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O dia em que John Lennon morreu 2010 (documentário completo)

  • 0:03 - 0:05
    No dia 8 de dezembro de 1980,
  • 0:06 - 0:10
    fui encarregado de patrulhar
    o distrito 20 de carro.
  • 0:11 - 0:16
    Recebi uma chamada que tiros haviam
    sido disparados na Oeste 1, rua 72.
  • 0:16 - 0:21
    Um homem apontava e dizia:
    "Este é o homem que está atirando"
  • 0:21 - 0:25
    Foi aí que percebemos
    que era para valer.
  • 0:25 - 0:30
    Então olhei e vi um homem
    com as mãos para o alto.
  • 0:30 - 0:33
    Eu o atirei contra a parede
  • 0:33 - 0:38
    e naquela hora, Jose me disse que
    ele havia atirado em John Lennon.
  • 0:38 - 0:40
    Eu disse: "O que?"
  • 0:40 - 0:43
    [tiro]
  • 0:46 - 0:50
    Essa é uma obra de arte
    da viúva de John Lennon, Yoko Ono.
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    Eu pensava em todas as janelas do mundo.
  • 0:53 - 0:59
    E há tantas delas com marcas
    e perfurações de tiros.
  • 0:59 - 1:04
    Eu quis fazer um gesto simbólico
    de uma perfuração de bala.
  • 1:04 - 1:09
    E você deve observá-la
    pela frente e por trás.
  • 1:09 - 1:12
    Porque quando você a observa
    pela frente, você é o atirador.
  • 1:12 - 1:14
    Quando a observa
    por trás, você é a vítima.
  • 1:15 - 1:22
    Eu a fiz e então percebi.
    "Deus, eu já vi isso..."
  • 1:23 - 1:25
    ...naquela noite."
  • 1:26 - 1:31
    Às 10:50 da noite, de uma segunda-feira,
    do dia 8 de dezembro de 1980,
  • 1:31 - 1:35
    John Lennon foi assassinado
    no Edifício Dakota, em Nova York.
  • 1:36 - 1:41
    Essa noite, um dos maiores músicos e
    artistas do mundo, John Lennon dos Beatles
  • 1:41 - 1:44
    foi morto em frente
    de sua casa em Nova York.
  • 1:45 - 1:48
    O impacto da morte de John Lennon
    foi sentido em todo o mundo.
  • 1:49 - 1:52
    Liguei o rádio e Imagine estava tocando.
  • 1:52 - 1:54
    Era como uma facada no coração.
    Você sabia que era verdade.
  • 1:56 - 1:58
    Foi um golpe esmagador.
  • 1:58 - 2:02
    Fiquei paralizado. Tinha acabado de vê-lo.
  • 2:02 - 2:06
    Foi um choque. Um choque absurdo.
  • 2:07 - 2:10
    [Imagine all the people]
  • 2:10 - 2:17
    Não pude acreditar. Estava em choque
    e me perguntei: "Quem fez isso?"
  • 2:17 - 2:19
    "Por que alguém machucaria o John?"
  • 2:20 - 2:24
    Então pensei que talvez e pudesse
    ter uma foto do assassino.
  • 2:29 - 2:34
    O dia em que John Lennon morreu
  • 2:36 - 2:40
    Em janeiro de 1969, onze anos
    antes de John morrer,
  • 2:41 - 2:43
    os Beatles faziam seu último show,
  • 2:43 - 2:46
    no telhado do prédio de seu escritório,
    na Saddle Row.
  • 2:46 - 2:48
    Foi o fim de uma era.
  • 2:50 - 2:54
    John Lennon influenciou profundamente
    um geração. E foi além.
  • 2:56 - 2:59
    - O que aconteceu aqui?
    - O que eu sei?
  • 2:59 - 3:03
    Que a marca era gerenciada daqui, eu acho.
  • 3:04 - 3:06
    Eu não sei muito sobre
    o que aconteceu aqui.
  • 3:07 - 3:09
    Um último show.
  • 3:13 - 3:16
    [Don't let me down]
  • 3:16 - 3:20
    Lembro-me dessa casa.
    Eu estava naquela fila.
  • 3:21 - 3:25
    Era a voz dele.
    Eu fico triste, fico bravo.
  • 3:26 - 3:28
    Me arrepia. Era a voz dele.
  • 3:28 - 3:31
    [Nobody ever loved me like she do]
  • 3:31 - 3:35
    E pensei: "Quero ter uma banda como esta.
    Por que não posso fazer música assim?"
  • 3:38 - 3:44
    A vida do John, depois que ele deixou os
    Beatles, foi uma fuga da Beatlemania.
  • 3:45 - 3:49
    Em 1971, ele encontrou seu refúgio
    com Yoko em Nova York.
  • 3:50 - 3:53
    A cidade onde ele estaria nove anos mais
    tarde para encontrar seu destino.
  • 3:54 - 3:56
    [New York city, babe]
  • 3:59 - 4:02
    A última vez que o vi, estávamos na
    Madison Square Garden.
  • 4:02 - 4:07
    Ele disse: "Posso andar pelas ruas
    e pelos parques.
  • 4:07 - 4:11
    As pessoas passam por mim e dizem:
    - 'Oi, John!' E continuam andando.
  • 4:11 - 4:15
    Em vez de - Oi John e blá blá blá..."
    Ele disse: "Adoro isso."
  • 4:16 - 4:20
    E pensei que John havia
    encontrado paz, finalmente.
  • 4:20 - 4:28
    [All we are saying is give peace a chance]
  • 4:28 - 4:30
    A paz teve um preço.
  • 4:30 - 4:34
    O ativismo político de John
    teve grande efeito no jovens,
  • 4:34 - 4:36
    e o próprio presidente o via
    como uma ameaça.
  • 4:36 - 4:40
    Nixon estava determinado a negar
    o Green Card para John.
  • 4:40 - 4:45
    Há uma gravação, em algum lugar,
    do capanga de Nixon dizendo:
  • 4:45 - 4:49
    "Sabe, esse cara pode ganhar uma eleição."
  • 4:50 - 4:51
    Isso foi preservado.
  • 4:51 - 4:57
    O primeiro passo era mandá-lo embora.
    Eles estavam dispostos a fazer isso.
  • 4:57 - 4:59
    [I would like]
  • 4:59 - 5:04
    Em agosto de 1980, após a dificuldade
    de residência permanente,
  • 5:04 - 5:07
    John estava para embarcar em
    uma nova aventura musical com Yoko.
  • 5:07 - 5:10
    Eles são vistos saindo do Dakota no
    primeiro dia de gravação
  • 5:10 - 5:12
    do álbum Double Fantasy.
  • 5:12 - 5:15
    Não faziam ideia de que seria o último.
  • 5:16 - 5:18
    Seu co-produtor era Jack Douglas.
  • 5:19 - 5:24
    A ideia do álbum era fazer um diálogo
    entre um homem e sua esposa.
  • 5:24 - 5:30
    Um homem que passou pelos anos 60.
    Era sobre: "Aqui estamos, fazendo 40 anos,
  • 5:30 - 5:35
    e está tudo bem. Ainda podemos fazer isso,
    ainda podemos ter nossa voz,
  • 5:35 - 5:38
    conseguimos passar por todos
    aqueles anos terríveis.
