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Lições do hospital psiquiátrico | Glennon Doyle Melton | TEDxTraverseCity

  • 0:04 - 0:05
    Olá.
  • 0:06 - 0:11
    Há semanas que ando a tentar
    escapulir-me de estar neste palco.
  • 0:11 - 0:13
    (Risos)
  • 0:13 - 0:14
    Estou aterrorizada.
  • 0:15 - 0:21
    Mas há cerca de um mês, levantei-me cedo,
    cheia de pânico por causa disto
  • 0:21 - 0:24
    e vi uma antiga palestra TED
  • 0:24 - 0:27
    que Brené Brown fez
    sobre a vulnerabilidade.
  • 0:28 - 0:30
    A Dra. Brown é uma das minhas heroínas.
  • 0:30 - 0:34
    É uma investigadora da vergonha.
  • 0:35 - 0:40
    Eu estou a recuperar da bulimia,
    do consumo de álcool e de drogas.
  • 0:40 - 0:43
    Por isso, também sou uma espécie
    de investigadora da vergonha...
  • 0:43 - 0:44
    (Risos)
  • 0:44 - 0:47
    ... só que a maior parte do meu trabalho
    é feita no terreno.
  • 0:47 - 0:49
    (Risos)
  • 0:51 - 0:56
    A Dra. Brown definiu assim a coragem:
  • 0:56 - 1:01
    "Coragem é contar a história
    de quem somos, de coração aberto".
  • 1:02 - 1:04
    Isso fez-me pensar
    noutra das minhas heroínas,
  • 1:04 - 1:08
    Georgia O'Keeffe, e no que ela disse:
  • 1:09 - 1:12
    "É irrelevante se temos êxito ou não.
  • 1:12 - 1:14
    "Isso é uma coisa que não existe.
  • 1:15 - 1:19
    "O que é importante
    é dar a conhecer o desconhecido".
  • 1:21 - 1:23
    Portanto, aqui estou eu
  • 1:23 - 1:26
    para contar a história de quem sou,
    de coração aberto
  • 1:26 - 1:30
    e dar a conhecer
    algumas coisas desconhecidas.
  • 1:31 - 1:36
    Quando eu tinha oito anos,
    comecei a sentir-me vulnerável
  • 1:37 - 1:41
    e comecei a sentir-me muito deslocada.
  • 1:41 - 1:46
    Todos os dias, eu era corrida de casa
    e obrigada a ir para a escola,
  • 1:46 - 1:50
    oleosa, gorducha,
    todas a olharem para mim.
  • 1:50 - 1:54
    As outras raparigas pareciam-me
    muito fixes, unidas e à vontade.
  • 1:55 - 2:00
    Comecei a sentir-me perdida
    num mundo que preferia super-heróis.
  • 2:02 - 2:06
    Por isso, construí as minhas capas
    e atei-as bem à minha volta.
  • 2:06 - 2:09
    As minhas capas eram
    o fingimento e a dependência.
  • 2:10 - 2:14
    Todos temos as nossas capas
    de super-heróis, não é?
  • 2:14 - 2:19
    O perfecionismo, o excesso de trabalho,
    o sarcasmo, a apatia.
  • 2:19 - 2:21
    Tudo isso são capas de super-heróis.
  • 2:21 - 2:25
    As nossas capas são aquilo que pomos
    sobre o nosso eu real,
  • 2:25 - 2:31
    para que o nosso eu real
    não possa ser visto e não possa ser ferido.
  • 2:32 - 2:37
    As nossas capas de super-heróis são
    o que nos impede de sentirmos muita coisa,
  • 2:37 - 2:40
    porque nos protegem
    de todas as coisas, boas e más.
  • 2:41 - 2:44
    Durante 18 anos,
  • 2:44 - 2:48
    as minhas capas
    de dependência e fingimento
  • 2:48 - 2:51
    mantiveram-me em segurança e escondida.
  • 2:51 - 2:55
    As pessoas pensam que nós, os dependentes,
    somos mentirosos insensíveis,
  • 2:55 - 2:57
    mas não começámos por ser assim.
  • 2:57 - 3:03
    Começámos por ser pessoas verdadeiras
    extremamente vulneráveis.
