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O espantoso cérebro e a pele transformável de polvos e outros cefalópodes

  • 0:01 - 0:05
    Este é um cérebro estranho e maravilhoso,
  • 0:05 - 0:11
    um cérebro que faz surgir a ideia
    de um tipo de inteligência alternativa
  • 0:11 - 0:13
    neste planeta.
  • 0:13 - 0:17
    Trata-se de um cérebro formado
    num corpo muito estranho,
  • 0:18 - 0:22
    equivalente a pequenos cérebros satélites
  • 0:22 - 0:25
    distribuídos por todo esse corpo.
  • 0:25 - 0:28
    Até que ponto é diferente
    do cérebro humano?
  • 0:28 - 0:30
    É muito diferente, segundo parece,
  • 0:30 - 0:34
    de tal modo que os meus colegas e eu
    estamos com dificuldade em perceber
  • 0:34 - 0:36
    como é que este cérebro funciona.
  • 0:36 - 0:39
    Mas posso dizer-vos
    com toda a certeza
  • 0:39 - 0:43
    de que este cérebro consegue
    fazer coisas espantosas.
  • 0:45 - 0:47
    A quem pertence este cérebro?
  • 0:47 - 0:50
    Venham comigo mergulhar no oceano,
  • 0:50 - 0:52
    onde a vida começou,
  • 0:52 - 0:55
    e vamos dar uma espreitadela.
  • 0:55 - 0:58
    Talvez já tenham visto isto.
  • 0:58 - 1:01
    Estamos por detrás dum recife de corais
    e há aqui uma rocha,
  • 1:01 - 1:04
    muita areia, peixes a nadar por aqui.
  • 1:04 - 1:06
    De repente, aparece um polvo,
  • 1:06 - 1:10
    depois, desaparece num ápice,
    atirando-me tinta para a cara.
  • 1:10 - 1:12
    Numa projeção invertida,
    em câmara lenta,
  • 1:12 - 1:14
    vemos que se forma um anel
    em volta do olho,
  • 1:14 - 1:16
    e depois desenha-se um padrão na pele.
  • 1:16 - 1:20
    Agora reparem na textura 3D
    da mudança da pele
  • 1:20 - 1:23
    para criar esta bela camuflagem 3D.
  • 1:25 - 1:30
    Há 25 milhões de órgãos de cor
    chamados "cromatóforos" na pele,
  • 1:30 - 1:33
    e todas aquelas protuberâncias
    a que chamamos "papillae".
  • 1:33 - 1:37
    São todas controladas neurologicamente
    e podem mudar instantaneamente.
  • 1:37 - 1:40
    Eu diria que a camuflagem dinâmica
  • 1:40 - 1:43
    é uma forma de "inteligência".
  • 1:43 - 1:47
    O nível de complexidade da pele
    com a rápida mudança de precisão
  • 1:47 - 1:49
    é realmente espantosa.
  • 1:49 - 1:51
    Então, o que podemos fazer
    com esta pele?
  • 1:51 - 1:55
    Pensemos um pouco noutras coisas
    para além da camuflagem
  • 1:55 - 1:57
    que eles conseguem fazer com a pele.
  • 1:57 - 1:59
    Vemos aqui o polvo mimético
    e um padrão.
  • 1:59 - 2:02
    De repente, muda radicalmente
  • 2:02 - 2:03
    — é um aviso, não é camuflagem.
  • 2:03 - 2:05
    Depois, volta para o seu padrão normal.
  • 2:05 - 2:08
    Aqui vemos o molusco "Sepia latimanus"
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    a transformar-se numa nuvem que passa
    quando se aproxima dum caranguejo.
  • 2:12 - 2:16
    Por fim, vemos a camuflagem
    do exuberante "Sepia latimanus",
  • 2:16 - 2:20
    que pode mudar instantaneamente
    para o seu aspeto de aviso.
  • 2:21 - 2:25
    Temos aqui uma escala
    progressiva de expressão,
  • 2:26 - 2:28
    um contínuo, se preferirem,
  • 2:28 - 2:31
    entre a visibilidade e a camuflagem.