  • 5:38 - 5:41
    Agora vamos olhar para o futuro.
  • 5:43 - 5:48
    Em setembro de 1980, o album
    Double Fantasy está quase completo.
  • 5:50 - 5:53
    Ele o ouviu com atenção,
    e vi o sorriso em seu rosto.
  • 5:53 - 5:58
    E ele gritou: "Mãe, avise a todos
    que temos um álbum."
  • 5:59 - 6:02
    "Mãe" era o apelido de John para a mulher.
  • 6:05 - 6:09
    Ele me fazia rir o tempo todo.
    Eu não tentava fazê-lo rir,
  • 6:09 - 6:13
    mas parecia que ele ria
    o tempo todo de mim.
  • 6:13 - 6:16
    Quando eu dizia algo sério, ele dizia:
  • 6:16 - 6:19
    "Você é tão pequena para falar essas
    coisas"
  • 6:19 - 6:22
    Ele achava isso engraçado.
  • 6:24 - 6:26
    Com os fãs, John era gentil.
  • 6:27 - 6:31
    Em novembro de 1980, o fã que seria o
    último a tirar uma foto de John vivo,
  • 6:31 - 6:34
    teve sua primeira oportunidade.
  • 6:34 - 6:39
    Ele disse: "Vamos tirar essa foto agora.
    Não sabemos se teremos outra oportunidade"
  • 6:39 - 6:42
    E isso aconteceu 21 antes
    de ele ser assassinado.
  • 6:43 - 6:48
    Eu parecia uma criança em volta
    da árvore de natal.
  • 6:48 - 6:53
    E quando fiquei ao lado dele,
    ele pôs o braço no meu ombro.
  • 6:53 - 6:56
    Eu não podia acreditar que ele
    havia me puxado para perto.
  • 6:56 - 7:01
    Ao fazer isso, ele me deu a ideia de que
    eu poderia segurar sua gola de pelos.
  • 7:02 - 7:05
    Eu o segurava para ter certeza
    de que não era um sonho,
  • 7:05 - 7:07
    de que ele não iria desaparecer.
  • 7:11 - 7:15
    A imagem mais icônica de John Lennon em
    Nova York foi tirada por um amigo,
  • 7:15 - 7:16
    o fotógrafo Bob Gruen.
  • 7:17 - 7:22
    Numa sexta, 5 de dezembro, três dias antes
    de sua morte, John o telefonou.
  • 7:22 - 7:24
    Ele estava de bom humor, brincalhão.
  • 7:24 - 7:28
    No dia seguinte, ele me pediu para voltar,
    porque ele havia comprado uma jaqueta
  • 7:28 - 7:32
    e queria algumas fotos com ela.
    Uma bonita jaqueta Yamamoto.
  • 7:32 - 7:37
    Então passamos a noite conversando,
    enquanto eles trabalhavam no estúdio.
  • 7:37 - 7:42
    E foi ao amanhecer que fomos para a rua,
    num sábado de manhã, 6 de dezembro.
  • 7:42 - 7:45
    E tiramos muitas fotos lá.
  • 7:45 - 7:50
    E foi a última vez que o vi.
  • 7:52 - 7:55
    Mais tarde, naquele sábado, 6 de dezembro,
    John deu uma entrevista no rádio
  • 7:55 - 8:00
    ao DJ da BBC Andy Peebles, no estúdio de
    gravação Hit Factory em Manhattan.
  • 8:01 - 8:04
    Ali estava meu herói.
  • 8:04 - 8:07
    Me lembro que ele pôs o braço
    no meu ombro e disse: "obrigado por vir."
  • 8:07 - 8:10
    E eu pensei em falar: "O que você quer
    dizer com 'Obrigado por vir?'"
  • 8:10 - 8:13
    Quando deixei a Inglaterra,
    ainda não podia sair às ruas.
  • 8:13 - 8:15
    Ainda era a rua Carnaby e
    tudo aquilo acontecendo.
  • 8:15 - 8:18
    Não podíamos andar pela quadra
    ou ir a um restaurante
  • 8:18 - 8:22
    a não ser que quiséssemos fazer o papel de
    estrelas e checar o lixo do restaurante.
  • 8:22 - 8:26
    Eu posso sair agora por essa porta
    e ir a um restaurante.
  • 8:26 - 8:29
    Você tem ideia do quanto
    isso é maravilhoso?
  • 8:29 - 8:34
    No final da entrevista, por alguma razão,
    passou pela minha cabeça
  • 8:34 - 8:36
    perguntar a ele sobre segurança.
  • 8:37 - 8:40
    E ele usou a frase clássica: "Eu posso
    andar pelas ruas e as pessoas dizem:
  • 8:40 - 8:43
    'Oi John, como vai? Como está o bebê?'
  • 8:43 - 8:48
    E eu posso vê-lo, agora, dizer isso
    com tamanha convicção.
  • 8:49 - 8:53
    Ele não poderia jamais ter imaginado
    o que aconteceria em 48 horas.
  • 8:53 - 8:55
    Nunca, nunca poderia ter imaginado.
  • 8:58 - 8:59
    [suspiro]
  • 9:03 - 9:06
    Segunda-feira, 8 de dezembro, 1980.
  • 9:07 - 9:11
    Às 10 da manhã, Jonh Lennon deixa o
    Edifício Dakota para ir ao barbeiro.
  • 9:13 - 9:15
    Ele só queria cortar o cabelo.
  • 9:17 - 9:20
    Talvez eu ainda tenha seus cabelos,
    não sei bem.
  • 9:20 - 9:22
    Eu costumava guardar seus cabelos.
  • 9:23 - 9:28
    O dia começou com
    a foto da Liebowitz.
  • 9:29 - 9:32
    Enquanto a fotógrafa Annie Liebowitz
    termina a sessão de fotos
  • 9:32 - 9:37
    para a revista Rolling Stone, uma capa
    que ficaria famosa mundialmente,
  • 9:37 - 9:41
    o fã de John, o fotógrafo amador
    Paul Garesh chega, como de costume.
  • 9:42 - 9:46
    Eu cheguei no Dakota
    perto de 11:45 da manhã.
  • 9:46 - 9:51
    Era um dia ameno para 8 de dezembro.
  • 9:51 - 9:56
    A única outra pessoa lá era um rapaz que
    usava um sobretudo longo com gola de pelo,
  • 9:56 - 9:58
    e um chapéu de pelo.
  • 9:58 - 10:03
    Ele usava um cachecol e segurava o
    álbum Double Fantasy embaixo do braço.
  • 10:04 - 10:06
    Ele me perguntou:
    "Você está esperando o Lennon?"
  • 10:07 - 10:09
    Eu disse que sim.
  • 10:10 - 10:13
    E ele disse: "Meu nome é Mark.
    Sou do Havaí."
  • 10:14 - 10:17
    E eu disse: "Eu sou Paul.
    Sou de Nova Jersey."
  • 10:17 - 10:20
    Ele perguntou: "Você trabalha para ele?"
  • 10:20 - 10:22
    E eu disse que não.
  • 10:22 - 10:27
    Ele falou: "Eu vim do Havaí para
    ter meu álbum autografado."
