-
Entrar na experiência humana
é entrar em um grande esquecimento.
-
O véu da mente condicionada obscurece
a verdade de quem realmente somos,
-
lançando-nos em um mundo de separação,
limitação e dúvida.
-
Então, quem é você realmente?
Você é só uma mente vivendo em um corpo,
-
navegando pela vida, tentando encontrar
felicidade e evitando o sofrimento?
-
Ou, talvez, algo totalmente diferente,
muito mais profundo, algo eterno,
-
que não pode ser explicado em palavras.
Algo que quando percebido
-
traz verdadeira paz e realização.
Aqui nós vamos olhar além do véu
-
da mente, além dos pensamentos e
das sensações, para descobrir a verdade
-
de quem realmente somos.
-
Então, o que é a mente?
-
Em nossa história, essa pergunta vem sendo
feita vária vezes. Desde as primeiras
-
pesquisas espirituais e científicas
da humanidade a mente humana tem sido
-
conceitualizada e entendida de diferentes
maneiras por diferentes culturas.
-
Os seres humanos têm utilizado filosofia,
psicologia e teorias científicas, bem como
-
a investigação direta para penetrar
nos segredos da mente. . . para encontrar
-
quem somos além da mente e do corpo.
Em geral, pensamos na mente como
-
algo que existe na cabeça, como o cérebro
e isso tem a ver com o pensamento
-
e com a cognição, mas a mente é muito mais
profunda que isso. É na verdade dualidade.
-
Também é conhecida como Maya ou Ilusão.
Também é conhecida como ego.
-
Em Latim, ego significa 'eu'. Quando
seu sentido é limitado a alguma
-
coisa, é maya, ilusão. Mas quando é
ilimitado... quando desperta como
-
a própria consciência, onde todos os
fenômenos surgem e desaparecem,
-
então, não há mais uma identificação
com o "eu" separado.
-
O verdadeiro significado da palavra "eu" é
conhecimento e consciência infinitos.
-
Esse é o único "eu" ou Eu que existe.
Entretanto, para a maioria de nós
-
o senso de nós mesmos tornou-se tão
emaranhado no conteúdo da experiência...
-
pensamentos, imagens, sentimentos...
nós não nos percebemos como somos
-
essencial e originalmente. Nos conhecemos
de uma maneira modificada....misturada com
-
o conteúdo da experiência. Esta mistura
do verdadeiro e único "eu" de infinito
-
conhecimento ou infinita consciência
com o conteúdo da experiência faz esse
-
EU ilusório, que é o que geralmente
é chamado de ego ou
-
EU separado. O ego é uma ideia muito
persistente, forte, sólida, de que
-
somos uma pessoa, uma entidade separada
dentro da mente-corpo. Ou, às vezes
-
achamos que somos uma mente-corpo.
O ego é um aspecto da mente que se forma
-
numa idade jovem e é o aspecto que nos
dá a sensação de que sou um eu individual.
-
O ego é literalmente uma entidade
inventada e não é real e é aquilo com que
-
nós identificamos como o corpo. É a parte
da mente que pensa que está separada.
-
O ego é a percepção que tenho sobre mim,
mas não é o verdadeiro eu.
-
É uma construção imaginária de mim,
mas não quem eu sou. Fundamentalmente
-
o que sou é mais profundo e essa
presença oculta que está sempre aqui.
-
A mente dual é composta por dois
aspectos fundamentais... a testemunha e
-
o que é testemunhado. Existem os fatos
do mundo feito de sensações,
-
percepções e preferências egoicas e
a sensação de que existe um "eu"
-
que é separado, testemunhando. O
despertar é acordar dessa dualidade....
-
da divisão entre quem testemunha e o que é
testemunhado, entre o sujeito e o objeto,
-
para perceber a consciência primordial
que está sempre presente.
-
Se você observar as crianças, elas
não têm ego e vivem
-
em um estado de participação. Vivem em
estado de satisfação, porque
-
não estão separadas do mundo.
-
Quando nascemos, somos dependentes e ainda
não possuímos raciocínio conceitual.
-
Quando crescemos, desenvolvemos conceitos
e o auto conhecimento, que é a
-
habilidade de refletir sobre o que fazemos
para nos tornarmos independentes.
-
Então, esse processo de pensamento se
torna nossa própria identidade.
-
A formação do ego começa logo depois do
nascimento. Começamos a desenvolver uma
-
identidade pessoal, que então chamamos
de "eu" ou "mim". O estágio do espelho
-
do desenvolvimento humano, quando a
criança se reconhece no espelho, ocorre
-
entre 6 e 18 meses de idade. Esta é apenas
uma parte da formação do ego por meio
-
do processo de identificação. Não é
que nosso ego seja formado pelo processo
-
de reconhecer um personagem no espelho.
Isso faz parte do processo de socialização
-
ou condicionamento e somos tratados como
uma pessoa separada, um "eu" separado.
-
Aprendemos a identificar um senso de "eu"
pelas sensações que surgem em nosso corpo,
-
pela percepção e conceitualização das
coisas. A mente divide e separa
-
uma coisa da outra e então desenvolvemos
preferências em relação a essas coisas.
-
Gostamos de algumas coisas, de outras não.
Esse "eu" se torna nossa
-
identidade individual, separada e única
à medida que avançamos pela vida.
-
É a história de quem acreditamos ser.
-
E a consciência que somos, começa a crer
nisso quando estamos muito jovens.
-
Quando somos crianças, ela cresce conosco
até que ficamos completamente convencidos
-
que somos uma pessoa. Quando crescem e
passam da adolescência para a fase adulta,
-
desenvolvem um senso de separação; de ser
um "eu" que vive dentro de suas cabeças.
-
Assim, elas se tornam egos separados
que vivem em estado de desejo,
-
um estado de incompletude, cujas vidas são
dominadas por um desejo de
-
acumular coisas para compensar sua
incompletude.
-
É a mente que causa todos as questões,
todos os problemas. A mente é um poder
-
que cria toda a ilusão da separação...
-
toda a ilusão ou aparência de ser uma
pessoa vivendo em um mundo.
-
Nós podemos experimentalmente verificar
que toda vez que experimentamos
-
sofrimento psicológico, podemos rastreá-lo
até a crença de ser essa
-
pessoa separada, essa entidade separada.
Não há exceções, não há exceções.
