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David Blaine: Como eu aguentei a respiração durante 17 minutos

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    Como mágico, tento recriar imagens
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    que fazem com que as pessoas
    parem e pensem.
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    Eu tambêm tento desafiar-me a mim mesmo
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    para fazer coisas que
    os médicos dizem ser impossíveis.
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    Fui enterrado vivo num caixão
    na cidade de Nova Iorque,
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    enterrado vivo num caixão
    em Abril de 1999,
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    durante uma semana.
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    Vivi ali sem nada a não ser água.
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    Acabou por ser tão divertido
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    que decidi que podia continuar
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    a fazer mais coisas desse género.
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    A seguir, congelei-me
    dentro de um bloco de gelo,
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    durante três dias e três noites,
    em Nova Iorque.
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    Essa foi muito mais dificil
    do que tinha pensado.
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    Depois dessa estive em pé em cima de
    um pilar de 30 metros de altura,
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    durante 36 horas.
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    Comecei a ficar tão alucinado
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    que os edifícios atrás de mim
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    começaram a parecer
    cabeças de grandes animais.
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    A seguir, fui para Londres.
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    Em Londres, vivi dentro
    de uma caixa de vidro durante 44 dias,
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    sem nada a não ser água.
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    Para mim, foi uma das coisas
    mais difíceis que jamais fizera,
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    mas foi também uma das mais bonitas.
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    Havia tantos céticos, especialmente
    na imprensa de Londres
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    que comecaram a voar hamburguers de queijo
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    em helicópteros à volta da minha caixa,
    para me tentarem.
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    (Risos)
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    Por isso, senti-me muito gratificado
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    quando a Revista de Medicina
    de Nova Inglaterra
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    usou a investigação para fins científicos.
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    Na minha experiência seguinte,
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    quis ver por quanto tempo
    conseguia aguentar a minha respiração,
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    por quanto tempo
    podia sobreviver sem nada,
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    mesmo sem ar.
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    Não sonhava que isso viria a ser
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    a jornada mais incrivel da minha vida.
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    Enquanto mágico jovem,
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    eu estava obcecado com Houdini
    e com os seus desafios debaixo de água.
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    Assim, comecei, muito cedo,
    a competir com outros miúdos,
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    para ver por quanto tempo
    conseguia ficar debaixo de água.
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    Eles subiam e desciam
    cinco vezes, para respirar,
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    enquanto eu ficava
    lá em baixo num só fôlego.
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    Quando já era adolescente,
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    conseguia aguentar a minha respiração
    durante 3,5 minutos.
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    Mais tarde vim a descobrir que esse
    era o recorde pessoal de Houdini.
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    Em 1987, vim a saber de uma história
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    sobre um rapaz que caiu num buraco do gelo
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    e ficou preso debaixo de um rio.
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    Esteve debaixo de água, sem respirar,
    durante 45 minutos.
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    Quando os socorristas chegaram,
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    ressuscitaram-no e não havia
    nenhuns danos cerebrais.
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    A sua temperatura vital
    tinha descido para 25º C.
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    Enquanto mágico,
    penso que tudo é possivel.
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    E penso que, se uma pessoa
    consegue uma coisa,
  • 2:42 - 2:44
    isso também pode ser feito
    por outras pessoas.
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    Comecei a pensar:
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    se o rapaz conseguiu sobreviver
    sem respirar,
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    durante tanto tempo,
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    tem de haver uma maneira
    de eu também conseguir.
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    Assim, fui ter com um dos
    principais neurocirurgiões e perguntei-lhe:
  • 2:55 - 2:58
    "Por quanto tempo é possível
    deixar de respirar,
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    "ou seja, por quanto tempo
    poderei estar sem ar?"
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    Ele disse-me: "Mais do que 6 minutos
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    fá-lo correr grave risco
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    de danos cerebrais por hipoxia".
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    Considerei isso como um desafio.
  • 3:11 - 3:12
    (Risos)
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    Na minha primeira tentativa,
    pensei que podia fazer algo semelhante.
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    Arranjei um tanque de água,
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    e enchi-o com gelo e água gelada.
  • 3:25 - 3:27
    Fiquei dentro desse tanque de água
  • 3:27 - 3:30
    à espera de que a minha
    temperatura vital começasse a cair.
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    Comecei a tremer.
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    Na minha primeira tentativa
    para suster a respiração,
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    não consegui aguentar nem um minuto.