  • 3:04 - 3:09
    Sentimos muito sofrimento e muito amor,
  • 3:09 - 3:12
    e sentimos que o mundo não quer
    que nós sintamos isso
  • 3:12 - 3:16
    e que não quer precisar
    de tanto consolo como nós precisamos.
  • 3:16 - 3:18
    Por isso, começamos a fingir.
  • 3:18 - 3:22
    Tentamos fingir que somos a pessoa
    que julgamos que os outros acham que somos.
  • 3:22 - 3:26
    Ficamos indiferentes,
    escondemo-nos e fingimos.
  • 3:26 - 3:31
    Esse fingimento acaba por se transformar
    numa vida de mentiras.
  • 3:32 - 3:35
    Mas, para ser franca, pensávamos
    que devíamos mentir.
  • 3:35 - 3:39
    Dizem-nos, desde pequenos, que,
    quando alguém nos pergunta como estamos,
  • 3:39 - 3:41
    a única resposta adequada é:
  • 3:41 - 3:43
    "Bem. E tu?"
  • 3:45 - 3:48
    Mesmo assim, diz-se que as pessoas
    são verdadeiras.
  • 3:48 - 3:53
    Nascemos para dar a conhecer
    o desconhecido.
  • 3:53 - 3:56
    Acabamos por encontrar
    um lugar qualquer para o fazer.
  • 3:56 - 4:01
    Por isso, em privado,
    com o álcool ou o excesso de compras,
  • 4:01 - 4:04
    com o álcool, ou com comida,
  • 4:04 - 4:06
    dizemos a verdade:
  • 4:07 - 4:10
    "Na verdade, não estou bem".
  • 4:13 - 4:16
    Como não nos sentimos seguros
    de dizer a verdade no mundo real,
  • 4:16 - 4:18
    construímos um pequeno mundo só nosso.
  • 4:18 - 4:20
    É isso a dependência.
  • 4:20 - 4:22
    É a capa que pomos.
  • 4:22 - 4:25
    O que acontece é que todos nós
    acabamos por viver
  • 4:25 - 4:30
    nestes pequeninos mundos controláveis,
    previsíveis e escuros
  • 4:30 - 4:35
    em vez do grande mundo geral,
    luminoso e caótico.
  • 4:37 - 4:39
    Enchi-me de comida
    e vomitei pela primeira vez
  • 4:39 - 4:41
    quando tinha oito anos
  • 4:41 - 4:44
    e assim continuei, todos os dias,
    nos 18 anos seguintes.
  • 4:46 - 4:48
    Acho isso normal,
    mas vocês estão admirados.
  • 4:48 - 4:49
    (Risos)
  • 4:51 - 4:55
    Sempre que ficava ansiosa,
    ou preocupada, ou irritada.
  • 4:55 - 4:58
    pensava que havia qualquer coisa
    de errado em mim.
  • 4:58 - 5:00
    Levava essa energia nervosa para a cozinha
  • 5:00 - 5:02
    e empanturrava-me de comida.
  • 5:02 - 5:05
    Depois entrava em pânico e vomitava.
  • 5:05 - 5:09
    Depois disso, ficava estendida
    no chão da casa de banho.
  • 5:09 - 5:11
    Ficava tão exausta e insensível
  • 5:11 - 5:15
    que nunca voltava atrás
    para enfrentar o que quer que fosse,
  • 5:15 - 5:17
    que me fizesse sentir desconfortável.
  • 5:17 - 5:20
    Era o que eu queria.
  • 5:20 - 5:22
    Não queria enfrentar
  • 5:22 - 5:25
    o desconforto e as dificuldades
    de ser um ser humano.
  • 5:26 - 5:29
    Quando já andava a acabar o secundário,
  • 5:29 - 5:32
    decidi, por fim, contar a verdade
    ao mundo real.
  • 5:32 - 5:36
    Entrei no gabinete
    do orientador escolar e disse:
  • 5:36 - 5:41
    "Não me sinto bem. Preciso de ajuda".
  • 5:42 - 5:45
    Fui enviada para um hospital psiquiátrico.
