Return to Video

As percepções humanas que faltam no big data

  • 0:01 - 0:02
    Na Grécia antiga,
  • 0:03 - 0:07
    quando alguém, de escravos
    a soldados, poetas e políticos
  • 0:07 - 0:11
    precisava tomar uma grande decisão
    nas questões mais importantes da vida,
  • 0:11 - 0:13
    como: "Eu deveria me casar?"
  • 0:13 - 0:15
    ou: "Devemos embarcar nesta viagem?"
  • 0:15 - 0:18
    ou: "Nosso exército deve
    avançar para este território?",
  • 0:18 - 0:20
    todos consultavam o oráculo.
  • 0:21 - 0:22
    É assim que funcionava:
  • 0:22 - 0:25
    as pessoas levavam uma pergunta
    a ela e ficavam de joelhos,
  • 0:25 - 0:27
    e então ela caía em transe.
  • 0:27 - 0:28
    Levava alguns dias,
  • 0:29 - 0:31
    e então, finalmente, ela saía dele,
  • 0:31 - 0:34
    dando às pessoas as previsões
    dela como resposta.
  • 0:35 - 0:40
    Dos ossos do oráculo da antiga China
    à Grécia antiga e aos calendários maias,
  • 0:40 - 0:45
    as pessoas têm buscado a profecia
    para descobrir o que acontecerá a seguir.
  • 0:47 - 0:50
    O motivo é que todos queremos
    tomar a decisão certa.
  • 0:50 - 0:51
    Não queremos perder nada.
  • 0:52 - 0:54
    O futuro é assustador,
  • 0:54 - 0:56
    então é muito melhor saber
    que podemos tomar uma decisão
  • 0:56 - 0:58
    com alguma garantia do resultado.
  • 0:59 - 1:01
    Bem, temos um novo oráculo,
  • 1:01 - 1:03
    e o nome dele é "big data",
  • 1:03 - 1:07
    ou o chamamos de "Watson",
    "aprendizagem profunda" ou "rede neural".
  • 1:07 - 1:11
    Esses são os tipos de perguntas
    que pedimos agora ao nosso oráculo,
  • 1:11 - 1:15
    como: "Qual é o modo mais eficiente
    de enviar esses telefones
  • 1:15 - 1:17
    da China à Suécia?"
  • 1:17 - 1:19
    ou: "Quais são as chances
  • 1:19 - 1:22
    de meu filho nascer
    com uma doença genética?"
  • 1:23 - 1:26
    ou: "Qual é o volume de vendas
    que podemos prever para este produto?"
  • 1:28 - 1:32
    Tenho um cão. O nome dela é Elle,
    e ela odeia a chuva.
  • 1:32 - 1:35
    Tenho tentado de tudo
    para destreiná-la.
  • 1:36 - 1:38
    Mas, como tenho fracassado nisso,
  • 1:38 - 1:42
    também tenho que consultar
    um "oráculo" chamado "Dark Sky",
  • 1:42 - 1:43
    toda vez antes de ir passear,
  • 1:43 - 1:47
    para previsões meteorológicas
    muito precisas dos dez minutos seguintes.
  • 1:50 - 1:51
    Ela é uma graça.
  • 1:52 - 1:58
    Por causa de tudo isso, nosso oráculo
    é uma indústria de US$ 122 bilhões.
  • 1:58 - 2:01
    Apesar do tamanho dessa indústria,
  • 2:01 - 2:04
    os retornos são surpreendentemente baixos.
  • 2:04 - 2:07
    Investir em big data é fácil,
  • 2:07 - 2:09
    difícil é usá-lo.
  • 2:10 - 2:14
    Mais de 73% dos projetos de big data
    não são nem mesmo rentáveis,
  • 2:14 - 2:16
    e tenho executivos
    chegando até mim e dizendo:
  • 2:16 - 2:18
    "Estamos passando pela mesma experiência.
