que transportamos connosco -
3:24 - 3:26no nosso relógio ou no nosso telemóvel,
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3:26 - 3:29que tem um oscilador de quartzo
que utiliza a piezoeletricidade -
3:29 - 3:32que tem uma forma de um pequeno
diapasão que vibra -
3:32 - 3:35e que é de dimensão milimétrica,
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3:35 - 3:38vai ter 32 768 batidas por segundo.
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3:38 - 3:40Vamos dividir um segundo
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3:40 - 3:42em 32 768 períodos elementares.
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3:42 - 3:45Porquê um número tão bizarro?
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3:45 - 3:47É um número que é fácil
de dividir por dois, 15 vezes, -
3:47 - 3:50para chegar a uma batida por segundo,
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3:50 - 3:52para ter o tique-taque do nosso relógio.
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3:52 - 3:54Se formos ao extremo,
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3:54 - 3:57aos osciladores que são os mais rápidos
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3:57 - 3:58que hoje se conhecem,
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3:58 - 4:02a que chamamos os osciladores
do domínio ótico, os lasers, -
4:02 - 4:04vemos que um laser é um oscilador
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4:04 - 4:06que nos vai dar uma onda eletromagnética
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4:06 - 4:08que bate extremamente depressa ,
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4:08 - 4:13que vai dividir o segundo em 500 000
milhões de milhões de batidas. -
4:13 - 4:17Vemos que a graduação elementar
é extremamente pequena. -
4:17 - 4:21Contamos 500 milhões de milhões
e dizemos que se passou um segundo, -
4:21 - 4:23voltamos a contar 500
milhões de milhões, etc. -
4:23 - 4:25Estão a ver, na medida do tempo,
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4:25 - 4:28ter a frequência mais elevada possível,
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4:28 - 4:30é o que nos vai dar a maior precisão.
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4:30 - 4:35A esse nível, julgamos que o problema
está mais ou menos resolvido. -
4:35 - 4:40De modo nenhum! Na verdade,
que confiança temos na medida? -
4:40 - 4:42Volto ao exemplo das duas réguas,
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4:42 - 4:44Compramos duas réguas,
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4:44 - 4:46em dois países diferentes,
e fazemos uma medição. -
4:46 - 4:48Façam a experiência,
talvez não funcione -
4:48 - 4:50assim de modo tão exagerado,
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4:50 - 4:52mas verão que funciona muito bem.
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4:52 - 4:53Vão ver que,para um mesmo comprimento,
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4:53 - 4:55não encontram o mesmo número de graduação.
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4:55 - 4:57Então, em que confiar?
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4:57 - 5:00Em que regra ter confiança,
qual é a boa medida? -
5:01 - 5:03Para os osciladores,
para a medida do tempo, -
5:03 - 5:05vamos ter o mesmo problema.
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5:05 - 5:08O nosso oscilador,
dois osciladores diferentes, -
5:08 - 5:10não vão dar exatamente
-
5:10 - 5:13o mesmo número de período
para medir uma determinada duração, -
5:13 - 5:15cada pequena graduação vai ser diferente.
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5:15 - 5:17Se tivermos um oscilador
-
5:17 - 5:20conforme o local ou o instante
em que o utilizarmos, -
5:20 - 5:22não nos vai dar a mesma medida.
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5:22 - 5:25Por exemplo, o pêndulo
que vos mostrei, que oscila, -
5:25 - 5:29se o utilizarmos
no equador ou nos polos, -
5:29 - 5:33— porque o período de oscilação
depende da força da gravidade — -
5:33 - 5:37ao fim de um ano, teremos cerca
de dois dias de diferença -
5:37 - 5:39entre as duas medidas.
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5:39 - 5:41É imenso, não na vida de todos os dias,
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5:41 - 5:43embora dois dias seja importante!
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5:43 - 5:45Mas, para as aplicações
que vos vou mostrar, -
5:45 - 5:47é uma coisa muito aborrecido.
