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Vivendo com a síndrome de Tourette | Marc Elliot | TEDxYouth@Hewitt

  • 0:04 - 0:05
    Antes de começar, quero fazer
  • 0:05 - 0:08
    um humilde agradecimento
    ao TEDxYouth@Hewitt.
  • 0:08 - 0:10
    É um grande privilégio estar aqui.
  • 0:10 - 0:14
    Quantos aqui ouviram falar
    que tenho síndrome de Tourette?
  • 0:14 - 0:16
    Não vejo nada, ok.
  • 0:16 - 0:20
    É verdade, eu tenho Tourette
    e tive por quase 20 anos da minha vida.
  • 0:20 - 0:24
    Uma coisa boa aconteceu comigo
    recentemente e, há cerca de cinco meses,
  • 0:24 - 0:26
    aprendi a controlar o Tourette.
  • 0:26 - 0:28
    E, já que não vou ter tiques aqui,
  • 0:28 - 0:30
    vou mostrar a vocês
    como foi a minha vida
  • 0:30 - 0:32
    pelos últimos 20 anos.
  • 0:32 - 0:35
    Vamos assistir a este pequeno vídeo.
  • 0:35 - 0:37
    [O QUE CAUSA SEU TIQUE?]
  • 0:38 - 0:41
    (Tiques do Tourette)
  • 0:45 - 0:49
    (Movimentos involuntários)
  • 0:49 - 0:53
    Aliás, eu tenho Tourette, só queria
    que soubessem, ok?
  • 0:53 - 0:55
    Merda! Merda!
  • 0:55 - 0:57
    Veado! Veado!
  • 0:57 - 0:59
    Preto! Preto! Preto! Preto!
  • 0:59 - 1:01
    [Biblioteca Pública de Boston]
  • 1:01 - 1:03
    (Sons do Tourette)
  • 1:03 - 1:05
    Homem no vídeo:
    Qual é o problema? Senhor!
  • 1:05 - 1:07
    Marc Elliot: Tenho síndrome de Tourette.
  • 1:07 - 1:10
    Homem: Sim, tudo bem.
    Você pode encontrar uma forma de...
  • 1:10 - 1:13
    porque está assustando as pessoas.
    Você não consegue controlar?
  • 1:13 - 1:15
    ME: Não, é síndrome de Tourette.
  • 1:15 - 1:16
    Você já ouviu falar?
  • 1:16 - 1:17
    Homem: Sim, mas...
  • 1:17 - 1:19
    ME: É um distúrbio médico.
  • 1:19 - 1:21
    São sons involuntários, então...
  • 1:21 - 1:24
    Não estou querendo perturbar.
  • 1:26 - 1:29
    (Dentes batendo)
  • 1:38 - 1:40
    Não vou ter tique.
  • 2:00 - 2:03
    ME: Sim, eu tenho a mandíbula
    mais forte do mundo.
  • 2:03 - 2:05
    Meus amigos e eu
    tentamos estimar no último ano.
  • 2:05 - 2:07
    Achamos que eu tive tiques
  • 2:07 - 2:11
    entre 20 e 30 milhões
    de vezes na minha vida.
  • 2:11 - 2:12
    Que é uma grande quantidade de vezes.
  • 2:12 - 2:15
    E, como podem imaginar,
    aprendi muitas lições diferentes
  • 2:15 - 2:18
    fazendo isso tantas vezes,
    e uma delas é sobre tolerância.
  • 2:18 - 2:22
    Pelos últimos três anos tive
    o incrível privilégio e oportunidade
  • 2:22 - 2:24
    de viajar por todos os Estados Unidos
  • 2:24 - 2:27
    para falar com minha palestra
    "O que causa seu tique?".
  • 2:27 - 2:31
    E eu tento ensinar as pessoas
    a serem indivíduos mais tolerantes.
  • 2:31 - 2:34
    Faço isso compartilhando muitas
    das minhas histórias pessoais
  • 2:34 - 2:37
    e sendo muito aberto sobre meus desafios.
  • 2:37 - 2:43
    Faço isso porque vejo
    que as pessoas da plateia se lembram
  • 2:43 - 2:46
    do quão pouco sabemos
    sobre a vida dos outros.
  • 2:46 - 2:48
    Minha esperança é que,
    quando você se lembrar disso,
  • 2:48 - 2:50
    sinta um pouco mais de compaixão por você
  • 2:50 - 2:53
    e também pelos que são diferentes de você.
  • 2:53 - 2:55
    Vamos começar a falar
    sobre síndrome de Tourette.
