A estranha história da mira Norden
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0:01 - 0:03Obrigado.
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0:03 - 0:05É um verdadeiro prazer estar aqui.
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0:05 - 0:07A última vez que apresentei uma TEDTalk
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0:07 - 0:10foi há cerca de 7 anos.
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0:10 - 0:13Falei sobre o molho de esparguete.
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0:13 - 0:16E tantas pessoas, creio,
viram esses vídeos. -
0:16 - 0:19As pessoas têm vindo a abordar-me,
desde então, -
0:19 - 0:21para me colocarem questões
sobre o molho de esparguete, -
0:21 - 0:24o que é fantástico a curto prazo...
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0:24 - 0:26(Risos)
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0:26 - 0:30mas provou estar longe de ser ideal
após sete anos. -
0:30 - 0:32E por isso pensei que devia vir
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0:32 - 0:35e deixar o molho de esparguete para trás.
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0:35 - 0:36(Risos)
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0:37 - 0:39O tema desta sessão é
"As coisas que fazemos". -
0:39 - 0:41Por isso, pensei em contar uma história
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0:41 - 0:45sobre uma pessoa que fez
um dos mais preciosos objectos -
0:45 - 0:47da sua era.
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0:47 - 0:50O seu nome é Carl Norden.
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0:50 - 0:53Carl Norden nasceu em 1880.
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0:53 - 0:55Ele era suíço.
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0:55 - 0:59Claro, os suíços podem ser divididos
em duas categorias principais: -
0:59 - 1:03aqueles que fazem objectos pequenos,
requintados e caros -
1:03 - 1:05e aqueles que gerem o dinheiro
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1:05 - 1:09dos que compram objectos pequenos,
requintados e caros. -
1:09 - 1:10(Risos)
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1:10 - 1:13E Carl Norden posicionava-se
claramente no primeiro grupo. -
1:13 - 1:15Ele é engenheiro.
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1:15 - 1:18Frequentou
o Politécnico Federal em Zurique. -
1:18 - 1:21Com efeito, um dos seus colegas
foi um jovem chamado Lenine -
1:21 - 1:26que viria a destruir objectos
pequenos, caros e requintados. -
1:26 - 1:30Era um engenheiro suíço, o Carl.
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1:30 - 1:32E era-o no verdadeiro sentido da palavra.
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1:32 - 1:35Usava um fato de três peças;
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1:35 - 1:39e tinha um bigode
muito pequeno e importante. -
1:40 - 1:44Era dominador e narcisista,
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1:44 - 1:48ambicioso e tinha um ego extraordinário.
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1:48 - 1:51Trabalhava 16 horas por dia
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1:51 - 1:54e tinha posições muito convictas
sobre corrente alternada. -
1:54 - 1:58Considerava que estar bronzeado
era um sinal de fraqueza moral. -
1:58 - 2:01Bebia imenso café e trabalhava melhor
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2:01 - 2:03sentado na cozinha da mãe,
em Zurique, durante horas, -
2:03 - 2:06num silêncio completo
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2:06 - 2:08sem nada excepto uma régua de cálculo.
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2:08 - 2:12De qualquer forma, Carl Norden
emigrou para os Estados Unidos -
2:12 - 2:15pouco antes da Primeira Guerra Mundial
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2:15 - 2:18e abriu uma loja na Rua Lafayette
na baixa de Manhattan. -
2:18 - 2:23Fica obcecado com a questão de saber
como largar bombas de um avião. -
2:24 - 2:28Se pensarem nisso,
na era antes do GPS e do radar, -
2:28 - 2:31isso era obviamente
um problema extremamente difícil, -
2:31 - 2:33um complicado problema de física.
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2:33 - 2:36Temos um avião que está
a centenas de metros do chão, -
2:36 - 2:38a voar a centenas de quilómetros por hora,
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2:38 - 2:41e estamos a tentar largar
um objecto, uma bomba, -
2:41 - 2:43num alvo imóvel
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2:43 - 2:46perante todo o tipo de ventos e nuvens
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2:46 - 2:48e todo o tipo de outros impedimentos.
