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Muçulmanas, americanas: o futuro dos EUA | Areeba Khan | TEDxYouth@Wilmington

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    Sei em que é que estão a pensar.
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    Provavelmente interrogam-se
    sobre quem sou eu e de onde sou
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    e o que é que eu irei dizer.
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    Mas, provavelmente, estão a pensar:
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    "Que diabo de coisa
    está ela a usar na cabeça?"
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    O que estou a usar na cabeça
    é o que se chama um "hijab",
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    uma palavra que provém do árabe
    para "tapar" e "proteger".
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    Muitas muçulmanas, como eu,
    que optam por usá-lo.
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    usam-no sobretudo por uma razão:
    pelo próprio Deus!
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    As pessoas têm habitualmente
    perspetivas diferentes sobre o "hijab";
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    pensam que é opressivo e cruel,
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    mas eu não percebo
    o que há de opressão e de crueldade
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    no facto de tapar a minha cabeça.
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    Quer dizer, é um pouco diferente
    de um desfile do Victoria's Secret.
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    (Risos)
  • 0:52 - 0:55
    Mas estamos em 2017
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    e todas as mulheres têm o direito
    de usar o que quiserem.
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    Eu sei,
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    embora nesta sala, e aí em casa,
    para aquelas que estiverem a ver.
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    podem não ser muçulmanas,
    podem não usar o "hijab",
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    mas posso garantir-vos
    que temos qualquer coisa em comum.
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    Levante a mão quem gosta de comer.
  • 1:17 - 1:21
    Levante a mão quem detesta
    acordar cedo à segunda-feira.
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    (Risos)
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    E levante a mão quem acha
    que os bebés são amorosos.
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    Estão a ver? Eu bem disse
    que temos coisas em comum
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    e eu, provavelmente,
    nem sequer sei os vossos nomes.
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    Ora bem, lá porque uso o "hijab"
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    não quer dizer que não consigo
    fazer o mesmo
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    que outras mulheres fazem.
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    Vou dar-vos três exemplos
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    do que as mulheres americanas muçulmanas
    têm conseguido fazer.
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    Número um: Ibtihaj Muhammad,
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    da equipa norte-americana de esgrima.
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    Número dois: Ilhan Omar,
  • 1:54 - 1:57
    a primeira norte-americana,
    muçulmana, da Somália
  • 1:57 - 2:00
    eleita para a Assembleia legislativa
    do estado de Minnesota.
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    E número três: Linda Sarsour,
  • 2:03 - 2:05
    ativista dos direitos das mulheres
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    e cofundadora da Marcha
    das Mulheres em Washington.
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    Agora, vou falar-vos das minhas origens.
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    Os meus pais são paquistaneses,
    imigrantes muçulmanos
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    que fizeram muitos sacrifícios
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    para proporcionar
    à minha família uma vida melhor.
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    São a epítome do sonho americano.
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    O meu pai trabalhou muitíssimo
    para ser médico.
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    Não só estudou esta área difícil
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    como se adaptou a um país novo,
    a um estilo de vida novo,
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    e a uma nova família em crescimento.
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    Mais tarde, depois de casar
    com a minha mãe e de ir para os EUA,
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    estabeleceu-se em Delaware.
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    Lembro-me de a minha mãe me contar
    uma história sobre quando chegou aos EUA,
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    quando o voo dela aterrou
    no aeroporto internacional JFK
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    sobrevoando a dama verde,
    a Estátua da Liberdade.
  • 2:56 - 3:00
    A canção de Whitney Houston
    "Sempre te amarei" estava na moda.
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    Cindy Crawford e Brooke Shields
    dominavam as passarelas
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    e a cidade de Nova Iorque era o cadinho
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    de diferentes culturas de todo o mundo.
  • 3:12 - 3:16
    Por ter frequentado
    muitas escolas privadas diferentes,
  • 3:16 - 3:19
    quero partilhar convosco
    as experiências que aprendi.
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    Até aprendi coisas muito chocantes.
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    Experimentei a islamofobia