  • 2:18 - 2:20
    Investimos em sistemas de big data,
  • 2:20 - 2:23
    e nossos funcionários não estão
    tomando as melhores decisões.
  • 2:23 - 2:26
    E, certamente, não estão apresentando
    mais ideias inovadoras".
  • 2:27 - 2:30
    Tudo isso é muito interessante para mim,
  • 2:30 - 2:32
    porque sou etnógrafa de tecnologia.
  • 2:33 - 2:35
    Estudo e aconselho empresas
  • 2:35 - 2:38
    sobre os padrões de como
    as pessoas usam tecnologia,
  • 2:38 - 2:40
    e uma de minhas áreas
    de interesse são dados.
  • 2:40 - 2:45
    Então por que ter mais dados não está
    nos ajudando a tomar as melhores decisões,
  • 2:45 - 2:48
    especialmente para as empresas
    que têm todos esses recursos
  • 2:48 - 2:50
    para investir em sistemas de big data?
  • 2:50 - 2:53
    Por que não está ficando
    mais fácil para eles?
  • 2:54 - 2:57
    Então testemunhei a luta em primeira mão.
  • 2:57 - 3:01
    Em 2009, assumi um cargo
    de pesquisa na Nokia.
  • 3:01 - 3:02
    Na época,
  • 3:02 - 3:05
    a Nokia era uma das maiores empresas
    de telefonia celular do mundo,
  • 3:05 - 3:09
    dominando mercados emergentes
    como China, México e Índia,
  • 3:09 - 3:11
    todos os lugares onde eu
    havia feito muita pesquisa
  • 3:11 - 3:14
    sobre como as pessoas
    de baixa renda usam a tecnologia.
  • 3:14 - 3:19
    Gastei muito tempo extra na China
    conhecendo a economia informal.
  • 3:19 - 3:21
    Fiz coisas como trabalhar
    como vendedora ambulante,
  • 3:21 - 3:24
    vendendo bolinhos para trabalhadores
    da construção civil.
  • 3:24 - 3:28
    Fiz trabalho de campo,
    passando dias e noites em "cybercafés",
  • 3:28 - 3:30
    saindo com os jovens chineses,
  • 3:30 - 3:33
    para entender como usavam
    os jogos e telefones celulares
  • 3:33 - 3:37
    entre o movimento
    das áreas rurais para as cidades.
  • 3:38 - 3:42
    Ao longo de toda essa evidência
    qualitativa que eu estava reunindo,
  • 3:42 - 3:45
    começava a ver tão claramente
  • 3:45 - 3:50
    que aconteceria uma grande mudança
    entre os chineses de baixa renda.
  • 3:51 - 3:55
    Mesmo cercados por anúncios
    de produtos de luxo
  • 3:55 - 3:57
    como banheiros extravagantes,
  • 3:57 - 3:59
    "Quem não quer um?",
  • 3:59 - 4:02
    apartamentos e carros,
  • 4:02 - 4:04
    pelas conversas que tive com eles,
  • 4:04 - 4:08
    descobri que os anúncios
    que realmente os atraíam mais
  • 4:08 - 4:10
    eram os de "iPhones",
  • 4:10 - 4:13
    prometendo-lhes a entrada
    nesta vida de alta tecnologia.
  • 4:13 - 4:17
    Mesmo quando estava vivendo com eles
    em favelas urbanas como essa,
  • 4:17 - 4:20
    via pessoas investindo mais
    da metade de sua renda mensal
  • 4:20 - 4:21
    na compra de um telefone
  • 4:21 - 4:24
    e, cada vez mais, em "shanzhai",
  • 4:24 - 4:27
    que eram imitações baratas
    de iPhones e outras marcas.
  • 4:28 - 4:30
    São muito úteis.
  • 4:31 - 4:32
    Fazem o trabalho.