  • 2:31 - 2:33
    Isto exige muito controlo.
  • 2:33 - 2:34
    Sabem que mais?
  • 2:34 - 2:37
    Os cérebros são muito bons
    para o controlo.
  • 2:37 - 2:41
    O cérebro do polvo que mostramos aqui
    tem 35 lóbulos até ao cérebro,
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    80 milhões de células minúsculas.
  • 2:44 - 2:46
    Apesar de isto ser interessante,
  • 2:46 - 2:49
    o que é realmente estranho
    é que a pele deste animal
  • 2:49 - 2:53
    tem muitos mais neurónios, como
    ilustrado aqui, especialmente a amarelo.
  • 2:53 - 2:56
    Há 300 milhões de neurónios na pele
  • 2:56 - 2:58
    e só 80 milhões no cérebro
  • 2:58 - 3:00
    — quatro vezes mais.
  • 3:00 - 3:01
    Se olharmos para isto,
  • 3:01 - 3:05
    há um destes pequenos cérebros satélites
  • 3:05 - 3:08
    e o equivalente da espinal medula
    para cada um dos oito tentáculos.
  • 3:08 - 3:12
    Isto é uma forma muito pouco usual
    de construir um sistema nervoso num corpo.
  • 3:12 - 3:14
    Para que é que serve este cérebro?
  • 3:14 - 3:17
    Este cérebro tem de superar
    outros cérebros grandes, espertos
  • 3:17 - 3:19
    que o querem comer,
  • 3:19 - 3:22
    e que incluem toninhas e focas
  • 3:22 - 3:24
    e barracudas e tubarões
  • 3:24 - 3:26
    e até nós, seres humanos.
  • 3:26 - 3:28
    Portanto, a tomada de decisões
  • 3:28 - 3:31
    é uma das coisas
    que este cérebro tem de fazer
  • 3:31 - 3:33
    e fá-lo muito bem.
  • 3:33 - 3:36
    Vemos aqui este polvo a passear
  • 3:36 - 3:39
    e, de repente, para e cria
    uma camuflagem perfeita.
  • 3:40 - 3:42
    É, de facto, uma maravilha
  • 3:42 - 3:44
    porque, quando estes animais
    procuram comida,
  • 3:44 - 3:47
    têm de tomar uma centena
    de decisões de camuflagem
  • 3:47 - 3:49
    num percurso de duas horas
  • 3:49 - 3:51
    e fazem isso duas vezes por dia.
  • 3:51 - 3:52
    Portanto, tomadas de decisão.
  • 3:52 - 3:55
    Também têm de verificar
    para onde vão e como voltam para casa.
  • 3:55 - 3:57
    São tomadas de decisões.
  • 3:57 - 3:59
    Podemos testar esta camuflagem,
  • 3:59 - 4:01
    como aquele choco
    a quem mudámos o terreno,
  • 4:01 - 4:04
    substituindo-o por um tabuleiro de xadrez.
  • 4:04 - 4:06
    Mesmo assim, ele usa
    esta informação visual esquisita,
  • 4:06 - 4:09
    e, improvisando um pouco,
    faz o possível para imitar o padrão.
  • 4:10 - 4:13
    Há outras capacidades
    cognitivas também importantes.
  • 4:13 - 4:16
    As lulas têm outro tipo diferente
    de inteligência.
  • 4:16 - 4:21
    Têm uma vida sexual interessante,
    extremamente complexa,
  • 4:21 - 4:26
    Lutam, namoram, fazem a corte,
    protegem a parceira
  • 4:26 - 4:28
    e são infiéis.
  • 4:28 - 4:30
    Conhecem o género?
  • 4:30 - 4:31
    (Risos)
  • 4:31 - 4:32
    É, de facto, surpreendente
  • 4:32 - 4:36
    que estes animais tenham este tipo
    de capacidade intuitiva
  • 4:36 - 4:38
    para terem estes comportamentos.
  • 4:38 - 4:40
    Vemos aqui um macho e uma fêmea.