  • 10:27 - 10:29
    Então perguntei: "Onde você está
    hospedado na cidade?
  • 10:29 - 10:33
    Foi então que ele começou a mudar
    completamente de comportamento.
  • 10:33 - 10:40
    De um bobo para uma pessoa agressiva.
    E disse: "Por que você quer saber?"
  • 10:40 - 10:44
    E eu falei: "Volte para onde você
    estava e me deixe em paz."
  • 10:45 - 10:47
    E nós...
  • 10:50 - 10:56
    Nós iríamos fazer uma
    entrevista com a rádio RKO, sabe?
  • 10:57 - 11:01
    Às 12:40 da tarde, a equipe
    da rádio RKO de São Francisco,
  • 11:01 - 11:06
    com o radialista Dave Sholan, chega
    cheia de expectativas para a entrevista.
  • 11:08 - 11:11
    Dirigimos até o Edifício Dakota,
    que é um prédio impressionante.
  • 11:11 - 11:14
    É de tirar o fôlego.
  • 11:14 - 11:20
    E somos levados a um espaço incrível,
    uma sala linda,
  • 11:20 - 11:24
    onde você tira seus sapatos,
    que é um ótimo hábito,
  • 11:24 - 11:28
    senta-se em um sofá
    e Yoko estava lá.
  • 11:28 - 11:35
    Me lembro de olhar para o teto e
    ver lindas nuvens pintadas. Lindo!
  • 11:37 - 11:43
    Enquanto isso, Paul Garesh entra para
    pegar uma cópia do livro de 1965 de John,
  • 11:43 - 11:47
    "A Spaniard in the Works", que
    havia deixado para John autografar.
  • 11:47 - 11:49
    John estava vindo em direção à entrada.
  • 11:49 - 11:52
    Ele disse: "Vou autografa-lo
    para você hoje, prometo."
  • 11:52 - 11:54
    Então voltei para o lado de fora.
  • 11:54 - 12:02
    O rapaz com o sobretudo estava lá.
    Ele estava sozinho do outro lado.
  • 12:02 - 12:07
    Ele veio até mim e disse: "Sabe,
    quero me desculpar com você."
  • 12:07 - 12:10
    Ele disse: "Te devo desculpas
    pela forma como agi.
  • 12:10 - 12:14
    Estamos em Nova York e não sabemos
    em quem podemos confiar hoje me dia."
  • 12:23 - 12:28
    Segunda-feira, 8 de dezembro 1980.
    É 1:25 da tarde.
  • 12:28 - 12:30
    John Lennon começa uma entrevista
    de duas horas e meia
  • 12:30 - 12:33
    com o radialista Dave Sholan.
  • 12:34 - 12:36
    A última entrevista que ele deu.
  • 12:36 - 12:46
    A porta se abre e John aparece,
    dás uns pulos no ar dizendo:
  • 12:46 - 12:49
    "Aqui estou pessoal.
    O show já vai começar"
  • 12:49 - 12:55
    Ele abre os braços e se aproxima.
    Ele não poderia estar mais bem-humorado.
  • 12:55 - 12:58
    Durante a entrevista,
    John fala sobre a história da sua vida,
  • 12:58 - 13:03
    dos anos em Liverpool, até
    sua relação com Yoko e seu filho Sean.
  • 13:05 - 13:10
    Ele nasceu em 9 de outubro, como eu.
    Somos quase como gêmeos.
  • 13:11 - 13:15
    Agora tenho mais razões
    para estar saudável e feliz.
  • 13:15 - 13:20
    [People say I'm crazy, doing what I do...]
  • 13:20 - 13:26
    Por volta de 1978-1979, ele dizia:
    "Me sinto muito sozinho,
  • 13:26 - 13:29
    porque não há um homem
    com quem eu possa conversar
  • 13:29 - 13:34
    sobre ser um marido ou estar em posição
    de entender a respeito de mulheres.
  • 13:34 - 13:39
    Deve haver algum tipo grupo sobre isso.
  • 13:40 - 13:45
    Eu disse: "Bem, deve haver."
    Mas não encontramos nenhum.
  • 13:46 - 13:53
    Um dia, vi John sentado na cama chorando.
    E perguntei: "O que houve?"
  • 13:53 - 13:57
    Ele estava lendo um livro
    chamado The First Sex.
  • 13:57 - 14:03
    É um livro sobre mulheres que não recebem
    crédito pelo que fizeram na história.
  • 14:03 - 14:07
    E ele disse: "Não sabia que estávamos
    fazendo isso com as mulheres."
  • 14:07 - 14:10
    Ele tinha um coração muito bom.
  • 14:11 - 14:15
    Me parece, e me corrija se eu estiver
    errado, que John veio de uma família
  • 14:15 - 14:18
    com um histórico muito 'macho'.
  • 14:18 - 14:21
    Muito 'macho'. Eu fiquei surpresa.
  • 14:21 - 14:26
    Mas sabe, acho que era normal
    para os homens naquela época.
  • 14:27 - 14:31
    [When I was younger]
  • 14:31 - 14:35
    Esse é o bar em Liverpool onde John
    costumava encontrar-se com seus colegas.
  • 14:36 - 14:41
    Um deles era Thelma Pickles.
    Ela tinha 16 e John, 17.
  • 14:41 - 14:46
    Acho que era um romance.
    Um romance de jovens.
  • 14:47 - 14:52
    John morava aqui, numa casa
    chamada Mendips, com sua tia Mimi,
  • 14:52 - 14:54
    que cuidou dele
    na ausência de sua mãe Julia.
  • 14:54 - 15:00
    Ele tinha coisas que jovens tinham.
    Ele tinha um quarto imaculado.
  • 15:01 - 15:08
    Uma vez ele me perguntou se eu sabia que
    fazer amor gastava a mesma energia
  • 15:08 - 15:13
    que correr por 8km. Eu não sabia.
    E ainda não sei se é verdade.
  • 15:13 - 15:15
    Mas acreditei nele.
  • 15:16 - 15:18
    E então, isso se tornou
    um eufemismo.
  • 15:19 - 15:23
    Uma noite, houve uma festa na escola de
    arte, onde os dois estavam presentes.
  • 15:24 - 15:29
    Ele disse: "Vamos correr 8km?"
  • 15:29 - 15:32
    Então, fomos até a sala de História
    da Arte, no andar superior.
  • 15:32 - 15:36
    Quando entramos, havia
    pelo menos três outros casais.
  • 15:37 - 15:42
    Eu não havia percebido, num
    primeiro momento, e então falei:
  • 15:42 - 15:45
    "Não vou ficar aqui."
    E ele me bateu com força.
  • 15:45 - 15:51
    Eu não falei com ele depois disso.
    Não me importava quem ele era,
  • 15:51 - 15:54
    quão interessante ele era,
    quão engraçado ele era,
  • 15:54 - 15:56
    quão amável ele era,
    quão adorável ele era.
  • 15:56 - 16:01
    Eu não ía ser agredida por um rapaz.
    E não continuei a relação.
  • 16:02 - 16:06
    Os relacionamentos de John com mulheres
    eram muitas vezes controversos.
  • 16:06 - 16:10
    Em 1970, ele havia se tornado uma
    das pessoas mais famosas do mundo.
