A história do nosso mundo em 18 minutos
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0:00 - 0:03Primeiro, um vídeo.
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0:09 - 0:12Sim, é um ovo mexido.
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0:13 - 0:15Mas, ao olharem para ele,
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0:15 - 0:17espero que se comecem a sentir
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0:17 - 0:20um pouco desconfortáveis.
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0:21 - 0:24Porque se podem aperceber de que o que está realmente a acontecer
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0:24 - 0:27é que o ovo se está a "desmexer" a si próprio.
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0:27 - 0:29E agora verão que a gema e a clara se separaram.
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0:29 - 0:32E agora vão regressar ao interior do ovo.
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0:32 - 0:35E todos nós temos a convicção profunda
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0:35 - 0:38de que esta não é a maneira como o Universo funciona.
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0:39 - 0:42Um ovo mexido é desordem, desordem saborosa, mas desordem.
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0:42 - 0:45Um ovo é uma coisa bela, sofisticada
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0:45 - 0:47capaz de criar coisas ainda mais sofisticadas,
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0:47 - 0:49tais como frangos.
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0:49 - 0:51E nós temos a convicção profunda
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0:51 - 0:53de que o Universo não caminha
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0:53 - 0:55da desordem para a complexidade.
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0:55 - 0:57De facto, este conhecimento instintivo
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0:57 - 1:00reflete-se numa das mais fundamentais leis da Física,
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1:00 - 1:03a segunda lei da termodinâmica, ou lei da entropia.
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1:03 - 1:05O que esta lei diz basicamente
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1:05 - 1:08é que a tendência geral do Universo
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1:08 - 1:10é mover-se da ordem
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1:10 - 1:12e estrutura
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1:12 - 1:14para a falta de ordem, falta de estrutura --
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1:14 - 1:16de facto, para a desordem.
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1:16 - 1:18E é por isso que aquele vídeo
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1:18 - 1:20nos parece um pouco estranho.
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1:20 - 1:22E, contudo,
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1:22 - 1:24olhem à nossa volta.
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1:24 - 1:26O que vemos em nosso redor,
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1:26 - 1:28é complexidade assombrosa.
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1:28 - 1:31Eric Beinhocker estima que, em Nova Iorque apenas,
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1:31 - 1:35sejam negociadas cerca de 10 mil milhões de UMS, ou diferentes mercadorias,
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1:35 - 1:38o que equivale a centenas de vezes o número de espécies
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1:38 - 1:40que existem na Terra.
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1:40 - 1:42E essas mercadorias estão a ser negociadas por uma espécie
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1:42 - 1:44de quase 7 mil milhões de indivíduos
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1:44 - 1:47que estão ligados pelo comércio, as viagens e a Internet,
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1:47 - 1:49a um sistema global
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1:49 - 1:52de fabulosa complexidade.
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1:52 - 1:54Portanto, aqui está um enorme quebra-cabeças:
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1:54 - 1:56num Universo
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1:56 - 1:59regulado pela segunda lei da termodinâmica,
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1:59 - 2:01como é possível
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2:01 - 2:04gerar-se o tipo de complexidade que descrevi --
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2:04 - 2:07o tipo de complexidade representado por vocês e por mim
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2:07 - 2:10e pelo centro de convenções?
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2:10 - 2:13Bem, a resposta parece ser
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2:13 - 2:16que o Universo consegue criar complexidade,
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2:16 - 2:18mas com grande dificuldade.
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2:18 - 2:20Em bolsas,
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2:20 - 2:22aparecem o que o meu colega, Fred Spier,
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2:22 - 2:24designa como "condições Goldilocks" (Caracóis de Oiro) --
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2:24 - 2:26nem demasiado calor, nem demasiado frio;
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2:26 - 2:29exatamente o necessário para a criação da complexidade.
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2:29 - 2:31E coisas ligeiramente mais complexas aparecem.
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2:31 - 2:33E onde vocês têm coisas ligeiramente mais complexas,
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2:33 - 2:35conseguem coisas ligeiramente mais complexas.