  • 4:33 - 4:39
    Após anos vivendo com migrantes,
    trabalhando com eles
  • 4:39 - 4:42
    e fazendo realmente tudo
    o que estavam fazendo,
  • 4:42 - 4:46
    comecei a juntar todas
    essas unidades de informação,
  • 4:46 - 4:49
    das coisas que pareciam aleatórias,
    como eu, vendendo bolinhos,
  • 4:49 - 4:50
    para as coisas mais óbvias,
  • 4:50 - 4:53
    como rastrear quanto gastavam
    em suas contas de telefone celular.
  • 4:53 - 4:56
    Consegui criar essa imagem
    muito mais completa
  • 4:56 - 4:57
    do que estava acontecendo.
  • 4:57 - 4:59
    Comecei, então, a perceber
  • 4:59 - 5:03
    que até mesmo os mais pobres
    da China queriam um smartphone,
  • 5:03 - 5:08
    e fariam de tudo para colocar
    as mãos em um aparelho.
  • 5:09 - 5:11
    Vocês precisam ter em mente
  • 5:12 - 5:15
    que os iPhones tinham acabado
    de ser lançados, era 2009,
  • 5:15 - 5:16
    oito anos atrás,
  • 5:16 - 5:19
    e os "Androids" começavam
    a se parecer com os iPhones.
  • 5:19 - 5:21
    Muitas pessoas inteligentes
    e realistas disseram:
  • 5:21 - 5:24
    "Esses smartphones, é apenas uma moda.
  • 5:24 - 5:27
    Quem vai querer levar
    essas coisas pesadas,
  • 5:27 - 5:31
    com baterias que se esgotam rapidamente,
    e que quebram quando deixamos cair?"
  • 5:32 - 5:34
    Mas eu tinha muitos dados,
  • 5:34 - 5:36
    e estava tão confiante de minhas ideias
  • 5:36 - 5:39
    que fiquei muito animada
    em compartilhá-las com a Nokia.
  • 5:41 - 5:44
    Mas a Nokia não estava convencida,
  • 5:44 - 5:46
    porque não eram informações importantes.
  • 5:47 - 5:49
    Disseram: "Temos milhões
    de unidades de informação,
  • 5:49 - 5:54
    e não vemos nenhum indicador
    de quem quer comprar um smartphone,
  • 5:54 - 5:58
    e seu conjunto de dados de 100,
    tão heterogêneo, é muito fraco
  • 5:58 - 6:00
    para até mesmo levarmos a sério".
  • 6:01 - 6:03
    Eu disse: "Nokia, vocês têm razão.
  • 6:03 - 6:04
    Claro, não veem isso,
  • 6:04 - 6:06
    porque estão enviando pesquisas
  • 6:06 - 6:08
    supondo que as pessoas
    não sabem o que é um smartphone.
  • 6:08 - 6:10
    Então é claro que não terão de volta
  • 6:10 - 6:13
    os dados sobre quem quer comprar
    um smartphone em dois anos.
  • 6:13 - 6:16
    As pesquisas e os métodos
    de vocês foram projetados
  • 6:16 - 6:18
    para otimizar um modelo
    de negócios existente,
  • 6:18 - 6:20
    e estou analisando
    essas dinâmicas humanas emergentes
  • 6:21 - 6:22
    que ainda não aconteceram.
  • 6:22 - 6:24
    Estamos olhando fora
    da dinâmica do mercado
  • 6:24 - 6:26
    para que possamos ficar à frente disso".
  • 6:27 - 6:30
    Bem, sabem o que aconteceu com a Nokia?
  • 6:30 - 6:32
    O negócio deles caiu de um penhasco.
  • 6:33 - 6:37
    Este é o custo de deixar
    escapar alguma coisa.
  • 6:37 - 6:39
    Era impossível de entender.
  • 6:40 - 6:42
    Mas a Nokia não está sozinha.
  • 6:42 - 6:45
    Vejo organizações jogando
    os dados fora o tempo todo
  • 6:45 - 6:47
    porque não vieram
    de um modelo quantitativo
  • 6:47 - 6:49
    ou não se encaixam em um.
  • 6:50 - 6:52
    Mas não é culpa do big data.