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2:48 - 2:50E todo o tipo de pessoas,
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2:50 - 2:52até à I Guerra Mundial e entre guerras,
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2:52 - 2:54tentaram resolver este problema,
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2:54 - 2:56e quase todos fracassaram.
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2:56 - 2:59As miras que estavam disponíveis
eram incrivelmente grosseiras. -
2:59 - 3:03Mas Carl Norden
foi quem resolveu o puzzle. -
3:03 - 3:06Ele constrói este aparelho
incrivelmente complicado. -
3:06 - 3:08Ele pesa cerca de 23 quilogramas.
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3:08 - 3:11Chama-se mira Norden Mark 15.
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3:11 - 3:14Tem todo o tipo de alavancas, rolamentos,
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3:14 - 3:17dispositivos e instrumentos de medição
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3:18 - 3:20e faz uma coisa complicada.
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3:20 - 3:22Como é que funciona?
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3:22 - 3:26Permite que o piloto do bombardeiro
use este objecto, -
3:26 - 3:28visualize o alvo
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3:28 - 3:32— porque eles estão no cone
de Plexiglas do bombardeiro — -
3:32 - 3:35e depois introduza a altitude do avião,
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3:35 - 3:38a velocidade do avião,
a velocidade do vento -
3:38 - 3:42e as coordenadas do alvo.
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3:42 - 3:45E a mira dir-lhe-á onde largar a bomba!
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3:47 - 3:49Como Norden disse e ficou conhecido,
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3:49 - 3:51"Antes de haver esta mira,
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3:51 - 3:53as bombas nunca acertavam no alvo,
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3:53 - 3:55num raio de quase 2 km."
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3:55 - 3:58Mas afirmou que,
com a mira Mark 15 Norden, -
3:58 - 4:00ele conseguia acertar com uma bomba
num barril de picles -
4:00 - 4:02a uma altitude de 6000 metros.
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4:02 - 4:04Não vos consigo transmitir
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4:04 - 4:06até que ponto o exército dos Estados Unidos
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4:06 - 4:08ficou incrivelmente excitado
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4:08 - 4:10com as notícias da mira Norden.
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4:10 - 4:13Foi como um maná caído do céu.
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4:13 - 4:17Tinham um exército que acabara
de passar pela I Guerra Mundial -
4:17 - 4:21em que milhões de homens
lutaram nas trincheiras, -
4:21 - 4:23sem chegar a parte alguma,
sem conseguir avançar -
4:23 - 4:26e aparecia alguém
que tinha inventado um aparelho -
4:26 - 4:29que permitia que voassem nos céus,
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4:29 - 4:31bem acima do território inimigo,
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4:31 - 4:32destruindo o que eles quisessem
-
4:32 - 4:35com uma precisão extraordinária.
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4:35 - 4:39O exército americano
gastou 1500 milhões de dólares -
4:39 - 4:42— milhares de milhões de dólares
em dólares de 1940 — -
4:42 - 4:44a desenvolver a mira Norden.
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4:44 - 4:46Pondo isto em perspectiva,
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4:46 - 4:49o custo total do Projecto Manhattan
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4:49 - 4:51foi de 3 mil milhões de dólares.
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4:51 - 4:54Gastou-se na mira Norden
metade do dinheiro gasto -
4:54 - 4:59no mais famoso projecto militar
e industrial da era moderna -
4:59 - 5:02Havia pessoas, estrategas,
no exército norte-americano -
5:02 - 5:04que acreditavam genuinamente
-
5:04 - 5:07que este aparelho iria ditar a diferença
-
5:07 - 5:09entre a vitória e a derrota
-
5:09 - 5:11quando chegasse
a altura de lutar contra os nazis -
5:11 - 5:13e contra os japoneses.
