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As possibilidades extremas do DNA fabricado pelo homem

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    Toda a vida, todos os seres vivos,
  • 0:04 - 0:07
    foi criada de acordo
    com as informações do DNA.
  • 0:07 - 0:08
    O que significa isso?
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    Significa que, assim como o idioma inglês
    é composto por letras do alfabeto
  • 0:12 - 0:14
    que, combinadas em palavras,
  • 0:14 - 0:17
    me permitem lhes contar
    a história que irei contar hoje,
  • 0:17 - 0:21
    o DNA é formado por letras genéticas
    que, combinadas em genes,
  • 0:21 - 0:23
    permitem que as células
    produzam proteínas,
  • 0:23 - 0:26
    cadeias de aminoácidos
    que formam estruturas complexas
  • 0:26 - 0:29
    que realizam as funções que permitem
    a uma célula fazer o que faz:
  • 0:29 - 0:31
    contar suas histórias.
  • 0:31 - 0:35
    O alfabeto inglês tem 26 letras;
    o alfabeto genético, quatro.
  • 0:35 - 0:36
    São bem famosas.
  • 0:36 - 0:39
    Já devem ter ouvido falar: muitas vezes
    nos referimos a elas como G, C, A e T.
  • 0:41 - 0:44
    Mas é extraordinário
    que toda a diversidade da vida
  • 0:44 - 0:46
    seja o resultado
    de quatro letras genéticas.
  • 0:47 - 0:51
    Imaginem como seria se o alfabeto inglês
    tivesse apenas quatro letras.
  • 0:51 - 0:54
    Que tipo de histórias
    conseguiríamos contar?
  • 0:55 - 0:58
    E se o alfabeto genético
    tivesse mais letras?
  • 0:59 - 1:03
    Será que a vida com mais letras
    poderia contar histórias diferentes,
  • 1:03 - 1:05
    talvez até mais interessantes?
  • 1:06 - 1:09
    Em 1999, meu laboratório,
    no Scripps Research Institute,
  • 1:09 - 1:11
    em La Jolla, Califórnia,
  • 1:11 - 1:14
    começou a trabalhar nessa questão
    com o objetivo de criar organismos vivos
  • 1:14 - 1:17
    com DNA composto por um alfabeto
    genético de seis letras:
  • 1:17 - 1:22
    as quatro letras naturais
    mais duas fabricadas pelo homem.
  • 1:23 - 1:24
    Tal organismo
  • 1:24 - 1:27
    seria a primeira forma de vida
    alterada de modo extremo já criada.
  • 1:27 - 1:29
    Seria uma forma semissintética
  • 1:29 - 1:33
    que contém mais informações
    do que a vida jamais teve.
  • 1:34 - 1:36
    Ela conseguiria fabricar novas proteínas,
  • 1:36 - 1:39
    criadas a partir de mais do que
    os 20 aminoácidos normais
  • 1:39 - 1:41
    usados geralmente para criá-las.
  • 1:42 - 1:44
    Que tipo de histórias
    essa vida poderia contar?
  • 1:45 - 1:48
    Com o poder da química sintética
    e da biologia molecular
  • 1:48 - 1:50
    e pouco menos 20 anos de trabalho,
  • 1:50 - 1:52
    criamos bactérias com DNA de seis letras.
  • 1:53 - 1:54
    Vou lhes contar como fizemos.
  • 1:55 - 1:57
    Aprendemos nas aulas
    de biologia do ensino médio
  • 1:57 - 2:01
    que as quatro letras naturais juntam-se
    para formar dois pares de bases:
  • 2:01 - 2:03
    G forma par com C; A, com T.
  • 2:03 - 2:05
    Assim, para criar nossas novas letras,
  • 2:05 - 2:08
    sintetizamos centenas
    de novas letras candidatas
  • 2:08 - 2:12
    e examinamos a capacidade delas
    de formarem par umas com as outras.
  • 2:12 - 2:16
    Após cerca de 15 anos de trabalho,
    descobrimos 2 que formam par muito bem,
  • 2:16 - 2:18
    pelo menos em um tubo de ensaio.
  • 2:18 - 2:19
    Elas têm nomes complicados,
  • 2:19 - 2:21
    mas vamos chamá-las de X e Y.