  • 16:10 - 16:13
    Seu primeiro casamento com Cinthia,
    com quem teve um filho, Julian,
  • 16:13 - 16:14
    havia terminado.
  • 16:14 - 16:17
    Mas Yoko não foi popular.
  • 16:17 - 16:22
    A razão para o término dos Beatles,
    com poucas evidências preciosas,
  • 16:22 - 16:25
    foi atribuída a ela.
  • 16:26 - 16:30
    [I can hardly express]
  • 16:30 - 16:34
    A hostilidade direcionada a Yoko não
    diminuiu quando eles se mudaram para NY.
  • 16:35 - 16:40
    Me sentia horrível, mas
    também culpada por ele.
  • 16:41 - 16:44
    Ele também estava sofrendo.
  • 16:44 - 16:47
    Porque seus discos não estavam vendendo.
  • 16:47 - 16:50
    E, de alguma forma, era
    porque ele estava comigo.
  • 16:51 - 16:55
    Porque estávamos juntos
    quase 26 horas por dia.
  • 16:55 - 17:00
    E acho que era bastante incomum
    para o John se sentir assim.
  • 17:00 - 17:05
    E roqueiros sempre dão suas puladas
    de cerca. Mas não havia isso,
  • 17:05 - 17:09
    porque ele temia que eu
    pulasse também. Ele ria disso.
  • 17:09 - 17:16
    Porque eu também era uma artista. E
    poderia me sentir à vontade com isso.
  • 17:16 - 17:18
    Diferentemente de outras mulheres.
  • 17:18 - 17:24
    E provavelmente eu fosse liberal,
    mas não tanto assim.
  • 17:24 - 17:28
    Na verdade, foi o mal comportamento de
    John com uma mulher em uma festa que,
  • 17:28 - 17:32
    em 1973 fez Yoko perceber que
    eles precisavam de um tempo separados.
  • 17:32 - 17:35
    Eu chamo de meu fim de semana perdido.
    Ele durou 18 meses.
  • 17:35 - 17:41
    Quando meu lado feminino morreu
    aos poucos e ela disse: "Dá o fora daqui!"
  • 17:44 - 17:48
    Me dê 30 segundos para que
    eu possa me sentir nesse espaço.
  • 17:51 - 17:53
    Elliot Mintz era um reporter
    que vivia em Los Angeles
  • 17:53 - 17:56
    e que se tornou amigo de John e Yoko.
  • 17:56 - 18:01
    Yoko pensou que seria melhor
    se John seguisse sozinho
  • 18:01 - 18:05
    e que os dois se separassem.
  • 18:06 - 18:10
    E ela sugeriu que ele saísse se Nova York
    e fosse para Los Angeles.
  • 18:11 - 18:18
    Aquela decisão era em parte
    porque eu estava aqui.
  • 18:19 - 18:23
    E, de alguma forma,
    que eu pudesse tomar conta dele.
  • 18:23 - 18:25
    Isso é que é fardo.
  • 18:29 - 18:34
    Nas primeiras semanas, ele fez
    o que as pessoas faziam na cidade,
  • 18:34 - 18:41
    se você está solteiro pela primeira vez e
    sua profissão anterior era ser um Beatle.
  • 18:42 - 18:48
    [Who in the hell do you think you are?
    A superstar? Well, right you are!]
  • 18:48 - 18:52
    Ele gostava de ação. Por algum tempo,
    ele curtiu as festas.
  • 18:52 - 18:58
    Ele gostava das boates. Ele gostava de
    beber. Mas não da atenção das mulheres.
  • 18:58 - 19:05
    Eu posso dizer, que depois de duas ou
    três semanas vivendo essa experiência,
  • 19:05 - 19:12
    a única coisa que ele queria era
    achar uma forma de voltar com a Yoko.
  • 19:12 - 19:18
    [How in the world you're gonna see?
    Laughing at fools like me]
  • 19:18 - 19:24
    E eu contava a Yoko que ele
    ficava dizendo: "Diga à mãe...
  • 19:24 - 19:29
    ele se referia a Yoko como 'mãe'... diga
    que eu estou pronto para voltar para casa.
  • 19:30 - 19:34
    E eu dizia isso à Yoko e
    ela dizia: "Não, ele não está."
  • 19:34 - 19:36
    Te direi quando ele estiver.
  • 19:37 - 19:41
    [Just like starting over]
  • 19:41 - 19:46
    Depois de 18 meses separados,
    John e Yoko recomeçaram a relação.
  • 19:46 - 19:50
    Foi quando em 1979, seu filho Sean nasceu.
  • 19:51 - 19:57
    John havia mudado. E ele termina sua
    entrevista histórica com Dave Sholin,
  • 19:57 - 20:02
    em 8 de dezembro, dizendo que ele estava
    entrando em uma nova fase da vida.
  • 20:02 - 20:05
    Porque sempre considero
    meu trabalho como uma só peça,
  • 20:05 - 20:08
    seja com os Beatles, David Bowie,
    Elton John or Yoko Ono.
  • 20:08 - 20:11
    E acho que meu trabalho não terá terminado
    até que eu esteja morto e enterrado.
  • 20:11 - 20:13
    E espero que isso não aconteça
    por um bom tempo.
  • 20:14 - 20:20
    Terminamos a entrevista, nos
    despedimos, todos tiramos fotos.
  • 20:20 - 20:25
    Eu tirei uma foto com John e Yoko, a qual
    eu valorizo mais que qualquer coisa.
  • 20:25 - 20:32
    Guardei o equipamento e fui para o carro.
    Nós íamos direto para o aeroporto.
  • 20:33 - 20:39
    São 4 da tarde. O fã e fotógrafo amador
    Paul Garesh, ainda do lado de fora,
  • 20:39 - 20:42
    vê a equipe da RKO saindo do prédio
    com o equipamento de gravação.
  • 20:42 - 20:50
    Vi um grupo de pessoas saindo com malas
    prateadas e pensei que John sairia logo.
  • 20:50 - 21:00
    Em seguida, John sai e procura por um
    carro que levaria Yoko e ele ao estúdio.
  • 21:00 - 21:05
    Ele se vira para Jose e pergunta:
    "Jose, onde está o meu carro?"
  • 21:05 - 21:10
    Jose era o porteiro noturno.
    Seu nome era Jose Perdomo.
  • 21:10 - 21:12
    Ele respondeu: "Ainda não
    chegou, Sr. Lennon."
  • 21:12 - 21:19
    E olhando ao redor, pensei:
    "Uau, isso é realmente incrível.
  • 21:19 - 21:22
    Aqui está John Lennon.
    Na rua, em Nova York."
  • 21:22 - 21:28
    Pensei nisso rapidamente e deixei pra lá.
    Nessa cidade, isso é normal e pronto.
  • 21:28 - 21:32
    Ele me disse: "Não esqueça seu livro.
    Seu álbum já está autografado?"
  • 21:32 - 21:36
    Eu disse: "Trago o álbum amanhã.
    Pego o livro antes de ir."
  • 21:36 - 21:41
    Enquanto ele falava comigo, o rapaz do
    sobretudo se aproximou dele pela esquerda.
  • 21:42 - 21:47
    Ele não disse nada. Apenas
    mostrou o álbum para o John.