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5:13 - 5:15Para Norden, também,
-
5:15 - 5:18este aparelho tinha
uma incrível importância moral, -
5:18 - 5:20porque Norden era um cristão convicto.
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5:20 - 5:22Aliás, ele ficava sempre aborrecido
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5:22 - 5:25quando as pessoas falavam da mira
como uma invenção sua -
5:25 - 5:28pois, aos seus olhos,
apenas Deus podia inventar coisas. -
5:28 - 5:31Ele era um mero instrumento
da vontade de Deus. -
5:31 - 5:33E qual era a vontade de Deus?
-
5:33 - 5:36A vontade de Deus era que o sofrimento
envolvido em qualquer tipo de guerra -
5:36 - 5:39fosse reduzido ao mínimo possível.
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5:39 - 5:41E o que é que a mira Norden permitia?
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5:41 - 5:43Ela permitia fazer justamente isso.
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5:43 - 5:45Permitia bombardear apenas aquelas coisas
-
5:45 - 5:49que precisávamos e queríamos
absolutamente bombardear. -
5:49 - 5:52Por isso, nos anos que antecederam
a II Guerra Mundial, -
5:52 - 5:56o exército norte-americano
comprou 90 000 miras Norden -
5:56 - 5:59com um custo de 14 000 dólares cada
-
5:59 - 6:02— também em dólares de 1940,
o que é imenso dinheiro. -
6:02 - 6:06E treinaram 50 000 pilotos
sobre como as usar -
6:06 - 6:09— longas e intensivas sessões de treino
durante meses — -
6:09 - 6:11porque eram essencialmente
computadores analógicos; -
6:11 - 6:13não são fáceis de usar.
-
6:13 - 6:16E obrigavam cada um desses pilotos
a jurar solenemente, -
6:16 - 6:18que, se alguma vez fossem capturados,
-
6:18 - 6:21não divulgariam um único detalhe
-
6:21 - 6:23deste aparelho especial ao inimigo,
-
6:23 - 6:25porque era imperativo
que o inimigo não se apoderasse -
6:25 - 6:28desta tecnologia absolutamente essencial.
-
6:28 - 6:31Sempre que a mira Norden
era levada num avião, -
6:31 - 6:34era escoltada por uma série
de guardas armados. -
6:34 - 6:36Era transportada numa caixa
tapada com panos. -
6:36 - 6:39A caixa era algemada a um dos guardas.
-
6:39 - 6:42Nunca se pôde fotografá-la.
-
6:42 - 6:45E tinha um pequeno aparelho
incendiário lá dentro, -
6:45 - 6:48para que, caso o avião
se despenhasse, ela fosse destruída -
6:48 - 6:50e não houvesse forma de o inimigo
se apoderar dela. -
6:51 - 6:52A mira Norden
-
6:52 - 6:54era o Santo Graal.
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6:55 - 6:58Então, o que é que aconteceu
durante a II Guerra Mundial? -
6:58 - 7:02Bem, acontece que não era o Santo Graal.
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7:02 - 7:04Na prática, a mira Norden
-
7:04 - 7:07pode largar uma bomba
num barril de picles a 6 km de altitude, -
7:07 - 7:09mas isso é sob condições perfeitas.
-
7:09 - 7:11E, claro, em tempo de guerra,
-
7:11 - 7:13as condições não são perfeitas.
-
7:13 - 7:15Em primeiro lugar,
é muito difícil usá-la, muito difícil. -
7:16 - 7:19Nem todos os 50 000 pilotos
dos bombardeiros -
7:19 - 7:23tinham a capacidade de programar
devidamente um computador analógico. -
7:23 - 7:25Em segundo lugar,
avaria com frequência. -
7:25 - 7:29Está cheia de todos os tipos
de giroscópios, roldanas, -
7:29 - 7:31dispositivos e rolamentos,
-
7:31 - 7:33que não funcionam tão bem como deviam
no calor da batalha. -
7:33 - 7:36Em terceiro lugar, quando Norden
fez os seus cálculos, -
7:36 - 7:39ele presumiu que o avião estaria a voar
-
7:39 - 7:41a uma velocidade relativamente lenta
e a baixas altitudes, -
7:41 - 7:44quando, na verdadeira guerra,
não é possível fazer isso; -
7:44 - 7:46seriam abatidos.