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2:35 - 2:38E, desta forma, a complexidade constrói-se
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2:38 - 2:40etapa a etapa.
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2:40 - 2:43Cada etapa é mágica
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2:43 - 2:46porque cria a sensação de alguma coisa inteiramente nova
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2:46 - 2:49a surgir, praticamente do nada, no Universo.
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2:49 - 2:51Na Grande História, referimo-nos a estes momentos
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2:51 - 2:53como momentos limiar.
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2:53 - 2:55E em cada limiar,
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2:55 - 2:57torna-se mais complicado avançar.
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2:57 - 3:00As coisas complexas tornam-se mais frágeis,
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3:00 - 3:02mais vulneráveis,
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3:02 - 3:05as condições Goldilocks tornam-se mais rigorosas,
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3:05 - 3:07e é mais difícil
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3:07 - 3:09criar complexidade.
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3:09 - 3:12Agora, nós, como criaturas extremamente complexas,
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3:12 - 3:15precisamos desesperadamente de saber esta história
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3:15 - 3:17de como o Universo cria a complexidade,
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3:17 - 3:19apesar da segunda lei,
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3:19 - 3:21e porque é que a complexidade
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3:21 - 3:23significa vulnerabilidade
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3:23 - 3:25e fragilidade.
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3:25 - 3:28E é essa a história que contamos na Grande História.
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3:28 - 3:30Mas, para o fazer, é necessário fazer uma coisa
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3:30 - 3:32que pode, à primeira vista, parecer completamente impossível.
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3:32 - 3:36É preciso examinar toda a história do Universo.
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3:37 - 3:39Portanto, vamos fazer isso.
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3:39 - 3:41(Risos)
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3:41 - 3:44Vamos começar por recuar na linha do tempo
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3:44 - 3:4713,7 mil milhões de anos
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3:47 - 3:50até ao início do tempo.
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3:57 - 3:59À nossa volta, não há nada.
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3:59 - 4:03Nem mesmo tempo ou espaço.
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4:03 - 4:06Imaginem a coisa mais escura e mais vazia que conseguirem,
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4:06 - 4:08e elevem-na ao infinito
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4:08 - 4:10e é aí que nos encontramos.
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4:10 - 4:13E, então, subitamente,
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4:13 - 4:16bang! Um Universo aparece, um Universo inteiro.
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4:16 - 4:18E acabámos de transpor o nosso primeiro limiar.
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4:18 - 4:20O Universo é minúsculo; menor do que um átomo.
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4:20 - 4:22Está incrivelmente quente.
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4:22 - 4:24Contém tudo o que existe no Universo atual,
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4:24 - 4:26por isso, podem imaginar, está a rebentar,
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4:26 - 4:29e a expandir-se a uma velocidade vertiginosa.
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4:29 - 4:31E inicialmente é um mero borrão,
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4:31 - 4:34mas, muito rapidamente, coisas distintas começam a aparecer nesse borrão.
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4:34 - 4:36Durante o primeiro segundo,
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4:36 - 4:39a própria energia divide-se em forças distintas
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4:39 - 4:41incluindo o eletromagnetismo e a gravidade.
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4:41 - 4:44E a energia faz uma outra coisa realmente mágica,
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4:44 - 4:47solidifica-se, para formar matéria --
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4:47 - 4:49quarks que criarão protões
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4:49 - 4:52e leptões que incluem eletrões.
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4:52 - 4:54E tudo isso acontece durante o primeiro segundo.
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4:54 - 4:59Agora avançamos 380.000 anos.
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4:59 - 5:02Que corresponde ao dobro do tempo da existência dos humanos neste planeta.
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5:02 - 5:05E agora aparecem átomos simples
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5:05 - 5:08de hidrogénio e hélio.
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5:08 - 5:10Agora, quero fazer uma breve pausa,
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5:10 - 5:13380.000 anos depois das origens do Universo,
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5:13 - 5:15porque, na verdade, sabemos bastante
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5:15 - 5:17sobre o Universo neste estágio.