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    Assim, apercebi-me que
    esse método não ia resultar.
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    Por isso, fui falar com um amigo médico
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    e perguntei-lhe:
    "Como é que posso fazer isto?"
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    "Quero suster a respiração durante
    muito tempo. Como posso fazê-lo?"
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    Ele disse: "David, tu és mágico,
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    "cria a ilusão de não estares a respirar,
    e será muito mais fácil."
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    (Risos)
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    Então, ele veio com a ideia
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    de criar uma espécie de escafandro,
    com um depurador de CO2,
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    que era basicamente um tubo de Home Depot,
  • 4:12 - 4:15
    com um balão ligado,
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    que ele achava que
    podíamos pôr dentro de mim,
  • 4:19 - 4:23
    e permitir a circulação do ar para respirar
  • 4:23 - 4:25
    com aquilo dentro de mim.
  • 4:25 - 4:28
    É difícil observar isto
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    mas a tentativa foi assim.
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    Obviamente, aquilo não ia funcionar.
  • 4:39 - 4:41
    (Risos)
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    Então, comecei a pensar
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    em respirar líquidos.
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    Há um produto químico que
    se chama perfluorocarbono.
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    Tem um nível de oxigénio tão alto
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    que, em teoria, podemos respirá-lo.
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    Tratei de arranjar esse produto químico,
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    enchi o lavatório, e mergulhei a cara nele
  • 5:01 - 5:02
    e tentei respirar aquilo,
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    o que era realmente impossível.
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    É como tentar respirar
    — como o médico dissera —
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    com um elefante em cima do peito.
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    Portanto, essa ideia foi ao ar.
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    Depois comecei a pensar:
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    "Seria possível ligar uma máquina
    de ligação coração/pulmões
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    "e fazer uma cirurgia em que metessem
    um tubo na minha artéria,
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    "e parecesse que eu não respirava,
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    "enquanto o meu sangue
    estava a ser oxigenado?"
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    O que, obviamente, era outra ideia maluca.
  • 5:28 - 5:30
    (Risos)
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    Então pensei na mais louca
    de todas as ideias:
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    fazê-lo a sério.
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    (Risos)
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    Tentar suster a respiração
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    para além do ponto
    que os médicos consideravam
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    ser morte cerebral.
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    Comecei a investigar
    os mergulhadores de pérolas
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    Eles mergulham durante
    quatro minutos num só fôlego.
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    Ao investigar os mergulhadores de pérolas,
  • 5:55 - 5:58
    descobri o mundo do mergulho livre.
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    Foi a coisa mais espantosa
    que já descobri até hoje.
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    Há muitos aspetos diferentes
    no mergulho livre.
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    Há recordes de profundidade, em que
    se mergulha o mais abaixo possível.
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    E há a apneia estática.
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    É suster a respiração o mais que se consiga
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    num local, sem nos mexermos.
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    Foi isso que eu estudei.
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    A primeira coisa que aprendi foi que,
    quando sustemos a respiração,
  • 6:20 - 6:23
    não devemos mexer-nos um milímetro;
    é perda de energia.
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    E isso esgota oxigénio.
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    Aumenta o CO2 no sangue.
    Portanto, aprendi a nunca me mexer.
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    Aprendi como abrandar
    o ritmo do meu coração.
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    Tinha que manter-me perfeitamente
    quieto e descontrair-me,
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    pensar que não estava no meu corpo
    e controlar só isso.
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    Depois aprendi como purificar-me.
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    Purificar é basicamente hiperventilar.
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    Inspiramos e expiramos.
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    Fazemos isto, ficamos tontos,
    ficamos dormentes.
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    Na verdade, estamos a libertar
    o CO2 do nosso corpo.
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    Quando sustemos a respiração
    torna-se muito mais fácil.
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    Depois aprendi que temos
    que fazer uma inspiração enorme,
  • 7:01 - 7:05
    sustê-la, descontrair
    e nunca deixar o ar sair.
  • 7:05 - 7:08
    Só suster e descontrair
    durante toda a tortura.
  • 7:08 - 7:11
    Todas as manhãs, durante meses.
  • 7:11 - 7:14
    acordava e a primeira coisa que fazia
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    era suster a respiração.
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    No espaço de 52 minutos,
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    eu sustinha a respiração
    durante 44 minutos.
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    O que isso significava era
    que eu purificava.