-
Não estou falando de dor física, mas o
sofrimento psicológico é absolutamente
-
desnecessário pois se baseia na crença de
ser esse corpo-mente separado ou
-
aparentemente separado. Porque somos
como fragmentos que foram separados
-
do todo, como um peças de quebra-cabeça
que se desconectaram e
-
se espalharam. Então, existe o sentimento
de que "algo está faltando",
-
"algo não está certo". A mente parece
ser um obstáculo intransponível.
-
Como podemos superar a mente?
A mente parece não ter fim.
-
A tentativa de conquistar a mente usando
a mente cria uma luta sem fim.
-
É como tentar se levantar puxando o
cadarço das próprias botas.
-
A estrutura do ego pode se sentir
devastada, perdida e confusa, sentir que a
-
vida não tem sentido e conforme essa mente
que busca luta, experimenta o que
-
São João da Cruz chamou de A Noite Escura
da Alma. Essa é uma parte necessária
-
do processo de desilusão. Somente quando
deixamos de lado a busca pela falsa
-
identificação com o buscador é que
entramos em união direta com a vida.
-
Eu estava em um bom lugar em minha vida.
-
Eu meio que tinha desistido da
busca espiritual,
-
não porque eu tivesse desistido, mas
porque não havia mais nada a
-
buscar.Eu não estava buscando iluminação,
não estava buscando despertar. Eu estava
-
buscando paz e felicidade e eu encontrei
aquela entrega a aquilo que é
-
o único caminho e aquela vida era minha
professora. Depois de muitos anos buscando
-
tudo desapareceu. A estrutura do
eu que eu conhecia caiu .
-
Eu estava sentada em minha sala de estar
e, após algumas semanas, uma grande
-
desolação interior parece ter aparecido em
mim. Então, foi inesperado, esta vasta
-
paisagem interior de escuridão... uma
espécie de abandono, abandono existencial
-
da vida propriamente dita. E eu percebi
como o movimento da mente queria sair
-
desta paisagem interior de escuridão.
E eu me perguntei:
-
"Qual o significado do sofrimento?
Qual é a natureza do sofrimento?
-
Como o sofrimento pode cessar?" Ou,talvez,
ele não tenha fim e naquela questão o que
-
se levantou foi este desejo de não se
mover de onde eu estava, não se mover
-
daquela paisagem escura, e de me entregar
para aquilo,mesmo se significasse meu fim.
-
Eu não sabia o que significava,o meu fim,
mas veio como um tipo de conhecimento
-
que ainda não estava consciente, e naquele
momento totalmente inesperado toda a
-
estrutura do eu morreu.Como se todo o 'eu'
identificado morresse e espantosamente
-
houve uma fusão com a própria vida, o que
acabou com a separação entre mim e a vida.
-
E daquele momento em diante, eu sabia que
eu e a vida éramos um,não havia separação.
-
Está tudo no movimento da mente. E daquele
ponto em diante, toda a estrutura desta
-
'Amoda' que tinha sido construída sobre
uma identidade de vítima,
-
não apenas uma vítima das circunstâncias,
-
mas uma vítima dos meus sentimentos,
uma vítima das emoções, uma vítima dos
-
pensamentos e, portanto constantemente
tentando mudá-los, mudar pensamentos,
-
mudar sentimentos, torná-los melhores,
torná-los mais positivos, torná-los mais
-
elevados... acabou. E sem a vítima, era
como se eu tivesse nascido de novo.
-
Então, eu morri renasci assim. É como
se todas os véus da percepção que foram
-
construídos na identidade da Amoda, com
sua história, seus pensamentos, suas
-
crenças, suas experiências, apenas tinham
se desfeito. Então, estava totalmente nu
-
a partir daquele momento e nunca mais
mudou.
-
No Budismo, a primeira Verdade Nobre é que
existe sofrimento. Existe uma insatisfação
-
inerente à mente condicionada.
Dukkha ou a insatisfação crônica
-
da mente abrange não apenas dor física
e emocional, mas também outras
-
formas sutis de insatisfação,
como a impermanência inerente a todas
-
as coisas e a inabilidade de encontrar
-
satisfação duradoura em atividades
mundanas.
-
A verdadeira felicidade, realização não é
achada em atividades materiais externas.
-
Até mesmo quando as coisas vão do jeito
que pensamos que deveria.
-
Até quando nós estamos
cumprindo o script,
-
sendo uma boa pessoa, tendo
relacionamentos bem sucedidos, carreiras
-
de sucesso, muitas vezes há essa sensação
subjacente de que algo simplesmente não
-
está totalmente certo. Algo que está
faltando e que não estamos percebendo
-
com precisão e quanto mais de perto
olhamos para isso, muitas vezes
-
torna-se mais vívido, mais óbvio.
Então, o que eu geralmente considero
-
como a primeira etapa do processo
do despertar é a percepção
-
de que nós sofremos.Nós poderíamos resumir
dizendo que é tipo um senso de que a vida
-
simplesmente não está funcionando direito,
ou, talvez eu não esteja funcionando
-
direito pela vida.
Mas, é desconfortável...
-
É uma benção que
seja desconfortável, porque isso nos leva
-
a esta investigação que pode nos levar a
lugares que nunca poderíamos ter imaginado
-
Por quê as pessoas sofrem?Se falamos
sobre a dor física precisamos entender que
-
a razão pela qual experienciamos dor
é porque dor física é um mecanismo de
-
proteção que geneticamente herdamos. Se
nunca experienciássemos dor, nós iríamos
-
bater constantemente em objetos e nosso
corpo beberia ácido sulfúrico e ele
-
não duraria por muito tempo. A razão da
dor psicológica é diferente. Ela é:
-
"você está cometendo um erro". Então, dor
psicológica não é um problema,
-
é o começo da solução. A dor
psicológica nos ensina uma lição
-
sobre outro erro que estamos cometendo,
acreditar que somos separados.
-
Este é o erro...é um erro fundamental.
É o pecado original;
-
o pecado original que nos chuta para fora
do Paraíso, do jardim do Eden.
-
O significado original da palavra pecado
significa "errar o alvo".
-
A consciência egoica é um estado
patológico da mente, assim constantemente
-
erramos o alvo. Este é o significado de "a
queda". Nós estamos focados nas frutas da
-
árvore do conhecimento do bem e do mal,
focado em pensamentos.
-
A mente dual é feita de fenômenos que
formam o mundo de forma percebido;
-
feito de sensações,percepções,preferências
egoicas, e este senso de que há um
-
"EU" que é separado, testemunhando. É este
pensamento de "EU" que é a raiz da
-
identificação com o ego.