  • 2:55 - 2:57
    Quem já ouviu falar sobre Tourette? Ótimo.
  • 2:57 - 3:01
    Alguém não ouviu falar? Nunca?
    Tem alguns, nada mal.
  • 3:01 - 3:04
    Já que a maioria já ouviu falar,
    em quais programas de TV e filmes?
  • 3:04 - 3:06
    Se puderem levantar a mão rapidamente.
  • 3:06 - 3:07
    Alguém? Sim, ali atrás.
  • 3:07 - 3:10
    Plateia: ABC News Special.
    ME: ABC News Special, legal.
  • 3:10 - 3:14
    Plateia: Gigolô por Acidente.
    ME: Filme clássico, claro.
  • 3:14 - 3:16
    Mais alguém? Sim?
  • 3:16 - 3:17
    Plateia: South Park.
  • 3:17 - 3:20
    ME: Você acha engraçado
    falar de South Park?
  • 3:20 - 3:23
    Porque é sim, foi hilário, está tudo bem.
  • 3:23 - 3:24
    (Risos)
  • 3:24 - 3:27
    Eu chorei com meus amigos,
    foi tão engraçado.
  • 3:27 - 3:30
    E alguém já viu
    o Tourette's Guy no YouTube?
  • 3:30 - 3:33
    Tourette's Guy no YouTube?
    Ele é meu primo em primeiro grau.
  • 3:33 - 3:34
    Não, é mentira.
  • 3:34 - 3:36
    (Risos)
  • 3:36 - 3:40
    Sequer somos parentes.
  • 3:40 - 3:42
    (Risos)
  • 3:43 - 3:45
    Estou feliz que tenham visto
    em muitos lugares,
  • 3:45 - 3:47
    mas serei claro sobre uma coisa.
  • 3:47 - 3:50
    Como viram no vídeo,
    Tourette é absolutamente insano.
  • 3:50 - 3:51
    É completamente maluco.
  • 3:51 - 3:54
    O que acontece, é que o Tourette
    cria essas sensações de coceira
  • 3:54 - 3:56
    dentro do meu corpo.
  • 3:56 - 3:59
    Quero que vocês tentem agora
    se imaginar sentindo uma coceira.
  • 3:59 - 4:00
    Agora.
  • 4:00 - 4:03
    Tenho essa coceira na minha boca.
  • 4:03 - 4:04
    Quero deixar claro:
  • 4:04 - 4:07
    não se parece com esse tipo
    de coceira no seu braço,
  • 4:07 - 4:11
    mas é a mesma ideia porque
    eu não escolhi que ela ficasse ali.
  • 4:11 - 4:14
    É completamente involuntário,
    e também muito desconfortável.
  • 4:14 - 4:15
    Quando faço... (dentes batendo)
  • 4:15 - 4:18
    ou digo uma palavra
    ou faço algo com o corpo,
  • 4:18 - 4:19
    isso é um tique.
  • 4:19 - 4:22
    Isso sou eu tentando
    coçar essa coceira. Faz sentido?
  • 4:22 - 4:26
    Não tenho controle da coceira,
    mas tenho algum controle para coçá-la.
  • 4:26 - 4:28
    E, claro, as pessoas perguntam:
  • 4:28 - 4:30
    "Por que você simplesmente não coça?"
  • 4:30 - 4:34
    E o motivo de ser tão difícil não coçar,
    é que, imagine a sua coceira,
  • 4:34 - 4:36
    e multiplique por 10 ou 15.
  • 4:36 - 4:38
    E foi assim pelos últimos 20 anos.
  • 4:38 - 4:40
    Tive todos os tipos de tiques, como viram:
  • 4:40 - 4:43
    piscar, fungar, bater os dentes, palavras,
  • 4:43 - 4:45
    tudo o que podem imaginar.
  • 4:45 - 4:49
    E quando estava no ensino fundamental
    comecei a dizer palavrões.
  • 4:49 - 4:52
    Quem aqui ouviu falar: "Se você
    tem Tourette você fala palavrões"?
  • 4:52 - 4:54
    Esse é um grande estereótipo.
  • 4:54 - 4:58
    O engraçado é que a maioria das pessoas
    não falam, acho que menos de 10%.
  • 4:58 - 5:01
    Infelizmente, gosto de fazer
    as coisas de maneira diferente,
  • 5:01 - 5:02
    e já disse todo tipo de coisa.
  • 5:02 - 5:05
    Como viram no vídeo,
    eu disse coisas ofensivas,
  • 5:05 - 5:08
    disse partes do corpo, inclusive "pênis",
    talvez tenham escutado isso.