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5:47 - 5:49Como resolver o problema?
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5:49 - 5:51É aí que construímos relógios atómicos,
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5:51 - 5:54o átomo é a solução para este problema
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5:54 - 5:56visto que é o átomo
que vai servir de referência. -
5:56 - 5:59O que é que se passa num relógio atómico?
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5:59 - 6:00É relativamente simples.
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6:00 - 6:03Continuamos com um oscilador,
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6:03 - 6:05mas vamos comparar a sua frequência
-
6:05 - 6:08com uma frequência
que é infinitamente estável, -
6:08 - 6:10universal e extremamente bem conhecida
-
6:10 - 6:12que é a frequência de ressonância
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6:12 - 6:14para passar de um nível atómico para outro.
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6:14 - 6:17Porque é que esta frequência
atómica é muito bem conhecida? -
6:17 - 6:19É porque a mecânica quântica
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6:19 - 6:21informa-nos que os estados de energia,
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6:21 - 6:23ou seja, os níveis de energia,
-
6:23 - 6:26entre os quais os átomos,
vão poder transitar, -
6:26 - 6:29esses estados de energia
têm valores extremamente fixos -
6:29 - 6:31e bem determinados.
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6:31 - 6:34Portanto, a frequência de ressonância
para passar de um nível a outro, -
6:34 - 6:37também ela será extremamente bem fixa.
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6:37 - 6:42Temos uma ilustração do relógio atómico
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6:42 - 6:44que está no observatório de Paris.
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6:45 - 6:49Hoje, utilizando átomos
que são um pouco especiais, -
6:49 - 6:51porque são átomos frios
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6:51 - 6:52que são arrefecidos por laser,
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6:52 - 6:54a temperaturas extremamente baixas,
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6:54 - 6:56que são mantidos retidos com luz laser,
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6:56 - 6:58utilizando osciladores óticos
-
6:58 - 7:00que batem extremamente depressa.,
-
7:00 - 7:02consegue-se ter uma precisão,
na medida do tempo, -
7:02 - 7:06que é muito impressionante,
visto que um relógio, -
7:06 - 7:09entre os melhores relógios do mundo,
atualmente, -
7:09 - 7:12não vai afastar-se um segundo senão
ao fim de três mil milhões de anos. -
7:12 - 7:16Por outras palavras, somos capazes de dar
-
7:16 - 7:20o valor da pequena graduação,
ou da frequência do relógio -
7:20 - 7:22com 17 números depois da vírgula.
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7:22 - 7:24Vemos que é uma aplicação
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7:24 - 7:26que é muito impressionante,
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7:26 - 7:29um nível de estabilidade
que é muito impressionante, -
7:29 - 7:31e tem imensas aplicações.
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7:31 - 7:34A primeira aplicação é o relógio falante.
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7:34 - 7:37É uma aplicação que fala ao público.
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7:37 - 7:39Donde vem o relógio falante?
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7:39 - 7:42Foi criado no observatório
de Paris em 1933. -
7:42 - 7:45Nessa época, eram os astrónomos
que davam as horas, -
7:45 - 7:47não era a física atómica.
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7:47 - 7:50A linha do observatório de Paris
ocupou-se sempre disso, -
7:50 - 7:52porque toda a gente
ligava para Ernest Esclangon -
7:52 - 7:56que era o diretor do observatório,
para saber as horas. -
7:57 - 8:02Ernest Esclangon teve a ideia
de desenvolver esse relógio falante. -
8:02 - 8:04Houve várias gerações de relógios falantes.
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8:04 - 8:07Atualmente, o relógio falante
aqui apresentado dá-nos as horas -
8:07 - 8:11com 50 milissegundos de incerteza.
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8:11 - 8:13Como a metrologia
é uma ciência experimental, -
8:13 - 8:15vamos ligar para o relógio falante.