  • 4:40 - 4:42
    O macho, à esquerda,
    esteve a lutar com outros machos
  • 4:42 - 4:43
    para acasalar com a fêmea
  • 4:43 - 4:45
    e agora mostra um padrão duplo.
  • 4:45 - 4:47
    Mostra namoro e amor do lado dela,
  • 4:47 - 4:49
    e agressividade do outro lado.
  • 4:49 - 4:51
    Reparem nele quando ela muda de sítio.
  • 4:51 - 4:52
    (Risos)
  • 4:52 - 4:56
    Como viram ele mudou rapidamente
    o padrão de namoro-amor
  • 4:56 - 4:58
    para o lado da fêmea.
  • 4:58 - 5:01
    Este tipo de sinalização dupla
    em simultâneo
  • 5:01 - 5:03
    num contexto de mudança
    de comportamento
  • 5:03 - 5:04
    é realmente extraordinário.
  • 5:04 - 5:06
    É preciso muito poder cerebral.
  • 5:06 - 5:08
    Outra forma de olhar para isto
  • 5:08 - 5:11
    é que talvez tenhamos
    50 milhões de anos
  • 5:11 - 5:13
    de provas para o macho de duas caras.
  • 5:13 - 5:15
    (Risos)
  • 5:17 - 5:19
    Ok, vamos avançar.
  • 5:19 - 5:20
    (Risos)
  • 5:20 - 5:23
    Um polvo num recife de coral
    enfrenta uma tarefa difícil
  • 5:23 - 5:26
    de se deslocar a muitos locais
    recordá-los e encontrar a sua toca.
  • 5:26 - 5:28
    Fazem isso extremamente bem.
  • 5:28 - 5:30
    Têm uma memória de curto
    e de longo prazo,
  • 5:30 - 5:32
    aprendem coisas
    em três ou cinco tentativas
  • 5:32 - 5:33
    — é um bom cérebro.
  • 5:33 - 5:36
    A memória espacial
    é invulgarmente boa.
  • 5:36 - 5:40
    Até acabam a procura de comida
    e regressam à sua toca
  • 5:40 - 5:41
    em linha reta.
  • 5:41 - 5:44
    Os mergulhadores que os observam
    estão perdidos,
  • 5:44 - 5:45
    mas eles regressam direitinhos.
  • 5:45 - 5:48
    É uma capacidade de memória
    muito refinada.
  • 5:48 - 5:50
    Em termos de capacidades cognitivas,
  • 5:50 - 5:53
    reparem neste comportamento
    de sono dum choco.
  • 5:53 - 5:55
    Especialmente à direita,
    vemos o olho a piscar.
  • 5:56 - 5:58
    É um rápido movimento do olho
    como se estivesse a sonhar
  • 5:58 - 6:01
    que pensávamos só existir
    nos mamíferos e nas aves.
  • 6:01 - 6:03
    Vemos a cor artificial
    que ali pusemos
  • 6:03 - 6:05
    para ver o padrão da pele a brilhar
  • 6:05 - 6:08
    e isto é uma coisa que acontece
    muitas vezes.
  • 6:08 - 6:11
    Mas não é um comportamento normal
    de acordado, é muito diferente.
  • 6:11 - 6:15
    O sonho é quando temos
    consolidação da memória,
  • 6:15 - 6:18
    e, provavelmente, é isso
    que acontece com o choco.
  • 6:19 - 6:21
    Outra forma de memória que é invulgar
  • 6:21 - 6:23
    é a memória episódica.
  • 6:23 - 6:25
    É uma coisa que os seres humanos só fazem
  • 6:25 - 6:28
    ao fim de quatro anos
    de desenvolvimento cerebral,
  • 6:28 - 6:31
    recordar o que aconteceu
    durante um determinado incidente,
  • 6:31 - 6:33
    onde ocorreu e quando ocorreu.
  • 6:33 - 6:36
    O "quando" é especialmente difícil.
  • 6:37 - 6:40
    Estas crianças conseguem fazer isso.
  • 6:40 - 6:41
    Mas sabem uma coisa?