  • 5:08 - 5:10
    (Risos)
  • 5:11 - 5:13
    Também fui professor
    substituto na minha vida.
  • 5:13 - 5:15
    Um dia fui substituto
    em uma aula do quarto ano.
  • 5:15 - 5:17
    (Risos)
  • 5:17 - 5:18
    Ok, ainda não contei a piada.
  • 5:18 - 5:20
    (Risos)
  • 5:20 - 5:24
    Estava na sala tendo tiques com a palavra
    "pênis" e um aluno do quarto ano gritou:
  • 5:24 - 5:27
    "Sr. Elliot, o que você está dizendo?"
  • 5:27 - 5:28
    (Risos)
  • 5:28 - 5:32
    E eu: "Meu Deus, o que vou dizer
    para essa criança?"
  • 5:32 - 5:34
    E outro aluno gritou:
  • 5:34 - 5:36
    "Ele está dizendo pizza!"
  • 5:36 - 5:37
    (Risos)
  • 5:41 - 5:43
    Pizza? Certo.
  • 5:43 - 5:48
    Então, como já falei antes,
    também havia algumas coisas ofensivas.
  • 5:48 - 5:51
    Imaginem-se dizendo as coisas
    mais ofensivas que conseguem pensar
  • 5:51 - 5:53
    para as pessoas que vocês mais amam.
  • 5:53 - 5:56
    Imaginem dizendo a pior coisa
    para seus amigos negros.
  • 5:56 - 5:59
    Eu fiz isso. Milhares de vezes.
  • 5:59 - 6:02
    Meu irmão mais velho é gay
    e eu disse as coisas mais ofensivas
  • 6:02 - 6:03
    que vocês podem imaginar para ele.
  • 6:03 - 6:06
    Isso, de longe, foi a pior parte
    do meu Tourette.
  • 6:06 - 6:08
    Sem dúvida a pior.
  • 6:08 - 6:10
    Há dois anos eu estava no McDonald's
    e um cara veio e disse:
  • 6:10 - 6:12
    "Meu Deus, cara, você tem Tourette?"
  • 6:12 - 6:14
    Respondi: "Sim, por acaso eu tenho".
  • 6:14 - 6:18
    E ele: "Isso é incrível!"
  • 6:18 - 6:21
    E eu: "Não exatamente".
  • 6:21 - 6:24
    Então, ele disse: "Você fala palavrões?"
  • 6:24 - 6:25
    Eu: "Sim".
  • 6:25 - 6:27
    Ele: "Você diz a palavra com 'F'?"
  • 6:27 - 6:28
    Eu: "Sim."
  • 6:28 - 6:33
    Ele disse: "Cara, isso é legal,
    porque você tem uma desculpa".
  • 6:33 - 6:34
    (Risos)
  • 6:35 - 6:38
    E eu pensei por um momento...
  • 6:38 - 6:41
    como posso tentar mostrar
    para um estranho como é ter Tourette?
  • 6:41 - 6:45
    Então, no meio do McDonald's,
    totalmente lotado, eu disse a ele:
  • 6:45 - 6:48
    "Então, me faça um favor,
    diga a palavra com 'N'
  • 6:48 - 6:50
    o mais alto que conseguir agora".
  • 6:50 - 6:54
    E ele não falou mais nada depois disso,
    porque acho que entendeu logo.
  • 6:54 - 6:56
    Mesmo que seja engraçado
    dizer "pênis" uma vez,
  • 6:56 - 6:59
    quando você diz palavras ofensivas
    como eu fiz pelos últimos 20 anos,
  • 6:59 - 7:01
    não é nada engraçado.
  • 7:01 - 7:03
    É como eu sempre dizia às pessoas:
  • 7:03 - 7:06
    "Me desculpe se te incomoda,
    mas incomoda mais a mim".
  • 7:06 - 7:09
    Isso é o Tourette em poucas palavras,
    mas quando faço palestra
  • 7:09 - 7:12
    tento dar às pessoas a chance
    de sentir como é ter Tourette.
  • 7:12 - 7:15
    Podem se levantar rapidamente?
  • 7:15 - 7:19
    Neste momento dou a todos vocês
    a permissão para ter Tourette.
  • 7:19 - 7:24
    Esta é sua chance na vida para gritar
    "fogo na sala" quando não há fogo.
  • 7:24 - 7:26
    podem fazer um tique físico ou vocal,
  • 7:26 - 7:28
    apenas peço para que não digam algo
  • 7:28 - 7:30
    que possa ofender alguém.
  • 7:30 - 7:32
    Vocês têm dez segundos a partir de agora.