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5:17 - 5:20Sabemos, acima de tudo, que era extremamente simples.
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5:20 - 5:22Consistia em enormes nuvens
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5:22 - 5:24de átomos de hidrogénio e hélio,
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5:24 - 5:26sem qualquer estrutura.
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5:26 - 5:29São, na realidade, uma espécie de desordem cósmica.
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5:29 - 5:31Mas isso não é completamente verdade.
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5:31 - 5:33Estudos recentes
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5:33 - 5:36de satélites como o WMAP (Wilkinson Microwave Anisotropy Probe)
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5:36 - 5:40mostraram-nos que, de facto, há pequenas diferenças de fundo.
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5:40 - 5:42O que veem aqui,
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5:42 - 5:45as áreas azuis estão cerca de 1 milésimo de grau mais frias
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5:45 - 5:47do que as áreas vermelhas.
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5:47 - 5:49São pequeníssimas diferenças,
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5:49 - 5:51mas foram suficientes para que o Universo avançasse
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5:51 - 5:53para o estágio seguinte de construção de complexidade.
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5:53 - 5:55E é assim que isto funciona.
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5:55 - 5:58A gravidade é mais poderosa
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5:58 - 6:00onde há mais coisas.
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6:00 - 6:02Por isso, nas áreas ligeiramente mais densas,
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6:02 - 6:04a gravidade começa a compactar as nuvens
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6:04 - 6:06de átomos de hidrogénio e hélio.
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6:06 - 6:08Por isso, podemos imaginar o Universo primevo a irromper
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6:08 - 6:10em mil milhões de nuvens.
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6:10 - 6:12E cada nuvem é compactada,
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6:12 - 6:15a gravidade torna-se mais poderosa à medida que a densidade aumenta,
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6:15 - 6:17a temperatura começa a subir no centro de cada nuvem,
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6:17 - 6:19e, então, no centro de cada nuvem,
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6:19 - 6:22a temperatura ultrapassa a temperatura limiar
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6:22 - 6:24de 10 milhões de graus,
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6:24 - 6:26os protões começam a fundir-se,
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6:26 - 6:29há uma enorme libertação de energia,
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6:29 - 6:31e, bang!
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6:31 - 6:33Temos as nossas primeiras estrelas.
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6:33 - 6:37Cerca de 200 milhões de anos depois do Big Bang,
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6:37 - 6:40as estrelas começam a aparecer por todo o Universo,
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6:40 - 6:42milhares de milhões delas.
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6:42 - 6:45E o Universo é agora significativamente mais interessante
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6:45 - 6:48e mais complexo.
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6:48 - 6:50As estrelas vão criar as condições Goldilocks
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6:50 - 6:53para se ultrapassarem dois novos limiares.
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6:53 - 6:55Quando estrelas muito grandes morrem,
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6:55 - 6:58originam temperaturas tão elevadas
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6:58 - 7:01que os protões se começam a fundir em todo o tipo de combinações exóticas,
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7:01 - 7:04formando todos os elementos da tabela periódica.
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7:04 - 7:07Se, como eu, vocês estão a usar uma aliança de ouro,
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7:07 - 7:10ela foi forjada na explosão de uma supernova.
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7:10 - 7:13Portanto, agora o Universo é quimicamente mais complexo.
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7:13 - 7:16E, num Universo quimicamente mais complexo,
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7:16 - 7:18é possível fazer mais coisas.
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7:18 - 7:20E o que começa a acontecer
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7:20 - 7:22é que, em torno de jovens sóis,
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7:22 - 7:24jovens estrelas,
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7:24 - 7:26todos estes elementos se combinam, giram em órbita,
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7:26 - 7:28a energia da estrela move-os num movimento circular,
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7:28 - 7:31eles formam partículas, formam flocos de neve,
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7:31 - 7:33formam pequenos grãos de poeira,
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7:33 - 7:35formam pedras, formam asteróides,
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7:35 - 7:38e finalmente formam planetas e luas.