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8:15 - 8:18Eu tenho o direito
de o deixar ligado, é um privilégio! -
8:18 - 8:20Há sempre o risco, nas experiências,
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8:20 - 8:22que as coisas não funcionem.
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8:23 - 8:27Relógio falante:
São 17 horas, 7 minutos e 10 segundos. -
8:26 - 8:28(Bip)
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8:28 - 8:30Vamos esperar um pouco
-
8:30 - 8:33mas reparem naquelas coisas vermelhas.
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8:33 - 8:36Relógio falante:
São 17 horas, 7 minutos e 20 segundos. -
8:37 - 8:38(Bip)
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8:38 - 8:41Pronto, funciona! Obrigado!
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8:41 - 8:43(Aplausos)
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8:44 - 8:48É uma aplicação que parece anódina,
mas que é importante -
8:48 - 8:51no momento da mudança da hora de verão,
da hora de inverno. -
8:51 - 8:57Se queremos transmitir o tempo
de forma mais precisa, -
8:57 - 8:59também podemos utilizer a Internet,
-
8:59 - 9:04os satélites de telecomunicações
ou o GPS, etc. -
9:04 - 9:05Esta é a primeira aplicação.
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9:05 - 9:08A segunda aplicação,
que está muito na moda -
9:08 - 9:10e que é muito importante,
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9:10 - 9:12é utilizar os relógios atómicos
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9:12 - 9:14para testar a lei da relatividade
de Einstein -
9:14 - 9:18que nos diz, já há 100 anos,
que o tempo não é absoluto. -
9:18 - 9:20Ou seja, se arranjarmos relógios idênticos
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9:20 - 9:23e os pusermos em referenciais diferentes,
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9:23 - 9:26que se movem um em relação ao outro
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9:26 - 9:28ou que têm parâmetros
ambientais diferentes, -
9:28 - 9:31vamos encontrar, medir diferenças
-
9:31 - 9:33entre o tempo e as frequências do relógio.
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9:33 - 9:38Este lado não absoluto do tempo
já é testado no terreno, -
9:38 - 9:40mas vai ser testado de forma
extremamente precisa -
9:40 - 9:45no espaço, instalando
um relógio ultra preciso, -
9:45 - 9:47a bordo da estação espacial internacional,
-
9:47 - 9:48dentro de uns anos,
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9:48 - 9:50comparando o tempo e a frequência
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9:50 - 9:52deste relógio que estará no espaço,
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9:52 - 9:54com os tempos e as frequências
-
9:54 - 9:56de relógios que estão situados
por todo o planeta, -
9:56 - 9:58poder-se-á validar a teoria de Einstein,
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9:58 - 10:01sabendo que todas as teorias modernas
-
10:01 - 10:02preveem a violação da teoria de Einstein.
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10:02 - 10:05Há um verdadeiro desafio científico nisso,
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10:05 - 10:10vai-se testar diferentes aspetos
da relatividade geral. -
10:10 - 10:15Vai-se testar, por exemplo,
uma propriedade muito interessante, -
10:15 - 10:17que diz que as constantes
fundamentais são constantes. -
10:17 - 10:19Não é anódino; em física,
-
10:19 - 10:22há todo um jogo de constantes
— que supomos serem constantes — -
10:22 - 10:25e, de facto, todas as teorias modernas
preveem que essas constantes -
10:25 - 10:27derivam tanto no tempo como no espaço,
-
10:27 - 10:29vai poder-se testar com muita precisão.
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10:29 - 10:32Vai testar-se também
um efeito de relatividade geral -
10:32 - 10:35que diz que o tempo
decorre a um ritmo diferente -
10:35 - 10:37em função da altitude.
