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A história do nosso mundo em 18 minutos

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    Primeiro, um vídeo.
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    Sim, é um ovo mexido.
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    Mas, ao olharem para ele,
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    espero que se comecem a sentir
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    um pouco desconfortáveis.
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    Porque se podem aperceber de que o que está realmente a acontecer
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    é que o ovo se está a "desmexer" a si próprio.
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    E agora verão que a gema e a clara se separaram.
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    E agora vão regressar ao interior do ovo.
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    E todos nós temos a convicção profunda
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    de que esta não é a maneira como o Universo funciona.
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    Um ovo mexido é desordem, desordem saborosa, mas desordem.
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    Um ovo é uma coisa bela, sofisticada
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    capaz de criar coisas ainda mais sofisticadas,
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    tais como frangos.
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    E nós temos a convicção profunda
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    de que o Universo não caminha
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    da desordem para a complexidade.
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    De facto, este conhecimento instintivo
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    reflete-se numa das mais fundamentais leis da Física,
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    a segunda lei da termodinâmica, ou lei da entropia.
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    O que esta lei diz basicamente
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    é que a tendência geral do Universo
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    é mover-se da ordem
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    e estrutura
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    para a falta de ordem, falta de estrutura --
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    de facto, para a desordem.
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    E é por isso que aquele vídeo
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    nos parece um pouco estranho.
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    E, contudo,
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    olhem à nossa volta.
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    O que vemos em nosso redor,
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    é complexidade assombrosa.
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    Eric Beinhocker estima que, em Nova Iorque apenas,
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    sejam negociadas cerca de 10 mil milhões de UMS, ou diferentes mercadorias,
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    o que equivale a centenas de vezes o número de espécies
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    que existem na Terra.
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    E essas mercadorias estão a ser negociadas por uma espécie
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    de quase 7 mil milhões de indivíduos
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    que estão ligados pelo comércio, as viagens e a Internet,
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    a um sistema global
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    de fabulosa complexidade.
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    Portanto, aqui está um enorme quebra-cabeças:
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    num Universo
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    regulado pela segunda lei da termodinâmica,
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    como é possível
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    gerar-se o tipo de complexidade que descrevi --
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    o tipo de complexidade representado por vocês e por mim
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    e pelo centro de convenções?
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    Bem, a resposta parece ser
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    que o Universo consegue criar complexidade,
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    mas com grande dificuldade.
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    Em bolsas,
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    aparecem o que o meu colega, Fred Spier,
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    designa como "condições Goldilocks" (Caracóis de Oiro) --
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    nem demasiado calor, nem demasiado frio;
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    exatamente o necessário para a criação da complexidade.
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    E coisas ligeiramente mais complexas aparecem.
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    E onde vocês têm coisas ligeiramente mais complexas,
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    conseguem coisas ligeiramente mais complexas.
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    E, desta forma, a complexidade constrói-se
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    etapa a etapa.
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    Cada etapa é mágica
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    porque cria a sensação de alguma coisa inteiramente nova
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    a surgir, praticamente do nada, no Universo.
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    Na Grande História, referimo-nos a estes momentos
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    como momentos limiar.
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    E em cada limiar,
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    torna-se mais complicado avançar.
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    As coisas complexas tornam-se mais frágeis,
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    mais vulneráveis,
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    as condições Goldilocks tornam-se mais rigorosas,
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    e é mais difícil
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    criar complexidade.
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    Agora, nós, como criaturas extremamente complexas,
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    precisamos desesperadamente de saber esta história
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    de como o Universo cria a complexidade,
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    apesar da segunda lei,
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    e porque é que a complexidade
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    significa vulnerabilidade
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    e fragilidade.
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    E é essa a história que contamos na Grande História.
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    Mas, para o fazer, é necessário fazer uma coisa
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    que pode, à primeira vista, parecer completamente impossível.
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    É preciso examinar toda a história do Universo.
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    Portanto, vamos fazer isso.
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    (Risos)
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    Vamos começar por recuar na linha do tempo
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    13,7 mil milhões de anos
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    até ao início do tempo.
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    À nossa volta, não há nada.