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7:38 - 7:41E foi assim que o nosso sistema solar se formou,
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7:41 - 7:44há 4,5 mil milhões de anos.
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7:44 - 7:47Planetas rochosos, como a nossa Terra,
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7:47 - 7:50são significativamente mais complexos do que as estrelas
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7:50 - 7:53porque contêm uma muito maior diversidade de materiais.
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7:53 - 7:56Portanto, atravessámos o quarto limiar de complexidade.
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7:57 - 8:00Agora, avançar torna-se mais difícil.
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8:01 - 8:03O próximo estágio introduz entidades
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8:03 - 8:05que são significativamente mais frágeis,
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8:05 - 8:07significativamente mais vulneráveis,
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8:07 - 8:10mas que são também muito mais criativas
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8:10 - 8:13e muito mais capazes de gerar maior complexidade.
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8:13 - 8:15Estou a falar, evidentemente,
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8:15 - 8:17dos organismos vivos.
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8:17 - 8:19Os organismos vivos são criados pela química.
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8:19 - 8:22Nós somos enormes pacotes de produtos químicos.
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8:23 - 8:26Então, a química é dominada pela força eletromagnética.
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8:26 - 8:28Que opera sobre escalas menores que a gravidade,
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8:28 - 8:30o que explica a razão por que vocês e eu
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8:30 - 8:32somos mais pequenos do que as estrelas e os planetas.
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8:32 - 8:35Agora, quais são as condições ideais para a química?
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8:35 - 8:37Quais são as condições Goldilocks?
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8:37 - 8:39Bem, em primeiro lugar, vocês precisam de energia,
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8:39 - 8:41mas não demais --
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8:41 - 8:43no centro de uma estrela, há tanta energia,
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8:43 - 8:46que quaisquer átomos que se combinem voltam a ser separados.
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8:46 - 8:48Mas não de menos --
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8:48 - 8:50no espaço intergalático, há tão pouca energia
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8:50 - 8:53que os átomos não se conseguem combinar.
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8:53 - 8:55O que vocês pretendem é exatamente a quantidade certa,
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8:55 - 8:57e acontece que os planetas têm a quantidade certa,
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8:57 - 9:00porque se encontram perto das estrelas, mas não demasiado perto.
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9:00 - 9:03Vocês também precisam de uma grande diversidade de elementos químicos,
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9:03 - 9:06e necessitam de líquido, como a água.
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9:06 - 9:08Porquê?
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9:08 - 9:11Bem, nos gases, os átomos passam uns pelos outros tão depressa
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9:11 - 9:13que não se conseguem ligar.
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9:13 - 9:15Nos sólidos,
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9:15 - 9:18os átomos estão colados, não se conseguem mover.
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9:18 - 9:20Nos líquidos,
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9:20 - 9:22eles podem passear e abraçar-se
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9:22 - 9:25e unir-se para formarem moléculas.
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9:25 - 9:28Agora, onde é que se encontram estas condições Goldilocks?
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9:28 - 9:30Bom, os planetas são ótimos,
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9:30 - 9:32e a nossa Terra na sua origem
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9:32 - 9:34era quase perfeita.
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9:34 - 9:36Estava à distância correta, em relação à sua estrela,
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9:36 - 9:39para conter enormes oceanos de água líquida.
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9:39 - 9:41E nas profundezas, sob esses oceanos,
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9:41 - 9:43a partir de fendas existentes na crusta terrestre,
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9:43 - 9:46liberta-se calor, proveniente do interior da Terra,
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9:46 - 9:48e existe uma enorme diversidade de elementos.
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9:48 - 9:50Assim, nessas profundas aberturas oceânicas,
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9:50 - 9:53começou a acontecer química fantástica,
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9:53 - 9:56e os átomos ligaram-se em todo o tipo de combinações exóticas.
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9:57 - 9:59Mas, evidentemente, a vida é mais
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9:59 - 10:01do que mera química exótica.
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10:01 - 10:03Como é que vocês estabilizam
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10:03 - 10:05essas enormes moléculas
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10:05 - 10:08que parecem ser viáveis?