  • 5:46 - 5:50
    No hospital psiquiátrico,
    pela primeira vez na minha vida,
  • 5:50 - 5:54
    encontrei-me num mundo que,
    para mim, fazia sentido.
  • 5:55 - 5:59
    No liceu, tinha que me preocupar
    com a geometria
  • 5:59 - 6:01
    quando o meu coração estava a estalar
  • 6:01 - 6:03
    porque tinha acabado
    de ser agredida no corredor,
  • 6:03 - 6:05
    ou porque tinha almoçado sozinha
    no refeitório.
  • 6:05 - 6:07
    Tinha que me preocupar com Roma antiga
  • 6:07 - 6:09
    quando o que queria fazer
  • 6:09 - 6:12
    era aprender a fazer
    e manter uma boa amiga.
  • 6:12 - 6:16
    Tinha que ser dura,
    quando me sentia cheia de medo
  • 6:16 - 6:20
    e tinha que me mostrar confiante
    quando me sentia confusa.
  • 6:21 - 6:24
    Representar, fingir,
    era uma questão de sobrevivência.
  • 6:25 - 6:29
    O liceu, por vezes, é como o mundo real,
  • 6:29 - 6:33
    mas no hospital psiquiátrico
    não havia fingimento.
  • 6:34 - 6:36
    O teatro tinha acabado.
  • 6:36 - 6:37
    (Risos)
  • 6:38 - 6:42
    Tínhamos aulas sobre como exprimir
    o que sentíamos realmente
  • 6:42 - 6:44
    através da música, da arte e da escrita.
  • 6:44 - 6:47
    Tínhamos aulas
    sobre como sermos boas ouvintes,
  • 6:47 - 6:49
    e como termos coragem
    para contar a nossa história,
  • 6:49 - 6:53
    e sermos generosas,
    para não contar as histórias dos outros.
  • 6:53 - 6:57
    Por vezes dávamos as mãos,
    só porque sentíamos necessidade disso.
  • 7:00 - 7:03
    Nunca deixávamos
    que alguém ficasse de fora.
  • 7:04 - 7:08
    Todas tinham valor — a regra era essa —
    apenas porque existiam.
  • 7:08 - 7:12
    Ali, tínhamos coragem suficiente
    para tirarmos as nossas capas.
  • 7:13 - 7:17
    Tudo o que eu precisava de saber,
    aprendi no hospital psiquiátrico.
  • 7:17 - 7:19
    (Risos)
  • 7:19 - 7:22
    Lembro-me duma rapariga, de cabelo loiro,
    que era muito bonita.
  • 7:22 - 7:24
    Contou a verdade sobre os braços dela.
  • 7:25 - 7:28
    Um dia, agarrei-lhe na mão
    quando ela estava a chorar
  • 7:28 - 7:32
    e vi que os braços dela estavam
    retalhados como presuntos pré-cortados.
  • 7:33 - 7:37
    Ali, as pessoas usavam
    as cicatrizes a descoberto,
  • 7:37 - 7:39
    sabíamos onde elas estavam.
  • 7:39 - 7:43
    Elas contavam a verdade,
    sabíamos porque é que elas estavam ali.
  • 7:47 - 7:51
    Acabei o liceu
  • 7:51 - 7:53
    e fui para a faculdade
  • 7:53 - 7:56
    que ainda era mais louca
    do que o hospital psiquiátrico.
  • 7:56 - 7:57
    (Risos)
  • 7:58 - 8:04
    Na faculdade, acrescentei as capas
    do alcoolismo e das drogas.
  • 8:05 - 8:11
    O sol levantava-se todos os dias
    e eu começava a comer e a vomitar.
  • 8:12 - 8:15
    Depois, quando o sol se punha,
    enfrascava-me estupidamente.
  • 8:16 - 8:20
    O nascer do sol, normalmente,
    é o sinal para as pessoas se levantarem,
  • 8:20 - 8:23
    mas, para mim, era um sinal diário
    para eu me deitar,
  • 8:23 - 8:26
    para desligar do álcool,
    dos rapazes, das drogas,
  • 8:26 - 8:29
    mas não conseguia desligar.
  • 8:29 - 8:34
    Tinha que o evitar a todo o custo,
    por isso odiava o nascer do sol.