  • 7:32 - 7:34
    (Pessoas gritando)
  • 7:38 - 7:41
    Certo, podem se sentar!
  • 7:44 - 7:46
    Querem saber...
  • 7:46 - 7:48
    Querem saber qual é a pegadinha?
  • 7:48 - 7:49
    Era uma piada.
  • 7:49 - 7:51
    Não, estou só brincando.
  • 7:51 - 7:55
    Faço isso não por achar muito engraçado
    ver vocês tendo Tourette,
  • 7:55 - 7:57
    mas é um experimento social interessante.
  • 7:57 - 8:00
    Porque, embora eu tenha dado
    permissão para ter Tourette,
  • 8:00 - 8:03
    e vocês sabiam disso,
    muitos escolheram não fazer.
  • 8:03 - 8:05
    Espero que tenha sido uma oportunidade
  • 8:05 - 8:08
    para ver como realmente é
    ter síndrome de Tourette.
  • 8:08 - 8:10
    O quão desconfortável
    pode ser no dia a dia.
  • 8:10 - 8:13
    Obrigado por participarem
    dessa experiência "Touréttica".
  • 8:13 - 8:16
    Uma salva de palmas para vocês.
  • 8:16 - 8:17
    (Aplausos)
  • 8:17 - 8:20
    Então, como podem imaginar,
    e alguns experimentaram,
  • 8:20 - 8:23
    eu apenas tive uma
    perspectiva de vida diferente.
  • 8:23 - 8:28
    Pude ver no dia a dia como as pessoas
    tratam e reagem a alguém
  • 8:28 - 8:30
    que é tão diferente de todo mundo.
  • 8:30 - 8:33
    Quero dizer, por 20 anos,
    fazendo coisas como isso,
  • 8:33 - 8:35
    bater os dentes, falar coisas ofensivas,
  • 8:35 - 8:37
    fazer coisas estranhas e assustar pessoas.
  • 8:37 - 8:41
    E eu tive a chance de ver como é
    ser tão diferente de todo mundo.
  • 8:41 - 8:44
    E, dessa perspectiva diferente,
  • 8:44 - 8:47
    uma das lições mais importantes
    que aprendi foi sobre tolerância.
  • 8:47 - 8:49
    E quero deixar uma coisa muito clara:
  • 8:49 - 8:51
    eu apenas falo sobre tolerância,
  • 8:51 - 8:53
    o nível mais básico, na minha opinião.
  • 8:53 - 8:55
    Apenas falo sobre tolerância.
  • 8:55 - 8:57
    Algumas pessoas,
    incluindo alguns de vocês,
  • 8:57 - 9:00
    talvez tenham um problema sério
    com isso, e podem pensar:
  • 9:00 - 9:02
    "Marc, porque você
    não fala sobre aceitação?
  • 9:02 - 9:04
    Isso não é mais poderoso?"
  • 9:04 - 9:07
    E eu concordo totalmente.
  • 9:07 - 9:10
    Mas nos últimos 20 anos
    da minha vida, na minha opinião,
  • 9:10 - 9:12
    eu descobri que há tantas pessoas
  • 9:12 - 9:15
    que sequer conhecem
    o princípio básico da tolerância.
  • 9:15 - 9:18
    Por isso falo sobre tolerância
    e, em vez de usar "tolerância",
  • 9:18 - 9:21
    uso uma palavra diferente,
    na verdade, uma frase diferente:
  • 9:21 - 9:23
    "Viva e deixe viver".
  • 9:23 - 9:25
    Já ouviram esta frase antes?
  • 9:25 - 9:28
    Eu não inventei isso, quero fique claro.
  • 9:28 - 9:30
    Para mim, é disso
    que se trata a tolerância.
  • 9:30 - 9:32
    Posso saber o seu nome?
    Mulher: Tammy.
  • 9:32 - 9:34
    ME: Não se preocupe Tammy,
    não vou te chamar aqui.
  • 9:34 - 9:38
    Se eu disser que vou tolerar a Tammy,
    isso é o que realmente estou dizendo:
  • 9:38 - 9:41
    "Vou viver a minha vida,
    e deixar a Tammy viver a dela.
  • 9:41 - 9:43
    Vou viver e deixar viver".
  • 9:43 - 9:46
    E aprendi tanto sobre "viva e deixe viver"
    não em livros didáticos,
  • 9:46 - 9:49
    mas porque estive em muitas
    situações intolerantes.