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10:08 - 10:10Bem, é aqui que a vida introduz
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10:10 - 10:13um truque inteiramente novo.
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10:13 - 10:15Não se estabiliza o indivíduo;
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10:15 - 10:17estabiliza-se o modelo,
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10:17 - 10:19aquilo que transporta a informação,
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10:19 - 10:21e permite-se que o modelo se copie a si próprio.
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10:21 - 10:23E o ADN, claro,
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10:23 - 10:25é a bela molécula
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10:25 - 10:27que contém essa informação.
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10:27 - 10:30Vocês estarão familiarizados com a dupla hélice do ADN.
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10:30 - 10:32Cada ponte contém informação.
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10:32 - 10:34Portanto, o ADN contém informação
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10:34 - 10:37sobre como fazer organismos vivos.
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10:37 - 10:39E o ADN também se copia a si mesmo.
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10:39 - 10:41Então, copia-se a si próprio
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10:41 - 10:43e espalha os modelos através do oceano.
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10:43 - 10:45E assim a informação espalha-se.
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10:45 - 10:48Notem que a informação passou a fazer parte da nossa história.
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10:48 - 10:50Todavia, a verdadeira beleza do ADN
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10:50 - 10:52está nas suas imperfeições.
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10:52 - 10:54Quando se copia a si próprio,
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10:54 - 10:56uma vez em cada mil milhões de pontes,
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10:56 - 10:58tende a ocorrer um erro.
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10:58 - 11:00E o que isso significa
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11:00 - 11:03é que, na realidade, o ADN está a aprender.
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11:03 - 11:05Está a acumular novas maneiras de fazer organismos vivos
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11:05 - 11:07porque alguns desses erros funcionam.
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11:07 - 11:09Portanto, o ADN está a aprender
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11:09 - 11:12e está a construir maior diversidade e maior complexidade.
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11:12 - 11:15E podemos ver isto a acontecer no decurso dos últimos 4 mil milhões de anos.
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11:15 - 11:17Durante a maior parte desse tempo de vida na Terra,
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11:17 - 11:19os organismos vivos eram relativamente simples --
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11:19 - 11:21células únicas.
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11:21 - 11:23Mas havia grande diversidade,
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11:23 - 11:25e, no interior, grande complexidade.
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11:25 - 11:28Depois, a partir de há cerca de 600 a 800 milhões de anos,
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11:28 - 11:30apareceram organismos multicelulares.
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11:30 - 11:32Vocês têm os fungos, os peixes,
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11:32 - 11:34as plantas,
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11:34 - 11:37os anfíbios, os répteis,
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11:37 - 11:40e depois, evidentemente, os dinossauros.
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11:40 - 11:44E ocasionalmente acontecem desastres.
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11:44 - 11:46Há 65 milhões de anos,
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11:46 - 11:48um asteróide aterrou na Terra
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11:48 - 11:50perto da Península do Iucatão,
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11:50 - 11:53criando condições equivalentes às de uma guerra nuclear,
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11:53 - 11:55e os dinossauros foram varridos.
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11:55 - 11:59Péssimas notícias para os dinossauros.
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11:59 - 12:02Mas ótimas notícias para os nossos antepassados mamíferos
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12:02 - 12:04que floresceram
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12:04 - 12:07nos nichos deixados vazios pelos dinossauros.
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12:07 - 12:09E nós, seres humanos,
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12:09 - 12:12somos parte desse impulso criativo evolutivo
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12:12 - 12:15que começou há 65 milhões de anos
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12:15 - 12:17com a chegada de um asteróide.
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12:18 - 12:21Os humanos apareceram há cerca de 200.000 anos.
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12:21 - 12:23E eu acredito que nós contamos
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12:23 - 12:25como um limiar nesta grandiosa história.
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12:25 - 12:27Deixem-me explicar porquê.
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12:27 - 12:30Vimos que o ADN aprende num certo sentido,
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12:30 - 12:32acumula informação.