  • 6:41 - 6:45
    Descobrimos há pouco tempo
    que o choco também tem essa aptidão.
  • 6:45 - 6:47
    Em experiências feitas
    no verão passado,
  • 6:47 - 6:53
    quando apresentámos a um choco
    diferentes comidas em diferentes alturas,
  • 6:53 - 6:58
    ele tinha de se lembrar
    do local exato onde as tinha visto
  • 6:58 - 7:01
    e quando fora a última vez que as vira.
  • 7:01 - 7:05
    Depois tinha de ir caçar
    segundo a taxa de reaprovisionamento
  • 7:05 - 7:08
    de cada tipo de comida
    num local diferente.
  • 7:08 - 7:09
    Parece-vos complicado?
  • 7:09 - 7:13
    É tão complicado que eu tive
    dificuldade em perceber a experiência.
  • 7:13 - 7:16
    Isto é um processamento
    cognitivo de alto nível.
  • 7:17 - 7:20
    Falando em cérebros,
    e na evolução no momento,
  • 7:20 - 7:21
    olhem para a direita.
  • 7:21 - 7:25
    É o caminho da evolução
    do cérebro dos vertebrados
  • 7:25 - 7:26
    e todos temos bons cérebros.E
  • 7:26 - 7:28
    Penso que todos reconhecemos isso.
  • 7:28 - 7:30
    Mas, se olharem para a esquerda,
  • 7:30 - 7:34
    parte do caminho evolutivo
    traçado aqui até ao polvo,
  • 7:34 - 7:38
    convergem ambos
    em comportamentos complexos
  • 7:38 - 7:41
    e numa certa forma de inteligência.
  • 7:41 - 7:44
    O último denominador comum
    nestas duas linhas
  • 7:44 - 7:46
    foi há 600 milhões de anos
  • 7:46 - 7:49
    e foi um verme
    com muitos poucos neurónios,
  • 7:49 - 7:51
    portanto, caminhos muito divergentes
  • 7:51 - 7:54
    mas uma convergência
    de comportamentos complicados.
  • 7:54 - 7:57
    Esta é a pergunta fundamental:
  • 7:57 - 8:00
    A estrutura cerebral de um polvo
  • 8:00 - 8:02
    será diferente basicamente
    até ao mais baixo nível
  • 8:02 - 8:04
    da linha dos vertebrados?
  • 8:04 - 8:06
    Não sabemos a resposta
  • 8:06 - 8:09
    mas se, por acaso, for "sim",
  • 8:09 - 8:12
    então temos um caminho
    evolutivo diferente
  • 8:12 - 8:14
    para criar inteligência no planeta Terra
  • 8:14 - 8:17
    e podemos pensar que a comunidade
    da Inteligência Artificial
  • 8:17 - 8:20
    pode estar interessada
    nesses mecanismos.
  • 8:21 - 8:24
    Bom, falemos então de genética
    por instantes.
  • 8:24 - 8:27
    Temos genomas, temos ADN,
  • 8:27 - 8:29
    o ADN é transcrito no ARN.
  • 8:29 - 8:33
    O ARN traduz isso numa proteína
    e é assim que nós aparecemos.
  • 8:33 - 8:36
    Os cefalópodes fazem-no
    de modo diferente.
  • 8:36 - 8:39
    Têm grandes genomas, têm ADN,
  • 8:39 - 8:41
    transcrevem-no para o ARN,
  • 8:41 - 8:43
    mas depois acontece uma coisa
    totalmente diferente.
  • 8:43 - 8:46
    Alteram o ARN a um ritmo
    astronomicamente peculiar,
  • 8:46 - 8:51
    cem vezes mais do que
    os seres humanos ou outros animais fazem.
  • 8:51 - 8:54
    Isso produz montanhas de proteínas.
  • 8:54 - 8:56
    Sabem para que servem a maioria delas?
  • 8:56 - 8:58
    Para o sistema nervoso.
  • 8:58 - 9:01
    Talvez seja uma forma pouco ortodoxa
  • 9:01 - 9:05
    de um animal evoluir
    a plasticidade comportamental.