  • 6:53 - 6:57
    É o modo como o usamos;
    é nossa responsabilidade.
  • 6:58 - 7:00
    A reputação para o sucesso do big data
  • 7:00 - 7:03
    vem da quantificação
    de ambientes muito específicos,
  • 7:03 - 7:08
    como redes de energia elétrica,
    logística de entrega ou código genético,
  • 7:08 - 7:13
    quando quantificamos em sistemas
    mais ou menos controlados.
  • 7:13 - 7:16
    Mas nem todos os sistemas
    estão tão bem controlados.
  • 7:16 - 7:19
    Quando estamos quantificando
    e os sistemas são mais dinâmicos,
  • 7:19 - 7:23
    especialmente sistemas
    que envolvem seres humanos,
  • 7:23 - 7:25
    as forças são complexas e imprevisíveis,
  • 7:25 - 7:29
    e são coisas que não sabemos
    tão bem como modelar.
  • 7:29 - 7:32
    Depois de prever algo
    sobre o comportamento humano,
  • 7:32 - 7:34
    surgem novos fatores,
  • 7:34 - 7:36
    porque as condições
    estão em constante mudança.
  • 7:36 - 7:38
    Por isso é um ciclo sem fim.
  • 7:38 - 7:42
    Achamos que conhecemos algo,
    e então surge algo desconhecido.
  • 7:42 - 7:45
    É por isso que confiar apenas no big data
  • 7:45 - 7:48
    aumenta a chance de deixar
    escapar alguma coisa,
  • 7:48 - 7:52
    ao nos dar essa ilusão
    de que já sabemos tudo.
  • 7:52 - 7:56
    O que torna muito difícil
    ver esse paradoxo
  • 7:56 - 7:59
    e até mesmo envolver
    nossos cérebros em torno disso
  • 7:59 - 8:03
    é que temos o que chamo
    de viés de quantificação,
  • 8:03 - 8:08
    que é a crença inconsciente de valorizar
    o mensurável sobre o imensurável.
  • 8:09 - 8:13
    Muitas vezes passamos
    por isso em nosso trabalho.
  • 8:13 - 8:15
    Talvez trabalhemos
    ao lado de colegas assim,
  • 8:15 - 8:17
    ou até mesmo toda a nossa
    empresa pode ser assim,
  • 8:18 - 8:20
    onde as pessoas ficam tão obcecadas
    com aquela quantidade,
  • 8:20 - 8:22
    que não podem ver nada fora dela,
  • 8:22 - 8:26
    mesmo quando apresentamos
    evidências bem diante dos olhos delas.
  • 8:27 - 8:30
    Esta é uma mensagem muito interessante,
  • 8:31 - 8:33
    porque não há nada errado em quantificar;
  • 8:33 - 8:34
    é realmente muito gratificante.
  • 8:34 - 8:39
    Tenho uma grande sensação de conforto
    ao olhar para uma planilha do Excel,
  • 8:39 - 8:40
    mesmo as mais simples.
  • 8:40 - 8:41
    (Risos)
  • 8:41 - 8:46
    É meio como: "Sim! A fórmula funcionou.
    Está tudo bem. Está tudo sob controle".
  • 8:47 - 8:49
    Mas o problema é
  • 8:49 - 8:52
    que quantificar é viciante.
  • 8:52 - 8:53
    Quando nos esquecemos disso
  • 8:53 - 8:56
    e não temos algo
    para manter esse controle,
  • 8:56 - 8:58
    é muito fácil simplesmente
    jogar os dados fora
  • 8:59 - 9:01
    porque não podem ser expressos
    como um valor numérico.
  • 9:01 - 9:04
    É muito fácil ter apenas
    um pensamento imediatista,
  • 9:04 - 9:07
    como se houvesse alguma solução simples.