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12:32 - 12:34Mas isso é muito lento.
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12:34 - 12:36O ADN acumula informação
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12:36 - 12:38através de erros aleatórios,
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12:38 - 12:41alguns dos quais realmente funcionam.
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12:41 - 12:43Mas na realidade o ADN tinha desenvolvido uma maneira mais rápida de aprender;
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12:43 - 12:46tinha produzido organismos com cérebros,
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12:46 - 12:49e esses organismos podem aprender em tempo real.
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12:49 - 12:52Eles acumulam informação, aprendem.
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12:52 - 12:54A parte triste é que
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12:54 - 12:57quando eles morrem, a informação morre com eles.
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12:57 - 12:59Agora, o que torna os humanos diferentes
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12:59 - 13:01é a linguagem humana.
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13:01 - 13:03Somos abençoados com uma linguagem, um sistema de comunicação,
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13:03 - 13:06tão poderoso e tão preciso
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13:06 - 13:09que nós podemos partilhar o que aprendemos com tal precisão
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13:09 - 13:12que se pode acumular na memória coletiva.
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13:12 - 13:14E isso significa
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13:14 - 13:17que pode perdurar para além dos indivíduos que aprenderam essa informação,
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13:17 - 13:21e pode acumular-se de geração para geração.
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13:21 - 13:23E é por isso que, como espécie, somos tão criativos
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13:23 - 13:25e tão poderosos,
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13:25 - 13:27e é por isso que temos uma história.
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13:27 - 13:30Parecemos ser a única espécie, em 4 mil milhões de anos,
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13:30 - 13:32a ter este dom.
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13:32 - 13:34Chamo a esta habilidade
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13:34 - 13:36aprendizagem coletiva.
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13:36 - 13:38É o que nos torna diferentes.
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13:38 - 13:40Podemos observar isso a funcionar
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13:40 - 13:42nos primeiros estágios da história humana.
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13:42 - 13:44Nós evoluímos, como espécie,
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13:44 - 13:46nas savanas de África,
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13:46 - 13:49mas depois assiste-se à migração dos humanos para novos ambientes --
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13:49 - 13:51para os desertos, para as selvas,
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13:51 - 13:53para a tundra do período glacial da Sibéria --
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13:53 - 13:55um ambiente muito, muito duro --
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13:55 - 13:57para as Américas, para a Australásia.
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13:57 - 13:59Cada migração envolveu aprendizagem --
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13:59 - 14:02de novas maneiras de explorar o ambiente,
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14:02 - 14:04novas maneiras de lidar como o meio em redor.
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14:04 - 14:06Depois, há 10.000 anos,
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14:06 - 14:08explorando uma súbita mudança no clima global
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14:08 - 14:10com o fim do último período glaciar,
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14:10 - 14:13os humanos aprenderam a agricultura.
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14:13 - 14:15A agricultura era uma riquíssima fonte de energia.
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14:15 - 14:17E explorando essa energia,
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14:17 - 14:19as populações humanas multiplicaram-se.
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14:19 - 14:21As sociedades humanas tornaram-se maiores, mais densas,
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14:21 - 14:23mais interligadas.
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14:23 - 14:27E, então, desde há cerca de 500 anos,
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14:27 - 14:29os humanos começaram a articular-se globalmente
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14:29 - 14:31através dos navios, através dos comboios.
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14:31 - 14:34através do telégrafo, através da Internet,
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14:34 - 14:36até que agora parecemos formar
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14:36 - 14:38um único cérebro global
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14:38 - 14:40de cerca de 7 mil milhões de indivíduos.
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14:40 - 14:45E esse cérebro está a aprender à velocidade "warp".
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14:45 - 14:47E nos últimos 200 anos, uma outra coisa aconteceu:
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14:47 - 14:49tropeçámos numa outra riquíssima fonte de energia
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14:49 - 14:51os combustíveis fósseis.
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14:51 - 14:54E assim, combustíveis fósseis e aprendizagem coletiva, juntos
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14:54 - 14:56explicam a complexidade desconcertante
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14:56 - 14:58que vemos à nossa volta.