  • 9:49 - 9:52
    E, depois de terem acontecido,
    eu tirei a conclusão mais simples:
  • 9:52 - 9:55
    quando uma pessoa está sendo
    intolerante, geralmente,
  • 9:55 - 9:59
    ele ou ela está tirando
    muitas conclusões sobre outra pessoa,
  • 9:59 - 10:02
    e acredito que concordamos que não tem
    problema tirar conclusões.
  • 10:02 - 10:06
    Mas então elas decidem transformar
    essas conclusões em ações.
  • 10:06 - 10:07
    Vou contar uma história.
  • 10:07 - 10:09
    Quem aqui gosta da lanchonete Wendy's?
  • 10:09 - 10:11
    Apimente seu sanduíche de frango crocante!
  • 10:12 - 10:15
    Eu estava na fila do Wendy's,
    e havia uma mulher perto de mim,
  • 10:15 - 10:17
    e eu latia como um cachorro,
    fazia minhas coisas.
  • 10:17 - 10:20
    Ela não fazia ideia do que estava
    acontecendo perto dela,
  • 10:20 - 10:22
    e eu posso entender o motivo.
  • 10:22 - 10:25
    Então, olhei para ela e disse:
    "Oi, meu nome é Marc.
  • 10:25 - 10:27
    Tenho síndrome de Tourette,
    só queria te avisar.
  • 10:27 - 10:29
    Não quero incomodar você".
  • 10:29 - 10:32
    Ela olhou para mim e ignorou,
    e não foi um grande problema.
  • 10:32 - 10:34
    Então, dez segundos se passaram
  • 10:34 - 10:36
    e, de repente, essa mulher
    deu um grande aviso
  • 10:36 - 10:38
    para os empregados
    que olhavam para nós,
  • 10:38 - 10:40
    e disse em voz alta:
  • 10:40 - 10:43
    "Não preocupem, ele é retardado".
  • 10:43 - 10:46
    Eu respirei fundo e... cabeçada!
  • 10:46 - 10:48
    Não, eu não fiz isso!
  • 10:48 - 10:49
    (Risos)
  • 10:52 - 10:54
    Foi o Tourette! Não, estou brincando!
  • 10:54 - 10:55
    (Risos)
  • 10:57 - 11:01
    Eu disse: "Moça, não sou retardado,
    tenho síndrome de Tourette".
  • 11:01 - 11:03
    E quero dizer uma coisa muito séria.
  • 11:03 - 11:06
    Talvez ela tenha
    dito aquilo para me ajudar.
  • 11:06 - 11:08
    Ela pode ter tentado me proteger.
  • 11:08 - 11:11
    Mas ela me conheceu somente
    por 10 ou 15 segundos.
  • 11:11 - 11:15
    Fez tantas conclusões sobre
    quem eu era e o que estava fazendo.
  • 11:15 - 11:17
    O que, novamente, é compreensível.
  • 11:17 - 11:20
    Mas ela acreditou que aquilo
    que pensou era verdade
  • 11:20 - 11:23
    e transformou as conclusões em ação.
  • 11:23 - 11:24
    Não escolheu viver e deixar viver.
  • 11:24 - 11:28
    Já estive em muitas situações como essa,
    fui até enxotado de um ônibus.
  • 11:28 - 11:31
    Tive médicos dizendo que acham
    que não tenho síndrome de Tourette.
  • 11:31 - 11:34
    Já riram da minha cara,
    tudo o que podem imaginar.
  • 11:34 - 11:38
    Eu digo isso não por querer
    que se sintam mal por mim,
  • 11:38 - 11:42
    é apenas porque isso ilustra
    muito bem como havia pessoas
  • 11:42 - 11:44
    que tiraram tantas conclusões
    sobre uma outra pessoa,
  • 11:44 - 11:47
    e acreditaram que aquilo era verdade.
  • 11:47 - 11:50
    Na minha opinião
    eles deixaram sua ignorância,
  • 11:50 - 11:53
    e não falo de ignorância
    de forma negativa...
  • 11:53 - 11:56
    Só deixaram a falta de compreensão
    sobre a vida de outra pessoa
  • 11:56 - 11:57
    comandar suas próprias ações.
  • 11:57 - 12:00
    É disso que se trata
    o "viva e deixe viver".
  • 12:00 - 12:02
    Quando estamos cuidando da nossa vida,
  • 12:02 - 12:05
    e vemos alguém diferente de nós,
  • 12:05 - 12:08
    talvez ele pareça estranho, engraçado,
  • 12:08 - 12:10
    uma cor de pele diferente,
    outra orientação sexual,
  • 12:10 - 12:12
    tem a síndrome de Tourette,
  • 12:12 - 12:15
    talvez seja apenas
    um estranho que incomoda.
