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As possibilidades radicais do ADN artificial

  • 0:01 - 0:04
    Toda a vida, todos
    os seres vivos conhecidos
  • 0:04 - 0:07
    são criados segundo as informações no ADN.
  • 0:07 - 0:08
    O que é que isto significa?
  • 0:08 - 0:12
    Significa que, tal como a língua inglesa
    é formada por letras do alfabeto
  • 0:12 - 0:14
    que, combinadas em palavras,
  • 0:14 - 0:17
    me permitem contar-vos
    a história que vou contar,
  • 0:17 - 0:21
    o ADN é formado por letras genéticas
    que, quando combinadas em genes,
  • 0:21 - 0:23
    permitem que as células
    produzam proteínas,
  • 0:23 - 0:26
    cadeias de aminoácidos
    que formam estruturas complexas
  • 0:26 - 0:29
    que realizam as funções que permitem
    que uma célula faça o que faz,
  • 0:29 - 0:31
    contar as suas histórias.
  • 0:31 - 0:35
    O alfabeto inglês tem 26 letras
    e o alfabeto genético tem quatro.
  • 0:35 - 0:37
    São muito conhecidas.
    Já devem ter ouvido falar delas.
  • 0:37 - 0:40
    São frequentemente
    referidas como G, C, A e T.
  • 0:41 - 0:44
    Mas é espantoso que a diversidade da vida
  • 0:44 - 0:46
    seja o resultado dessas quatro
    letras genéticas.
  • 0:47 - 0:51
    Imaginem o que seria se o alfabeto
    inglês só tivesse quatro letras.
  • 0:51 - 0:54
    Que tipo de histórias
    seríamos capazes de contar?
  • 0:55 - 0:58
    E se o alfabeto genético
    tivesse mais letras?
  • 0:59 - 1:03
    A vida formada com mais letras
    poderia contar histórias diferentes,
  • 1:03 - 1:05
    talvez histórias mais interessantes?
  • 1:06 - 1:10
    Em 1999, o meu laboratório
    em La Jolla, na Califórnia,
  • 1:10 - 1:14
    começou a trabalhar nesta questão
    com o objetivo de criar organismos vivos
  • 1:14 - 1:17
    com ADN composto
    por seis letras genéticas,
  • 1:17 - 1:21
    as quatro letras naturais,
    mais duas letras criadas pelo homem.
  • 1:23 - 1:24
    Um tal organismo seria
  • 1:24 - 1:27
    a primeira forma de vida
    radicalmente alterada, jamais criada.
  • 1:27 - 1:29
    Seria uma forma semissintética de vida
  • 1:29 - 1:33
    que contém mais informações
    do que a vida jamais teve.
  • 1:34 - 1:36
    Seria capaz de fabricar novas proteínas.
  • 1:36 - 1:39
    proteínas criadas a partir de mais
    do que os 20 aminoácidos normais
  • 1:39 - 1:41
    que são habitualmente usados
    para criar proteínas.
  • 1:42 - 1:44
    Que tipo de histórias
    poderia essa vida contar?
  • 1:45 - 1:48
    Com o poder da química sintética
    e da biologia molecular,
  • 1:48 - 1:50
    e menos 20 anos de trabalho,
  • 1:50 - 1:52
    criámos bactérias com ADN de seis letras.
  • 1:53 - 1:54
    Vou dizer-vos como o fizemos.
  • 1:55 - 1:57
    Aprendemos nas aulas de biologia
    dadas no secundário,
  • 1:57 - 2:01
    que as quatro letras naturais se juntam
    para formar dois pares de bases.
  • 2:01 - 2:03
    O G forma par com o C
    e o A forma par com o T.
  • 2:03 - 2:05
    Assim, para criar as nossas novas letras,
  • 2:05 - 2:08
    sintetizámos centenas de novos candidatos,
    novas letras candidatas,
  • 2:08 - 2:12
    e examinámos a sua capacidade
    para se unirem umas com as outras.
  • 2:12 - 2:13
    Ao fim de 15 anos de trabalho,
  • 2:13 - 2:16
    descobrimos duas
    que formam par muito bem,
  • 2:16 - 2:18
    pelo menos num tubo de ensaio.
  • 2:18 - 2:19
    Têm nomes complicados
  • 2:19 - 2:22
    mas vamos chamar-lhes X e Y.