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    Nem mesmo tempo ou espaço.
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    Imaginem a coisa mais escura e mais vazia que conseguirem,
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    e elevem-na ao infinito
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    e é aí que nos encontramos.
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    E, então, subitamente,
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    bang! Um Universo aparece, um Universo inteiro.
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    E acabámos de transpor o nosso primeiro limiar.
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    O Universo é minúsculo; menor do que um átomo.
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    Está incrivelmente quente.
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    Contém tudo o que existe no Universo atual,
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    por isso, podem imaginar, está a rebentar,
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    e a expandir-se a uma velocidade vertiginosa.
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    E inicialmente é um mero borrão,
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    mas, muito rapidamente, coisas distintas começam a aparecer nesse borrão.
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    Durante o primeiro segundo,
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    a própria energia divide-se em forças distintas
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    incluindo o eletromagnetismo e a gravidade.
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    E a energia faz uma outra coisa realmente mágica,
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    solidifica-se, para formar matéria --
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    quarks que criarão protões
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    e leptões que incluem eletrões.
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    E tudo isso acontece durante o primeiro segundo.
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    Agora avançamos 380.000 anos.
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    Que corresponde ao dobro do tempo da existência dos humanos neste planeta.
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    E agora aparecem átomos simples
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    de hidrogénio e hélio.
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    Agora, quero fazer uma breve pausa,
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    380.000 anos depois das origens do Universo,
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    porque, na verdade, sabemos bastante
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    sobre o Universo neste estágio.
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    Sabemos, acima de tudo, que era extremamente simples.
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    Consistia em enormes nuvens
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    de átomos de hidrogénio e hélio,
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    sem qualquer estrutura.
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    São, na realidade, uma espécie de desordem cósmica.
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    Mas isso não é completamente verdade.
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    Estudos recentes
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    de satélites como o WMAP (Wilkinson Microwave Anisotropy Probe)
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    mostraram-nos que, de facto, há pequenas diferenças de fundo.
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    O que veem aqui,
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    as áreas azuis estão cerca de 1 milésimo de grau mais frias
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    do que as áreas vermelhas.
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    São pequeníssimas diferenças,
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    mas foram suficientes para que o Universo avançasse
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    para o estágio seguinte de construção de complexidade.
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    E é assim que isto funciona.
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    A gravidade é mais poderosa
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    onde há mais coisas.
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    Por isso, nas áreas ligeiramente mais densas,
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    a gravidade começa a compactar as nuvens
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    de átomos de hidrogénio e hélio.
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    Por isso, podemos imaginar o Universo primevo a irromper
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    em mil milhões de nuvens.
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    E cada nuvem é compactada,
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    a gravidade torna-se mais poderosa à medida que a densidade aumenta,
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    a temperatura começa a subir no centro de cada nuvem,
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    e, então, no centro de cada nuvem,
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    a temperatura ultrapassa a temperatura limiar
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    de 10 milhões de graus,
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    os protões começam a fundir-se,
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    há uma enorme libertação de energia,
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    e, bang!
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    Temos as nossas primeiras estrelas.
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    Cerca de 200 milhões de anos depois do Big Bang,
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    as estrelas começam a aparecer por todo o Universo,
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    milhares de milhões delas.
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    E o Universo é agora significativamente mais interessante
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    e mais complexo.
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    As estrelas vão criar as condições Goldilocks
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    para se ultrapassarem dois novos limiares.
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    Quando estrelas muito grandes morrem,
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    originam temperaturas tão elevadas
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    que os protões se começam a fundir em todo o tipo de combinações exóticas,
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    formando todos os elementos da tabela periódica.
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    Se, como eu, vocês estão a usar uma aliança de ouro,
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    ela foi forjada na explosão de uma supernova.
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    Portanto, agora o Universo é quimicamente mais complexo.
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    E, num Universo quimicamente mais complexo,
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    é possível fazer mais coisas.
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    E o que começa a acontecer
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    é que, em torno de jovens sóis,
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    jovens estrelas,
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    todos estes elementos se combinam, giram em órbita,
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    a energia da estrela move-os num movimento circular,
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    eles formam partículas, formam flocos de neve,
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    formam pequenos grãos de poeira,
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    formam pedras, formam asteróides,
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    e finalmente formam planetas e luas.