-
Qualquer coisa que estivermos
experienciando,
-
sou eu que estou experienciando.
Se eu estou triste ou ansioso
-
ou sozinho, sou eu quem está tendo esta
experiência. Se eu estou falando com você
-
sou eu que estou falando. Se estou vendo o
mundo, sou eu que estou vendo o mundo.
-
Então, todas nossas experiências giram em
torno desse "EU".
-
"EU" é o personagem central,
em toda nossa experiência,
-
então essa é a investigação essencial...
o pré-requisito para
-
despertar, explorar e reconhecer a
natureza do "EU"
-
ou do eu que realmente somos.
-
No coração Sutra,um dos mais reverenciados
ensinamentos do Budismo diz que para ser
-
libertados, devemos perceber tudo este
mecanismo da mente dual
-
para nos esvaziarmos do eu.
Quando o pensamento
-
do "EU" cair, a própria dualidade se
dissolve. A forma é percebida
-
exatamente como o vazio,
o vazio exatamente se forma
-
no estado de samadhi, o vazio dança como
plenitude, a quietude é inerente
-
ao movimento, silêncio é inerente ao som.
Vida é experienciada diretamente,
-
não mediada através do filtro da mente.
Quando nós não corremos mais atrás dos frutos
-
da árvore do conhecimento do bem e do mal,
quando não tivermos mais interface com o mundo
-
do velho jeito, é liberação,
o fim do sofrimento.
-
Enquanto acreditarmos estarmos
tendo nossa própria mente
-
ou nossa própria ignorância
ou nosso próprio ego,
-
é porque estamos vendo isto de um ponto
de vista separado e está tudo bem,
-
no começo é como você vai ver isso.
Mas que isto não é como as coisas são.
-
Na realidade há apenas vida
É isso. Apenas pura vida em ação.
-
Então, sofrimento é a resistência para vida,
resistência para nosso sim,
-
resistência para nosso não, resistência
para qualquer coisa que está aparecendo,
-
porque nós nos sentimos separados. E o
despertar é a cura dessa separação,
-
da ideia de ser separado.
-
Nós podemos começar a entender a
resistência egoica na mente observando o
-
maior princípio de como toda a energia se
movimento no universo.
-
Um jeito de entender é olhando
para algo chamada figura de Lichtenberg.
-
A figura de Lichtenberg
-
é um padrão que ocorre quando uma descarga
elétrica de alta tensão passa através
-
dos materiais. A descarga elétrica cria um
padrão de canais ramificados que
-
parecem árvores. Aqui a eletricidade está
indo para a madeira. Neste exemplo, a
-
figura de Lichtenberg é criada pela
injeção de trilhões de elétrons em
-
um bloco de acrílico usando um acelerador
de partícula de 5 milhões de volts .
-
Toda a matéria física, neste
caso o bloco acrílico, é a resistência
-
ou o desacelerador de energia.
Numa tempestade,
-
a resistência do o ar afeta a formação
do canal de condução e do fluxo atual.
-
Quando observamos as estruturas
semelhantes a árvores criadas pela
-
energia, nós estamos vendo o caminho que
aquela energia passou através do meio,
-
através do tempo. Estes padrões parecidos
com árvore ou com galhos
-
são encontrados em todos os níveis
e escalas da natureza,
-
desde o micro ao macro. O real
tecido do universo é um jogo de forma,
-
um jogo de resistência; uma mente
gigante brincando de esconde-esconde
-
com ela mesma. Samskaras ou padrões
inconscientes são criados quando o
-
preço de uma experiência é alto. Energias
se unem e o pensamento do "eu" aparece.
-
Resistência aparece. Se não tivesse
resistência, a energia apenas passaria
-
pela vida. Mas, quando tiver resistência,
quando o "eu" aparecer,
-
então a energia se ramifica, criando
novos caminhos na mente inconsciente.
-
Esses padrões funcionam de
forma autônoma, escondendo
-
e crescendo nas sombras até que sejam
-
revelados novamente e conscientemente
integrados ao todo.
-
A primeira lembrança que tenho é de estar
muito assustado e eu não sabia o porquê
-
eu estava assustado e sentindo que
algo daria errado a qualquer momento,
-
e aquele sentimento persistiu pela minha
vida inteira e
-
se intensificou a partir dos meus 20 anos.
-
E eu entrei numa depressão pesada, mesmo
depois de ter quatro filhos.
-
E acabei passando por provavelmente
3 ou 4 anos de real procura
-
por algo, mas eu não sabia o que era.
Nunca tinha ouvido sobre despertar, não
-
sabia o que isso era. E, com o passar do
tempo ficou claro que o que eu estava
-
buscando não seria encontrado na minha
vida exterior.
-
Eu tinha uma boa família, bom trabalho na
-
época; tudo que qualquer um poderia
querer. E, mesmo assim me sentia vazio
-
por dentro e, eventualmente, como parte da
cura da minha depressão,
-
eu descobri a meditação
-
e mergulhei fundo nela, encontrei algum
tipo de paz, um profundo contentamento,
-
e pela primeira vez em minha vida inteira
aquele senso de temor ou medo desapareceu
-
momentaneamente pela primeira vez. Então,
comecei a tentar descobrir tudo o que eu
-
podia sobre o que tinha acontecido, o
porquê daquele senso ter mudado.
-
E a razão de ter voltado
aquela sensação de medo.
-
Eu comecei a pesquisar diferentes
caminhos espirituais e acabei
-
por encontrar esse termo 'despertar',
iluminação, e comecei a tentar entender
-
o que ele era. Eventualmente, 15 a 20 anos
depois pude reconhecer que era
-
quando nós não estamos acreditando
mais nos nossos pensamentos.
-
Pensamentos continuavam,
-
mas o medo estava se originando do
acreditar neles, acreditar que era apenas
-
uma pessoa ou alguém andando pela minha
vida, e percebi que eu era muito mais
-
do que isso. Eu sou infinito e isso ao
longo de 5 anos começou a estabilizar,
-
por falta de uma palavra melhor. Eu tive
que olhar tudo que vinha no caminho disso,
-
o sentimento de não ser um pai bom o
suficiente, o sentimento de inadequação
-
interna. Eu realmente tive que olhar para
isto e investigar isso
-
e contemplar isso. E eventualmente a paz
se tornou estável,
-
sem esforço, e até alegre e amorosa,
algumas vezes até feliz.