  • 2:22 - 2:25
    Depois, precisávamos encontrar um modo
    de introduzir X e Y nas células
  • 2:25 - 2:29
    e descobrimos que uma proteína
    que faz algo semelhante nas algas
  • 2:29 - 2:30
    funcionava em nossas bactérias.
  • 2:30 - 2:35
    A última coisa que precisávamos fazer
    era mostrar que, com X e Y,
  • 2:35 - 2:39
    as células poderiam crescer, se dividir
    e manter X e Y no DNA delas.
  • 2:40 - 2:43
    Tudo o que fizemos levou
    mais tempo do que o esperado...
  • 2:43 - 2:45
    sou uma pessoa muito impaciente...
  • 2:45 - 2:49
    mas esse, o passo mais importante,
    funcionou mais depressa do que eu sonhava,
  • 2:50 - 2:52
    na realidade, de modo imediato.
  • 2:53 - 2:55
    Em um fim de semana de 2014,
  • 2:55 - 2:59
    um universitário de meu laboratório
    criou bactérias com DNA de seis letras.
  • 2:59 - 3:01
    Vou aproveitar a oportunidade
    para apresentá-las agora.
  • 3:01 - 3:03
    Esta é uma foto delas.
  • 3:05 - 3:08
    São os primeiros organismos
    semissintéticos.
  • 3:10 - 3:12
    Bactérias com DNA de seis letras
    são legais, não é mesmo?
  • 3:12 - 3:15
    Talvez alguns de vocês
    ainda estejam pensando: por quê?
  • 3:16 - 3:18
    Vou lhes falar mais um pouco
    sobre nossas motivações,
  • 3:18 - 3:20
    tanto conceituais quanto práticas.
  • 3:21 - 3:24
    Conceitualmente, as pessoas
    pensam no significado da vida,
  • 3:24 - 3:26
    o que a torna diferente
    das coisas inanimadas.
  • 3:26 - 3:27
    Sempre pensaram nisso.
  • 3:28 - 3:30
    Muitos acham que a vida é perfeita
  • 3:30 - 3:33
    e a consideram como prova
    da existência de um criador.
  • 3:33 - 3:36
    As coisas vivas são diferentes,
    porque um deus deu vida a elas.
  • 3:36 - 3:39
    Outros procuraram
    uma explicação mais científica,
  • 3:39 - 3:42
    mas acho justo dizer que eles ainda
    consideram as moléculas da vida especiais.
  • 3:42 - 3:46
    A evolução as otimizou
    durante bilhões de anos.
  • 3:46 - 3:48
    Qualquer que fosse nossa perspectiva,
  • 3:48 - 3:51
    parecia impossível que os químicos
    criassem novas partes
  • 3:51 - 3:55
    que funcionassem no interior
    das moléculas naturais da vida
  • 3:55 - 3:57
    sem de alguma maneira estragar tudo.
  • 3:58 - 4:02
    Mas até que ponto somos criados
    ou evoluímos de modo perfeito?
  • 4:02 - 4:04
    Até que ponto as moléculas
    da vida são especiais?
  • 4:05 - 4:07
    Parecia até impossível
    fazer essas perguntas,
  • 4:07 - 4:09
    porque não tínhamos nada
    com que comparar a vida.
  • 4:10 - 4:12
    Agora, pela primeira vez,
    nosso trabalho sugere
  • 4:12 - 4:15
    que, talvez, essas moléculas
    não sejam assim tão especiais.
  • 4:15 - 4:18
    Talvez a vida como a conhecemos
    não seja a única forma possível.
  • 4:19 - 4:22
    Talvez não sejamos a única solução,
    nem sequer a melhor,
  • 4:22 - 4:24
    mas apenas uma solução.
  • 4:25 - 4:28
    Essas perguntas abordam questões
    fundamentais sobre a vida,
  • 4:28 - 4:30
    mas talvez pareçam esotéricas.
  • 4:30 - 4:32
    E quanto às motivações práticas?
  • 4:32 - 4:35
    Queríamos explorar
    que tipo de histórias novas
  • 4:35 - 4:37
    a vida com um vocabulário
    ampliado poderia contar.
  • 4:37 - 4:40
    As histórias aqui são as proteínas
    produzidas por uma célula
  • 4:40 - 4:42
    e as funções delas.