  • 9:08 - 9:12
    Este é um grande momento
    de perigo para qualquer organização,
  • 9:12 - 9:14
    porque, muitas vezes,
    o futuro que precisamos prever
  • 9:14 - 9:17
    não está nesse palheiro,
  • 9:17 - 9:19
    mas é aquele tornado
    que está vindo em nossa direção
  • 9:19 - 9:21
    do lado de fora do celeiro.
  • 9:23 - 9:27
    Não há risco maior do que ficar
    cego para o desconhecido.
  • 9:27 - 9:29
    Isso pode nos fazer
    tomar decisões erradas.
  • 9:29 - 9:31
    Pode nos fazer perder algo grande.
  • 9:32 - 9:35
    Mas não precisamos seguir esse caminho.
  • 9:35 - 9:39
    Acontece que o oráculo da Grécia antiga
  • 9:39 - 9:43
    guarda a chave secreta
    que nos mostra o caminho adiante.
  • 9:44 - 9:46
    Pesquisas geológicas recentes mostraram
  • 9:46 - 9:50
    que o Templo de Apolo,
    onde estava o oráculo mais famoso,
  • 9:50 - 9:53
    foi, na verdade, construído
    sobre duas falhas de terremoto.
  • 9:53 - 9:57
    Essas falhas liberavam gases petroquímicos
    debaixo da crosta terrestre.
  • 9:57 - 10:01
    O oráculo literalmente se sentava
    bem acima dessas falhas,
  • 10:01 - 10:05
    inalando enormes quantidades
    de gás etileno, essas fissuras.
  • 10:05 - 10:06
    (Risos)
  • 10:06 - 10:07
    É verdade.
  • 10:07 - 10:08
    (Risos)
  • 10:08 - 10:12
    Tudo isso é verdade,
    e era o que a fazia murmurar e alucinar
  • 10:12 - 10:13
    e entrar nesse estado de transe.
  • 10:13 - 10:15
    Ela ficava alta como uma pipa!
  • 10:15 - 10:17
    (Risos)
  • 10:20 - 10:27
    Como alguém conseguiria
    algum conselho útil dela naquele estado?
  • 10:27 - 10:30
    Estão vendo aquelas pessoas
    que cercam o oráculo?
  • 10:30 - 10:33
    Veem aquelas pessoas que a apoiam,
    porque ela está um pouco zonza?
  • 10:33 - 10:37
    E aquele cara do lado esquerdo
    dela segurando o caderno laranja?
  • 10:38 - 10:43
    Aqueles eram os guias do templo,
    e trabalhavam de mãos dadas com o oráculo.
  • 10:44 - 10:47
    Quando os interrogadores
    vinham e ficavam de joelhos,
  • 10:47 - 10:49
    os guias do templo chegavam ao trabalho.
  • 10:49 - 10:52
    Depois de fazerem perguntas a ela,
    observavam o estado emocional deles.
  • 10:52 - 10:54
    Então lhes faziam perguntas como:
  • 10:54 - 10:58
    "Por que querem conhecer
    esta profecia? Quem são vocês?
  • 10:58 - 11:00
    O que irão fazer com esta informação?"
  • 11:00 - 11:06
    Então os guias do templo levavam
    esta informação etnográfica e qualitativa
  • 11:06 - 11:08
    e interpretavam os murmúrios do oráculo.
  • 11:09 - 11:11
    O oráculo não ficava sozinho,
  • 11:12 - 11:14
    e nossos sistemas de big data
    também não deveriam ficar.
  • 11:14 - 11:15
    Para ser clara,
  • 11:15 - 11:19
    não estou dizendo que os sistemas
    de big data estão inalando gás de etileno,
  • 11:19 - 11:22
    ou que estão até mesmo
    dando previsões inválidas.
  • 11:22 - 11:24
    Muito pelo contrário, o que estou dizendo
  • 11:24 - 11:29
    é que, da mesma forma que o oráculo
    precisava dos guias de templo dela,
  • 11:29 - 11:31
    nossos sistemas de big data
    precisam deles também.