-
7:46 - 7:48Portanto, começaram a voar
a grandes altitudes -
7:48 - 7:50e a velocidades incrivelmente elevadas.
-
7:50 - 7:52E a mira Norden não funciona tão bem
nessas condições. -
7:53 - 7:54Mas, acima de tudo,
-
7:54 - 7:59a mira Norden requer que o piloto
faça contacto visual com o alvo. -
7:59 - 8:02Mas, claro, o que acontece na vida real?
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8:02 - 8:04Existem nuvens, certo?
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8:05 - 8:08Ela precisa de um céu limpo
para ser bem exacta. -
8:08 - 8:12Mas, quantos céus limpos
acham que existiam na Europa Central -
8:12 - 8:14entre 1940 e 1945?
-
8:15 - 8:17Não muitos.
-
8:17 - 8:21Para vos dar uma ideia
de como inexacta a mira Norden era, -
8:21 - 8:23houve um caso famoso em 1944
-
8:23 - 8:25em que os aliados bombardearam
-
8:25 - 8:27uma fábrica de químicos
em Leuna, na Alemanha. -
8:27 - 8:31A fábrica de químicos englobava
mais de 300 hectares. -
8:31 - 8:34Ao fim de 22 missões de bombardeamento,
-
8:34 - 8:38os aliados largaram 85 000 bombas
-
8:38 - 8:43nesta fábrica de químicos de 300 hectares,
-
8:43 - 8:45usando a mira Norden.
-
8:45 - 8:48Qual a percentagem dessas bombas
-
8:48 - 8:50acham que caíram de facto
-
8:50 - 8:52dentro do perímetro
de 300 hectares co complexo? -
8:53 - 8:55Dez por cento! Dez por cento!
-
8:56 - 8:58E desses 10% que lá caíram,
-
8:58 - 9:01houve 16% que nem sequer explodiram.
Foram fracassos. -
9:01 - 9:02A fábrica de químicos de Leuna,
-
9:02 - 9:05após um dos bombardeamentos
mais longos na história da guerra, -
9:05 - 9:08estava em funcionamento
ao fim de semanas. -
9:08 - 9:11E, já agora, todas aquelas precauções
-
9:11 - 9:13em manter a mira Norden
longe das mãos dos nazis? -
9:14 - 9:18Bem, aconteceu que Carl Norden,
como um verdadeiro suíço, -
9:18 - 9:21tinha grande fascínio
por engenheiros alemães. -
9:21 - 9:23Por isso, em 1930,
contratou um grupo deles, -
9:23 - 9:25incluindo um senhor chamado Hermann Long
-
9:25 - 9:27que, em 1938,
-
9:27 - 9:30deu aos nazis um conjunto completo
de planos para a mira Norden. -
9:30 - 9:33Por isso eles tinham a sua
mira Norden durante toda a guerra -
9:33 - 9:35— que, a propósito, também
não funcionou muito bem. -
9:35 - 9:37(Risos)
-
9:38 - 9:40Porque é que vos falo da mira Norden?
-
9:41 - 9:43Bem, porque nós vivemos numa era
-
9:43 - 9:46em que há imensas, imensas miras Norden.
-
9:47 - 9:49Vivemos num tempo onde há todos os tipos
-
9:49 - 9:50de pessoas muito, muito inteligentes
-
9:50 - 9:53que andam de um lado para o outro
a dizer que inventaram dispositivos -
9:53 - 9:55que vão mudar o nosso mundo para sempre.