  • 2:22 - 2:26
    Depois, precisávamos de encontrar
    uma forma de introduzir X e Y nas células
  • 2:26 - 2:29
    e descobrimos que uma proteína
    que faz uma coisa semelhante nas algas
  • 2:29 - 2:31
    funcionava nas nossas bactérias.
  • 2:31 - 2:35
    A última coisa que precisávamos de fazer
    era mostrar que, munidas de X e Y,
  • 2:35 - 2:39
    as células podiam crescer e dividir-se
    e manter o X e o Y no seu ADN.
  • 2:40 - 2:43
    Tudo o que fizemos até aí
    levou mais tempo do que esperávamos
  • 2:43 - 2:45
    — eu sou uma pessoa muito impaciente —
  • 2:45 - 2:49
    mas este, o passo mais importante,
    decorreu mais depressa do que eu sonhava,
  • 2:50 - 2:52
    na prática, imediatamente.
  • 2:53 - 2:55
    Num fim de semana em 2014,
  • 2:55 - 2:59
    um universitário do meu laboratório
    criou bactérias com ADN com seis letras.
  • 2:59 - 3:02
    Vou aproveitar a oportunidade
    para as apresentar agora mesmo.
  • 3:02 - 3:04
    Esta é uma foto delas.
  • 3:05 - 3:08
    São os primeiros organismos
    semissintéticos.
  • 3:10 - 3:12
    As bactérias com ADN com seis letras,
    são giras, não são?
  • 3:12 - 3:15
    Talvez alguns de vocês
    ainda estejam a pensar: porquê?
  • 3:16 - 3:19
    Por isso, vou falar mais um pouco
    sobre as nossas motivações,
  • 3:19 - 3:21
    tanto conceptuais como práticas.
  • 3:21 - 3:24
    Conceptualmente, as pessoas
    pensam no significado da vida,
  • 3:24 - 3:26
    porque é que é diferente
    das coisas que não são vivas
  • 3:26 - 3:28
    — sempre pensaram nisso.
  • 3:28 - 3:30
    Muitos pensam que a vida
    é uma coisa perfeita,
  • 3:30 - 3:33
    consideram-na como prova
    da existência de um criador.
  • 3:33 - 3:36
    As coisas vivas são diferentes
    porque um deus lhes instilou um sopro.
  • 3:36 - 3:39
    Outros procuraram
    uma explicação mais científica,
  • 3:39 - 3:40
    mas penso que podemos presumir
  • 3:40 - 3:43
    que consideram que as moléculas
    da vida são especiais,
  • 3:43 - 3:46
    que a evolução as otimizou
    durante milhares de milhões de anos.
  • 3:47 - 3:48
    Qualquer que seja a nossa perspetiva,
  • 3:48 - 3:51
    parecia impossível que os cientistas
    criassem novas partes
  • 3:51 - 3:54
    que funcionassem no interior
    das moléculas naturais da vida
  • 3:55 - 3:57
    sem estragarem tudo.
  • 3:58 - 4:02
    Mas até que ponto nós somos criados
    ou evoluímos de forma perfeita?
  • 4:02 - 4:04
    Até que ponto são especiais
    as moléculas da vida?
  • 4:05 - 4:07
    Estas perguntas pareciam
    ser impossíveis de fazer
  • 4:07 - 4:10
    porque não tínhamos nada
    com que comparar a vida.
  • 4:10 - 4:12
    Agora, pela primeira vez,
    o nosso trabalho sugere
  • 4:12 - 4:15
    que, talvez, as moléculas da vida
    não sejam assim tão especiais.
  • 4:15 - 4:18
    Talvez a vida, tal como a conhecemos,
    não seja a única forma possível.
  • 4:19 - 4:23
    Talvez não sejamos a única solução,
    nem sequer a melhor solução,
  • 4:23 - 4:24
    mas apenas uma solução.
  • 4:25 - 4:28
    Estas questões abordam
    problemas fundamentais sobre a vida
  • 4:28 - 4:30
    mas talvez pareçam um pouco esotéricas.
  • 4:30 - 4:32
    E quanto às motivações práticas?
  • 4:32 - 4:34
    Queríamos explorar
    que tipo de histórias novas
  • 4:34 - 4:37
    a vida poderia contar,
    com um vocabulário aumentado.