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15:01 - 15:04Portanto, aqui estamos nós
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15:04 - 15:06de volta ao centro de convenções.
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15:06 - 15:08Estivemos numa viagem, uma viagem de regresso,
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15:08 - 15:11de 13,7 mil milhões de anos.
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15:11 - 15:14Espero que vocês concordem que se trata de uma história poderosa.
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15:14 - 15:16E é uma história na qual os humanos
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15:16 - 15:19desempenham um papel espantoso e criativo.
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15:19 - 15:22Mas que também contém avisos.
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15:22 - 15:26A aprendizagem coletiva é uma força muito, muito poderosa,
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15:26 - 15:28e não é claro
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15:28 - 15:31que nós, humanos, consigamos controlá-la.
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15:31 - 15:34Recordo-me vivamente de quando era criança, em Inglaterra,
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15:34 - 15:37viver a época da Crise dos Mísseis de Cuba.
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15:37 - 15:39Durante alguns dias,
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15:39 - 15:41a biosfera inteira
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15:41 - 15:44parecia estar à beira da destruição.
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15:44 - 15:47E as mesmas armas ainda aqui estão,
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15:47 - 15:49e ainda estão armadas.
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15:49 - 15:51Se evitarmos essa armadilha,
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15:51 - 15:53outras estarão à nossa espera.
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15:53 - 15:56Nós estamos a queimar combustíveis fósseis em tal quantidade
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15:56 - 15:59que parece estarmos a minar as condições "Goldilocks"
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15:59 - 16:01que possibilitaram às civilizações humanas
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16:01 - 16:05florescerem durante os últimos 10.000 anos.
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16:05 - 16:07Portanto, o que a Grande História pode fazer
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16:07 - 16:10é mostrar-nos a natureza da nossa complexidade e fragilidade
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16:10 - 16:12e os perigos que temos pela frente,
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16:12 - 16:15mas também nos pode mostrar
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16:15 - 16:17o poder que temos com a aprendizagem coletiva.
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16:17 - 16:20E agora, finalmente,
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16:20 - 16:24é isto que eu quero.
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16:24 - 16:27Eu quero que o meu neto Daniel
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16:27 - 16:29e os seus amigos e a sua geração,
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16:29 - 16:31pelo mundo fora,
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16:31 - 16:34conheçam a história da Grande História,
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16:34 - 16:36e que a conheçam tão bem
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16:36 - 16:38que compreendam
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16:38 - 16:40tanto os desafios que enfrentamos
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16:40 - 16:43como as oportunidades que nos surgem.
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16:43 - 16:45E é por isso que um grupo, entre nós,
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16:45 - 16:47está a criar um curso gratuito on-line
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16:47 - 16:49em Grande História
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16:49 - 16:51para alunos do ensino secundário de todo o mundo.
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16:51 - 16:54Acreditamos que a Grande História
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16:54 - 16:57será, para eles, uma ferramenta intelectual vital,
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16:57 - 17:00quando o Daniel e a sua geração
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17:00 - 17:02enfrentarem os enormes desafios
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17:02 - 17:04e também as enormes oportunidades
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17:04 - 17:07que os esperam neste momento limiar
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17:07 - 17:11da história do nosso belo planeta.
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17:11 - 17:13Agradeço-vos pela vossa atenção.
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17:13 - 17:18(Aplausos)
- Title:
- A história do nosso mundo em 18 minutos
- Speaker:
- David Christian
- Description:
-
Apoiado por belíssimas ilustrações, David Christian narra a história completa do Universo, desde o Big Bang até à Internet, em 18 minutos fascinantes. Esta é a "Grande História": um olhar esclarecedor e abrangente sobre a complexidade, a vida e a humanidade, em contraponto com a nosso fino quinhão no cronograma cósmico.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 17:19
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Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The history of our world in 18 minutes | |
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Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The history of our world in 18 minutes | |
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Ilona Bastos added a translation |