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    E foi assim que o nosso sistema solar se formou,
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    há 4,5 mil milhões de anos.
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    Planetas rochosos, como a nossa Terra,
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    são significativamente mais complexos do que as estrelas
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    porque contêm uma muito maior diversidade de materiais.
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    Portanto, atravessámos o quarto limiar de complexidade.
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    Agora, avançar torna-se mais difícil.
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    O próximo estágio introduz entidades
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    que são significativamente mais frágeis,
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    significativamente mais vulneráveis,
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    mas que são também muito mais criativas
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    e muito mais capazes de gerar maior complexidade.
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    Estou a falar, evidentemente,
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    dos organismos vivos.
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    Os organismos vivos são criados pela química.
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    Nós somos enormes pacotes de produtos químicos.
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    Então, a química é dominada pela força eletromagnética.
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    Que opera sobre escalas menores que a gravidade,
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    o que explica a razão por que vocês e eu
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    somos mais pequenos do que as estrelas e os planetas.
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    Agora, quais são as condições ideais para a química?
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    Quais são as condições Goldilocks?
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    Bem, em primeiro lugar, vocês precisam de energia,
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    mas não demais --
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    no centro de uma estrela, há tanta energia,
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    que quaisquer átomos que se combinem voltam a ser separados.
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    Mas não de menos --
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    no espaço intergalático, há tão pouca energia
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    que os átomos não se conseguem combinar.
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    O que vocês pretendem é exatamente a quantidade certa,
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    e acontece que os planetas têm a quantidade certa,
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    porque se encontram perto das estrelas, mas não demasiado perto.
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    Vocês também precisam de uma grande diversidade de elementos químicos,
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    e necessitam de líquido, como a água.
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    Porquê?
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    Bem, nos gases, os átomos passam uns pelos outros tão depressa
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    que não se conseguem ligar.
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    Nos sólidos,
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    os átomos estão colados, não se conseguem mover.
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    Nos líquidos,
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    eles podem passear e abraçar-se
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    e unir-se para formarem moléculas.
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    Agora, onde é que se encontram estas condições Goldilocks?
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    Bom, os planetas são ótimos,
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    e a nossa Terra na sua origem
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    era quase perfeita.
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    Estava à distância correta, em relação à sua estrela,
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    para conter enormes oceanos de água líquida.
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    E nas profundezas, sob esses oceanos,
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    a partir de fendas existentes na crusta terrestre,
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    liberta-se calor, proveniente do interior da Terra,
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    e existe uma enorme diversidade de elementos.
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    Assim, nessas profundas aberturas oceânicas,
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    começou a acontecer química fantástica,
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    e os átomos ligaram-se em todo o tipo de combinações exóticas.
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    Mas, evidentemente, a vida é mais
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    do que mera química exótica.
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    Como é que vocês estabilizam
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    essas enormes moléculas
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    que parecem ser viáveis?
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    Bem, é aqui que a vida introduz
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    um truque inteiramente novo.
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    Não se estabiliza o indivíduo;
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    estabiliza-se o modelo,
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    aquilo que transporta a informação,
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    e permite-se que o modelo se copie a si próprio.
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    E o ADN, claro,
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    é a bela molécula
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    que contém essa informação.
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    Vocês estarão familiarizados com a dupla hélice do ADN.
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    Cada ponte contém informação.
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    Portanto, o ADN contém informação
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    sobre como fazer organismos vivos.
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    E o ADN também se copia a si mesmo.
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    Então, copia-se a si próprio
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    e espalha os modelos através do oceano.
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    E assim a informação espalha-se.
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    Notem que a informação passou a fazer parte da nossa história.
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    Todavia, a verdadeira beleza do ADN
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    está nas suas imperfeições.
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    Quando se copia a si próprio,
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    uma vez em cada mil milhões de pontes,
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    tende a ocorrer um erro.
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    E o que isso significa
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    é que, na realidade, o ADN está a aprender.
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    Está a acumular novas maneiras de fazer organismos vivos
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    porque alguns desses erros funcionam.