-
Um profundo sentimento
de estar tudo ok,
-
sentindo-me em casa,
sentindo-me seguro, sentindo que eu posso me
-
amar, eu gosto de mim, o que era algo que
na época não era possível para mim.
-
Muitas pessoas têm um vislumbre do
despertar mas depois parece perdê-lo.
-
Tem esse jogo de eu entendi tudo e, então,
eu perdi tudo, ou estou acordado e, agora,
-
a mente voltou. Isto acontece quando o
despertar não é totalmente reconhecido
-
pelo que ele é. Muitas vezes há
um agradável estado quando
-
ocorre o samadhi; energia, felicidade
ou uma mudança na mente consciente
-
ou percepção e um senso de facilidade
ou liberdade. E naturalmente
-
confundiremos o estado fenomênico
com a verdade sobre o que você é.
-
Geralmente, depois do um vislumbre do
despertar, começaremos a buscar estados
-
ou experiências ao invés de reconhecer a
consciência que já está presente,
-
e perceber que é a fonte da verdadeira
realização. A verdade de quem você é
-
não é um estado ou experiência temporária.
Os fenômenos vêm e vão, mas aquele
-
que fica, consciência primordial, sempre
É. Se você continuar buscando estados
-
ou experiências, eventualmente o buscador
ficará mais forte e você vai ficar
-
cada vez mais longe da verdade. O buscador
sempre perde a marca por perseguir o que é
-
impermanente, apenas como um viciado
em busca de emoções temporárias,
-
e como o viciado, o falso buscador vai
sempre chegar a um
-
ponto de crise ou ponto de fracasso.
A vida é um festival de padrões
-
viciantes de comportamento e
quando digo isso, eu não digo
-
apenas vício em drogas como o álcool e a
nicotina. Tudo que é preponderante
-
na sociedade tende a ser um padrão
viciante de comportamento; vício a
-
reality shows, vício na vida de
celebridades, vício em comprar o próximo
-
par de sapatos, e por quê seria isso?
-
A razão para isso é porque nós
somos desesperados por encontrar
-
uma maneira de escapar do sem sentido
e antinatural modo de vida que temos.
-
Nós não sabemos como escapar disso, então
nós tentamos compensar isso nos envolvendo
-
em vícios. Agora, entender a realidade tem
essa peculiar característica de fazer
-
a vida mais natural, fazendo a vida melhor
alinhada com o ritmo e o fluxo e as
-
direções da natureza. Se isso ocorre, não
há mais necessidade
-
para qualquer vício, e nós vamos viver
vidas mais realizadas, saudáveis
-
melhores vidas, sem perspectivas
distorcidas, como a noção
-
de que sua vida é sobre você
-
e minha vida é sobre mim, o que é uma das
coisas mais não naturais imagináveis.
-
É como a flor de uma macieira pensando
que sua vida é sobre ela, e que precisa
-
sobreviver para sempre. Se a flor
realizasse seu desejo não existiriam
-
mais maças, nem mais macieiras.
-
Uma vez que entendemos essa verdade
acontece naturalmente
-
uma virada de uma vida centrada
no ego ou de uma vida que
-
está constantemente alimentando
padrões de desejos e aversões,
-
para uma vida mais natural, mais
fluída.
-
E, então, pode acontecer que em um
determinado momento esta ideia
-
entre em crise e talvez nós começamos
a procurar a espiritualidade ou,
-
talvez, antes disso, alguma
investigação psicológica.
-
Aí, chega o momento em que estamos prontos
para ver além da ilusão do ser
-
separado e, vamos dizer, uma busca
consciente espiritual começa.
-
A busca espiritual pode começar
antes mesmo de percebermos
-
que estamos buscando espiritualmente.
Quando se está consciente pode-se
-
ver esse desdobramento da
vida não mais como algo
-
a lutar contra, mas como um convite
para acordar,
-
então, começamos a nos abrir mais
para a vida.
-
Ainda, o sofrimento é o melhor instrumento
natural para fomentar o entendimento.
-
Não questionamentos as perguntas profundas
a não ser que estivermos sofrendo.
-
Se não estamos sofrendo, apenas surfamos
a onda da vida de uma maneira muito
-
alegre, epicurista superficial e nunca
paramos para pensar sobre o que está
-
acontecendo. Quem sou eu? Sobre o que
é isto? Não. Qual é o propósito da vida?
-
Não nos perguntamos essas questões
a não ser que estivermos sofrendo.
-
Então, sofrimento é uma tremenda
ferramenta. É muito condutora à percepção.
-
Agora, fazemos disso
pior do que precisa ser.
-
Inventamos sofrimento
superficial desnecessário.
-
Eu gosto de chamar isso meta-sofrimento, e
meta sofrimento vem com uma pequena voz
-
na sua cabeça que diz que você está
sofrendo e que não deveria estar.
-
Isso dobra o sofrimento ali mesmo.
Porque agora não apenas ainda temos
-
aquele sofrimento natural e parte
da vida que não se pode evitar,
-
mas também o meta sofrimento por
estar em guerra com a natureza,
-
estar em guerra com o
sofrimento original. O jogo é
-
não se livrar do processo natural condutor
de percepção, um instrumento chave
-
da natureza, o jogo é não exacerbar isso
desnecessariamente travando
-
guerra contra ele. Quando deixamos
cair a resistência a sofrer,
-
aí isso não mais se torna sofrimento.
Isso se transforma em algo que é para
-
o nosso benefício. Geralmente,
em círculos espirituais, ouvimos
-
a frase "ame o que é". É possível amar
qualquer dor que surja aprendendo a
-
entregar preferências egoicas, entendendo
que o que está surgindo
-
é simplesmente um fenômeno intenso
que vai levar você profundamente
-
em conexão com a vida. Ao permanecer
equânime com o que é,
-
começamos a purificar os padrões de
resistência dentro da nossa
-
estrutura de ego. Isso traz para
nós o paradoxo da entrega.
-
O paradoxo da entrega é entender que
tudo que você resiste, persiste.
-
A resistência dá poder ao ego. O ego nada
é além de
-
resistência. Algumas vezes, no caminho
acreditamos na ideia de que não devíamos
-
experimentar esta ou aquela emoção. Nós
podemos pensar que estamos
-
regredindo se sentimos ódio
ou raiva. A experiencia de todo o leque
-
de emoções humanas é necessária.