  • 4:42 - 4:45
    Que tipo de novas proteínas
    com novos tipos de funções
  • 4:45 - 4:48
    nossos organismos semissintéticos
    poderiam fabricar e talvez mesmo usar?
  • 4:48 - 4:50
    Temos algumas ideias em mente.
  • 4:51 - 4:55
    A primeira delas é fazer as células
    fabricarem proteínas para nosso uso.
  • 4:56 - 4:57
    As proteínas são usadas hoje
  • 4:57 - 5:00
    para uma série cada vez mais ampla
    de aplicações diferentes:
  • 5:00 - 5:02
    de materiais que protegem
    os soldados de ferimentos
  • 5:02 - 5:05
    até aparelhos que detectam
    compostos perigosos.
  • 5:05 - 5:06
    Porém, pelo menos para mim,
  • 5:06 - 5:09
    a aplicação mais interessante
    são as proteínas-medicamentos.
  • 5:09 - 5:11
    Apesar de relativamente novas,
  • 5:11 - 5:14
    elas já revolucionaram a medicina.
  • 5:14 - 5:16
    Por exemplo, a insulina é uma proteína.
  • 5:16 - 5:17
    Já devem ter ouvido falar.
  • 5:17 - 5:19
    É fabricada como um medicamento
  • 5:19 - 5:21
    que alterou por completo
    o tratamento da diabete.
  • 5:21 - 5:24
    Mas o problema é que as proteínas
    são muito difíceis de fabricar,
  • 5:24 - 5:28
    e a única forma prática de obtê-las
    é fazer com que células as fabriquem.
  • 5:29 - 5:31
    É claro que, com células naturais,
  • 5:31 - 5:34
    podemos levá-las a fabricar proteínas
    com os aminoácidos naturais.
  • 5:34 - 5:36
    Assim, as propriedades dessas proteínas,
  • 5:36 - 5:39
    as aplicações para as quais
    puderem ser desenvolvidas,
  • 5:39 - 5:42
    devem estar limitadas
    pela natureza dos aminoácidos
  • 5:42 - 5:43
    dos quais a proteína é criada.
  • 5:43 - 5:44
    Aqui estão eles:
  • 5:44 - 5:47
    os 20 aminoácidos normais
    ligados para fabricar uma proteína.
  • 5:47 - 5:50
    Acho que podem ver
    que eles não são tão diferentes.
  • 5:50 - 5:54
    Não trazem nem disponibilizam
    tantas funções diferentes.
  • 5:54 - 5:56
    Comparem com as pequenas moléculas
  • 5:56 - 5:58
    que os químicos sintéticos
    fabricam como medicamentos.
  • 5:58 - 6:00
    São mais simples do que as proteínas,
  • 6:00 - 6:04
    mas criadas a partir de uma série
    muito mais ampla de coisas diversas.
  • 6:04 - 6:06
    Não se preocupem com detalhes moleculares,
  • 6:06 - 6:08
    mas creio que podem ver
    como são diferentes.
  • 6:08 - 6:09
    De fato, é essa diferença
  • 6:09 - 6:12
    que as tornam ótimos medicamentos
    para tratar diversas doenças.
  • 6:13 - 6:15
    É muito estimulante imaginar
  • 6:15 - 6:18
    que tipo de novas proteínas-medicamentos
    podemos desenvolver,
  • 6:18 - 6:21
    se pudermos criar proteínas
    a partir de coisas mais diversas.
  • 6:21 - 6:24
    Será que podemos fazer
    organismos semissintéticos
  • 6:24 - 6:27
    produzirem proteínas que incluam
    aminoácidos novos e diferentes,
  • 6:27 - 6:32
    talvez selecionados para dar às proteínas
    alguma propriedade ou função desejada?
  • 6:33 - 6:34
    Por exemplo,
  • 6:34 - 6:37
    muitas proteínas não são estáveis
    quando as injetamos nas pessoas.
  • 6:37 - 6:39
    Elas se degradam rapidamente
    ou são eliminadas,
  • 6:39 - 6:42
    e isso faz com que deixem
    de ser medicamentos.
  • 6:42 - 6:45
    E se pudéssemos fabricar proteínas
    com novos aminoácidos
  • 6:45 - 6:46
    com coisas ligadas a elas,
  • 6:46 - 6:52
    que as protejam do meio ambiente
    e da degradação ou eliminação
  • 6:52 - 6:54
    para que possam ser medicamentos melhores?