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    Portanto, o ADN está a aprender
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    e está a construir maior diversidade e maior complexidade.
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    E podemos ver isto a acontecer no decurso dos últimos 4 mil milhões de anos.
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    Durante a maior parte desse tempo de vida na Terra,
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    os organismos vivos eram relativamente simples --
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    células únicas.
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    Mas havia grande diversidade,
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    e, no interior, grande complexidade.
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    Depois, a partir de há cerca de 600 a 800 milhões de anos,
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    apareceram organismos multicelulares.
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    Vocês têm os fungos, os peixes,
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    as plantas,
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    os anfíbios, os répteis,
  • 11:37 - 11:40
    e depois, evidentemente, os dinossauros.
  • 11:40 - 11:44
    E ocasionalmente acontecem desastres.
  • 11:44 - 11:46
    Há 65 milhões de anos,
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    um asteróide aterrou na Terra
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    perto da Península do Iucatão,
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    criando condições equivalentes às de uma guerra nuclear,
  • 11:53 - 11:55
    e os dinossauros foram varridos.
  • 11:55 - 11:59
    Péssimas notícias para os dinossauros.
  • 11:59 - 12:02
    Mas ótimas notícias para os nossos antepassados mamíferos
  • 12:02 - 12:04
    que floresceram
  • 12:04 - 12:07
    nos nichos deixados vazios pelos dinossauros.
  • 12:07 - 12:09
    E nós, seres humanos,
  • 12:09 - 12:12
    somos parte desse impulso criativo evolutivo
  • 12:12 - 12:15
    que começou há 65 milhões de anos
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    com a chegada de um asteróide.
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    Os humanos apareceram há cerca de 200.000 anos.
  • 12:21 - 12:23
    E eu acredito que nós contamos
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    como um limiar nesta grandiosa história.
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    Deixem-me explicar porquê.
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    Vimos que o ADN aprende num certo sentido,
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    acumula informação.
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    Mas isso é muito lento.
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    O ADN acumula informação
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    através de erros aleatórios,
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    alguns dos quais realmente funcionam.
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    Mas na realidade o ADN tinha desenvolvido uma maneira mais rápida de aprender;
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    tinha produzido organismos com cérebros,
  • 12:46 - 12:49
    e esses organismos podem aprender em tempo real.
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    Eles acumulam informação, aprendem.
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    A parte triste é que
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    quando eles morrem, a informação morre com eles.
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    Agora, o que torna os humanos diferentes
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    é a linguagem humana.
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    Somos abençoados com uma linguagem, um sistema de comunicação,
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    tão poderoso e tão preciso
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    que nós podemos partilhar o que aprendemos com tal precisão
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    que se pode acumular na memória coletiva.
  • 13:12 - 13:14
    E isso significa
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    que pode perdurar para além dos indivíduos que aprenderam essa informação,
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    e pode acumular-se de geração para geração.
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    E é por isso que, como espécie, somos tão criativos
  • 13:23 - 13:25
    e tão poderosos,
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    e é por isso que temos uma história.
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    Parecemos ser a única espécie, em 4 mil milhões de anos,
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    a ter este dom.
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    Chamo a esta habilidade
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    aprendizagem coletiva.
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    É o que nos torna diferentes.
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    Podemos observar isso a funcionar
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    nos primeiros estágios da história humana.
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    Nós evoluímos, como espécie,
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    nas savanas de África,
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    mas depois assiste-se à migração dos humanos para novos ambientes --
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    para os desertos, para as selvas,
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    para a tundra do período glacial da Sibéria --
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    um ambiente muito, muito duro --
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    para as Américas, para a Australásia.
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    Cada migração envolveu aprendizagem --
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    de novas maneiras de explorar o ambiente,
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    novas maneiras de lidar como o meio em redor.
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    Depois, há 10.000 anos,
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    explorando uma súbita mudança no clima global
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    com o fim do último período glaciar,
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    os humanos aprenderam a agricultura.
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    A agricultura era uma riquíssima fonte de energia.
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    E explorando essa energia,
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    as populações humanas multiplicaram-se.