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    Na realidade só respirava
    pouco menos de um minuto
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    e, a seguir, sustinha a respiração
    durante 5,5 minutos.
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    Depois respirava de novo
    durante um minuto,
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    purificando o mais que podia,
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    e logo a seguir sustinha a respiração
    durante mais 5,5 minutos.
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    Repetia este processo oito vezes a seguir.
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    Em 52 minutos, só respirava
    durante 8 minutos.
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    No fim, o nosso cérebro
    fica totalmente frito.
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    Sentimo-nos como se estivéssemos
    às voltas num labirinto.
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    Temos dores de cabeça terríveis.
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    Não sou a melhor pessoa com
    quem falar quando estou a fazer isto.
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    Comecei a estudar o detentor
    do recorde mundial.
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    Chama-se Tom Sietas.
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    Este tipo tem uma estrutura perfeita
    para suster a respiração.
  • 8:01 - 8:05
    Tem 1,94 de altura. Pesa 72 kg.
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    A capacidade total dos pulmões dele
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    é o dobro do tamanho duma pessoa média.
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    Eu tenho 1,85 m e sou gordo.
  • 8:14 - 8:16
    Digamos, tenho ossos robustos.
  • 8:16 - 8:17
    (Risos)
  • 8:17 - 8:21
    Tive que emagrecer 23 kg em três meses.
  • 8:21 - 8:23
    Tudo o que enfiava no corpo
  • 8:23 - 8:26
    considerava como um medicamento.
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    Cada bocadinho de comida valia exatamente
    pelo seu valor nutritivo.
  • 8:30 - 8:33
    Só comia pequenas porções controladas
  • 8:33 - 8:34
    durante todo o dia.
  • 8:34 - 8:37
    Comecei a adaptar o meu corpo.
  • 8:38 - 8:40
    [Os resultados individuais podem variar]
  • 8:40 - 8:41
    (Risos)
  • 8:41 - 8:43
    (Aplausos)
  • 8:43 - 8:47
    Quanto mais magro estava.
    mais tempo conseguia suster a respiração.
  • 8:47 - 8:50
    E, por comer tão bem
    e treinar tão duramente,
  • 8:50 - 8:54
    o meu pulso, em repouso,
    caiu para 38 batidas por minuto,
  • 8:54 - 8:57
    o que é mais baixo do que
    a maioria dos atletas olímpicos.
  • 8:57 - 9:00
    Ao fim de 4 meses de treino,
    conseguia suster a respiração
  • 9:00 - 9:02
    durante mais de sete minutos.
  • 9:02 - 9:05
    Queria suster a minha respiração
    em toda a parte.
  • 9:05 - 9:08
    Queria experimentar
    nas situações mais difíceis
  • 9:08 - 9:11
    para ver se podia abrandar
    o ritmo cardíaco
  • 9:11 - 9:13
    sob tensão.
  • 9:13 - 9:14
    (Risos)
  • 9:16 - 9:18
    Decidi que ia bater o recorde mundial,
  • 9:18 - 9:20
    ao vivo, em horário nobre na televisão.
  • 9:21 - 9:24
    O recorde do mundo estava
    em 8 minutos e 58 segundos.
  • 9:24 - 9:28
    Pertencia a Tom Sietas, o tipo
    com pulmões de baleia de que vos falei.
  • 9:28 - 9:29
    (Risos)
  • 9:29 - 9:32
    Pensei que podia pôr
    uma piscina no centro Lincoln
  • 9:33 - 9:36
    e, se estivesse ali uma semana sem comer,
  • 9:36 - 9:39
    ficaria confortável nessa situação
  • 9:39 - 9:40
    e abrandaria o meu metabolismo,
  • 9:40 - 9:43
    o que, de certeza, ajudaria
    a suster a minha respiração
  • 9:43 - 9:45
    durante mais tempo do que
    tinha conseguido até aí.
  • 9:45 - 9:47
    Estava totalmente enganado.
  • 9:47 - 9:51
    Entrei na esfera uma semana
    antes da data marcada para o ar.
  • 9:52 - 9:55
    Pensava que tudo parecia correr bem,
  • 9:55 - 9:59
    Dois dias antes da minha
    grande tentativa para bater o recorde,
  • 9:59 - 10:01
    os produtores do meu especial televisivo
  • 10:01 - 10:04
    acharam que estar só
    a olhar para uma pessoa
  • 10:04 - 10:07
    a suster a respiração e quase a afogar-se,
  • 10:07 - 10:09
    era demasiado aborrecido para a televisão.