  • 11:31 - 11:35
    Precisam de pessoas como etnógrafos
    e pesquisadores de usuários
  • 11:35 - 11:38
    que podem reunir o que chamo
    de "thick data".
  • 11:39 - 11:41
    São dados valiosos de pessoas,
  • 11:41 - 11:45
    como histórias, emoções e interações
    que não podem ser quantificadas.
  • 11:45 - 11:47
    É o tipo de dados
    que coletei para a Nokia,
  • 11:47 - 11:51
    que chega na forma de um tamanho
    de amostra muito pequeno,
  • 11:51 - 11:54
    mas oferece uma profundidade
    de significado incrível.
  • 11:54 - 11:57
    O que o torna tão denso e significante
  • 11:58 - 12:02
    é a experiência de compreender
    a narrativa humana.
  • 12:02 - 12:06
    Isso é o que ajuda a ver o que está
    faltando em nossos modelos.
  • 12:07 - 12:11
    Thick data baseia nossas questões
    de negócio em questões humanas,
  • 12:11 - 12:14
    e é por isso que integrar
    big data e thick data
  • 12:14 - 12:16
    forma uma imagem mais completa.
  • 12:17 - 12:20
    Big data é capaz de oferecer
    compreensões sobre a escala
  • 12:20 - 12:22
    e alavancar o melhor
    da inteligência da máquina,
  • 12:22 - 12:26
    enquanto thick data pode nos ajudar
    a resgatar a perda de contexto,
  • 12:26 - 12:28
    que vem de tornar o big data utilizável,
  • 12:28 - 12:30
    e a aproveitar o melhor
    da inteligência humana.
  • 12:30 - 12:33
    Quando os dois são integrados,
    as coisas ficam muito divertidas,
  • 12:33 - 12:37
    porque não estamos mais apenas
    trabalhando com dados já coletados.
  • 12:37 - 12:40
    Também trabalhamos com dados
    que não foram coletados.
  • 12:40 - 12:42
    Fazemos perguntas sobre o porquê:
  • 12:42 - 12:43
    "Por que está acontecendo isso?"
  • 12:44 - 12:45
    Quando a Netflix fez isso,
  • 12:45 - 12:48
    foi revelada uma forma totalmente nova
    de transformar os negócios.
  • 12:49 - 12:53
    A Netflix é conhecida por seu excelente
    algoritmo de recomendação,
  • 12:53 - 12:58
    e ofereceu um prêmio de US$ 1 milhão
    para quem pudesse melhorá-lo.
  • 12:58 - 13:00
    Houve ganhadores.
  • 13:00 - 13:05
    Mas a Netflix descobriu que as melhorias
    eram apenas incrementais.
  • 13:05 - 13:11
    Para descobrir o que estava acontecendo,
    contratou um etnógrafo, Grant McCracken,
  • 13:11 - 13:13
    para reunir ideias de thick data.
  • 13:13 - 13:18
    O que ele descobriu foi algo não visto
    inicialmente nos dados quantitativos:
  • 13:19 - 13:22
    as pessoas adoravam assistir
    às maratonas de séries na TV.
  • 13:22 - 13:25
    De fato, nem se sentiam
    culpadas por isso; elas gostavam.
  • 13:25 - 13:26
    (Risos)
  • 13:26 - 13:29
    Para a Netflix era como:
    "Ah, esta é uma nova visão".
  • 13:29 - 13:31
    Levou para a equipe de ciência de dados,
  • 13:31 - 13:36
    que conseguiu dimensionar esta visão
    do big data com os dados quantitativos.
  • 13:36 - 13:39
    Uma vez verificados e validados,
  • 13:39 - 13:44
    a Netflix decidiu fazer algo
    muito simples, mas de grande impacto.
  • 13:45 - 13:51
    Disse que, em vez de oferecer
    o mesmo programa de diferentes gêneros
  • 13:51 - 13:55
    ou mais dos diferentes programas
    de usuários semelhantes,
  • 13:55 - 13:58
    iria apenas oferecer mais
    do mesmo programa,
  • 13:58 - 14:00
    fazer com que seja mais fácil assistir.
