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A ciência do pavor do palco (e como superá-lo) — Mikael Cho

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    As palmas das mãos a suar,
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    o coração aos saltos,
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    um nó no estômago.
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    Não conseguimos gritar por socorro.
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    Não só porque temos um nó na garganta
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    mas porque seria muito embaraçoso.
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    Não, não estamos a ser
    atacados por um monstro,
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    estamos a falar em público,
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    um destino que há quem pense
    que é pior do que a morte.
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    Quando estamos mortos,
    não sentimos nada:
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    num púlpito, temos o pavor do palco.
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    Mas chega o momento
    em que temos de comunicar
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    em frente de pessoas,
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    por isso, temos de tentar ultrapassá-lo.
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    Para perceber o que é o pavor do palco,
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    nós, seres humanos,
    animais sociais que somos,
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    preocupamo-nos com a reputação.
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    Falar em público pode ser ameaçador.
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    Antes de um discurso,
    inquietamo-nos:
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    "E se as pessoas acharem
    que eu sou péssimo e um idiota?"
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    O medo de sermos vistos
    como um idiota
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    é a reação a uma ameaça
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    duma parte primitiva do cérebro
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    que é muito difícil de controlar.
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    É a reação de lutar ou fugir,
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    um processo de autodefesa
    que se encontra em muitos animais,
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    muitos dos quais não fazem discursos.
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    Mas temos um parceiro sábio
    no estudo dos medos:
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    Charles Darwin testou a fuga ou a luta
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    na exposição de serpentes
    no Zoo de Londres.
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    Escreveu no seu diário:
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    "A minha vontade e razão foram impotentes
    perante a imaginação de um perigo
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    "que nunca tinha experimentado".
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    Concluiu que a sua reação
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    era uma antiga reação inalterada
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    pelos matizes da civilização moderna.
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    Para o nosso espírito moderno
    e consciente, é um discurso.
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    Para o resto do cérebro,
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    criado para lidar com a lei da selva,
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    quando nos apercebemos
    das possíveis consequências
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    de estragar um discurso,
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    é altura de fugir para salvar a vida
    ou de lutar até à morte.
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    O hipotálamo, comum
    a todos os vertebrados,
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    faz com que a glândula pituitária
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    segregue a hormona ACTH,
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    o que leva a glândula adrenal
    a injetar adrenalina no sangue.
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    O pescoço e as costas
    ficam tensas, curvamo-nos.
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    As pernas e as mãos tremem,
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    os músculos preparam-se para atacar.
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    Transpiramos.
    A pressão arterial sobe.
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    A digestão abranda
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    para maximizar o fornecimento
    de nutrientes e oxigénio
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    aos músculos e órgãos vitais.
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    Ficamos com a boca seca,
    suores frios na barriga.
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    As pupilas dilatam-se.
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    É difícil ler qualquer coisa,
    de perto, como as nossas notas,
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    mas é fácil ler à distância.
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    É assim que funciona o pavor do palco.
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    Como é que o combatemos?
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    Primeiro, perspetiva.
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    Isto não está tudo na cabeça,
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    é uma reação natural, hormonal,
    de todo o corpo
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    por um sistema ou autopiloto
    nervoso autónomo.
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    A genética desempenha um papel
    fundamental na ansiedade social.
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    John Lennon atuou ao vivo
    milhares de vezes.
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    Vomitava sempre antes disso.
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    Há pessoas que se sentem mais assustadas
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    quando se exibem em público.
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    Como o pavor do palco
    é natural e inevitável,
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    concentrem-se naquilo
    que podem controlar.
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    Pratiquem muito,
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    e comecem muito antes,
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    num ambiente semelhante
    ao da exibição real.
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    Praticar qualquer tarefa
    aumenta a familiaridade
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    e reduz a ansiedade.
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    Quando chegar a altura
    de falar em público,
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    estarão mais confiantes
    na tarefa em questão.
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    Steve Jobs ensaiava
    os seus discursos épicos
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    centenas de horas
    e começava semanas antes.
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    Se souberem o que estão a dizer,
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    alimentar-se-ão da energia da audiência,
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    e não deixam que o hipotálamo
    convença o corpo
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    de que vai ser devorado por predadores.
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    O hipotálamo dos vertebrados
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    tem milhões de anos de prática
    a mais do que vocês.
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    Pouco antes de subir ao palco,
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    é a altura do jogo sujo
    e de enganar o cérebro.
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    Estiquem os braços
    e respirem fundo.
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    Isto faz com que o hipotálamo
    provoque uma reação de descontração.
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    O pavor do palco ataca com mais força
    antes de uma exibição,
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    assim, esperem pelo último minuto
    para descontraírem.
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    Aproximem-se do microfone,
    com a voz clara e o corpo descontraído.
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    O vosso discurso bem preparado
    convence a audiência
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    de que vocês são um génio carismático.
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    Como?
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    Vocês não superaram o pavor do palco,
    adaptaram-se a ele.
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    Por mais civilizados que possam parecer,
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    numa parte do cérebro
    continuam a ser um animal selvagem,
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    mas um animal selvagem
    profundo e bem falante.
Title:
A ciência do pavor do palco (e como superá-lo) — Mikael Cho
Speaker:
Mikael Cho
Description:

Vejam a lição completa em: http://ed.ted.com/lessons/the-science-of-stage-fright-and-how-to-overcome-it-mikael-cho

Coração aos saltos, palmas das mãos a transpirar, respiração difícil? Não, não estão a ter um ataque cardíaco — é o pavor do palco! Se falar em público vos faz sentir como se estivessem a lutar pela vida, não são os únicos. Mas quanto melhor compreenderem a reação do corpo, mais probabilidades têm de a superar. Mikael Cho aconselha como enganar o cérebro e conquistar a exibição.

Lição de Mikael Cho, animação de KAWPA Studioworks.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TED-Ed
Duration:
04:08

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