  • 10:09 - 10:12
    (Risos)
  • 10:12 - 10:14
    Por isso, tive que acrescentar algemas,
  • 10:14 - 10:16
    enquanto sustinha a respiração,
    para me libertar.
  • 10:17 - 10:19
    Foi um erro crasso.
  • 10:19 - 10:23
    Por causa dos movimentos,
    comecei a perder oxigénio.
  • 10:23 - 10:25
    E ao fim de sete minutos
  • 10:25 - 10:28
    entrei em convulsões atrozes.
  • 10:29 - 10:33
    Aos 7:08 comecei a perder a consciência.
  • 10:34 - 10:37
    Aos 7 minutos e 30 segundos
  • 10:37 - 10:40
    tiveram que retirar o meu corpo
    e reanimar-me.
  • 10:45 - 10:48
    Tinha falhado a todos os níveis.
  • 10:48 - 10:49
    (Risos)
  • 10:50 - 10:53
    Naturalmente, a única forma
    de sair da fossa,
  • 10:53 - 10:55
    que eu pude imaginar,
  • 10:55 - 10:57
    foi ligar para a Oprah.
  • 10:58 - 11:00
    (Risos)
  • 11:01 - 11:03
    Disse-lhe que queria avançar rápido
  • 11:03 - 11:05
    e suster a respiração mais tempo
  • 11:05 - 11:07
    do que qualquer ser humano jamais fizera.
  • 11:07 - 11:09
    Era um recorde diferente,
  • 11:09 - 11:12
    Era um registo de
    apneia estática de O2 puro
  • 11:12 - 11:15
    que o Guiness tinha estabelecido
    como recorde mundial em 13 minutos.
  • 11:16 - 11:19
    Basicamente, respiramos primeiro O2 puro,
  • 11:19 - 11:22
    oxigenando o corpo, expulsando o CO2,
  • 11:22 - 11:25
    e conseguimos suster a respiração
    durante muito mais tempo.
  • 11:26 - 11:29
    Sabia que o meu verdadeiro concorrente
  • 11:29 - 11:30
    era o castor.
  • 11:30 - 11:33
    (Risos)
  • 11:37 - 11:39
    Em Janeiro de 2008,
  • 11:39 - 11:43
    Oprah deu-me quatro meses
    para preparação e treino.
  • 11:43 - 11:46
    Eu dormia todas as noites
    numa tenda hipóxica.
  • 11:46 - 11:48
    Uma tenda hipóxica é uma tenda
  • 11:48 - 11:51
    que simula uma altitude de 4500 metros.
  • 11:51 - 11:53
    É como acampar no Everest.
  • 11:53 - 11:55
    O que acontece é que começamos a aumentar
  • 11:55 - 11:58
    os glóbulos vermelhos no nosso corpo
  • 11:58 - 12:01
    que ajudam a transportar melhor
    o escasso oxigénio.
  • 12:03 - 12:05
    Todas as manhãs, depois de sair da tenda
  • 12:05 - 12:08
    o cérebro volta a ficar totalmente vazio.
  • 12:08 - 12:12
    Na minha primeira tentativa com O2 puro,
    consegui chegar aos 15 minutos.
  • 12:13 - 12:15
    Portanto, foi um grande êxito.
  • 12:15 - 12:18
    O neurocirurgião pescou-me da água
  • 12:18 - 12:20
    porque, no seu entender, aos 15 minutos
  • 12:20 - 12:22
    o nosso cérebro está arrumado,
    o nosso cérebro está morto.
  • 12:22 - 12:25
    Por isso tirou-me de lá
    e eu estava ótimo.
  • 12:26 - 12:31
    Houve uma pessoa que
    não ficou nada impressionada.
  • 12:31 - 12:32
    Foi a minha ex-namorada.
  • 12:32 - 12:35
    Enquanto eu estava a bater o recorde
    debaixo de água, pela primeira vez,
  • 12:35 - 12:37
    ela estava a bisbilhotar
    o meu Blackberry,
  • 12:37 - 12:39
    a verificar todas as minhas mensagens.
  • 12:39 - 12:40
    (Risos)
  • 12:41 - 12:44
    O meu irmão tirou-lhe uma fotografia.