  • 12:15 - 12:17
    Já conheceram um estranho que incomoda?
  • 12:17 - 12:18
    Certo.
  • 12:18 - 12:22
    Quando encontramos
    essas pessoas na nossa vida,
  • 12:22 - 12:24
    podemos pensar o que quisermos
    sobre essa pessoa.
  • 12:24 - 12:28
    Podemos fazer as conclusões
    e julgamentos que queremos
  • 12:28 - 12:30
    porque somos humanos
    e é isso o que fazemos.
  • 12:30 - 12:33
    Tiramos conclusões sobre
    pessoas diferentes de nós.
  • 12:33 - 12:36
    Mas por que não deixar que seja só isso?
  • 12:36 - 12:39
    Uma conclusão é só uma conclusão.
  • 12:39 - 12:40
    Por que transformá-la em ação?
  • 12:40 - 12:43
    Isso pode impactar de forma
    negativa a vida de alguém.
  • 12:43 - 12:46
    No final do dia, realmente
    sabemos muito pouco
  • 12:46 - 12:48
    sobre a vida de cada um
    e o que estamos passando.
  • 12:48 - 12:52
    Quando vocês se lembrarem disso,
    espero que faça vocês pensarem:
  • 12:52 - 12:56
    "Vou viver minha vida e deixá-los
    viverem a deles. Viver e deixar viver".
  • 12:56 - 12:59
    Conheci uma pessoa dois anos atrás
    quando me mudei para Manhattan.
  • 12:59 - 13:01
    E foi a total epidemia
    do "viva de deixe viver".
  • 13:01 - 13:04
    Isso aconteceu na rua 23 com a 7.
  • 13:04 - 13:06
    Eu estava descendo a pé pela avenida.
  • 13:06 - 13:09
    Estava com meus fones
    de ouvido e, não sei vocês,
  • 13:09 - 13:11
    mas quando estou sozinho
    com fones, fico dançando.
  • 13:11 - 13:12
    Bom trabalho antes, aliás.
  • 13:12 - 13:16
    Então, estava dançando na plataforma,
  • 13:16 - 13:19
    estava com um pouco de tique,
    e após uns 30 segundos percebi
  • 13:19 - 13:22
    que havia um cara uns 2 m
    de distância de mim.
  • 13:22 - 13:25
    Ele ainda não tinha olhado para mim.
  • 13:25 - 13:28
    Mas eu estava latindo tão alto
    que quis dar um aviso a ele.
  • 13:28 - 13:32
    Então, olhei e disse: "Olá,
    meu nome é Marc, tenho Tourette.
  • 13:32 - 13:35
    Não quero incomodá-lo. Só quis te avisar".
  • 13:35 - 13:37
    E ele virou para mim devagar e disse:
  • 13:37 - 13:40
    "Cara, sem problema".
  • 13:41 - 13:43
    E então voltou para o que estava fazendo.
  • 13:43 - 13:45
    Por causa da forma como ele me respondeu
  • 13:45 - 13:49
    eu, por alguma razão, me senti inclinado
    a voltar e perguntar uma coisa a ele.
  • 13:49 - 13:52
    E, de verdade, nunca fiz isso
    em toda a minha vida.
  • 13:52 - 13:55
    Após uns dois minutos criei coragem.
  • 13:55 - 13:59
    Caminhei até ele e falei: "Senhor,
    eu sei que isso é muito estranho,
  • 13:59 - 14:03
    mas o que você estava pensando sobre mim
  • 14:03 - 14:05
    antes de eu te dizer que tenho Tourette?
  • 14:05 - 14:06
    O que passava pela sua cabeça?"
  • 14:06 - 14:11
    Ele disse: "Honestamente? Só achei
    que você estava se divertindo".
  • 14:11 - 14:13
    (Risos)
  • 14:15 - 14:18
    Certo, estou latindo, dançando,
  • 14:18 - 14:20
    não sei que tipo de festa é essa.
  • 14:20 - 14:25
    Eu disse: "E quando eu comecei
    a bater meus dentes?"
  • 14:25 - 14:28
    Ele disse: "Ah sim, aquilo foi estranho".
  • 14:28 - 14:29
    (Risos)
  • 14:31 - 14:33
    Certo, temos alguma
    honestidade aqui. Eu disse:
  • 14:33 - 14:38
    "Senhor, a razão para eu perguntar isso
    é porque o que você fez foi legal.