  • 21:47 - 21:52
    E John se virou para ele e perguntou:
    "Você quer que eu autografe o álbum?"
  • 21:53 - 21:56
    E o rapaz balançou a cabeça
    de forma afirmativa.
  • 21:56 - 21:59
    Ele não disse nada.
    Apenas balançou a cabeça.
  • 21:59 - 22:03
    Era uma boa oportunidade e
    eu tirei algumas fotos.
  • 22:03 - 22:07
    A primeira era do John autografando
    e olhando para o album.
  • 22:07 - 22:11
    E ele balançou a cabeça,
    pegou o álbum e se afastou.
  • 22:14 - 22:19
    Então o John falou: "Nosso carro não está
    aqui. Vocês vão para o aeroporto?"
  • 22:19 - 22:21
    - "Sim."
    - "Vocês nos dariam uma carona?"
  • 22:22 - 22:25
    "Entrem. Estamos indo na mesma direção."
  • 22:25 - 22:31
    Enquanto ele entrava na limousine,
    tirei uma foto dele.
  • 22:31 - 22:34
    Aquela acabou sendo
    a última foto da minha vida.
  • 22:40 - 22:43
    Ele entrou na limousine e
    estava de frente para mim.
  • 22:43 - 22:48
    Quando iam saindo, John olhou para mim
    pela janela, acenou e sorriu.
  • 22:49 - 22:54
    E eu acenei de volta para ele.
    E nunca mais o veria.
  • 23:06 - 23:11
    São 5 da tarde de segunda-feira,
    8 de dezembro de 1980.
  • 23:11 - 23:15
    John Lennon pega uma carona para o estúdio
    com o radialista que o entrevistou,
  • 23:15 - 23:18
    que casualmente o questiona sobre
    sua relação com Paul McCartney.
  • 23:19 - 23:27
    Ele respondeu: "Ele é como um irmão. Eu o
    amo. Famílias têm seus altos e baixos,
  • 23:27 - 23:35
    mas no final das contas, eu faria
    qualquer coisa por ele e ele por mim."
  • 23:36 - 23:42
    Foi ótimo ouvir aquilo. Deixamos John e
    Yoko no estúdio e nos despedimos.
  • 23:43 - 23:47
    Enquanto John e Yoko estavam ocupados
    no estúdio, a algumas quadras dali
  • 23:47 - 23:51
    no Central Park, um jovem repórter
    da NBC sofre um acidente de moto.
  • 23:52 - 23:55
    Ele virá a ser uma figura chave
    nos eventos daquela noite.
  • 23:55 - 23:58
    Policiais e ambulâncias vieram do
    Hospital St. Luke's Roosevelt.
  • 23:59 - 24:02
    Me lembro que, dentro da ambulância,
    e um dos paramédicos disse:
  • 24:02 - 24:05
    "Você tem sorte. É uma segunda-feira
    à noite e está tudo calmo,
  • 24:05 - 24:13
    a médica da emergência é amigável
    e gentil e vai te ajudar rapidamente."
  • 24:14 - 24:20
    No estúdio, John e Yoko davam os últimos
    toques na última faixa que gravariam.
  • 24:20 - 24:23
    Seu título viria a ter
    um sentido triste.
  • 24:23 - 24:29
    A última coisa que fizemos foi gravar
    'Walking on Thin Ice'.
  • 24:33 - 24:40
    Ainda é difícil falar e pensar sobre isso,
    porque é uma música que me veio...
  • 24:40 - 24:45
    quando você ouve a música,
    ela é sobre nós,
  • 24:47 - 24:54
    sobre como seremos lembrados
    ou não quando virarmos cinzas.
  • 24:54 - 24:58
    Por que eu estava pensando sobre aquilo?
    É muito estranho.
  • 24:59 - 25:01
    E...
  • 25:02 - 25:06
    John adorou a música e disse:
    "Yoko, essa é a sua primeira número um."
  • 25:07 - 25:10
    "Acho que você conseguiu
    sua primeira número um, Yoko."
  • 25:11 - 25:17
    Terminamos a mixagem aquela noite.
    E o levei até o elevador.
  • 25:18 - 25:24
    E disse: "Te vejo na Sterling,
    às 9 da manhã."
  • 25:24 - 25:26
    E...
  • 25:26 - 25:31
    Ele sorria muito. Estava bastante animado
    e tinha uma fita da música com ele.
  • 25:31 - 25:37
    Yoko estava muito feliz.
    E a porta do elevador fechou.
  • 25:38 - 25:42
    A última música que John gravou
    foi a guitarra nessa faixa.
  • 25:57 - 26:05
    Quando estávamos no carro, eu disse:
    "Vamos à um restaurante antes de voltar?"
  • 26:05 - 26:08
    "Não, quero ver Sean antes que ele durma."
  • 26:08 - 26:15
    Ele provavelmente já estava dormindo, mas
    se ele queria ver Sean, então tudo bem.
  • 26:15 - 26:21
    Mas mesmo que tivéssemos ido ao
    restaurante, não mudaria nada.
  • 26:21 - 26:26
    Não evitaria nada. Horrível.
  • 26:28 - 26:30
    Então...
  • 26:34 - 26:38
    E... o carro parou e descemos.
  • 26:42 - 26:47
    Foi terrível. Terrível demais.
  • 26:52 - 26:55
    Eu estava fazendo a ronda de carro
  • 26:55 - 27:00
    e recebi uma chamada que tiros haviam
    sido disparados na Oeste 1, rua 72.
  • 27:00 - 27:08
    Um homem apontava e dizia:
    "Este é o homem que está atirando"
  • 27:08 - 27:11
    Foi aí que percebemos
    que era para valer.
  • 27:12 - 27:16
    Então olhei e vi um homem
    com as mãos para o alto.
  • 27:16 - 27:20
    Eu o atirei contra a parede.
  • 27:20 - 27:24
    e naquela hora, Jose me disse que
    ele havia atirado em John Lennon.
  • 27:25 - 27:27
    Eu disse: "O que?"
  • 27:27 - 27:31
    Eu vire para ver o que estava
    acontecendo atrás de mim
  • 27:31 - 27:37
    e vi dois policiais carregando um homem
    com sangue saindo de sua boca.
  • 27:38 - 27:41
    Foi aí que olhei e reconheci John Lennon.
  • 27:42 - 27:45
    Dois carros de polícia, um com
    John atrás e outro com Yoko
  • 27:45 - 27:47
    se apressavam para o Hospital Roosevelt.
  • 27:47 - 27:50
    O médico da emergência,
    Dr. Stephan Lynn estava a espera.
  • 27:51 - 27:55
    Eu cheguei antes do paciente. Não sabia
    exatamente o que estava acontecendo.
  • 27:55 - 27:57
    Todos na emergência estavam prontos.
  • 27:57 - 28:01
    Por portas exatamente como estas,
    dois policiais entraram.
  • 28:01 - 28:05
    Não havia trancas naquela época,
    mas temos hoje.
  • 28:05 - 28:10
    Eles carregavam um corpo nos ombros.
    Estava inconsciente. Estávamos prontos.
  • 28:11 - 28:16
    Foi uma noite muito corrida. Havia outras
    pessoas com problemas sérios.