  • 12:44 - 12:48
    (Risos)
  • 12:49 - 12:51
    Depois, anunciei publicamente
  • 12:51 - 12:53
    que ia bater o recorde de Sieta.
  • 12:55 - 12:58
    Em resposta, ele foi ao Regis and Kelly
  • 12:58 - 13:00
    e bateu o seu antigo recorde.
  • 13:00 - 13:05
    Depois, apareceu o seu principal competidor
    que bateu esse recorde.
  • 13:05 - 13:07
    De repente, o recorde subiu
  • 13:07 - 13:09
    para 16 minutos e 32 segundos.
  • 13:09 - 13:12
    Era 3 minutos mais longo
    do que eu tinha preparado.
  • 13:12 - 13:14
    Mais longo do que o recorde.
  • 13:15 - 13:19
    Eu queria que o Science Times
    documentasse isso.
  • 13:19 - 13:22
    Queria que eles fizessem
    um artigo sobre isso.
  • 13:22 - 13:25
    Fiz o que faria qualquer pessoa
  • 13:25 - 13:29
    que pretendesse seriamente
    um progresso científico.
  • 13:29 - 13:31
    Fui aos escritórios do New York Times
  • 13:31 - 13:33
    e fiz truques com cartas para toda a gente.
  • 13:33 - 13:35
    (Risos)
  • 13:37 - 13:40
    Não sei se foi a magia
    ou o saber das ilhas Caimão,
  • 13:40 - 13:43
    mas John Tierney deslocou-se pessoalmente
  • 13:43 - 13:45
    e fez um artigo sobre o perigo
    de suster a respiração.
  • 13:45 - 13:48
    Enquanto ele ali esteve,
    tentei impressioná-lo, claro.
  • 13:48 - 13:51
    Fiz um mergulho a 50 metros
  • 13:51 - 13:54
    que é a altura de
    um edifício de 16 andares.
  • 13:54 - 13:57
    Quando estava a emergir,
    desmaiei debaixo de água,
  • 13:57 - 14:00
    o que é muito perigoso.
    É assim que nos afogamos.
  • 14:00 - 14:02
    Felizmente, Kirk reparou,
  • 14:02 - 14:04
    mergulhou e levou-me para cima.
  • 14:04 - 14:06
    Comecei a concentrar-me.
  • 14:07 - 14:09
    Treinei intensamente
    para que o meu cérebro
  • 14:09 - 14:11
    aguentasse o tempo de que eu precisava.
  • 14:11 - 14:15
    Mas não havia maneira de preparar
    o espetáculo da televisão ao vivo,
  • 14:15 - 14:17
    quando estivesse na Oprah.
  • 14:17 - 14:21
    Na prática, eu fazia-o de bruços,
    a flutuar na piscina.
  • 14:21 - 14:24
    Mas, para a TV, queriam
    que eu estivesse de pé
  • 14:24 - 14:27
    de modo a poderem ver a minha cara,
  • 14:27 - 14:31
    O outro problema era que
    o fato era tão flutuante
  • 14:31 - 14:34
    que tiveram que me prender os pés
    para me impedir de flutuar.
  • 14:34 - 14:36
    Por isso, tinha que usar as pernas
  • 14:36 - 14:39
    para manter os pés nas correias,
    que eram largas.
  • 14:39 - 14:41
    o que para mim era um verdadeiro problema.
  • 14:41 - 14:44
    Isso fez com que eu ficasse
    extremamente nervoso,
  • 14:44 - 14:45
    aumentando o ritmo cardíaco.
  • 14:45 - 14:48
    Depois, também fizeram outra coisa
  • 14:48 - 14:51
    que nunca tínhamos feito:
    havia um monitor de ritmo cardíaco.
  • 14:51 - 14:53
    Estava mesmo ao pé da esfera.
  • 14:53 - 14:55
    Cada vez que o meu coração batia,
  • 14:55 - 14:59
    eu ouvia o bip-bip-bip-bip, muito forte,
  • 14:59 - 15:01
    o que estava a fazer-me ficar mais nervoso.
  • 15:01 - 15:04
    E não havia possibilidade
    de abrandar o ritmo cardíaco.
  • 15:06 - 15:09
    Normalmente, começava
    com 38 batidas por minuto,
  • 15:09 - 15:12
    e, enquanto sustinha a respiração,
    descia para as 12 batidas por minuto,
  • 15:12 - 15:14
    o que é extremamente raro.