  • 14:38 - 14:40
    Não importa o que pensou de mim,
  • 14:40 - 14:43
    não importa quais conclusões
    ou julgamentos fez de mim,
  • 14:43 - 14:46
    antes e depois de eu te dizer
    que tenho Tourette,
  • 14:46 - 14:49
    você me deixou viver
    a minha vida. Você deixa viver".
  • 14:49 - 14:51
    E eu disse a ele sobre
    meu discurso e minha mensagem,
  • 14:51 - 14:53
    e perguntei a ele diretamente:
  • 14:53 - 14:55
    "Senhor, por que você é assim?"
  • 14:55 - 14:58
    E ele: "É engraçado que você
    tenha perguntado isso".
  • 14:58 - 15:00
    E só para informação,
    seu nome próprio era Jay,
  • 15:00 - 15:01
    foi uma conversa longa.
  • 15:01 - 15:02
    (Risos)
  • 15:02 - 15:05
    E ele disse: "Marc,
    quando eu tinha 16 anos,
  • 15:05 - 15:07
    estava nos fundos
    de um ônibus em Nova Iorque,
  • 15:07 - 15:12
    e na parte da frente do ônibus
    havia uma criança barulhenta e irritante".
  • 15:12 - 15:14
    Vocês conhecem uma criança assim.
  • 15:14 - 15:18
    Ele disse: "Esse menino estava
    totalmente fora de controle,
  • 15:18 - 15:23
    e para piorar, parecia que estava
    sentado ao lado do pai".
  • 15:23 - 15:25
    Então, Jay ficou no fundo
    do ônibus, pensando:
  • 15:25 - 15:28
    "Meu Deus, por que
    essa criança não cala a boca?"
  • 15:28 - 15:31
    E ele me disse que havia
    uma mulher sentada perto dele.
  • 15:31 - 15:32
    Ela disse ao Jay:
  • 15:32 - 15:36
    "Se fosse meu filho, eu mostraria a ele".
  • 15:36 - 15:39
    Enquanto eles conversavam
    sobre como essa criança era irritante,
  • 15:39 - 15:44
    outro estranho no ônibus se levantou
    e foi até a criança e seu pai.
  • 15:44 - 15:46
    E o estranho disse ao pai:
  • 15:46 - 15:49
    "Você pode controlar
    seu filho, por favor?"
  • 15:49 - 15:53
    Como todos devem ter
    pensando naquele ônibus.
  • 15:53 - 15:58
    E Jay me disse que o pai virou
    para o estranho e disse:
  • 15:58 - 16:03
    "A mãe dele acabou de morrer,
    estamos voltando do funeral".
  • 16:03 - 16:06
    E Jay disse: "Marc,
    a partir daquele momento
  • 16:06 - 16:10
    eu percebi que não sei nada
    sobre as pessoas.
  • 16:10 - 16:14
    Não sei o que estão pensando,
    nem o que estão fazendo,
  • 16:14 - 16:16
    só quero deixar serem quem são.
  • 16:16 - 16:21
    Em outras palavras,
    quero viver e deixar viver".
  • 16:21 - 16:23
    E, pessoal, quero que vocês voltem
    para hoje de manhã,
  • 16:23 - 16:27
    quando acordaram e saíram da cama,
    e quero que pensem em algum desafio
  • 16:27 - 16:30
    que sabiam que teriam que enfrentar hoje.
  • 16:30 - 16:34
    Algum tipo de desafio,
    dificuldade, insegurança.
  • 16:34 - 16:35
    Algo com o que tinham que lidar.
  • 16:35 - 16:38
    E isso pode ser algo bem pequeno,
    pode ser muito grande,
  • 16:38 - 16:41
    pode ser tão perceptível
    quanto meu Tourette
  • 16:41 - 16:45
    ou, talvez, algo que ninguém nesse mundo
  • 16:45 - 16:47
    saiba que você está lidando com isso.
  • 16:47 - 16:50
    Todos têm alguma coisa?
  • 16:50 - 16:52
    Agora quero que pensem sobre
  • 16:52 - 16:57
    o quanto esse desafio
    afeta seu comportamento.
  • 16:57 - 16:58
    Isso é o que quero dizer:
  • 16:58 - 17:01
    como esse desafio e ter que lidar com ele
  • 17:01 - 17:04
    influencia a forma
    como você se comporta e age,
  • 17:04 - 17:08
    que potencialmente altera a forma
    como as pessoas veem você.
  • 17:08 - 17:11
    Por exemplo, tive espinhas nas costas
    a minha vida inteira e odeio elas.