  • 28:16 - 28:19
    A sala de espera estava cheia de gente.
  • 28:19 - 28:24
    E havia um homem que tinha chegado
    uma hora antes do Lennon,
  • 28:25 - 28:27
    que havia sofrido um acidente de moto.
  • 28:27 - 28:29
    E aconteceu que ele era um repórter.
  • 28:29 - 28:33
    A médica vem e me olha. Eu estava imundo.
  • 28:33 - 28:37
    Eu vou pedir uma radiografia para
    saber a extensão do problema.
  • 28:37 - 28:44
    E naquele momento, a porta atrás
    de mim se abre e um homem grita:
  • 28:44 - 28:47
    "Temos um baleado no peito."
  • 28:47 - 28:49
    E a médica pergunta: "Quando ele chegará?"
  • 28:49 - 28:51
    "Ele está chegando agora mesmo."
  • 28:51 - 28:53
    Ela diz: "Allen, desculpe, mas
    preciso cuidar disso."
  • 28:54 - 28:56
    "Sem problemas, eu entendo."
  • 28:56 - 29:00
    Eu ouvi passos quando a porta se abriu
    novamente e olhei para trás.
  • 29:00 - 29:06
    E há uma maca. 5 ou 6 policiais, não
    sei bem, carregando a maca.
  • 29:06 - 29:09
    Colocamos o corpo em
    uma maca na nossa frente.
  • 29:09 - 29:13
    Era claro que havia três ferimentos
    a bala no lado esquerdo do peito
  • 29:13 - 29:19
    e um no braço esquerdo. Era claro,
    também, que não havia circulação.
  • 29:20 - 29:23
    Inicialmente, não sabíamos
    que era John Lennon.
  • 29:23 - 29:28
    Como parte da rotina, pegamos o RG
    de suas roupas e ele dizia 'John Lennon'
  • 29:28 - 29:32
    mas a enfermeira disse: "Não parece o
    John Lennon. Não pode ser."
  • 29:32 - 29:36
    Quase que imediatamente, Yoko Ono
    entra na sala de emergência.
  • 29:36 - 29:38
    Sabíamos com que estávamos lidando.
  • 29:38 - 29:42
    Tínhamos uma pessoa muito
    importante em nossas mãos
  • 29:42 - 29:44
    e era nosso dever tentar ressucitá-lo.
  • 29:44 - 29:49
    Dois policiais saíram e ficaram do lado
    da minha cama. Um deles disse:
  • 29:49 - 29:52
    "Dá para acreditar? John Lennon."
  • 29:53 - 29:56
    Olhei para cima e perguntei: "Com
    licença, senhor. O que você disse?"
  • 29:56 - 29:59
    Ele respondeu: "Não disse nada."
    E foi embora.
  • 30:00 - 30:04
    Bem, ele disse 'John Lennon'?
    Ele disse 'Jack Lemon'?
  • 30:04 - 30:08
    Ele falou algum outro nome que
    ninguém conhece? E escuto choro.
  • 30:08 - 30:15
    E, de novo, eu viro e vejo uma mulher
    asiática, com uma casaco longo de visom.
  • 30:15 - 30:19
    Eu sabia que era Yoko Ono.
    Então tinha que ser John Lennon.
  • 30:19 - 30:23
    Allen Wise consegue chegar a um
    orelhão e ligar para o jornal,
  • 30:23 - 30:27
    com a informação de que John Lennon
    havia sido baleado, estava no hospital,
  • 30:27 - 30:29
    mas sua condição ainda desconhecida.
  • 30:30 - 30:34
    Um repórter britânico freelancer,
    Tom Brook, vivia em Nova York.
  • 30:34 - 30:37
    Naquele dia, eu estava em casa.
    Eu morava em Greewish Village
  • 30:37 - 30:41
    e recebi uma ligação de Jonathan King.
    Ele me disse que havia recebido informação
  • 30:41 - 30:47
    de um tiroteio no Edifício Dakota e que
    John Lennon poderia estar envolvido.
  • 30:47 - 30:51
    Quando ouvi aquilo, sabia que
    poderia ser uma grande história.
  • 30:51 - 30:58
    Saí de casa rapidamente com meu gravador e
    meu rádio, vim num taxi pela 8ª avenida
  • 30:58 - 31:02
    e cheguei aqui provavelmente
    por volta de 11:15.
  • 31:03 - 31:06
    Minha namorada chegou,
  • 31:06 - 31:11
    pálida, olhou para mim
    e disse: "John foi baleado."
  • 31:13 - 31:19
    Eu... fiquei paralisado.
    Eu disse: "Acabei de vê-lo."
  • 31:19 - 31:25
    Ela disse que ele havia sido baleado no
    Dakota e que estava no Hospital Roosevelt.
  • 31:26 - 31:32
    Nós corremos e pegamos um taxi e
    seguimos para o Hospital Roosevelt.
  • 31:32 - 31:37
    Uma TV local grava o momento em
    que o produtor Jack Douglas chega.
  • 31:38 - 31:40
    "Meu nome é Jack Douglas.
    Eu acabei de vê-lo."
  • 31:40 - 31:42
    - "São ordens, senhor."
  • 31:44 - 31:48
    - "A Yoko está aqui? O Fred está aqui?"
    - "A Yoko está aqui."
  • 31:48 - 31:52
    Eu tinha um número especial para ligar
    para a recepção do Dakota.
  • 31:52 - 31:55
    O lugar onde eles recebem as pessoas.
    O portão de segurança.
  • Not Synced
    E liguei para aquele número.
  • Not Synced
    E eu disse: "Oi, aqui é o Elliot e
    só quero saber se está tudo bem?
  • Not Synced
    E a pessoa desligou o telefone.
  • Not Synced
    E isso nunca tinha acontecido antes.
    Então fiz uma ligação rápida para
  • Not Synced
    a American Airlines para reservar um
    assento no último voo de LA para NY.
  • Not Synced
    Eu estava sentado na maca e olhei para o
    quarto e os vi cuidando do John.
  • Not Synced
    Ele estava deitado na cama,
    rodeado de médicos, sem roupa
  • Not Synced
    e me lembro de ver muito sangue.
  • Not Synced
    Descobrimos que todos os vasos sanguíneos
    importantes que saíam do coração:
  • Not Synced
    a aorta e todas as suas ramificações
    haviam sido destruídas.
  • Not Synced
    Tentamos achar um lugar para estancar
    a hemorragia. E literalmente segurei
  • Not Synced
    o coração do John Lennon nas mãos e
    massageei para tentar reanimá-lo.
  • Not Synced
    Fizemos transfusão de sangue, mas era
    claro que, com todos os vasos destruídos,
  • Not Synced
    não haveria nada que
    pudéssemos fazer naquela noite.
  • Not Synced
    Por volta de 11:10 e 11:15,
    declaramos John Lennon morto.
  • Not Synced
    [música instrumental]
  • Not Synced
    Acho que todos nós naquela
    sala de repente percebemos
  • Not Synced
    o que estávamos fazendo, onde estávamos,
    e com quem estávamos lidando.
  • Not Synced
    Muitos começaram a chorar. Lembramos os
    funcionários de não dizer nada a ninguém
  • Not Synced
    até que uma declaração de imprensa
    apropriada tivesse sido feita.