O paradoxo é que quando aceitamos
-
cada emoção completamente,
deixando cair a resistência,
-
isso se transforma de emoções, que são
crenças, julgamentos e preferencias
-
ao sentimento puro;
para pura vivacidade,
-
que está além da mente avaliadora.
-
Existe uma história famosa em Zen que
ilustra esse ponto. Certa vez,um estudante
-
perguntou a Tenzin, um mestre Zen
conhecido pela sua sabedoria e
-
tranquilidade, "Mestre, quando sua
esposa morreu, você sentiu tristeza?"
-
Tenzin respondeu "Claro que senti
tristeza, como não poderia?
-
"O aluno ficou confuso e então perguntou,
"Mas, Eu pensei que você era um mestre
-
Zen.Você não deveria estar além dessas
emoções?" Tenzin sorriu gentilmente e
-
respondeu, "Ah, você entendeu errado.
Quando eu senti tristeza, eu permiti
-
que eu a sentisse plenamente
e a experimentasse profundamente
-
E ao fazê-lo honrei a verdade
daquele momento. Então, como nuvens
-
passando pelo céu, a tristeza veio
e se foi.
-
Mas o céu, a vastidão do meu ser,
continuou não mudado.
-
Meu despertar começou quando eu estava na
faculdade, quando uma série de
-
experiências pessoais realmente me
desafiaram a ponto de eu começar a me
-
questionar sobre o propósito da vida,
da minha vida em particular,
-
e de seu significado. Eu comecei
questionando, qual era o objetivo de tudo
-
que eu estava fazendo. A experiência
foi apenas de estar consciente sem estar
-
de jeito nenhum em particular. Foi bem
libertador. Existia um grande sentimento
-
de soltar, como se algo que tivesse estado
sob grande pressão soltasse, e houve
-
relaxamento e alegria, e eu me
lembro que estava apenas sendo.
-
Isso é tudo que quero ser... Apenas ser.
Nada em particular.
-
Eu chamo isso de a grande virada
para mim. Isso realmente mudou.
-
quase como "ao avesso", mas a maneira
que eu via as coisas e a maneira como
-
eu experienciava as coisas, a maneira
como eu via as pessoas, interagia com elas
-
e a virada de chave é no sentimento
de que tudo que eu estava experienciando,
-
não importando o que eu estava fazendo
ou dizendo, é simplesmente consciência
-
sendo expressada. A consciência de que
eu estou me expressando, naquele momento
-
em qualquer momento, não importa o que eu
estava dizendo ou fazendo, era tudo que
-
estava acontecendo, ficando consciente,
e isso permaneceu.
-
Mas, continuou revelando
sua natureza. Era como se eu pudesse
-
ver pensamentos passando, e qualquer
ação que precisasse acontecer,
-
a ação simplesmente acontecia e, então, o
corpo estava simplesmente reagindo à ação.
-
Já não era como antes, enquanto antes,
sempre que eu pensasse alguma coisa,
-
"eu acho que preciso fazer isso", o "eu",
essa pessoa iria fazer isso.
-
Não. O que aconteceu, o que começou a
acontecer foi que,eu estava apenas sendo.
-
Sendo consciente e as ações simplesmente
estavam surgindo e, então, o corpo
-
era a ferramenta e eu estava observando
isso em tempo real.
-
O corpo está simplesmente implementando
qualquer ação surgindo na consciência e
-
aconteceu de eu ser um personagem e um
observador.Acho que isso é a melhor parte.
-
A consciência não tem escolha.O verdadeiro
Eu é além da escolha. Ao ouvir isso,
-
alguém pode dizer "okay eu vou desistir de
tudo. Eu apenas não vou decidir mais
-
nada. Eu vou apenas sentar em uma caverna.
E muitas pessoas têm feito isso.
-
Mas, o problema é que isso ainda é uma
escolha. Eu apenas escolho reprimir minhas
-
escolhas e desejos. É a mente condicionada
escolhendo não escolher.
-
Ambos, escolher e não escolher estão no
nível da mente condicionada.
-
Mas, quem ou o que está consciente
daquela mente?
-
Após despertar você vai perceber que o eu-
condicionado pode ainda escolher seu chá
-
favorito.Ele vai continuar comendo a dieta
que melhor favoreça ao corpo. Não é que
-
escolhas não mais irão acontecer. Muitas
escolhas continuam acontecendo,
-
surgindo o tempo todo. Mas, a diferença é
o sentimento de "eu" não estando
-
emaranhado a elas. O pensamento do "eu"
caiu. "EU" não estou escolhendo,
-
nem reprimindo
escolhas.
-
Então, despertar é como demolir as paredes
invisíveis do ego, a armadura,
-
e reconhecer nossa Unicidade com tudo. E o
resultado é fora do comum porque
-
nós descobrimos que nós não estamos
sofrendo raiva, dor, tristeza...
-
estamos sofrendo nossa rejeição à vida,
e nós podemos aprender a ser
-
tão abertos que nós somos
conscientemente um com a vida como ela é.
-
Nós preferimos nos sentir bem a sofrer...
isso é normal, algo no ser humano,
-
a espécie ordinária do homo sapiens
prefere se sentir bem ao invés de se
-
sentir mal. E eu acho que quando
nos tornamos cientes disso, sentimos
-
que, na verdade, é bom estar consciente,
algo em nós registra no cérebro humano
-
comum. "Oh, eu gosto disso. Isso
é possível." E isso se reforça.
-
Despertar pode acontecer em gradualmente
em estágios, ou pode acontecer de uma vez
-
em uma virada de chave radical, quando,
de repente, nós sabemos
-
quem somos,como que acordando de um sonho.
Como se estivéssemos dormindo por toda
-
nossa vida em nosso personagem do sonho.
Permanecer acordado requer uma purificação
-
permanente da estrutura do eu.
Até se tivermos um despertar completo,
-
é importante ficar vigilante,não acreditar
no próximo pensamento, permanecer
-
equânime quando pensamentos inconscientes
vêm à tona.
-
Senão os padrões inconscientes da
mente podem obscurecer a verdade.
-
O inconsciente deve se tornar um
inconsciente transparente.
-
Se não enfrentarmos o que está no
inconsciente, nós cairemos no que
-
tem sido chamado de desvio espiritual.
Desvio espiritual se refere a tendência
-
de alguns indivíduos de insistir de que
eles já estão despertos para evitar lidar
-
com emoções difíceis, questões
psicológicas não resolvidas,
-
ou desafios reais da vida.