  • 17:11 - 17:14
    Às vezes quando estou sem camisa
    em uma sala com amigos
  • 17:14 - 17:18
    e preciso passar por eles, literalmente
    mudo de direção ao passar por eles
  • 17:18 - 17:21
    para que não vejam minhas costas
    porque fico com vergonha.
  • 17:21 - 17:24
    O quanto seu desafio
    afeta seu comportamento?
  • 17:24 - 17:29
    Quero que deem uma olhada rápida em alguém
    nesta sala que vocês não conheçam.
  • 17:29 - 17:31
    Uma olhada rápida.
  • 17:31 - 17:33
    Isso também pode ser estranho.
  • 17:33 - 17:35
    (Risos)
  • 17:38 - 17:42
    Agora quero que deem uma olhada rápida
    em alguém aqui que vocês conheçam.
  • 17:42 - 17:46
    Se não conhecem ninguém, olhem para mim.
    Já me conhecem bem a essa altura.
  • 17:46 - 17:48
    (Risos)
  • 17:50 - 17:53
    Pedi para vocês fazerem isso porque...
  • 17:53 - 17:56
    vocês já desaceleraram realmente sua vida
  • 17:56 - 17:58
    o suficiente para, em algum momento,
  • 17:58 - 18:02
    pensar sobre o estranho no mercado,
    seu amigo na sala de aula,
  • 18:02 - 18:04
    ou talvez até seu melhor amigo?
  • 18:04 - 18:08
    Já pensaram sobre com quais
    desafios eles estão lidando
  • 18:08 - 18:10
    que potencialmente influenciam
    o comportamento deles,
  • 18:10 - 18:13
    e alteram a forma como você os vê?
  • 18:13 - 18:16
    E quando você pensa sobre a vida,
    seja aqui na Hewitt School,
  • 18:16 - 18:18
    ou sua vida no trabalho, onde estiver.
  • 18:18 - 18:21
    Já pensou que talvez alguém
    esteja acima do peso
  • 18:21 - 18:24
    porque precisa tomar medicamento
    que faz com que ganhe peso?
  • 18:24 - 18:25
    Ou alguém é grosseiro com você,
  • 18:25 - 18:28
    não porque tem algum problema com você,
  • 18:28 - 18:31
    mas porque os pais
    se divorciaram na noite anterior,
  • 18:31 - 18:34
    ou a pessoa está com ansiedade,
    um distúrbio alimentar, sua sexualidade,
  • 18:34 - 18:37
    ou talvez você apenas
    tenha conhecido aquela pessoa
  • 18:37 - 18:41
    em um momento ruim de um dia muito bom.
  • 18:41 - 18:45
    Da próxima vez que você for
    transformar suas conclusões em ações,
  • 18:45 - 18:48
    que podem impactar de forma
    negativa a vida de alguém,
  • 18:48 - 18:51
    fofocando sobre alguém,
    decidindo colocar alguém para baixo,
  • 18:51 - 18:53
    escolhendo não ser amigo de alguém.
  • 18:53 - 18:55
    Antes de fazer isso
    eu encorajo você a parar
  • 18:55 - 18:57
    e simplesmente pensar sobre isso:
  • 18:57 - 19:01
    você realmente sabe o que se passa
    na vida daquela pessoa?
  • 19:01 - 19:05
    Você realmente sabe o que faz
    aquela pessoa ter tiques?
  • 19:05 - 19:07
    Acho que a resposta é não.
  • 19:07 - 19:09
    Espero que isso nos inspire a dizer:
  • 19:09 - 19:12
    "Vou viver a minha vida,
    vou deixá-los viver a deles.
  • 19:12 - 19:13
    Vou viver e deixar viver".
  • 19:13 - 19:16
    E vou terminar com uma citação
    que é uma iteração de Platão.
  • 19:16 - 19:19
    Acredito que captura
    a essência da minha fala.
  • 19:19 - 19:21
    É assim:
  • 19:21 - 19:23
    "Seja mais amável do que o necessário.
  • 19:23 - 19:26
    Todos estão lutando
    suas próprias batalhas,
  • 19:26 - 19:28
    e você não sabe nada a respeito".
  • 19:28 - 19:30
    Muito obrigado TEDxYouth@Hewitt!
  • 19:30 - 19:31
    (Aplausos)
Title:
Vivendo com a síndrome de Tourette | Marc Elliot | TEDxYouth@Hewitt
Description:

Em sua apresentação "O que causa seu tique?", Marc Elliot traz suas experiências sobre não se encaixar e não se sentir confortável com os outros, para discutir lições fundamentais sobre tolerância.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
19:34

Portuguese, Brazilian subtitles

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