  • Not Synced
    Dissemos aos funcionários que não poderiam
    vender o uniforme manchado de sangue.
  • Not Synced
    Nos certificamos de que lençóis e
    equipamentos da sala estivessem seguros.
  • Not Synced
    E que o relatório médico
    também estivesse protegido.
  • Not Synced
    E policiais começaram a aparecer por
    todas as portas da emergência e disseram:
  • Not Synced
    "Você, deite-se."
    E eu disse: "Mas estou bem assim."
  • Not Synced
    E eles: "Deite-se." A história da ABC já
    havia sido publicada aquela hora.
  • Not Synced
    Eu me deitei e eles me levaram
    para fora da emergência.
  • Not Synced
    E me puseram em uma outra sala
    do lado de fora da emergência.
  • Not Synced
    Naquela hora que percebi que teria
    que ir conversar com Yoko Ono.
  • Not Synced
    Foi quando me lembrei que estava cuidando
    de Allen Wise, um diretor de notícias da ABC.
  • Not Synced
    Ele estava deitado numa maca do
    lado de fora da sala de ressuscitação,
  • Not Synced
    mas a maca estava vazia.
  • Not Synced
    Havia uma música de fundo no hospital. E
    a que estava tocando era 'All my loving'.
  • Not Synced
    A música termina e dois minutos depois
    eu escuto um grito: "Não, não, não, não!
  • Not Synced
    Sua primeira resposta foi imediata.
    Não é verdade. Você está mentindo.
  • Not Synced
    Não pode ser. Não acredito em você.
  • Not Synced
    Para mim, parece que isso
    durou uns cinco minutos.
  • Not Synced
    Ela estava deitada no chão e
    batia a cabeça contra o piso.
  • Not Synced
    Coloquei minhas mãos atrás de sua cabeça
    para tentar evitar que ela se machucasse.
  • Not Synced
    Yoko Ono ficou muito
    abalada por um bom tempo.
  • Not Synced
    Mas foi quando uma enfermeira trouxe
    a aliança de John Lennon e me deu
  • Not Synced
    para que eu a entregasse para ela, que
    ela aceitou o fato do marido estar morto.
  • Not Synced
    E fiquei comovido com
    a primeira coisa que ela falou:
  • Not Synced
    "Meu filho Sean ainda está acordado. Ele
    provavelmente está sentado em frente a TV.
  • Not Synced
    Por favor, espere uns 25 minutos para
    fazer o anúncio, para que eu possa chegar
  • Not Synced
    chegar em casa e contar-le eu mesma o que
    aconteceu, antes que ele o saiba pela TV.
  • Not Synced
    A médica que me atendeu volta e diz:
    "OK, vamos continuar com você."
  • Not Synced
    Eu disse: "Espere, doutora. O que
    aconteceu com John? Ele está vivo?
  • Not Synced
    Está morto? Ele está paralizado?
    Eu vi todo aquele sangue.
  • Not Synced
    Ela disse: "Não posso falar nada. Haverá
    uma coletiva de imprensa em 40 minutos."
  • Not Synced
    Eu disse: "Deixe-me fazer uma pergunta.
  • Not Synced
    A senhora é uma das principais médicas
    aqui, correto?" Ela disse: "Sim."
  • Not Synced
    "Se alguém é trazido com um
    ferimento a bala... Faz apenas 20 minutos.
  • Not Synced
    Se a pessoa estivesse viva,
    você não seria requisitada?"
  • Not Synced
    Ela disse: "Essa é uma
    suposição precisa"
  • Not Synced
    Eu disse: "OK. Preciso de um telefone."
  • Not Synced
    Essa noite, um dos maiores músicos e
    artistas do mundo, John Lennon dos Beatles
  • Not Synced
    foi morto em frente
    a sua casa em Nova York.
  • Not Synced
    Então começamos com uma
    atualização dessa história.
  • Not Synced
    John Lennon foi baleado três
    vezes por volta de 11 da noite.
  • Not Synced
    Ele foi levado às pressas ao
    Hospital Rossevelt de Nova York,
  • Not Synced
    mas morreu depois de alguns minutos.
  • Not Synced
    A polícia mantêm um suspeito sob custódia,
    e o definem apenas como um doente mental.
  • Not Synced
    Na segunda à noite, eu estava revelando
    as fotos que havia tirado no sábado.
  • Not Synced
    Atrasado, como sempre,
    estava tentando terminar tudo.
  • Not Synced
    Foi quando um amigo me ligou e disse que
    havia visto na TV que Lennon estava morto.
  • Not Synced
    Eu caí no chão, pensando como poderia
    mudar aquilo, como consertá-lo,
  • Not Synced
    como melhorá-lo. O que fazer para reverter
    a situação e não havia nada a ser feito.
  • Not Synced
    Depois de 15 minutos que havia chegado,
    escutei que Lennon havia sido levado
  • Not Synced
    ao Hospital Roosevelt e
    que havia sido declarado morto.
  • Not Synced
    Foi uma notícia horrível. E era meu
    trabalho reportá-la à BBC de Londres.
  • Not Synced
    O que fiz usando um telefone
    público no final da rua 72.
  • Not Synced
    No Reino Unido, é cedo de manhã.
  • Not Synced
    Na linha, direto de Nova York, em frente
    ao edifício onde ocorreu o assassinato,
  • Not Synced
    nosso repórter Tom Brook. Tom, você pode
    nos dizer o que aconteceu exatamente?
  • Not Synced
    Como você disse, Graham,
    John Lennon foi morto há duas horas.
  • Not Synced
    Ele voltava para casa com
    sua esposa, Yoko Ono..
  • Not Synced
    A ex-namorada de John, Thelma,
    acordou com o telefone tocando.
  • Not Synced
    Era meu editor. Eu era jornalista
    no noticiário da TV Granada.
  • Not Synced
    Ele disse que John Lennon havia
    sido baleado. Ele estava morto.
  • Not Synced
    Eu ficava dizendo: "Você tem
    certeza? Como? Não acredito."
  • Not Synced
    Ele disse: "Precisamos
    de você aqui, rápido."
  • Not Synced
    Então, dirigi até lá nas
    primeiras horas da manhã.
  • Not Synced
    E passei pela Mandip. A casa aonde
    costumávamos ir. Eu olhei para ela
  • Not Synced
    e estava escura. Não parecia diferente.
  • Not Synced
    Eu ainda esperava que ao chegar a Granada,
    tudo não teria passado de um equívoco.
  • Not Synced
    O radialista Dave Sholen chega em casa em
    São Francisco, animado com a entrevista
  • Not Synced
    que acabara de fazer há sete horas.
  • Not Synced
    Ele não sabia da notícia
    até ligar o rádio do carro.
  • Not Synced
    Eu parei o carro e, por um momento,
    apesar de saber que estava acontecendo,
  • Not Synced
    eu rezei para que fosse um pesadelo.
  • Not Synced
    Indo para Nova York, seu amigo Elliot
    Mintz ainda não sabe que John morreu.
  • Not Synced
    Uma comissária, sai do cockpit
    chorando. Eu olhei para ela e perguntei:
  • Not Synced
    "Você está bem?" Ela olhou para mim
    e disse: "Mataram John Lennon."