  • 15:14 - 15:17
    (Risos)
  • 15:20 - 15:23
    Dessa vez, comecei com 120 batidas,
  • 15:24 - 15:26
    e nunca baixaram.
  • 15:26 - 15:29
    Passei os primeiros 5 minutos
    debaixo de água
  • 15:29 - 15:32
    tentando desesperadamente
    abrandar o ritmo cardíaco
  • 15:32 - 15:34
    Estava ali a pensar:
  • 15:34 - 15:35
    "Tenho que abrandar isto".
  • 15:35 - 15:37
    "Vou falhar, vou falhar".
  • 15:37 - 15:41
    Estava cada vez mais nervoso
    e o ritmo cardíaco foi subindo
  • 15:41 - 15:42
    até às 150 batidas.
  • 15:45 - 15:49
    Foi a mesma coisa que criou
    o meu desaire no Lincoln Center.
  • 15:49 - 15:51
    Era um desperdício de O2.
  • 15:51 - 15:54
    Quando cheguei a meio da marca,
    aos 8 minutos,
  • 15:54 - 15:56
    tinha 100 por cento de certeza
  • 15:56 - 15:58
    de que não ia conseguir chegar ao fim.
  • 15:59 - 16:01
    Não tinha a menor hipótese de o fazer.
  • 16:01 - 16:04
    Pensei que a Oprah tinha dedicado uma hora
  • 16:04 - 16:06
    para fazer esta coisa
    de suster a respiração,
  • 16:06 - 16:08
    Se eu me fosse abaixo mais cedo
  • 16:08 - 16:10
    seria um espetáculo
    sobre como sou deprimido.
  • 16:10 - 16:12
    (Risos)
  • 16:12 - 16:14
    Pensei que era melhor lutar
  • 16:14 - 16:16
    e ficar ali até desmaiar.
  • 16:16 - 16:19
    Pelo menos, eles podiam pescar-me
    e tratar de mim.
  • 16:19 - 16:21
    (Risos)
  • 16:23 - 16:25
    Aguentei até aos 10 minutos,
  • 16:25 - 16:29
    Aos 10 minutos, começamos a sentir
    formigueiros muito fortes
  • 16:29 - 16:30
    nos dedos das mãos e dos pés.
  • 16:30 - 16:33
    Eu sabia que aquilo era
    a passagem do sangue,
  • 16:33 - 16:35
    quando o sangue foge das extremidades
  • 16:35 - 16:37
    para fornecer oxigénio
    aos nossos órgãos vitais.
  • 16:40 - 16:42
    Aos 11 minutos comecei a sentir
  • 16:42 - 16:45
    sensações palpitantes nas pernas,
  • 16:45 - 16:48
    e os meus lábios começaram
    a ter uma sensação estranha.
  • 16:48 - 16:52
    Aos 12 minutos comecei
    a ter zumbidos nos ouvidos
  • 16:52 - 16:55
    e comecei a sentir um braço entorpecido.
  • 16:55 - 16:58
    Sou hipocondríaco e lembrei-me
    que um braço entorpecido
  • 16:58 - 16:59
    significa ataque cardíaco.
  • 16:59 - 17:01
    Comecei a ficar mesmo paranoico.
  • 17:01 - 17:03
    (Risos)
  • 17:03 - 17:05
    Depois, aos 13 minutos,
    talvez por causa da hipocondria,
  • 17:05 - 17:10
    comecei a sentir dores no peito.
  • 17:10 - 17:11
    Foi terrível.
  • 17:11 - 17:12
    (Risos)
  • 17:12 - 17:16
    Aos 14 minutos, tive contrações terríveis,
  • 17:16 - 17:18
    uma necessidade terrível de respirar.
  • 17:18 - 17:22
    (Risos)
  • 17:25 - 17:28
    Aos 15 minutos estava a sofrer
  • 17:28 - 17:30
    de grande privação de O2 no coração.
  • 17:30 - 17:33
    Comecei a ter isquémia no coração.
  • 17:34 - 17:36
    O meu ritmo cardíaco
    passou de 120 para 50,
  • 17:37 - 17:41
    para 150, para 40, para 20,
    para 150 outra vez.
  • 17:41 - 17:43
    Falhava uma batida.
  • 17:43 - 17:46
    Começava. Parava. E eu sentia isso tudo.