  • 8:35 - 8:39
    Fechava as persianas
    e punha a almofada por cima da cabeça,
  • 8:39 - 8:43
    enquanto o meu cérebro às voltas
    me torturava,
  • 8:43 - 8:46
    pensando nas pessoas que saíam
    para o seu dia, para a luz,
  • 8:46 - 8:48
    para travarem relações,
  • 8:48 - 8:51
    concretizarem os seus sonhos,
    viver o seu dia.
  • 8:52 - 8:56
    Eu não tinha dia, só tinha a noite.
  • 8:57 - 9:01
    Hoje em dia, gosto de pensar
    na esperança quando o sol nasce.
  • 9:02 - 9:08
    Nasce todos os dias,
    brilha de igual modo para todos.
  • 9:08 - 9:11
    Brilha sobre os pecadores
    e sobre os santos,
  • 9:11 - 9:14
    sobre os drogados
    e sobre os animadores.
  • 9:14 - 9:17
    Nunca se recusa.
  • 9:17 - 9:18
    Não faz julgamentos.
  • 9:18 - 9:20
    Se passarem a vida inteira na escuridão
  • 9:20 - 9:24
    e depois, um dia,
    decidirem sair dela,
  • 9:24 - 9:28
    ele está lá, à vossa espera,
    à espera para vos aquecer.
  • 9:31 - 9:32
    Durante todos esses anos
  • 9:32 - 9:37
    pensei naquele nascer do sol como
    inquisidor, acusador e justiceiro,
  • 9:37 - 9:39
    mas, afinal, não era.
  • 9:39 - 9:43
    Era apenas um convite diário,
    cheio de esperança, para eu voltar à vida.
  • 9:44 - 9:49
    Penso que se temos mais um dia,
    se continuamos vivos,
  • 9:49 - 9:51
    continuamos a ser convidados.
  • 9:52 - 9:55
    Acabei o curso da faculdade
  • 9:55 - 9:57
    o que me faz sentir muito agradecida
  • 9:57 - 10:00
    e, ao mesmo tempo, desconfiada,
    da minha Alma Mater.
  • 10:00 - 10:01
    (Risos)
  • 10:08 - 10:10
    Encontrei-me
  • 10:10 - 10:14
    meio no mundo real
    e meio fora dele.
  • 10:17 - 10:21
    No Dia da Mãe de 2002
  • 10:21 - 10:24
    — não sou muito boa nos dias,
    digamos só no Dia da Mãe —
  • 10:25 - 10:28
    eu tinha mergulhado cada vez mais fundo.
  • 10:28 - 10:30
    Já nem era sequer a Glennon.
  • 10:30 - 10:32
    Era apenas bulimia,
  • 10:32 - 10:35
    era apenas alcoolismo,
  • 10:35 - 10:37
    era uma pilha de capas.
  • 10:37 - 10:39
    Mas no Dia da Mãe, um Dia da Mãe,
  • 10:39 - 10:42
    encontrei-me estendida
    no chão frio da casa de banho
  • 10:42 - 10:47
    de ressaca, a tremer e a segurar
    uma análise de gravidez positiva.
  • 10:49 - 10:56
    Enquanto estava ali sentada,
    encostada a uma parede, a tremer,
  • 10:56 - 10:59
    fui invadida por uma compreensão.
  • 11:00 - 11:03
    Naquele momento, no chão da casa de banho,
  • 11:03 - 11:06
    percebi, mesmo no meu estado,
  • 11:07 - 11:09
    mesmo estendida no chão,
  • 11:09 - 11:13
    que alguém, lá fora,
    me tinha considerado
  • 11:13 - 11:16
    digna de um convite,
  • 11:16 - 11:21
    para um acontecimento muito importante.
  • 11:23 - 11:27
    Por isso, naquele dia,
    no chão da casa de banho,
  • 11:27 - 11:31
    decidi aparecer, mostrar-me,
  • 11:31 - 11:36
    sair daquele mundo escuro,
    individual, controlável,
  • 11:36 - 11:40
    para o grande mundo, caótico.
  • 11:40 - 11:42
    Não sabia ser uma pessoa sóbria,
  • 11:42 - 11:45
    nem ser uma mãe,
    nem ser uma amiga.