A mente egoica pode apropriar
-
uma fresta do despertar e continuar
impedindo o ser de viver naquele
-
lugar de verdade. Eu estava sentado
em minha cama pensando sobre a
-
mamografia que eu faria no dia
seguinte, e isso sempre foi uma
-
experiência de produção de ansiedade
extrema que eu tinha uma vez por ano,
-
e eu estava cansada e me sentindo tão
assustada. Cansada de sentir medo de
-
morrer e eu estava sentada na cama e
do meio do nada eu tive esse pensamento:
-
"seria possível fazer o exame amanhã sem
entrar em pânico? E havia um pensamento,
-
apenas um pensamento, mas de repente eu
senti essa onda de percepção que era
-
possível, de fato. E eu não sabia como eu
sabia. Eu não sabia o que tinha acabado de
-
mudar, mas algo claramente apenas mudou. E
eu estava perplexa e eu subitamente sabia
-
que isso seria diferente de toda a
terrível ansiedade que eu tive por todos
-
os anos anteriores. E isso não significava
que a mamografia resultaria em
-
um bom resultado. Não significava que
eu não tinha câncer de mama.
-
Isso foi realmente bizarro para mim. Era
atordoante e eu me levantei e fui para o
-
meu companheiro que estava ocupado em seu
computador e eu apenas fiquei parada na
-
porta e ele finalmente percebeu que eu
estava lá e disse "o que?"
-
E eu respondi, algo apenas aconteceu.
E eu contei para ele, nos dias seguintes
-
pouco a pouco eu comecei a perceber que
não foi só que o medo não parecia me
-
animar mais. Eu senti paz, completamente
sem meu contínuo ordinário estresse.
-
Minha mente estava silenciosa. Minha vida
externa estava basicamente igual, mas isso
-
foi muitos meses antes de eu entender
que o que aconteceu foi o despertar.
-
Foi realmente um longo período. Tudo que
eu sabia era que eu não sentia mais dor
-
do jeito que eu tinha. Minha mente estava
quieta e tem sido assim desde então.
-
Não há qualquer memória do despertar.
Existe apenas memória das experiências e
-
fenômenos. Sempre que há uma memória,
existe um traço de resistência na mente.
-
Este rastro de resistência é a repetição
original...
-
o início do pensamento "eu". O próprio
despertar não deixa rastros na mente.
-
Não é uma experiência. A consciência
primordial desperta para si mesma
-
no agora, não mediado pela memória e pela
filtragem da mente. Se estamos perseguindo
-
algum estado, qualquer experiencia, e
tentando viver lá, então perdemos isso.
-
Se vem e vai, se não está aqui agora,
então não é a sua natureza verdadeira.
-
Vamos tirar um momento para indagar
diretamente a nossa real natureza.
-
Diretamente significa não via mental.
-
Você não pode perceber o que
está além da mente pela própria mente.
-
mude sua atenção para o interior e preste
atenção neste momento. Torne-se atento
-
da própria consciência. Observe os
pensamentos, sensações e emoções que
-
surgem dentro desse espaço,perceba também
o vazio dentro do qual eles surgem.
-
Os fenômenos podem surgir do
inconsciente. Pensamentos, memórias,
-
sentimentos, emoções, energias;
este é um processo de limpeza natural
-
que se desenrola quando indagamos. Apenas
se abra para qualquer coisa que surgir
-
como resultado de sua indagação. Permita-
se permanecer no estado natural da mente,
-
livre de limitações da
elaboração conceptual.
-
Então, meu próprio despertar ocorreu
essencialmente em dois
-
movimentos fundamentais diferentes.
-
Eu me aproximei do turno inicial
de um lugar de sofrimento, profundo
-
sofrimento, e eu sabia que tinha algo a
ver com os pensamentos.
-
Algo relacionado ao jeito
que eu estava pensando,
-
a maneira como eu percebia o mundo,
a maneira que eu me percebia.
-
E isso me
levou a uma investigação direta
-
da própria natureza do pensamento. E, mais
importante, a natureza do pensador;
-
a natureza daquele que é aparentemente
preso por esses pensamentos.
-
Então com essa investigação direta,o senso
de ser um pensador se dissolve e
-
com o senso de ser um pensador dissolvido,
então todas as formas de pensamento perdem
-
o significado para mim. O que não percebi
é que quando isso acontece, somos deixados
-
com uma experiência consciente
pura ou ilimitada.
-
Para mim isso foi tremendamente pacífico,
tremendamente libertador do
-
meu sofrimento.
Essa foi a primeira parte do despertar.
-
Eu não tinha ideia que aconteceria com o
clareza que foi revelada, com a paz
-
que foi revelada, que isto poderia
aprofundar. Que poderia aprofundar mais.
-
Então, após um período de poucos dias, o
vislumbre inicial, a experiência
-
muito profunda, muito libertadora e
muito surpreendente
-
se desenrolou em algo que vai
além da dimensão humana;
-
vai além do que confina meu ser
em qualquer forma.
-
E como eu encaro o
mundo em qualquer forma.
-
Tudo isso foi desmontado.
O que sobrou, o que sobrou
-
é extremamente difícil de colocar em
palavras, mas através do caderno,
-
através de interações diretas com pessoas
com interesse em abordar isso,
-
isso pode ser revelado e pode ser revelado
para aquela pessoa
-
se elas estão realmente interessadas em
investigar elas mesmas.
-
Ninguém pode te dizer o que a mente é,
o que a matrix é, o que você é.
-
Para saber o imensurável, o inefável, a
mente precisa estar extraordinariamente
-
quieta, tranquila sem qualquer movimento.
Naquele profundo silêncio e quietude
-
existe uma possibilidade de chegar a algo
que é
-
atemporal, eterno e além de qualquer
medida.
-
Vamos dizer, para fazer uma metáfora que
despertar é quando sua cabeça,
-
a cabeça do ego,
foi cortada pela vida.
-
Você viu claramente que você não é o seu
corpo-mente. Você não é uma entidade
-
dentro de um corpo-mente, mas sim, a
cabeça que foi cortada pela vida
-
mas continua rolando do penhasco, e
enquanto rola do penhasco,
-
carrega seus velhos padrões, velhos
esquemas, velhos pontos de vista, que não
-
são mais nutridos pela sua atenção.
Você está descansando solidamente na
-
testemunha, você vê esses antigos padrões
se desenrolando, você não está envolvida
-
neles, eles estão apenas acontecendo.