  • 9:05 - 9:08
    Isto são muitas conjeturas
    mas são alimento para o pensamento.
  • 9:09 - 9:13
    Gostava de partilhar convosco
    a minha experiência
  • 9:13 - 9:16
    e usar a minha inteligência
    e a dos meus colegas
  • 9:16 - 9:18
    para tentar obter
    este tipo de informações.
  • 9:18 - 9:20
    Mergulhamos, mas não aguentamos
    muito tempo
  • 9:20 - 9:22
    porque não podemos respirar.
  • 9:22 - 9:24
    Por isso, temos de ser eficazes
    no que fazemos.
  • 9:24 - 9:26
    A total imersão dos sentidos
    nesse mundo
  • 9:26 - 9:30
    é o que nos ajuda a compreender
    o que esses animais estão a fazer
  • 9:30 - 9:34
    e tenho de vos dizer que é
    uma experiência fascinante
  • 9:34 - 9:38
    estar lá em baixo e entrar
    em comunicação
  • 9:38 - 9:40
    com um polvo e um mergulhador
  • 9:40 - 9:42
    quando começamos a compreender
  • 9:42 - 9:45
    que isto é um animal pensante e curioso.
  • 9:46 - 9:49
    Este é o tipo de coisas
    que realmente me inspiram sempre.
  • 9:49 - 9:52
    Voltemos àquela pele inteligente
    por instantes.
  • 9:52 - 9:55
    Esta é uma lula
    e um padrão de camuflagem.
  • 9:55 - 9:58
    Ampliamos e vemos que há
    bonitos pigmentos e refletores.
  • 9:58 - 10:01
    Há cromatóforos que abrem
    e fecham muito rapidamente.
  • 10:01 - 10:03
    Depois, na camada seguinte da pele,
  • 10:03 - 10:05
    é muito interessante.
  • 10:05 - 10:07
    Os cromatóforos estão fechados
  • 10:07 - 10:10
    e vemos esta iridescência mágica
    a sair da pele.
  • 10:10 - 10:12
    Também é controlada
    por neurónios.
  • 10:12 - 10:15
    Por isso, é a combinação das duas
  • 10:15 - 10:18
    como se vê aqui na pele do choco,
    em alta resolução,
  • 10:18 - 10:22
    em que obtemos esta bonita
    coloração estrutural pigmentária
  • 10:22 - 10:26
    e até um leve rubor
    que é muito bonito.
  • 10:26 - 10:30
    Bom, como podemos utilizar
    parte destas informações?
  • 10:30 - 10:32
    Falei destas protuberâncias
    da pele, as "papillae".
  • 10:33 - 10:35
    Este é o choco gigante australiano.
  • 10:35 - 10:37
    Tem uma pele macia
    e um padrão conspícuo.
  • 10:37 - 10:40
    Eu tirei cinco fotos seguidas
    com um segundo de intervalo.
  • 10:40 - 10:43
    Observem este animal a mudar
  • 10:43 - 10:46
    — um... dois... três... quatro... cinco —
  • 10:46 - 10:48
    agora sou uma alga.
  • 10:48 - 10:52
    Depois podemos inverter a cena
    para voltar a ver a pele macia.
  • 10:53 - 10:55
    É uma pele maravilhosa,
    transformável.
  • 10:55 - 10:58
    Podemos vê-la aqui em pormenor.
  • 10:58 - 10:59
    Periscópio para cima,
  • 10:59 - 11:01
    e temos estas belas "papillae".
  • 11:01 - 11:03
    Observemos com um pouco mais de pormenor.
  • 11:03 - 11:06
    Vemos aparecer as "papillae" individuais
  • 11:06 - 11:08
    que têm umas pequenas cristas.
  • 11:08 - 11:10
    É uma "papilla" numa "papilla"
    e assim sucessivamente.
  • 11:10 - 11:13
    Cada espécie individual tem
    mais de uma dúzia
  • 11:13 - 11:16
    de formas e tamanhos
    destas protuberâncias
  • 11:16 - 11:20
    para criar uma camuflagem
    afinada, controlada por neurónios.