  • Not Synced
    Heathrow, Londres. São seis da manhã.
    O entrevistador da BBC Andy Peebles
  • Not Synced
    e seu produtor Paul Williams chegam
    de Nova York sem saber da tragédia.
  • Not Synced
    Paul deixou cair o telefone no chão
    em Heathrow, no terminal e cambaleou.
  • Not Synced
    Eu olhei para ele e ele tinha lágrimas nos
    olhos e então perguntei: "O que foi?"
  • Not Synced
    Pensei que algo ruim tivesse
    acontecido com sua família.
  • Not Synced
    Ele disse: "É o John."
    E perguntei: "O que tem o John?"
  • Not Synced
    "John Lennon. Ele foi baleado."
    Eu disse: "Paul, não seja ridículo."
  • Not Synced
    "Ele foi baleado?"
    Ele disse: "Sim. Ele está morto."
  • Not Synced
    Eu fiquei ali parado. Perplexo.
  • Not Synced
    Eu fiquei chocado e me perguntei:
    "Quem fez isso?"
  • Not Synced
    Então disseram que havia informação que
    o homem que o matou teria vindo do Havaí.
  • Not Synced
    E quando disseram isso,
    ela sabia imediatamente quem era.
  • Not Synced
    Você não pode imaginar
    o nojo e a fúria...
  • Not Synced
    E lembrei que talvez eu pudesse ter sua
    foto quando seu álbum era autografado.
  • Not Synced
    Liguei para a polícia de
    Nova York e disse
  • Not Synced
    que eu tinha uma foto do assassino
    com ele às 5 da tarde.
  • Not Synced
    Eles desligaram na minha cara.
    Então liguei para o Daily News.
  • Not Synced
    Eles disseram: "Você tem o que?
  • Not Synced
    Paul, você tem certeza que
    esse é o homem que o matou?"
  • Not Synced
    Esse é o homem chamado Mark,
    do Havaí, que estava esperando
  • Not Synced
    o dia todo do lado de fora
    por um autógrafo.
  • Not Synced
    Ele perguntou: "Você tem certeza?"
    Eu respondi: "Sim."
  • Not Synced
    Ele continuou: "Você tem noção de que
    colocaremos essa foto na capa do jornal?
  • Not Synced
    E estivermos errados, será
    um grande problema."
  • Not Synced
    Eu disse: "Bem, não sei, mas esse
    era o homem que estava lá o dia todo."
  • Not Synced
    Ele disse: "Está bem, então."
    Eles tinham conexão com a polícia
  • Not Synced
    e tinham um repórter lá tentando
    ver como o homem se parecia,
  • Not Synced
    para saber se ele se
    parecia com o da foto.
  • Not Synced
    Mas ele estava coberto com
    um casaco o tempo todo.
  • Not Synced
    Mas o tempo estava se esgotando e o editor
    disse: "Temos que por isso na capa."
  • Not Synced
    Ele dise: "Você tem que descobrir algo.
    Olhe seus sapatos, qualquer coisa...
  • Not Synced
    Ele usa óculos?" O repórter respondeu:
    "Ele está coberto. Não vejo nada."
  • Not Synced
    E então ele disse: "Espere. Vejo um
    cachecol por baixo do casaco."
  • Not Synced
    E o editor disse: "Vá à imprensa."
    Por causa do cachecol na foto.
  • Not Synced
    É tão estúpido e sem sentido. Mas surtiu o
    efeito que aquele monte de lixo queria,
  • Not Synced
    que era ficar famoso. Fazendo aquilo
    ele se conectou ao John para sempre.
  • Not Synced
    E, infelizmente, é assim
    que a história funciona.
  • Not Synced
    Me afeta emocionalmente...
  • Not Synced
    Sim... porque...
  • Not Synced
    Sinto que todos perdemos. E nunca
    saberemos o que ele teria feito.
  • Not Synced
    A amiga de John, Cilla Black, estava
    cantando 'Imagine' naquela noite.
  • Not Synced
    Eu cantei um pouco.
    Em uma noite boa, foi...
  • Not Synced
    ...foi sentimental.
  • Not Synced
    Nunca dê um dia por garantido.
  • Not Synced
    Digo isso porque, em uma fração
    de segundo, a vida pode mudar.
  • Not Synced
    Todos que amavam John pensavam
    que o conheciam. Eu o conhecia.
  • Not Synced
    Mas não sou muito diferente das
    pessoas que pensavam que o conheciam,
  • Not Synced
    porque ele era sua música,
    em sua maior parte.
  • Not Synced
    80% dele, era o que
    ele nos deu de si mesmo.
  • Not Synced
    Se as pessoas pensavam que
    o conheciam, elas realmente o conheciam.
  • Not Synced
    [love is real...]
  • Not Synced
    Meu filho se chama Lennon
    por causa do John Lennon.
  • Not Synced
    Talvez tirem sarro dele por isso,
    mas ele não se importa nem um pouco.
  • Not Synced
    Como disse, eu amo o Lennon.
  • Not Synced
    Creio que influenciar o pensamento
    das pessoas foi, de certa forma,
  • Not Synced
    tão marcante quanto suas músicas e letras.
  • Not Synced
    Yoko precisou lidar com uma onda de
    sofrimento de milhões no mundo todo.
  • Not Synced
    Muitas pessoas estavam na rua...
  • Not Synced
    Mas eu estava mais preocupada
    com meus sentimentos e os de Sean.
  • Not Synced
    Mas quando soube que algumas
    pessoas se atiraram do telhado,
  • Not Synced
    pensei, tenho que cuidar delas.
    Porque sou sua esposa.
  • Not Synced
    Oitos dias depois da morte de John, Paul
    Garesh recebe um pacote do Dakota.
  • Not Synced
    Era o livro que ele tinha
    deixado para John autografar.
  • Not Synced
    Abri o livro e ele tinha escrito:
    "Amor, John Lennon, 1980."
  • Not Synced
    Foi a única vez que ele escreveu
    'Amor' em algo para mim.
  • Not Synced
    Ele o autografou às 3:30 da tarde
    no dia 8 de dezembro.
  • Not Synced
    Pela sugestão de Yoko, uma vigília
    foi organizada no mundo todo,
  • Not Synced
    com dez minutos de silêncio.
  • Not Synced
    As centenas de milhares no Central Park
    foram para a rua em frente ao Dakota.
  • Not Synced
    Naquele momento, o
    mundo todo estava unido,
  • Not Synced
    criando um círculo
    ao redor do globo.
  • Not Synced
    E acho que aquela memória, ainda
    que um pouco esquecida, ainda está lá.
  • Not Synced
    E nós estamos juntos.
  • Not Synced
    [love is real...]
  • Not Synced
    O coração de John Lennon se parecia com
    o coração de qualquer outra pessoa.
  • Not Synced
    Infelizmente, quando o encontrei, ele
    estava vazio, sem sangue, sem vida,
  • Not Synced
    e imóvel, mas era um bom coração.
Title:
O dia em que John Lennon morreu 2010 (documentário completo)
Video Language:
English
Team:
Film & TV
Duration:
46:43

Portuguese, Brazilian subtitles

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