  • 6:56 - 6:58
    Será que fabricaremos proteínas
    com pequenos pedaços
  • 6:58 - 7:01
    que se agarram especificamente
    a outras moléculas?
  • 7:01 - 7:04
    Muitas moléculas falham
    no desenvolvimento como medicamentos,
  • 7:04 - 7:07
    porque não são específicas
    para encontrar o alvo delas
  • 7:07 - 7:09
    no ambiente complexo do corpo humano.
  • 7:09 - 7:13
    Será que conseguiremos pegar as moléculas
    e torná-las parte de novos aminoácidos
  • 7:13 - 7:16
    que, quando incorporados a uma proteína,
  • 7:16 - 7:19
    sejam guiadas por ela até o alvo?
  • 7:20 - 7:22
    Fundei uma empresa
    de biotecnologia chamada Synthorx.
  • 7:22 - 7:25
    Esse nome se refere a organismo sintético
  • 7:25 - 7:28
    e tem um X no final, porque é assim
    que marcamos as empresas desse setor.
  • 7:28 - 7:30
    (Risos)
  • 7:30 - 7:32
    Synthorx trabalha de perto
    com meu laboratório
  • 7:32 - 7:34
    e está interessada em uma proteína
  • 7:34 - 7:38
    que reconheça um determinado receptor
    na superfície de células humanas.
  • 7:38 - 7:41
    Mas o problema é que ela também reconhece
  • 7:41 - 7:43
    outro receptor na superfície
    dessas mesmas células,
  • 7:43 - 7:45
    o que a torna tóxica.
  • 7:46 - 7:48
    Será que conseguiremos produzir
    uma variante dessa proteína
  • 7:48 - 7:52
    em que a parte que interage com esse
    segundo receptor ruim fique protegida,
  • 7:52 - 7:54
    bloqueada por algo
    como um grande guarda-chuva,
  • 7:54 - 7:58
    para que a proteína só interaja
    com o primeiro receptor bom?
  • 7:58 - 8:01
    Isso seria muito difícil
    ou até impossível de fazer
  • 8:01 - 8:02
    com os aminoácidos normais,
  • 8:02 - 8:06
    mas não com aqueles concebidos
    especificamente para essa finalidade.
  • 8:08 - 8:12
    Colocar nossas células semissintéticas
    para atuar como pequenas fábricas
  • 8:12 - 8:14
    para produzir melhores
    proteínas-medicamentos
  • 8:14 - 8:16
    não é a única aplicação
    interessante possível,
  • 8:16 - 8:19
    porque são as proteínas que permitem
    que as células façam o que fazem.
  • 8:20 - 8:24
    Se tivermos células que fabriquem
    novas proteínas com novas funções,
  • 8:24 - 8:27
    será que conseguiremos levá-las a fazer
    o que células naturais não fazem?
  • 8:27 - 8:30
    Será que conseguiremos desenvolver
    organismos semissintéticos
  • 8:30 - 8:34
    que, quando injetados em uma pessoa,
    procurem células cancerosas
  • 8:34 - 8:38
    e, só quando as encontrarem,
    secretem uma proteína tóxica que as mate?
  • 8:38 - 8:41
    Poderemos criar bactérias
    que comam diferentes tipos de óleo,
  • 8:41 - 8:43
    talvez para limpar
    um derramamento de óleo?
  • 8:43 - 8:46
    Esses são apenas alguns tipos
    de histórias que veremos
  • 8:46 - 8:49
    se a vida com um vocabulário
    ampliado pode contar.
  • 8:49 - 8:50
    Parece ótimo, não é?
  • 8:50 - 8:53
    Injetar organismos
    semissintéticos nas pessoas,
  • 8:53 - 8:56
    despejar milhões e milhões de litros
    de nossas bactérias nos oceanos
  • 8:56 - 8:58
    ou em nossa praia preferida?
  • 8:58 - 9:01
    Esperem um pouco,
    isso parece muito assustador,
  • 9:01 - 9:03
    como este dinossauro.
  • 9:04 - 9:06
    Mas há outro aspecto.
  • 9:06 - 9:10
    Para nossos organismos
    semissintéticos sobreviverem,
  • 9:10 - 9:13
    eles precisam ser alimentados
    com os precursores químicos de X e Y.