  • 4:37 - 4:40
    As histórias aqui são as proteínas
    que uma célula produz
  • 4:40 - 4:42
    e as funções que as células têm.
  • 4:42 - 4:44
    Que tipo de novas proteínas
    com novos tipos de funções
  • 4:45 - 4:48
    podem os nossos organismos
    fabricar e talvez mesmo usar?
  • 4:48 - 4:51
    Temos algumas ideias em mente.
  • 4:51 - 4:55
    A primeira é levar as células
    a fabricar proteínas para nosso uso.
  • 4:56 - 4:57
    As proteínas são usadas hoje
  • 4:57 - 5:00
    para uma gama cada vez mais ampla
    de diversas aplicações,
  • 5:00 - 5:02
    de materiais que protegem
    os soldados de ferimentos
  • 5:02 - 5:05
    até aparelhos que detetam
    compostos perigosos,
  • 5:05 - 5:06
    mas, pelo menos para mim,
  • 5:06 - 5:09
    a aplicação mais interessante
    são as proteínas medicamentos.
  • 5:09 - 5:11
    Apesar de relativamente novas,
  • 5:11 - 5:13
    as proteínas medicamentos
    já revolucionaram a medicina.
  • 5:13 - 5:15
    Por exemplo, a insulina é uma proteína.
  • 5:15 - 5:19
    Provavelmente já ouviram falar nisso,
    é fabricada como um medicamento
  • 5:19 - 5:21
    que alterou por completo
    como tratamos os diabetes.
  • 5:21 - 5:24
    Mas o problema é que as proteínas
    são muito difíceis de fabricar
  • 5:25 - 5:28
    e a única forma prática de as obter
    é levar as células a fabricá-las.
  • 5:29 - 5:31
    Claro, com células naturais,
  • 5:31 - 5:34
    podemos levá-las a fabricar
    proteínas com os aminoácidos naturais
  • 5:34 - 5:36
    Assim, as propriedades
    que essas proteínas tiverem
  • 5:36 - 5:39
    as aplicações para o que puderem
    ser desenvolvidas,
  • 5:39 - 5:41
    estão limitadas, pela sua natureza,
  • 5:41 - 5:43
    aos aminoácidos dessas proteínas.
  • 5:43 - 5:44
    Aqui estão
  • 5:44 - 5:47
    os 20 aminoácidos normais
    que são ligados para fazer uma proteína
  • 5:47 - 5:50
    — e penso que podem ver
    que não têm um aspeto diferente.
  • 5:50 - 5:52
    Não proporcionam muitas
    funções diferentes.
  • 5:52 - 5:55
    Não permitem fazer muitas
    funções diferentes.
  • 5:55 - 5:56
    Comparem isso com as moléculas
  • 5:56 - 5:59
    que os químicos sintéticos
    fabricam como medicamentos.
  • 5:59 - 6:01
    São mais simples do que as proteínas
  • 6:01 - 6:04
    mas são criadas a partir de uma gama
    muito mais ampla de coisas diversas.
  • 6:04 - 6:06
    Não liguem aos pormenores moleculares,
  • 6:06 - 6:08
    mas penso que podem ver
    como são diferentes.
  • 6:08 - 6:11
    De facto, é essa diferença
    que torna os medicamentos tão bons
  • 6:11 - 6:13
    para tratar diversas doenças.
  • 6:13 - 6:15
    É muito animador pensar
  • 6:15 - 6:18
    que tipo de novas proteínas
    medicamentos podemos desenvolver,
  • 6:18 - 6:21
    se pudermos criar proteínas
    a partir de coisas mais diversas.
  • 6:21 - 6:24
    Talvez possamos obter
    organismos semissintéticos
  • 6:24 - 6:27
    para fazer proteínas que incluam
    novos aminoácidos diferentes,
  • 6:27 - 6:30
    talvez aminoácidos selecionados
    para dar às proteínas
  • 6:30 - 6:32
    alguma propriedade ou função desejada.
  • 6:33 - 6:34
    Por exemplo,
  • 6:34 - 6:37
    muitas proteínas não são estáveis
    quando as injetamos nas pessoas.
  • 6:37 - 6:39
    Degradam-se rapidamente
    ou são eliminadas
  • 6:39 - 6:42
    e isso faz com que deixem
    de ser medicamentos.