  • 11:45 - 11:48
    Por isso jurei para mim mesma
    que iria aparecer
  • 11:48 - 11:51
    e faria o que estava certo.
  • 11:52 - 11:55
    "Aparece, Glennon,
    mesmo que tenhas medo,
  • 11:55 - 12:00
    "Faz o que está certo
    mesmo que estejas a tremer".
  • 12:03 - 12:05
    Então, levantei-me.
  • 12:06 - 12:08
    O que não nos dizem
    sobre voltarmos a ser sóbrios,
  • 12:08 - 12:10
    sobre despojarmo-nos das nossas capas,
  • 12:10 - 12:13
    é que ficamos muitíssimo pior
    antes de melhorarmos.
  • 12:13 - 12:17
    Ficar sóbrio é como recuperar
    duma queimadura do frio.
  • 12:17 - 12:19
    São todos aqueles sentimentos,
  • 12:19 - 12:21
    a que estivemos insensíveis
    durante tanto tempo,
  • 12:21 - 12:24
    que voltam e ficam presentes.
  • 12:24 - 12:28
    A princípio, só os sentimos
    como um formigueiro e um desconforto,
  • 12:28 - 12:32
    mas depois, esses sentimentos
    começam a parecer lâminas.
  • 12:32 - 12:36
    A dor, a perda, a culpa, a vergonha,
  • 12:36 - 12:40
    cai tudo em cima de nós
    sem termos para onde fugir.
  • 12:40 - 12:43
    O que aprendi durante essa época
  • 12:43 - 12:48
    é que convivermos com o sofrimento
    e a alegria de sermos um ser humano
  • 12:49 - 12:53
    enquanto recusamos fugir
    por qualquer saída,
  • 12:53 - 12:57
    é a única forma de virmos a ser
    um verdadeiro ser humano.
  • 12:59 - 13:02
    Hoje em dia, não sou uma super-heroína
  • 13:02 - 13:05
    e não sou um ser humano perfeito,
  • 13:05 - 13:10
    mas sou um ser humano real
    e tenho orgulho nisso.
  • 13:13 - 13:16
    Felizmente — e de modo frustrante —
  • 13:16 - 13:19
    continuo a ser a mesma pessoa que era
  • 13:19 - 13:22
    aos 20 anos, aos 16 anos, aos 8 anos.
  • 13:23 - 13:26
    Continuo sempre cheia de medo,
  • 13:26 - 13:28
    sempre cheia de ansiedade,
  • 13:28 - 13:31
    sempre oleosa.
  • 13:35 - 13:40
    Continuo com altos e baixos,
    todos os dias
  • 13:40 - 13:45
    mas finalmente aceitei o facto
    de que sou vulnerável,
  • 13:45 - 13:47
    que não tenho que o esconder,
    e que não tenho que o corrigir.
  • 13:47 - 13:49
    eu não sou defeituosa.
  • 13:49 - 13:53
    Até já comecei a pensar
    se vocês não serão vulneráveis também.
  • 13:53 - 13:57
    Talvez sintam grande sofrimento
    e grande alegria,
  • 13:57 - 14:00
    mas não se sintam à vontade
    para falar disso no mundo real.
  • 14:01 - 14:04
    Por isso, em vez de tentar ser mais dura,
  • 14:05 - 14:09
    escrito e ajudo as pessoas
    a criar um mundo
  • 14:09 - 14:13
    em que as pessoas vulneráveis
    não precisem de capas de super-heróis,
  • 14:13 - 14:16
    em que todos possamos aparecer
    no grande mundo luminoso e caótico
  • 14:16 - 14:20
    e contar a verdade, perdoar uns aos outros
    por sermos humanos
  • 14:20 - 14:24
    e reconhecer, todos juntos,
    que a vida é muito difícil
  • 14:25 - 14:28
    mas também insistir que, em conjunto,
    podemos fazer coisas difíceis.
  • 14:30 - 14:36
    Talvez esteja certo dizer:
    "Hoje não me sinto bem".
  • 14:36 - 14:40
    Talvez seja melhor recordar
    que somos seres humanos
  • 14:40 - 14:42
    e deixar de fazer isso,
  • 14:42 - 14:47
    para pensar, amar, partilhar e escutar.