-
9:55 - 9:58Inventaram websites que vão permitir
que as pessoas sejam livres. -
9:58 - 10:01Inventaram isto, ou aquilo, ou aqueloutro
-
10:01 - 10:04que vai tornar o nosso mundo melhor,
para sempre -
10:05 - 10:07Se forem às forças armadas,
-
10:07 - 10:08encontrarão também muitos Carl Nordens.
-
10:09 - 10:11Se forem ao Pentágono, eles dirão:
-
10:11 - 10:13"Sabem, nós agora podemos realmente
-
10:13 - 10:15largar uma bomba
dentro de um barril de picles -
10:15 - 10:17a uma altitude de 6000 metros."
-
10:17 - 10:19E sabem que mais? É verdade,
eles conseguem mesmo fazer isso. -
10:19 - 10:22Mas precisamos de ser muito claros
-
10:22 - 10:24sobre quão pouco isso significa.
-
10:25 - 10:28Na guerra do Iraque, no início
da primeira guerra do Iraque, -
10:28 - 10:30os militares norte-americanos,
a força aérea, -
10:30 - 10:33enviou dois esquadrões
de F-15E Fighter Eagles -
10:33 - 10:34para o deserto iraquiano
-
10:34 - 10:37equipado com câmaras
de 5 milhões de dólares -
10:37 - 10:40que lhes permitiam ver
todo o solo do deserto. -
10:40 - 10:42A sua missão era encontrar e destruir
-
10:42 - 10:44— lembram-se dos mísseis Scud,
-
10:44 - 10:47aqueles mísseis do solo para o ar
-
10:47 - 10:49que os iraquianos estavam
a lançar aos israelitas? -
10:49 - 10:51A missão dos dois esquadrões
-
10:51 - 10:53era livrarem-se de todos os mísseis Scud.
-
10:53 - 10:56Para isso, realizaram missões noite e dia,
-
10:56 - 10:58e lançaram milhares de bombas,
-
10:58 - 11:00e dispararam milhares de mísseis
-
11:00 - 11:03na tentativa de se livrarem
deste específico flagelo. -
11:03 - 11:05No fim da guerra, houve uma auditoria
-
11:05 - 11:07— como o exército e a força aérea
sempre fazem — -
11:07 - 11:09e perguntaram:
-
11:09 - 11:12"Quantos Scuds é que destruíram ao certo?"
-
11:12 - 11:14Sabem qual foi a resposta?
-
11:14 - 11:16Zero, nem um só!
-
11:16 - 11:17Porque é que assim foi?
-
11:17 - 11:20Terá sido porque as armas
não eram precisas? -
11:20 - 11:22Ah não, tinham uma precisão brilhante.
-
11:22 - 11:25Podiam destruir esta pequena coisa aqui
-
11:25 - 11:27a 7000 metros de altitude.
-
11:27 - 11:30O problema é que eles não sabiam
onde estavam os mísseis Scud. -
11:31 - 11:34O problema com as bombas
e os barris de picles -
11:34 - 11:36não é conseguir
que a bomba atinja o barril, -
11:36 - 11:39mas sim saber como encontrar o barril.
-
11:39 - 11:41Esse foi sempre o problema mais difícil
-
11:41 - 11:43quando se trata de guerras.
-
11:43 - 11:45Pensem na batalha no Afeganistão.
-
11:45 - 11:47Qual era a arma de eleição
-
11:47 - 11:50da guerra da CIA no Noroeste do Paquistão?
-
11:50 - 11:53Eram os veículos aéreos
não tripulados. O que eram eles? -
11:53 - 11:56Eram os netos da mira Norden Mark 15.
-
11:57 - 12:01É esta arma de precisão
e exactidão devastadora. -
12:01 - 12:03E no decurso dos últimos seis anos
-
12:03 - 12:05no noroeste do Paquistão,
-
12:05 - 12:10a CIA tem posto no ar centenas de mísseis
em veículos aéreos não tripulados -
12:10 - 12:13e tem-nos usado
para matar 2000 suspeitos, -
12:13 - 12:16militantes talibãs e paquistaneses.