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10:37 - 10:40Por exemplo, os que estão
sentados na primeira fila -
10:40 - 10:42não envelhecem com a mesma velocidade
-
10:42 - 10:44dos que estão sentados na última fila,
-
10:44 - 10:46porque não estão sentados
à mesma altitude. -
10:46 - 10:50Tranquilizem-se, porque
durante a minha palestra, -
10:50 - 10:53a diferença de envelhecimento
é mais ou menos de um psicossegundo, -
10:53 - 10:57ou seja 10 elevado a -12, portanto
um milionésimo de milionésimo de segundo. -
10:57 - 11:00Não vale a pena correr para descer
ou para subir, fiquem sentados! -
11:00 - 11:04Vai testar-se também
se a velocidade da luz é constante, -
11:04 - 11:07é um postulado extremamente forte
da relatividade restrita, -
11:07 - 11:11dizer que a velocidade da luz
é independente do referencial -
11:11 - 11:12em relação ao qual a medimos.
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11:12 - 11:15É uma propriedade extremamente importante,
-
11:15 - 11:19que é utilizada para efetuar
medições de distância, -
11:19 - 11:21a partir de medidas de tempo.
-
11:21 - 11:23Se quisermos medir uma distância,
-
11:23 - 11:26utilizamos um sinal que vai propagar-se,
-
11:26 - 11:28e conhecendo o tempo de propagação,
-
11:28 - 11:31se supusermos que a velocidade
de propagação é conhecida, -
11:31 - 11:33o que acontece com a velocidade da luz,
-
11:33 - 11:35vamos deduzir a distância.
-
11:35 - 11:39Podem dizer que não é preciso
ter relógios ultra estáveis para isso. -
11:39 - 11:40Mas sim!
-
11:40 - 11:43Como a luz anda depressa,
a 300 000 km por segundo, -
11:43 - 11:45se fizermos um erro de um nanossegundo,
-
11:45 - 11:47de mil milionésimos de segundos,
-
11:47 - 11:49enganamo-nos em 30 centímetros.
-
11:49 - 11:52Normalmente, este tipo de aplicação,
-
11:52 - 11:55medir distâncias
a partir de medidas de tempo, -
11:55 - 11:58é usado para medir
a distância da Terra à Lua -
11:58 - 12:00enviando impulsos para a Lua
-
12:00 - 12:02que se refletem por retrorrefletores
-
12:02 - 12:05lá instalados pelas missões Apollo
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12:05 - 12:08para medir a distância da Terra à Lua,
ao centimetro. -
12:08 - 12:10Quando medimos uma distância,
-
12:10 - 12:12sabemos posicionar-nos.
-
12:12 - 12:13Como se faz isso?
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12:13 - 12:15Com o sistema GPS, por exemplo.
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12:15 - 12:18Se temos uma constelação de satélites
-
12:18 - 12:20em que há relógios atómicos
todos sincronizados, -
12:20 - 12:22medindo o tempo de percurso de cada onda,
-
12:22 - 12:25desde cada satélite até ao nosso recetor,
-
12:25 - 12:29medidos a distância
em relação a cada satélite -
12:29 - 12:32e por triangulação,
medimos a nossa posição. -
12:32 - 12:34Precisamos de quatro satélites
porque no espaço-tempo, -
12:34 - 12:38há quatro coordenadas: x, y, z e t
porque também é preciso o tempo -
12:38 - 12:40para nos posicionarmos no espaço-tempo.
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12:40 - 12:43Vemos que as aplicações do GPS
-
12:43 - 12:45não são apenas para posicionar o automóvel,
-
12:45 - 12:48onde temos necessidade de ter
uns metros de resolução. -
12:48 - 12:50Também têm aplicação
em termos de geofísica, -
12:50 - 12:52porque vão poder analisar
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12:52 - 12:54o movimento das placas tectónicas
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12:54 - 12:57com resoluções da ordem
de uns centímetros por ano, -
12:57 - 12:59o que é uma resolução muito boa.