Então, a cabeça está rolando pelo penhasco
-
mas em algum momento vai parar. Sem
mais movimentos de velhos karmas
-
vindo a ação. Sem mais padrões surgindo
que você tem que buscar e
-
dissolver. Eles se foram. E isto é Moksha,
isso é liberação.
-
O que eu tenho visto é uma abertura
progressiva de ver a vida,
-
não como uma pessoa dentro
de um corpo, mas como uma pacífica
-
e silenciosa testemunha, que teve
momentos e que teve apenas ações,
-
mas não existia o fazedor dessas ações.
Um cão estava latindo. . .
-
Era apenas um latido no silêncio,
ou existia alguém andando,
-
ou meu corpo andava, e apenas andava.
Não existia alguém andando.
-
E estava acompanhado com o silêncio do
diálogo interior que
-
estava algumas vezes acompanhando minha
vida. Então, esses momentos de sair do
-
sentimento de ser uma pessoa surgiram com
mais e mais frequência.
-
E, na medida que isto estava acontecendo,
tudo que eu pensava ser, ou
-
estar envolvido na vida, começou a
fazer um sentido diferente.
-
Ao invés de ver a vida contra mim ou
difícil para mim, ou tentando rezar para
-
uma mudança, eu comecei a ver que tudo
estava focando para algo maior,
-
para abrir mais meu coração. Para estar
mais disponível para a vida.
-
Eu comecei a ver que o que eu chamava de
acidentes ou erros ou coisas
-
que eu não gostava não estavam erradas, e
elas não estavam contra mim.
-
Elas estavam me mostrando uma realidade
profunda com a qual eu não tinha contato.
-
Então, todas as orações se tornaram mais
como um 'amem'.
-
Seja feita a tua vontade. Todos os
pedidos foram mais como, me ajude a ver
-
onde eu ainda estou rejeitando a vida,
onde eu ainda estou rejeitando algo.
-
Onde ainda estou sofrendo
porque eu digo não ao desenrolar davida.
-
Então, teve uma abertura. E mais
essa abertura para a vida aconteceu
-
e mais desses momentos de
testemunha consciente vieram.
-
Despertar é apenas o começo dessa
abertura. E nunca termina de uma maneira.
-
É uma abertura sem fim. E quanto mais
isso acontece, mais o que continuamos
-
vendo como difícil, como medo, percebemos
que é realmente um trampolim para
-
o amor maior. Uma dimensão de amor, de
paz, de compaixão, e todos estamos nisto.
-
Até mesmo aqueles que pensamos que não
estão. Todos nós somos levados a isso.
-
Podemos saber que consciência existe.
Isso podemos saber com certeza.
-
Tudo o mais podemos fazer suposições
educadas a respeito.
-
Talvez suposições muito boas,
mas, suposições, nada mais que isso.
-
Consciência é o único pré-teórico
fato dado da natureza.
-
Tudo o mais são abstrações
teóricas que surgem entre a consciência.
-
A consciência é a única axioma da
natureza. Que isso exista é o única
-
certeza absoluta na natureza.
E eu posso te afirmar que isso
-
é baseado em evidência racional e
empírica saindo das bases da física,
-
saindo da neurociência da consciência.
Isso tem se tornado
-
extraordinariamente pouco provável que
a consciência não é fundamental.
-
Pensar em consciência como secundária ou
epifenomenal leva a todos
-
os tipos de problemas insolúveis.
Então, tem excelente razões racionais
-
e empíricas para considerar
a consciência como uma das ou até o
-
único bloco de construção fundamental da
natureza. Física é fundamentalmente uma
-
ciência da percepção. É uma tentativa de
explicar os padrões e regularidades do
-
mundo que percebemos. Não tenta
transcender a percepção.
-
Até quando físicos usam instrumentos como
telescópios, microscópios, osciloscópios,
-
ou qualquer oscópio que você queira, a
saída desses instrumentos ainda precisam
-
ser percebidos. Então, tudo na física é
filtrado através do paradigma
-
da percepção, pode-se dizer. Física é uma
ciência de percepção. Então, ela não faz
-
qualquer tentativa de ver fundamentalmente
além do físico ou fundamentalmente além
-
da matéria, porque fisicalidade e matéria
são apenas outras palavras para o mundo
-
que percebemos, para o conteúdo da
percepção. A vida é o instrumento
-
para sua própria compreensão.
Para entender a vida,
-
você não se desliga da vida.
Você não se desliga daquilo que
-
você está tentando entender. O que você
faz é prestar atenção ao que
-
está acontecendo, tenta capturar a nuance.
Pergunta para si, "Sobre o que é isso?
-
Por quê isso está acontecendo?
O que isso significa?
-
Vida no mundo é um livro
para ser lido e decifrado.
-
Mas, nos podemos nos pegar
numa necessidade compreensiva
-
de sofrer menos, que nos esquecemos
de ler o livro.
-
Nós esquecemos de prestar atenção.
Enquanto o livro é a chave
-
para sua própria decifração.
Se você decifrar o livro
-
da vida, você automaticamente irá sofrer
menos, mas você não pode decifrar
-
isso se você não estiver com seus olhos
na bola, se não tiver prestando atenção.
-
A vida é a ferramenta para seu próprio
entendimento.
-
Todas as grandes religiões e as tradições
espirituais foram fundadas nesse
-
entendimento. Nominalmente existe uma
realidade infinita e indivisível que
-
brilha em cada um de nós, como a
experiência do "eu sou" e que aparece para
-
nós como o mundo.Em outras palavras existe
um oceano do ser, que constitui
-
a base de todos e tudo do qual todos e
tudo deriva sua existência.
-
Que em todos e tudo
vive, e onde desaparece.
-
E este é realmente o princípio fundador
de todas as grandes
-
tradições religiosas, este reconhecimento
da unidade do SER.
-
O primeiro princípio hermético é que "O
todo é mente, o universo é mental."
-
Onde quer que olhemos é A mente. Como
Rumi disse, "Onde eu olho, existe a face
-
de Deus. " Quer observemos o
micro mundo ou no macrocosmo do espaço,
-
nós encontramos A mente. Aqui é uma imagem
dos neurônios humanos, e esta é uma imagem
-
simulada da distribuição da Matéria Escura
em todo o Universo.