  • 11:20 - 11:25
    Os meus colegas engenheiros
    da universidade de Cornell
  • 11:25 - 11:27
    observaram o nosso trabalho e disseram:
  • 11:27 - 11:29
    "Pensamos que podemos fazer
    uma coisa dessas."
  • 11:29 - 11:31
    Porque na indústria e na sociedade,
  • 11:31 - 11:34
    este tipo de materiais macios
    sob controlo da forma
  • 11:34 - 11:35
    são muito raros.
  • 11:35 - 11:37
    E avançaram com isso,
    trabalharam connosco
  • 11:37 - 11:40
    e fizeram as primeiras amostras
    de "papillae" artificiais,
  • 11:40 - 11:42
    de materiais macios,
    como mostramos aqui.
  • 11:42 - 11:45
    Vemo-los a aumentar
    em diferentes formas.
  • 11:45 - 11:47
    Podemos premi-las com o dedo
  • 11:47 - 11:50
    para ver como são bastante maleáveis.
  • 11:50 - 11:53
    Isto é um exemplo de como
    isto pode funcionar.
  • 11:53 - 11:58
    Gostava de passar daqui
    para a cor dos tecidos,
  • 11:58 - 12:01
    e imagino que também podia
    ter muitas aplicações.
  • 12:01 - 12:03
    Reparem neste caleidoscópio de cor
  • 12:04 - 12:06
    de pigmentos e refletores
    controlados dinamicamente
  • 12:06 - 12:08
    que vemos nos cefalópodes.
  • 12:08 - 12:12
    Sabemos bastante da mecânica
    de como funcionam
  • 12:12 - 12:14
    para podermos começar
    a traduzir isto
  • 12:14 - 12:16
    não só em tecidos
  • 12:16 - 12:19
    mas talvez mesmo
    em cosméticos mutáveis.
  • 12:19 - 12:22
    Além disso, houve uma descoberta recente
  • 12:22 - 12:26
    de moléculas sensíveis à luz
    na pele do polvo
  • 12:26 - 12:29
    que pode abrir o caminho
    para materiais inteligentes
  • 12:29 - 12:34
    que sintam e reajam por si mesmos.
  • 12:34 - 12:39
    Esta forma de biotecnologia
    ou biomimética, como queiram,
  • 12:39 - 12:42
    pode mudar a forma como olhamos
    para o mundo até fora de água.
  • 12:43 - 12:45
    Vejam, por exemplo,
    a inteligência artificial
  • 12:45 - 12:49
    que se pode inspirar
    no cérebro distribuído pelo corpo
  • 12:49 - 12:51
    e no comportamento do polvo,
  • 12:51 - 12:53
    ou na pele inteligente do choco,
  • 12:53 - 12:58
    traduzida em vestuário de vanguarda.
  • 13:00 - 13:02
    Como é que lá chegamos?
  • 13:02 - 13:04
    Talvez nos baste começarmos a ser
  • 13:04 - 13:07
    um pouco mais inteligentes
  • 13:07 - 13:09
    sobre a inteligência dos cefalópodes.
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    Obrigado.
  • 13:11 - 13:13
    (Aplausos)
Title:
O espantoso cérebro e a pele transformável de polvos e outros cefalópodes
Speaker:
Roger Hanlon
Description:

Os polvos, as lulas e os chocos — conhecidos por cefalópodes — têm cérebros estranhos, maciços e distribuídos. O que é que eles fazem com todo esse poder neural? Mergulhem no oceano com o biólogo marinho Roger Hanlon, que nos mostra filmagens espantosas das capacidades de camuflagem dos cefalópodes, que podem mudar a cor e a textura da pele instantaneamente. Saibam como a sua pele inteligente e a sua capacidade de a exibir de formas sofisticadas pode ser prova duma forma alternativa de inteligência — e como pode levar progressos na IA, nos tecidos, nos cosméticos e em muitas outras coisas.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
13:30

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