  • 17:46 - 17:48
    Tinha a certeza de que ia ter
    um ataque cardíaco.
  • 17:48 - 17:52
    Aos 16 minutos, tirei os pés das correias
  • 17:52 - 17:56
    porque sabia que, se desmaiasse,
    se tivesse um ataque cardíaco,
  • 17:56 - 17:58
    eles tinham que saltar a vedação
  • 17:58 - 18:00
    e soltar os meus pés antes de me pescarem.
  • 18:00 - 18:01
    Eu estava muito nervoso.
  • 18:01 - 18:04
    Tirei os pés e comecei
    a flutuar para a superfície.
  • 18:04 - 18:06
    Mas não pus a cabeça de fora.
  • 18:06 - 18:08
    Fiquei ali a flutuar à espera
    que o coração parasse,
  • 18:08 - 18:10
    só à espera.
  • 18:10 - 18:12
    Tinham médicos com o "psh...",
  • 18:12 - 18:13
    ali sentados, à espera.
  • 18:13 - 18:16
    De repente ouvi gritos.
  • 18:16 - 18:18
    Pensei que era uma coisa estranha
  • 18:18 - 18:21
    que eu tinha morrido ou
    tinha acontecido qualquer coisa.
  • 18:21 - 18:24
    Depois, percebi que
    tinha chegado aos 16:32.
  • 18:24 - 18:28
    Com a energia de
    toda a gente que ali estava,
  • 18:28 - 18:30
    decidi continuar a esforçar-me.
  • 18:30 - 18:32
    Cheguei aos 17 minutos e 4 segundos.
  • 18:32 - 18:36
    (Aplausos)
  • 18:41 - 18:43
    Como se isso não fosse suficiente,
  • 18:43 - 18:45
    fui imediatamente depois ao Quest Labs.
  • 18:45 - 18:48
    Tiraram-me todas as amostras
    de sangue que puderam
  • 18:48 - 18:50
    para testar tudo e ver
    quais eram os meus níveis
  • 18:50 - 18:52
    para os médicos poderem usá-lo outra vez.
  • 18:52 - 18:55
    Eu também não queria que
    ninguém o pusesse em dúvida.
  • 18:55 - 18:58
    Tinha o recorde mundial
    e queria garantir que era legítimo.
  • 18:59 - 19:01
    No dia seguinte, fui para Nova Iorque.
  • 19:02 - 19:05
    Um miúdo vem ter comigo
    — eu estou na loja da Apple —
  • 19:05 - 19:06
    vem ter comigo e, tipo: "Oi, D!"
  • 19:08 - 19:08
    E eu, tipo "Sim?"
  • 19:08 - 19:11
    E ele: "Se aguentaste
    a respiração tanto tempo,
  • 19:11 - 19:14
    "como é que saíste da água todo seco?"
  • 19:14 - 19:16
    E eu, tipo: "O quê?"
  • 19:16 - 19:17
    (Risos)
  • 19:18 - 19:19
    A vida é assim.
  • 19:20 - 19:21
    (Risos)
  • 19:24 - 19:27
    Enquanto mágico,
    tento mostrar às pessoas
  • 19:27 - 19:29
    coisas que parecem impossíveis.
  • 19:29 - 19:32
    Penso que a magia,
    quer esteja a suster a respiração,
  • 19:32 - 19:34
    ou a manipular um baralho de cartas,
  • 19:34 - 19:35
    é muito simples.
  • 19:35 - 19:38
    É prática, é treino e é...
  • 19:40 - 19:42
    É prática, é treino e é experimentar,
  • 19:44 - 19:47
    enquanto aguento a tortura
    o melhor que posso.
  • 19:47 - 19:50
    É isso que a magia é para mim.
  • 19:50 - 19:51
    Muito obrigado.
  • 19:51 - 19:55
    (Aplausos)
Title:
David Blaine: Como eu aguentei a respiração durante 17 minutos
Speaker:
David Blaine
Description:

Nesta palestra do TEDMED, fortemente pessoal, o mágico e duplo David Blaine descreve o que foi necessário para suster a respiração durante 17 minutos — um recorde mundial (só um minuto menos do que esta palestra inteira!) — e o que significa para ele o seu trabalho que desafia a morte frequentemente. Atenção: NÃO tente isto em casa.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
19:58

Portuguese subtitles

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