    mesmo antes de usar o "hijab",
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    o meu símbolo visível de ser muçulmana.
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    Chocante, não é?
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    No primeiro dia do meu 5.º ano,
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    chamaram-me terrorista.
  • 3:35 - 3:37
    Vou dizer-vos o que estava a usar.
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    Um polo azul escuro,
    uma saia de xadrez, "leggings"
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    e uma tira de xadrez na cabeça
    para prender o cabelo comprido.
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    Quando entrei na sala de aulas,
    sentei-me no meu lugar.
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    Como qualquer outra criança de 10 anos,
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    estava nervosa e entusiasmada
    com o meu primeiro dia.
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    Apresentei-me a toda a turma.
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    Comecei com:
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    "Olá, chamo-me Areeba,
    vivo em Newark, Delaware,
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    "Gosto de jogar ténis
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    "e a minha família é do Paquistão,
    nós somos muçulmanos".
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    Naquele momento,
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    uma rapariga loira,
    de olhos azuis, levanta-se,
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    aponta o dedo para mim e grita:
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    "Terrorista, terrorista, terrorista!"
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    Posso dizer-vos que,
    naquela idade, aos 10 anos,
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    eu nem sequer sabia o que significava
    a palavra "terrorista".
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    Nem sequer sabia o que era
    o 11 de setembro
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    e nem sequer sabia
    o nome daquela rapariga
  • 4:35 - 4:38
    que me tinha chamado
    aquele nome terrível.
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    Felizmente, a minha professora
    interveio e resolveu a situação.
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    Ao longo do ano, fiquei amiga
    daquela rapariga.
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    Tratei-a com gentileza e empatia
  • 4:49 - 4:54
    — a regra de ouro: tratar os outros
    da forma como queremos que nos tratem.
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    Pondo de lado as nossas diferenças
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    e relacionando as nossas semelhanças:
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    ambas gostávamos de ouvir
    Selena Gomez e Taylor Swift
  • 5:03 - 5:06
    e éramos obcecadas pelos biscoitos
    com pepitas de chocolate.
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    Acabámos por ser melhores amigas
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    e até a convidei a ir lá a casa
    para brincarmos.
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    É esse o poder da bondade.
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    É esse o poder do diálogo.
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    É esse o poder de uma miúda de 10 anos:
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    transformar a cabeça
    duma fanática numa amiga.
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    Esta situação que nenhuma miúda
    de 10 anos devia experimentar
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    ensinou-me algumas lições
    que quero partilhar convosco.
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    Embora o fanatismo exista
    no seio da nossa sociedade,
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    precisamos de nos lembrar
    que, enquanto norte-americanos,
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    somos uma nação construída por imigrantes
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    procurando escapar
    a perseguições religiosas,
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    que a única forma de os EUA avançarem
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    é unirmos a nossa diversidade,
    como sendo a nossa força.
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    Antes de vos deixar, de abandonar
    o tempo que passámos juntas,
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    queria que se lembrassem
    de algumas coisas:
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    Tenham orgulho em quem são.
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    Todas usamos o nosso "hijab",
    duma ou de outra maneira,
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    Quer sejamos negras ou católicas,
    judias, hispânicas ou mulheres,
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    somos especiais.
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    Assumamos a nossa identidade
    e tenhamos orgulho em quem somos.
  • 6:17 - 6:18
    Os vossos "hijabs" são belos.
  • 6:18 - 6:20
    Os vossos "hijabs" são belos.
  • 6:20 - 6:22
    Os vossos "hijabs" são belos.
  • 6:22 - 6:26
    Vou usar estas lições
    para fazer parte do futuro dos EUA.
  • 6:26 - 6:28
    E vocês?
  • 6:28 - 6:29
    Obrigada.
  • 6:29 - 6:31
    (Aplausos)
Title:
Muçulmanas, americanas: o futuro dos EUA | Areeba Khan | TEDxYouth@Wilmington
Description:

Provavelmente estão a pensar: "Que diabo de coisa ela está a usar? Areeba apresenta o seu "hijab", o que é aquilo, porque é que o usa e o que é que significa para ela. Por causa do "hijab" chamaram-lhe terrorista aos 10 anos. Transformou essa acusação num desafio e encontrou um terreno comum com os outros. A sua colega de turma deixou de ser uma fanática e passou a ser uma amiga.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
06:41

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