-
A corrida do milênio é uma simulação feita
pelo Instituto Max Planck usando
-
supercomputadores para criar a representação
da distribuição e evolução da matéria
-
escura no universo. Matéria Escura forma
uma vasta teia Cósmica de filamentos
-
interconectados e que nos é visivelmente
quase idêntico a neurônios e a caminhos
-
neurais encontrados no cérebro humano.
E o mesmo padrão é onipresente por toda a
-
natureza. Nós podemos o chamar de A Mente,
ou Deus ou simplesmente "tudo que é".
-
E o que é referido como Deus não é algum
ser externo além e anterior ao mundo.
-
Deus é o ser que brilha em cada um de nós
como o conhecimento "eu sou" e aparece
-
para nós como o mundo. Então, nós
podemos dizer deste ponto de vista
-
em língua religiosa, o mundo é a aparência
do mundo de Deus, o Logos,
-
e que nós somos localizações da mente
de Deus dentro da mente de Deus.
-
Então, como um campo universal de
subjetividade, uma consciência universal,
-
como parece ser muitos? Porque não consigo
ler seus pensamentos, presumidamente
-
você não pode ler os meus.
Eu não sei o que está acontecendo na
-
galáxia de Andromeda, nem na China. Nós
não temos a experiência cheia da
-
totalidade da natureza, então como esta
uma mente que a natureza é ter estas
-
limitações e parecer ser muitas? Bem,
acho que sabemos um processo natural
-
que faz exatamente isto. É chamado de
dissociação na psiquiatria. É um processo
-
de acordo com o qual uma mente
aparentemente se fragmenta em múltiplos
-
centros desarticulados de consciência.
Nós temos evidências empíricas
-
definitivas disso em pessoas, em humanos,
da neuroimagem e agora
-
acho que estamos
perto de começar a ter um explícito
-
relato conceitual de dissociação baseado
na teoria da informação integrada, que é
-
a principal teoria na neurociência da
consciência. Quando um limite dissociativo
-
é formado, você pode apenas ver está do
outro lado dele através da percepção.
-
E o que você então percebe é
matéria, fisicalidade. Em outras palavras,
-
matéria, fisicalidade, é a aparência
consciente do processo de consciência
-
através de um limite dissociativo.
-
Se descrevermos esses processos nos termos
das teorias modernas ou usando
-
modelos antigos como os cinco skandhas, o
que interessa é que tornamos esses
-
processos que são geralmente
inconscientes, conscientes.
-
Quando eles se tornam conscientes,
aí, a resistência dentro da
-
estrutura do eu pode cair.
A operação inconsciente
-
do "EU" pode cair. A percepção que nós
somos um corpo físico, a percepção
-
das sensações no corpo, a conceituação de
objetos e coisas, a identificação com
-
preferências em relação a essas coisas,
e a sensação de que há uma
-
testemunha assistindo a tudo isso, todos
esses processos mentais são percebidos
-
como vazios do eu. Em outras palavras,
nós nos desidentificamos dos fenômenos,
-
ao mesmo tempo que permitimos que ele seja
exatamente como ele é. Isto não é fugir da
-
vida. Pelo contrário, isto é um
aprofundamento da intimidade com a vida.
-
Meu entendimento de que consciência é
fundamental e precede a fisicalidade,
-
ao longo dos anos mudou fundamentalmente
minha experiência de vida no mundo e
-
o que significa ser um ser humano vivo no
mundo.Para mim, isto aconteceu lentamente.
-
Primeiramente isto era apenas um mero
conceito em minha cabeça e, aí,
-
isso meio que se afundou dentro do corpo e
começou a modular minhas emoções,
-
meus sentimentos, e isso muda tudo. Isso muda
o que você considera ser uma vida bem
-
vivida, muda o que você considera ser
objetivos dignos de serem perseguidos,
-
muda sua percepção do eu, muda sua relação
com outras criaturas vivas,
-
é, isso muda tudo. Objetivos pessoais em
termos de status, poder, dinheiro,
-
foram embora. A consciência de que minha
vida não existe, nunca existiu,
-
e de que nunca será sobre mim, mas é
sobre a natureza, e eu sou apenas uma
-
manifestação local da natureza, esta
compreensão leva a um relaxamento
-
profundo dessa ansiedade que vem com a
necessidade de alcançar determinados
-
objetivos pessoais ou com a decepção que
vem quando não alcança esses objetivos
-
pessoais. Tudo isso se vai. Vivo a vida
agora como uma forma de servir a natureza.
-
Estou aberto a fazer o que quer que a
natureza queira fazer através de mim e
-
embora isso possa parecer como estar
amarrado ao serviço como um escravo, eu não
-
me sinto assim. Sinto não ter mais aquela
opressiva e esmagadora responsabilidade
-
de me fazer pessoalmente feliz. A qual é
a ideia mais opressiva existente que
-
a mente humana pode ter, que é que sua
vida é sobre você e por isso
-
você tem a responsabilidade de ser feliz,
então quando você falha nisso o fracasso é
-
seu e, então, você começa a se arrepender.
Não, isso se foi. Isso desapareceu.
-
Isso é uma das coisas que mudou em minha
vida. O profundo entendimento de que a
-
realidade conduz diretamente à empatia, ao
respeito mútuo, a propósitos não egoicos.
-
Ela conduz para menos padrões de
comportamento.
-
Então, não há dúvida absoluta que se o
entendimento da humanidade fosse mais
-
profundo e mais difundido,
a vida definitivamente seria melhor.
-
A solução para os problemas do mundo é
reconhecer a verdadeira fonte dos
-
problemas, que é o ego, que opera apenas
para seu próprio interesse. Não
-
interessando com o que o ego se envolve;
política,religião, economia ou educação.
-
Contanto que opere da premissa falsa de
que é separado do "eu", então nós vamos
-
continuar perpetuando o sofrimento e
separação.
-
A única solução para a humanidade
agora é acordar.
-
Em budismo, quando não mais existe um
senso do eu como uma coisa separada e, ao
-
mesmo tempo, ninguém menos que o Eu, é
nirvana, a cessação do egocentrismo,
-
a cessação da ilusão,
a cessação dos sonhos e
-
e o despertar do personagem
no sonho da vida.
-
A Bíblia diz que o Verbo se fez carne
e habitou entre nós.
-
O Verbo é muitas vezes traduzido como
Logos, que é uma palavra antiga com um
-
profundo significado. O logos é associado
com a eternidade, verdade e revelação
-
direta. Você poderia dizer que é através
do Logos ou através da Consciência
-
Crística, ou Natureza de Buda que
A mente de Deus é revelada.