Transformando o não reciclável em reciclável | Ashton Cofer | TEDxColumbusAcademy

Todo ano, os norte-americanos descartam quase 900 mil toneladas de poliestireno expandido, geralmente chamado de isopor, que enche os aterros sanitários. Mas e se conseguíssemos evitar que o isopor fosse descartado em aterros, transformando-o em algo útil? Nesta palestra, Ashton Cofer fala sobre a perseverança que precisou ter na busca de um processo que convertesse o isopor em carvão ativado, utilizado para purificar água.

Ashton Cofer é aluno do nono ano da Columbus Academy. Ele é apaixonado por ciência e tecnologia. Também gosta de jogar futebol, tênis e de praticar snowboard. Ashton Cofer já recebeu diversos prêmios graças a seu projeto de Ciências, incluindo o primeiro lugar na feira de ciências da Google de 2016. Além disso, Ashton ensina robótica a crianças nos arredores de Columbus, e seu time de robótica já ganhou competições internacionais ao redor do mundo. Ele também toca saxofone. Suas atividades favoritas, porém, são passar o tempo com os amigos, praticar snowboard e jogar paintball.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

Era um sábado como outro qualquer.

Meu pai aparava a grama,
minha mãe dobrava a roupa,

minha irmã fazia o dever de casa
e eu jogava videogame no porão.

Subi para pegar algo para beber,
olhei pela janela

e me dei conta de que havia algo
que eu deveria estar fazendo.

Isto foi o que vi.

(Risos e murmúrios)

Isso não era o jantar da minha família
pegando fogo. Era meu projeto de ciências.

Chamas por toda parte, muita fumaça,
e o deque de madeira correndo risco.

Gritei imediatamente.

Minha mãe ficou desesperada,
meu pai correu para apagar o fogo

e, obviamente, minha irmã começou
a gravar um vídeo para o Snapchat.

(Risos)

Esse era apenas o começo
do projeto de ciências do meu time.

Meu time é formado por mim
e três dos meus amigos.

Competimos na "FIRST LEGO League",

uma competição internacional
de robótica para crianças e adolescentes.

E, paralelamente aos jogos de robótica,
trabalhamos nesse projeto de ciências.

A ideia para esse projeto
nasceu quando, alguns meses antes,

alguns membros da equipe
visitaram a América Central

e viram praias repletas de isopor,
ou poliestireno expandido.

Quando voltaram e relataram o que viram,

começamos a pensar em como utilizamos
o isopor no dia a dia.

Quando compramos uma TV com tela plana,

a quantidade de isopor acumulada
ocupa mais espaço que a própria TV.

Depois de tomarmos café,
os copos de isopor acumulam-se na lixeira.

Para onde isso tudo vai
após apenas uma utilização?

Por não haver soluções eficientes
para o reaproveitamento do isopor,

quase todo esse material acaba em aterros
sanitários ou nas praias e oceanos,

levando mais de 500 anos para se decompor.

A propósito, só os EUA produzem
900 mil toneladas de isopor por ano,

ocupando, de maneira impressionante,
25% dos aterros sanitários.

Por que será que acumulamos
tanto lixo feito de isopor?

Por que não o reciclamos,
tal como se faz com outros plásticos?

Basicamente, reciclar poliestireno
é bem caro e traz riscos de contaminação.

Além disso, a demanda de mercado
de isopor reciclado é muito baixa.

Por isso, o isopor é considerado
material não reciclável,

porque reciclá-lo é pouco viável.

A propósito, muitas cidades
norte-americanas aprovaram leis

que proíbem a circulação
de produtos contendo poliestireno,

o que inclui utensílios descartáveis,
copos e flocos de isopor,

e até mesmo brinquedos de praia.

Todos muito úteis para nós.

A França tornou-se o primeiro país
a proibir o uso de utensílios de plástico.

Mas, espere aí.

E se continuássemos usando esses produtos,

aproveitando seu baixo custo, leveza,
capacidade de isolamento e armazenamento,

sem os inconvenientes
gerados pelo seu descarte?

Por que não os transformar em algo útil?

E se tornássemos o impossível possível?

Tivemos a ideia de transformar o carbono
presente no isopor em carvão ativado,

que hoje é encontrado em quase
todos os filtros de água.

O carvão ativado possui diversos poros
minúsculos que filtram água e ar.

Começamos fazendo vários testes.
E, infelizmente, falhamos várias vezes.

Nada funcionou. Literalmente.

Além da churrasqueira que pegou fogo,

a maioria das amostras se desintegrou
ou explodiu dentro de fornos caros,

deixando uma horrível e grudenta bagunça.

Estávamos tão frustrados
que quase desistimos.

Então por que não desistimos de fazer algo
que os adultos diziam que era impossível?

Talvez porque somos crianças
e não temos muita noção.

Mas a verdade é que continuamos
porque acreditávamos que era possível.

Sabíamos que, se conseguíssemos,
estaríamos ajudando o meio ambiente

e contribuindo para um mundo melhor.

Então continuamos tentando. E falhando.

Tentando. E falhando.

Estávamos para desistir.

E então deu certo.

Com o tempo, temperatura
e substâncias corretas,

conseguimos os resultados que provaram
que transformamos isopor em carvão ativo.

E, naquele momento,
o impossível tornou-se possível.

Todas as falhas não foram suficientes
para desistirmos de encontrar a solução.

Além disso, não só conseguimos criar
carvão ativo a partir de isopor,

como também conseguimos reduzir
o lixo gerado pelo próprio isopor,

resolvendo, assim, dois problemas
com apenas uma solução.

Desde então, estávamos motivados
a levar esse projeto adiante,

buscando tornar os testes mais eficazes
e os aplicando em situações do mundo real.

Recebemos recursos do programa
"eCYBERMISSION STEM-In-Action", da NSTA,

mantido pelo Exército dos EUA.

Ganhamos o "Global Innovation Award",
da FIRST, patrocinado pela XPRIZE,

e o "Scientific American Innovator Award",

na feira de ciências da Google.

Com os recursos recebidos,
queremos patentear nosso processo

e continuar desenvolvendo o projeto.

E, sim, tudo começou com a churrasqueira
do meu pai pegando fogo,

e falhando tantas vezes
a ponto de quase desistirmos.

Mas percebemos hoje
que tudo isso valeu a pena.

Pegamos um problema que muitos
consideravam impossível

e o tornamos possível.

E tivemos perseverança quando tudo
que tentávamos dava errado.

Aprendemos que não se tem sucesso

sem haver antes algumas
ou mesmo muitas falhas.

Assim, no futuro, não tema
se sua churrasqueira pegar fogo,

porque você não sabe quando
suas ideias incendiarão.

Obrigado.

(Aplausos)