  • 14:00 - 14:01
    E não parou por aí.
  • 14:01 - 14:03
    Ela fez tudo isso
  • 14:03 - 14:06
    para replanejar toda a experiência
    do telespectador,
  • 14:06 - 14:08
    e realmente incentivá-lo a assistir.
  • 14:08 - 14:11
    É por isso que as pessoas e os amigos
    somem em finais de semana inteiros,
  • 14:11 - 14:14
    colocando em dia as séries
    como "Master of None".
  • 14:14 - 14:18
    Ao integrar big data e thick data,
    ela não só melhorou os negócios,
  • 14:18 - 14:21
    mas transformou a forma
    como consumimos a mídia.
  • 14:21 - 14:25
    Agora as ações dela estão projetadas
    para duplicar nos próximos anos.
  • 14:26 - 14:30
    Mas não se trata apenas
    de assistir a mais vídeos
  • 14:30 - 14:32
    ou de vender mais smartphones.
  • 14:32 - 14:36
    Para alguns, integrar
    thick data ao algoritmo
  • 14:36 - 14:38
    pode ser uma questão de vida ou morte,
  • 14:39 - 14:41
    especialmente para os marginalizados.
  • 14:42 - 14:45
    Em todo o país, os departamentos
    de polícia estão usando o big data
  • 14:45 - 14:47
    para o policiamento preditivo,
  • 14:47 - 14:50
    para estabelecer valores de títulos
    e recomendações de sentença
  • 14:50 - 14:53
    de forma a reforçar
    as prevenções existentes.
  • 14:54 - 14:57
    O algoritmo de aprendizagem
    de máquina Skynet da NSA
  • 14:57 - 15:02
    ajudou possivelmente na morte
    de milhares de civis no Paquistão
  • 15:02 - 15:05
    pela leitura errada de metadados
    do dispositivo celular.
  • 15:07 - 15:10
    À medida que toda a nossa vida
    se torna mais automatizada,
  • 15:10 - 15:14
    dos automóveis aos planos
    de saúde ou ao emprego,
  • 15:14 - 15:16
    é provável que todos nós
  • 15:16 - 15:19
    sejamos impactados
    pelo viés da quantificação.
  • 15:21 - 15:24
    A boa notícia é que percorremos
    um longo caminho,
  • 15:24 - 15:26
    de inalar gás de etileno
    a fazer previsões.
  • 15:26 - 15:29
    Temos ferramentas melhores,
    então vamos apenas usá-las melhor.
  • 15:29 - 15:31
    Vamos integrar o big data ao thick data,
  • 15:31 - 15:33
    trazer nossos guias
    do templo com os oráculos,
  • 15:34 - 15:37
    e se este trabalho acontecer em empresas
    ou organizações sem fins lucrativos,
  • 15:37 - 15:40
    no governo ou mesmo no software,
  • 15:40 - 15:42
    tudo isso importa.
  • 15:42 - 15:45
    Significa que estamos
    comprometidos coletivamente
  • 15:45 - 15:47
    a elaborar dados melhores,
  • 15:47 - 15:50
    algoritmos melhores, resultados melhores
    e decisões melhores.
  • 15:50 - 15:54
    É assim que evitaremos
    deixar escapar esse algo.
  • 15:55 - 15:58
    (Aplausos)
Title:
As percepções humanas que faltam no big data
Speaker:
Tricia Wang
Description:

Por que tantas empresas tomam decisões ruins, mesmo com acesso a quantidades de dados sem precedentes? Com histórias da Nokia à Netflix e aos oráculos da Grécia antiga, Tricia Wang desmistifica o big data e identifica suas armadilhas, sugerindo que nos concentremos em "thick data" - percepções preciosas e não quantificáveis de pessoas reais - para tomar as decisões de negócios corretas e prosperar no desconhecido.

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
16:12

Portuguese, Brazilian subtitles

Revisions