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12:59 - 13:02É interessante porque,
a partir das medidas de tempo, -
13:02 - 13:04conhecemos o funcionamento da Terra,
-
13:04 - 13:06conhecemos as flutuações
da rotação da Terra. -
13:06 - 13:10É interessante porque,
historicamente, era o contrário: -
13:10 - 13:12era a rotação da Terra que dava as horas.
-
13:12 - 13:15Atualmente é o contrário,
é a medida do tempo -
13:15 - 13:19que permite conhecer
as flutuações da rotação da Terra. -
13:19 - 13:23É uma coisa que,
provavelmente, já ouviram falar -
13:23 - 13:24na rádio ou na televisão,
-
13:24 - 13:26os famosos segundos intercalares:
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13:26 - 13:29o facto de que a Terra não roda em redondo
— toda a gente sabe — -
13:29 - 13:32enquanto o tempo atómico
é infinitamente estável, -
13:32 - 13:34faz com que as duas escalas de tempo,
-
13:34 - 13:36ligadas à rotação da Terra
e aos relógios atómicos, -
13:36 - 13:38derivem um em relação ao outro.
-
13:38 - 13:40Para evitar que se afastem demasiado,
-
13:40 - 13:42acrescenta-se, voluntariamente,
a nível internacional, -
13:42 - 13:44um segundo suplementar
-
13:44 - 13:46a que se chama segundo intercalar.
-
13:46 - 13:48Isso significa que, em geral,
de dois em dois anos, -
13:48 - 13:50quer a 30 de junho,
quer na noite de 31 de dezembro, -
13:50 - 13:52— em 31 de dezembro,
não se dá muito por isso — -
13:52 - 13:55há um minuto que tem 61 segundos.
-
13:55 - 13:59Esse salto tem que ser feito
em toda a Terra. -
13:59 - 14:02À laia de conclusão,
-
14:02 - 14:09gostaria de vos mostrar
que a medida do tempo -
14:09 - 14:11saiu do domínio da astronomia
-
14:11 - 14:13para entrar no domínio da física atómica
-
14:13 - 14:15e no da mecânica quântica.
-
14:15 - 14:18Desde a invenção dos relógios,
por volta de meados do século XX, -
14:18 - 14:20temos ganho num fator de 10,
de 10 em 10 anos. -
14:20 - 14:25É uma progressão
verdadeiramente impressionante. -
14:25 - 14:30Sempre que se tem melhorado
a precisão, dizemos: -
14:30 - 14:32"Isso não serve para nada,
esses números todos à direita da vírgula". -
14:32 - 14:34Mas não é verdade.
-
14:34 - 14:36Houve uma aplicação
-
14:36 - 14:38que apareceu depois,
10 anos depois, 20 anos depois -
14:38 - 14:41que utilizou essa precisão.
-
14:41 - 14:43Penso que dizer, em conclusão,
-
14:43 - 14:46que os medidores de tempo
estão avançados em relação ao seu tempo -
14:46 - 14:48tem toda a lógica, neste caso.
-
14:48 - 14:50Muito obrigado.
-
14:50 - 14:53(Aplausos)
- Title:
- Uma breve história da medida do tempo| Noel Dimarcq | TEDxParisSalon
- Description:
-
Esta palestra foi feita num evento local TEDx, produzido independentemente das Conferências TED.
Noël Dimarcq é o diretor de investigação do CNRS [Centre national de la recherche scientifique]. É doutorado em física. A sua área de investigação debruça-se sobre a utilização do carácter ondulatório da matéria para realizar medidas de precisão muito rigorosa, em especial as do tempo. Noël Dimarcq obteve em 2008 a medalha de prata do CNRS pelos seus trabalhos sobre os relógios atómicos e os sensores inerciais. Dirige atualmente o laboratório SYRTE — Sistemas de referência Tempo-Espaço, situado no Observatório de Paris. Este laboratório desenvolve, entre outras coisas, relógios atómicos ultra precisos para realizar testes de física fundamental e construir o tempo legal francês.
- Video Language:
- French
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 14:56
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