  • 6:42 - 6:45
    E se pudéssemos fazer proteínas
    com novos aminoácidos
  • 6:45 - 6:46
    com coisas a eles ligadas
  • 6:46 - 6:48
    que as protejam do meio ambiente
  • 6:48 - 6:52
    que evitem que elas
    se degradem ou sejam eliminadas,
  • 6:52 - 6:54
    para serem medicamentos melhores?
  • 6:56 - 6:58
    Poderemos fazer proteínas
    com pequenos dedos ligados
  • 6:58 - 7:01
    que especificamente se agarrem
    a outras moléculas?
  • 7:01 - 7:04
    Muitas moléculas falham
    no desenvolvimento de medicamentos
  • 7:04 - 7:07
    porque não são específicas
    para encontrar o seu alvo
  • 7:07 - 7:09
    no ambiente complexo do corpo humano.
  • 7:09 - 7:13
    Será que podemos agarrar nessas moléculas
    e torná-las parte de novos aminoácidos
  • 7:13 - 7:15
    que, quando incorporados numa proteína,
  • 7:16 - 7:18
    sejam guiados por essa proteína
    até ao seu alvo?
  • 7:20 - 7:22
    Iniciei uma empresa de biotécnica
    chamada Synthorx.
  • 7:22 - 7:25
    Synthorx refere-se
    a um organismo sintético
  • 7:25 - 7:28
    com um X no fim porque é o que fazemos
    com empresas de biotécnica.
  • 7:28 - 7:30
    (Risos)
  • 7:30 - 7:32
    A Synthorx está a trabalhar
    com o meu laboratório
  • 7:32 - 7:36
    e estão interessados numa proteína
    que reconheça um determinado recetor
  • 7:36 - 7:38
    na superfície das células humanas.
  • 7:38 - 7:41
    Mas o problema é que também reconhece
  • 7:41 - 7:43
    outro recetor na superfície
    das mesmas células
  • 7:43 - 7:45
    e isso torna-a tóxicas.
  • 7:46 - 7:49
    Assim, talvez possamos produzir
    uma variante dessa proteína
  • 7:49 - 7:51
    em que a parte que interage
    com esse segundo mau recetor
  • 7:51 - 7:54
    fique bloqueada por qualquer coisa
    tipo um grande escudo,
  • 7:54 - 7:58
    para que a proteína só interaja
    com o primeiro bom recetor.
  • 7:58 - 8:01
    Isso seria muito difícil
    ou mesmo impossível de fazer
  • 8:01 - 8:03
    com os aminoácidos normais
  • 8:03 - 8:06
    mas não com aminoácidos que sejam
    especialmente concebidos para esse fim.
  • 8:09 - 8:12
    Pôr as nossas células semissintéticas
    a atuar como pequenas fábricas
  • 8:12 - 8:14
    para produzir melhores
    proteínas medicamentos
  • 8:14 - 8:16
    não é a única possível
    aplicação interessante,
  • 8:16 - 8:20
    porque são as proteínas que permitem
    que as células façam o que fazem.
  • 8:20 - 8:24
    Portanto, se tivermos células que façam
    novas proteínas com novas funções,
  • 8:24 - 8:27
    poderemos levá-las a fazer coisas
    que as células naturais não fazem?
  • 8:27 - 8:30
    Será que podemos desenvolver
    organismos semissintéticos
  • 8:30 - 8:34
    que, quando injetados numa pessoa
    procurem células cancerosas
  • 8:34 - 8:38
    e, só quando as encontrarem,
    segreguem uma proteína tóxica que as mate?
  • 8:38 - 8:42
    Será que podemos criar bactérias
    que comam diferentes tipos de óleo,
  • 8:42 - 8:44
    talvez para limpar um derrame de petróleo?
  • 8:44 - 8:46
    Estes são apenas alguns tipos de histórias
  • 8:46 - 8:49
    que vamos ver se a vida
    com um vocabulário alargado pode contar.
  • 8:49 - 8:50
    Soa bem, não é?
  • 8:50 - 8:53
    Injetar nas pessoas
    organismos semissintéticos,
  • 8:53 - 8:57
    despejar milhões e milhões de litros
    das nossas bactérias nos oceanos
  • 8:57 - 8:58
    ou na nossa praia preferida?
  • 8:58 - 9:01
    Esperem um pouco,
    isto parece muito assustador.