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    As sociedades humanas tornaram-se maiores, mais densas,
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    mais interligadas.
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    E, então, desde há cerca de 500 anos,
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    os humanos começaram a articular-se globalmente
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    através dos navios, através dos comboios.
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    através do telégrafo, através da Internet,
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    até que agora parecemos formar
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    um único cérebro global
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    de cerca de 7 mil milhões de indivíduos.
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    E esse cérebro está a aprender à velocidade "warp".
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    E nos últimos 200 anos, uma outra coisa aconteceu:
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    tropeçámos numa outra riquíssima fonte de energia
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    os combustíveis fósseis.
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    E assim, combustíveis fósseis e aprendizagem coletiva, juntos
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    explicam a complexidade desconcertante
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    que vemos à nossa volta.
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    Portanto, aqui estamos nós
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    de volta ao centro de convenções.
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    Estivemos numa viagem, uma viagem de regresso,
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    de 13,7 mil milhões de anos.
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    Espero que vocês concordem que se trata de uma história poderosa.
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    E é uma história na qual os humanos
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    desempenham um papel espantoso e criativo.
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    Mas que também contém avisos.
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    A aprendizagem coletiva é uma força muito, muito poderosa,
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    e não é claro
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    que nós, humanos, consigamos controlá-la.
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    Recordo-me vivamente de quando era criança, em Inglaterra,
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    viver a época da Crise dos Mísseis de Cuba.
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    Durante alguns dias,
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    a biosfera inteira
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    parecia estar à beira da destruição.
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    E as mesmas armas ainda aqui estão,
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    e ainda estão armadas.
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    Se evitarmos essa armadilha,
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    outras estarão à nossa espera.
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    Nós estamos a queimar combustíveis fósseis em tal quantidade
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    que parece estarmos a minar as condições "Goldilocks"
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    que possibilitaram às civilizações humanas
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    florescerem durante os últimos 10.000 anos.
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    Portanto, o que a Grande História pode fazer
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    é mostrar-nos a natureza da nossa complexidade e fragilidade
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    e os perigos que temos pela frente,
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    mas também nos pode mostrar
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    o poder que temos com a aprendizagem coletiva.
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    E agora, finalmente,
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    é isto que eu quero.
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    Eu quero que o meu neto Daniel
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    e os seus amigos e a sua geração,
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    pelo mundo fora,
  • 16:31 - 16:34
    conheçam a história da Grande História,
  • 16:34 - 16:36
    e que a conheçam tão bem
  • 16:36 - 16:38
    que compreendam
  • 16:38 - 16:40
    tanto os desafios que enfrentamos
  • 16:40 - 16:43
    como as oportunidades que nos surgem.
  • 16:43 - 16:45
    E é por isso que um grupo, entre nós,
  • 16:45 - 16:47
    está a criar um curso gratuito on-line
  • 16:47 - 16:49
    em Grande História
  • 16:49 - 16:51
    para alunos do ensino secundário de todo o mundo.
  • 16:51 - 16:54
    Acreditamos que a Grande História
  • 16:54 - 16:57
    será, para eles, uma ferramenta intelectual vital,
  • 16:57 - 17:00
    quando o Daniel e a sua geração
  • 17:00 - 17:02
    enfrentarem os enormes desafios
  • 17:02 - 17:04
    e também as enormes oportunidades
  • 17:04 - 17:07
    que os esperam neste momento limiar
  • 17:07 - 17:11
    da história do nosso belo planeta.
  • 17:11 - 17:13
    Agradeço-vos pela vossa atenção.
  • 17:13 - 17:18
    (Aplausos)
Title:
A história do nosso mundo em 18 minutos
Speaker:
David Christian
Description:

Apoiado por belíssimas ilustrações, David Christian narra a história completa do Universo, desde o Big Bang até à Internet, em 18 minutos fascinantes. Esta é a "Grande História": um olhar esclarecedor e abrangente sobre a complexidade, a vida e a humanidade, em contraponto com a nosso fino quinhão no cronograma cósmico.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
17:19
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The history of our world in 18 minutes
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The history of our world in 18 minutes
Ilona Bastos added a translation

Portuguese subtitles

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