  • 9:14 - 9:18
    X e Y são totalmente diferentes
    de tudo o que existe na natureza.
  • 9:18 - 9:21
    As células não os contêm
    nem têm a capacidade de fabricá-los.
  • 9:22 - 9:25
    Quando os preparamos e os desenvolvemos
    no ambiente do laboratório,
  • 9:25 - 9:27
    podemos alimentá-los
    com muita comida artificial.
  • 9:28 - 9:31
    Depois, quando os utilizamos
    em uma pessoa ou praia,
  • 9:31 - 9:34
    em que já não têm acesso
    a essa comida especial,
  • 9:34 - 9:37
    eles conseguem se desenvolver
    e sobreviver por algum tempo,
  • 9:37 - 9:40
    talvez o suficiente para realizar
    alguma função pretendida,
  • 9:41 - 9:43
    mas depois começam a ficar sem comida.
  • 9:43 - 9:44
    Começam a morrer de fome
  • 9:44 - 9:47
    e desaparecer.
  • 9:47 - 9:50
    Não só conseguimos vida
    para contar novas histórias,
  • 9:50 - 9:53
    como temos de dizer a ela
    quando e onde contá-las.
  • 9:55 - 9:59
    No início desta palestra, eu disse
    que anunciamos, em 2014,
  • 9:59 - 10:02
    a criação de organismos semissintéticos
    que armazenam mais informações,
  • 10:02 - 10:04
    X e Y, no DNA.
  • 10:04 - 10:06
    Mas todas as motivações
    das quais acabei de falar
  • 10:06 - 10:09
    exigem que as células usem X e Y
    para fabricar proteínas.
  • 10:09 - 10:11
    Por isso, começamos a trabalhar nisso.
  • 10:12 - 10:15
    Em alguns anos, mostramos que as células
    podiam aceitar DNA com X e Y
  • 10:15 - 10:19
    e copiá-lo no RNA,
    a cópia de trabalho do DNA.
  • 10:20 - 10:21
    No final do ano passado,
  • 10:21 - 10:24
    mostramos que elas podiam usar
    X e Y para fabricar proteínas.
  • 10:25 - 10:27
    Elas estão aqui,
    as estrelas do espetáculo,
  • 10:27 - 10:31
    os primeiros organismos semissintéticos
    totalmente funcionais.
  • 10:32 - 10:34
    (Aplausos)
  • 10:38 - 10:42
    Essas células são verdes porque estão
    fazendo uma proteína com brilho verde,
  • 10:42 - 10:44
    bem conhecida e proveniente da água-viva,
  • 10:44 - 10:46
    que muitas pessoas usam na forma natural,
  • 10:46 - 10:49
    porque é fácil de ver
    que nós a fabricamos.
  • 10:49 - 10:51
    Mas, dentro de cada uma dessas proteínas,
  • 10:51 - 10:53
    há um novo aminoácido
  • 10:53 - 10:55
    com o qual a vida natural
    não consegue criar proteínas.
  • 10:57 - 11:01
    Todas as células vivas sempre
  • 11:02 - 11:05
    fabricaram cada uma de suas proteínas
  • 11:05 - 11:07
    usando um alfabeto genético
    de quatro letras.
  • 11:08 - 11:12
    Essas células estão vivas,
    desenvolvem-se e fabricam proteínas
  • 11:12 - 11:14
    com um alfabeto de seis letras.
  • 11:14 - 11:16
    São uma nova forma de vida:
  • 11:16 - 11:19
    semissintética.
  • 11:20 - 11:21
    E quanto ao futuro?
  • 11:22 - 11:25
    Meu laboratório já trabalha na expansão
    do alfabeto genético de outras células,
  • 11:25 - 11:27
    incluindo células humanas,
  • 11:27 - 11:30
    e estamos nos preparando para começar
    a trabalhar em organismos mais complexos.
  • 11:30 - 11:32
    Pensem em vermes semissintéticos.
  • 11:33 - 11:35
    A última coisa que quero falar,
  • 11:35 - 11:37
    a mais importante,
  • 11:37 - 11:40
    é que a era da vida semissintética chegou.
  • 11:41 - 11:42
    Obrigado.