  • 9:01 - 9:03
    Este dinossauro é muito assustador.
  • 9:04 - 9:06
    Mas há outro aspeto.
  • 9:06 - 9:10
    Os nossos organismos semissintéticos,
    para sobreviverem,
  • 9:10 - 9:13
    precisam de ser alimentados
    com os químicos precursores de X e Y.
  • 9:14 - 9:17
    X e Y são totalmente diferentes
    de tudo o que existe na natureza,
  • 9:18 - 9:21
    As células não os contêm
    nem têm possibilidade de os fazer.
  • 9:21 - 9:23
    Por isso, quando os preparamos,
  • 9:23 - 9:25
    quando os desenvolvemos
    no ambiente do laboratório,
  • 9:25 - 9:28
    podemos alimentá-las
    com muita comida artificial.
  • 9:28 - 9:31
    Depois, quando os colocamos
    numa pessoa ou numa praia,
  • 9:31 - 9:34
    onde já não têm acesso
    a essa comida especial,
  • 9:34 - 9:37
    podem desenvolver-se durante algum tempo,
    podem sobreviver um pouco,
  • 9:37 - 9:40
    talvez o tempo suficiente
    para realizar qualquer função pretendida
  • 9:40 - 9:43
    mas depois começam
    a ficar sem comida.
  • 9:43 - 9:44
    Começam a ter fome.
  • 9:44 - 9:47
    Morrem de fome e desaparecem.
  • 9:47 - 9:50
    Assim, não só podemos obter vida
    para contar novas histórias,
  • 9:50 - 9:53
    como temos de dizer à vida
    quando e onde contar essas histórias.
  • 9:55 - 9:59
    No início desta palestra,
    eu disse que relatámos em 2014
  • 9:59 - 10:02
    a criação de organismos semissintéticos
    que armazenam mais informações,
  • 10:02 - 10:04
    X e Y, no seu ADN.
  • 10:04 - 10:06
    Mas todas as motivações
    de que acabei de falar
  • 10:06 - 10:09
    exigem que as células usem o X e o Y
    para fazer proteínas,
  • 10:09 - 10:11
    por isso começámos a trabalhar nisso.
  • 10:12 - 10:16
    Ao fim de uns anos, mostrámos
    que a célula podia aceitar ADN com X e Y
  • 10:16 - 10:19
    e copiá-lo no ARN,
    a cópia de trabalho do ADN.
  • 10:20 - 10:21
    No final do ano passado,
  • 10:21 - 10:24
    mostrámos que elas podiam usar
    o X e o Y para fazer proteínas.
  • 10:25 - 10:27
    Elas aqui estão,
    as estrelas do espetáculo,
  • 10:27 - 10:31
    os primeiros organismos semissintéticos
    totalmente funcionais.
  • 10:32 - 10:35
    (Aplausos)
  • 10:38 - 10:42
    Estas células são verdes porque estão
    a marcar uma proteína que é verde.
  • 10:42 - 10:44
    É uma proteína muito conhecida,
    proveniente da medusa
  • 10:44 - 10:46
    que muitas pessoas usam
    na sua forma natural
  • 10:46 - 10:49
    porque é fácil de ver
    que somos nós que a fazemos.
  • 10:49 - 10:51
    Mas, dentro de cada uma destas proteínas,
  • 10:51 - 10:53
    há um novo aminoácido
  • 10:53 - 10:56
    com que a vida natural
    não consegue criar proteínas.
  • 10:57 - 11:01
    Todas as células vivas, cada célula viva,
  • 11:02 - 11:05
    fez cada uma das suas proteínas
  • 11:05 - 11:07
    usando um alfabeto genético
    de quatro letras.
  • 11:08 - 11:12
    Estas células estão vivas,
    desenvolvem-se e fabricam proteínas
  • 11:12 - 11:14
    com um alfabeto de seis letras.
  • 11:14 - 11:16
    São uma nova forma de vida.
  • 11:16 - 11:19
    Esta é uma forma de vida semissintética.
  • 11:20 - 11:21
    Então, e quanto ao futuro?
  • 11:21 - 11:25
    O meu laboratório já trabalha na expansão
    do alfabeto genético de outras células,
  • 11:25 - 11:27
    incluindo as células humanas
  • 11:27 - 11:31
    e estamos a preparar-nos para começar
    a trabalhar em organismos mais complexos.