  • 14:51 - 14:54
    Este fim-de-semana foi o Dia da Mãe,
  • 14:54 - 15:00
    que assinalou o 11.º aniversário do dia
    em que decidi aparecer
  • 15:00 - 15:03
    e passei o dia na praia
    com os meus três filhos,
  • 15:03 - 15:07
    os meus dois cães e o meu único marido...
  • 15:07 - 15:08
    (Risos)
  • 15:08 - 15:10
    ... o meu martirizado marido,
  • 15:10 - 15:12
    como devem imaginar.
  • 15:13 - 15:18
    A vida é bela e a vida é brutal.
  • 15:18 - 15:24
    A vida é sempre brutal, todos os dias.
  • 15:24 - 15:28
    Só houve uma coisa que,
    para mim, fez a diferença e que é:
  • 15:29 - 15:34
    Eu costumava ser insensível
    aos meus sentimentos e esconder-me
  • 15:34 - 15:38
    e agora sinto os meus sentimentos
    e partilho-os.
  • 15:39 - 15:43
    É essa a única diferença
    na minha vida, hoje em dia.
  • 15:44 - 15:46
    Já não tenho receio dos meus sentimentos.
  • 15:46 - 15:49
    Sei que eles, quando aparecem,
    não me vão matar,
  • 15:49 - 15:52
    e podem dominar-me por algum tempo,
    se for preciso,
  • 15:52 - 15:55
    mas, no fim do dia,
    são apenas orientadores.
  • 15:55 - 16:00
    São apenas orientadores que me dizem
    qual é a coisa certa a fazer a seguir.
  • 16:00 - 16:03
    A solidão leva-me à ligação
    com outras pessoas.
  • 16:03 - 16:06
    A inveja orienta-me para aquilo
    que eu devo fazer a seguir.
  • 16:06 - 16:09
    O sofrimento orienta-me
    para ajudar outras pessoas.
  • 16:09 - 16:13
    Sentir-me esmagada
    orienta-me para pedir ajuda.
  • 16:15 - 16:19
    Aprendi que, se der ouvidos
    aos meus sentimentos,
  • 16:19 - 16:21
    como se fossem os meus profetas pessoais
  • 16:21 - 16:25
    e, em vez de fugir, ficar quieta,
  • 16:25 - 16:28
    eles são prémios que devem ser ganhos.
  • 16:28 - 16:32
    Esses prémios são a paz,
    a dignidade e a amizade.
  • 16:34 - 16:37
    Na semana passada, recebi um email
  • 16:37 - 16:39
    que está agora gravado no meu computador.
  • 16:39 - 16:41
    Dizia apenas:
  • 16:41 - 16:46
    "Querida Glennon, é mais corajoso ser
    Clark Kent do que ser o Super-homem.
  • 16:47 - 16:49
    "Continua, guerreira".
  • 16:49 - 16:50
    (Risos)
  • 16:51 - 16:56
    Hoje queria dizer-vos
    que já não precisamos de super-heróis.
  • 16:58 - 17:04
    Só precisamos de seres humanos,
    desajeitados mas honestos,
  • 17:04 - 17:08
    neste grande mundo luminoso e caótico.
  • 17:08 - 17:10
    Encontrar-nos-emos nele.
  • 17:11 - 17:12
    (Aplausos)
Title:
Lições do hospital psiquiátrico | Glennon Doyle Melton | TEDxTraverseCity
Description:

Esta palestra foi feita num evento local TEDx, produzido independentemente das Conferências TED.

Glennon Doyle Melton é a autora do bestseller "Carry on, warrior", fundadora de http://www.momastery.com, e criadora de http://www.monkeeseemonkeedo.org. Glennon acredita que a vida é simultaneamente bela e brutal, e escreve sobre a "brutalidade" que encontra no casamento, na maternidade, na fé, na dependência e na recuperação. Glennon liberta o seu espírito, a sua coragem e a sua irreverência para nos levar a aceitarmo-nos tal como somos, mas também nos inspira a viver vidas mais ousadas, mais significativas para os outros.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
17:13

Portuguese subtitles

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