-
12:16 - 12:20Qual é a precisão destes
veículos aéreos não tripulados? -
12:20 - 12:22É extraordinária.
-
12:22 - 12:25Pensamos que está
na casa dos 95% de precisão -
12:25 - 12:27no que toca aos ataques
com veículos aéreos não tripulados. -
12:27 - 12:30Precisamos de matar 95%
dessas pessoas, não é? -
12:30 - 12:32Este é um dos mais extraordinários registos
-
12:32 - 12:34na história da guerra moderna.
-
12:34 - 12:36Mas sabem o que é crucial?
-
12:36 - 12:38Nesse mesmo período
-
12:38 - 12:41em que temos usado estes aparelhos
com uma exactidão devastadoras, -
12:41 - 12:45o número de ataques, de ataques suicidas
e de ataques terroristas, -
12:45 - 12:47contra as forças americanas no Afeganistão
-
12:47 - 12:50aumentou dez vezes.
-
12:50 - 12:54À medida que nos tornamos
cada vez mais eficazes em matá-los, -
12:54 - 12:57eles têm ficado cada vez mais descontentes
-
12:57 - 13:00cada vez mais motivados para nos matar.
-
13:00 - 13:03Não vos descrevi uma história de sucesso.
-
13:03 - 13:06Descrevi-vos o oposto
de uma história de sucesso. -
13:06 - 13:11E este é o problema com o nosso fascínio
pelas coisas que construímos. -
13:11 - 13:14Pensamos que as coisas que fazemos
podem resolver os nossos problemas, -
13:14 - 13:17mas os nossos problemas
são muito mais complexos do que isso. -
13:17 - 13:20O problema não é a precisão
das bombas que temos, -
13:20 - 13:22é como usar as bombas que temos,
-
13:22 - 13:24e, mais importante ainda,
-
13:24 - 13:26se é que devemos
usar mesmo essas bombas. -
13:27 - 13:30Há um post-scriptum
-
13:30 - 13:32na história de Norden,
-
13:32 - 13:34de Carl Norden e da sua fabulosa mira.
-
13:34 - 13:37É que, a 6 de Agosto de 1945,
-
13:37 - 13:41um bombardeiro B-29,
chamado o Enola Gay, -
13:41 - 13:45sobrevoou o Japão
e, usando a mira Norden, -
13:45 - 13:48lançou um dispositivo
termonuclear enorme -
13:48 - 13:50na cidade de Hiroxima.
-
13:51 - 13:53Como era típico da mira Norden,
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13:53 - 13:57a bomba falhou o alvo
em cerca de 200 metros. -
13:57 - 13:59Mas, claro, não importava.
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14:00 - 14:03Esta é a maior ironia da mira Norden.
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14:04 - 14:09A mira de 1500 milhões de dólares
da Força Aérea -
14:09 - 14:12foi usada para largar uma bomba
de 3000 milhões de dólares, -
14:12 - 14:15que não precisava de uma mira para nada.
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14:16 - 14:18Entretanto, em Nova Iorque,
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14:18 - 14:20ninguém disse a Carl Norden
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14:20 - 14:22que a sua mira
tinha sido usada sobre Hiroxima. -
14:23 - 14:25Ele era um cristão convicto.
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14:25 - 14:27Pensava que tinha inventado uma coisa
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14:27 - 14:30que iria reduzir o sofrimento na guerra.
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14:30 - 14:32Ter-lhe-ia partido o coração.
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14:33 - 14:36(Aplausos)
- Title:
- A estranha história da mira Norden
- Speaker:
- Malcolm Gladwell
- Description:
-
O mestre contador de histórias Malcolm Gladwell conta-nos o conto da mira Norden, um instrumento pioneiro da tecnologia da Segunda Guerra Mundial com um resultado profundamente inesperado.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 14:40
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Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The strange tale of the Norden bombsight | |
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Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The strange tale of the Norden bombsight | |
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