  • 11:31 - 11:33
    Pensem em vermes semissintéticos.
  • 11:33 - 11:35
    A última coisa de que quero falar
  • 11:35 - 11:38
    a coisa mais importante que quero dizer
  • 11:38 - 11:40
    é que chegou a era da vida semissintética.
  • 11:41 - 11:42
    Obrigado.
  • 11:42 - 11:45
    (Aplausos)
  • 11:53 - 11:56
    Chris Anderson: Floyd,
    isto é espantoso.
  • 11:56 - 11:58
    Queria perguntar-te,
  • 11:59 - 12:01
    quais são as implicações
    do vosso trabalho
  • 12:01 - 12:05
    para como devemos pensar
    na possibilidade de vida
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    no universo, noutro sítio qualquer?
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    Parece que grande parte da vida
    ou grande parte das nossas suposições
  • 12:12 - 12:14
    se baseiam no facto de que
    tem de ser o ADN,
  • 12:14 - 12:19
    mas será possível que o espaço possível
    das moléculas auto-replicadas
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    seja muito maior do que o ADN,
    mesmo um ADN com seis letras?
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    Floyd Romesberg: Absolutamente,
    penso que tens razão.
  • 12:24 - 12:26
    Penso que o nosso trabalho mostrou
  • 12:26 - 12:30
    que sempre existiu esse preconceito
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    de que somos perfeitos,
    somos o máximo,
  • 12:32 - 12:34
    de que Deus nos criou assim,
  • 12:34 - 12:36
    de que a evolução nos aperfeiçoou assim.
  • 12:36 - 12:39
    Fizemos moléculas que funcionam
    para além das naturais
  • 12:40 - 12:44
    e penso que isso sugere
    que quaisquer moléculas
  • 12:44 - 12:46
    que obedeçam a leis fundamentais
    da química e da física
  • 12:46 - 12:48
    — e podemos otimizá-las —
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    podem fazer aquilo que fazem
    as moléculas naturais da vida.
  • 12:50 - 12:52
    Não há nenhuma magia aqui.
  • 12:52 - 12:54
    Penso que sugere
  • 12:54 - 12:56
    que a vida pode evoluir
    de formas diferentes,
  • 12:56 - 12:59
    talvez tal como nós,
    com outros tipos de ADN,
  • 12:59 - 13:01
    talvez coisas sem nenhum ADN.
  • 13:01 - 13:03
    CA: Na tua ideia,
  • 13:03 - 13:06
    até que ponto pode ser
    essa possibilidade de espaço?
  • 13:06 - 13:09
    Saberemos? Vai haver muitas coisas
    parecidas com uma molécula de ADN
  • 13:09 - 13:12
    ou radicalmente diferentes
    que se possam reproduzir
  • 13:12 - 13:14
    e criar organismos vivos?
  • 13:14 - 13:17
    FR: A minha opinião é que,
    se encontrarmos nova vida,
  • 13:17 - 13:19
    podemos nem sequer reconhecê-la.
  • 13:19 - 13:22
    CA: Daí essa obsessão com
    a pesquisa de planetas Godilock
  • 13:22 - 13:24
    exatamente no local certo,
    com água e tudo o mais,
  • 13:25 - 13:27
    talvez seja uma premissa
    muito provinciana.
  • 13:27 - 13:30
    FR: Bom, se quisermos encontrar
    alguém com quem falarmos, não será,
  • 13:30 - 13:33
    mas, se quisermos encontrar apenas
    uma qualquer forma de vida,
  • 13:33 - 13:36
    penso que tens razão,
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    CA: Obrigado por nos teres surpreendido.
    Muito obrigado, Floyd.
  • 13:40 - 13:43
    (Aplausos)
Title:
As possibilidades radicais do ADN artificial
Speaker:
Floyd E. Romesberg
Description:

Todas as células com vida têm sido o resultado do alfabeto genético de quatro letras: A, T, C e G — as unidades básicas do ADN. Mas agora isso mudou. Numa palestra visionária, o biólogo Floyd E. Romesberg apresenta-nos aos primeiros organismos vivos criados com um ADN de seis letras — as quatro letras naturais mais duas novas artificiais, C e Y — e explora como esta inovação pode pôr em causa a nossa compreensão básica dos desígnios da Natureza.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
13:56

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