  • 11:42 - 11:44
    (Aplausos)
  • 11:54 - 11:56
    Chris Anderson: Floyd,
    isso é extraordinário.
  • 11:56 - 11:58
    Gostaria de lhe perguntar:
  • 11:59 - 12:01
    quais são as implicações de seu trabalho
  • 12:01 - 12:05
    para a maneira que devemos pensar
    sobre as possibilidades para a vida
  • 12:05 - 12:07
    no universo, em outro lugar?
  • 12:08 - 12:11
    Parece que grande parte da vida
    ou de nossas suposições
  • 12:11 - 12:14
    baseiam-se no fato
    de que tem que ser o DNA,
  • 12:14 - 12:19
    mas será que o espaço de possibilidade
    de moléculas que se autorreplicam
  • 12:19 - 12:22
    é muito maior do que o DNA,
    até mesmo um com seis letras?
  • 12:22 - 12:24
    Floyd Romesberg: Absolutamente,
    acho que tem razão.
  • 12:24 - 12:27
    Creio que nosso trabalho
    mostrou, como mencionei,
  • 12:27 - 12:30
    que sempre houve esse preconceito
  • 12:30 - 12:34
    de que somos perfeitos, os melhores,
    que Deus nos criou dessa forma,
  • 12:34 - 12:36
    que a evolução nos aperfeiçoou assim.
  • 12:36 - 12:40
    Fabricamos moléculas
    que funcionam bem ao lado das naturais,
  • 12:40 - 12:44
    e creio que isso sugere
    que quaisquer moléculas
  • 12:44 - 12:46
    que obedeçam às leis fundamentais
    da química e da física,
  • 12:46 - 12:48
    e podemos otimizá-las,
  • 12:48 - 12:50
    podem fazer o que as moléculas
    naturais da vida fazem.
  • 12:50 - 12:52
    Não há magia alguma nisso.
  • 12:52 - 12:53
    Acredito que isso sugere
  • 12:53 - 12:56
    que a vida pode evoluir
    de forma diferente,
  • 12:56 - 12:59
    talvez semelhante a nós,
    com outros tipos de DNA,
  • 12:59 - 13:01
    talvez coisas sem DNA algum.
  • 13:01 - 13:02
    CA: Em sua opinião,
  • 13:02 - 13:06
    qual pode ser o tamanho
    desse espaço de possibilidade?
  • 13:06 - 13:10
    Saberemos? Será que a maioria das coisas
    irá se parecer com uma molécula de DNA
  • 13:10 - 13:11
    ou algo totalmente diferente
  • 13:11 - 13:14
    que ainda possa se autorreproduzir
    e criar organismos vivos?
  • 13:14 - 13:17
    FR: Minha opinião é que,
    se encontrarmos vida nova,
  • 13:17 - 13:18
    podemos nem sequer reconhecê-la.
  • 13:19 - 13:22
    CA: Daí essa obsessão
    com a procura de zonas habitáveis,
  • 13:22 - 13:24
    exatamente no local certo,
    com água e tudo o mais,
  • 13:24 - 13:27
    talvez seja uma premissa
    muito provinciana.
  • 13:27 - 13:30
    FR: Bem, se quisermos encontrar
    alguém com quem conversar, talvez não,
  • 13:30 - 13:33
    mas, se estivermos apenas
    procurando qualquer forma de vida,
  • 13:33 - 13:34
    acho que têm razão,
  • 13:34 - 13:37
    está procurando por vida
    sob o poste de luz.
  • 13:37 - 13:39
    CA: Obrigado por surpreender a todos nós.
  • 13:39 - 13:40
    Muito obrigado, Floyd.
  • 13:40 - 13:42
    (Aplausos)
Title:
As possibilidades extremas do DNA fabricado pelo homem
Speaker:
Floyd E. Romesberg
Description:

Cada célula viva foi o resultado do alfabeto genético de quatro letras: A, T, C e G, as unidades básicas do DNA. Mas agora isso mudou. Em uma palestra visionária, o biólogo sintético Floyd E. Romesberg nos apresenta os primeiros organismos vivos criados com DNA de seis letras - as quatro letras naturais mais duas novas fabricadas pelo homem: X e Y - e explora como essa descoberta pode desafiar nossa compreensão básica do design da natureza.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
13:56

Portuguese, Brazilian subtitles

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