Porque é que os nossos níveis de QI são mais altos do que os dos nossos avós?
-
0:01 - 0:04Vamos fazer uma rápida viagem
-
0:04 - 0:07pela história cognitiva do século XX,
-
0:07 - 0:09porque durante esse século,
-
0:09 - 0:12os nossos espíritos
alteraram-se drasticamente. -
0:12 - 0:15Como sabem, os carros que
as pessoas guiavam em 1900 -
0:15 - 0:17modificaram-se porque
as estradas são melhores -
0:17 - 0:19e por causa da tecnologia.
-
0:19 - 0:21As nossas mentes também se modificaram.
-
0:21 - 0:25Deixámos de ser pessoas
que tinham um mundo concreto -
0:25 - 0:28e analisavam esse mundo basicamente
-
0:28 - 0:31em termos de quanto ele as beneficiava.
-
0:31 - 0:35Passámos a ser pessoas
que veem um mundo muito complexo, -
0:35 - 0:38um mundo onde tivemos de desenvolver
-
0:38 - 0:41novos hábitos mentais,
novos hábitos de espírito. -
0:41 - 0:43Estes incluem coisas como
-
0:43 - 0:48dotar esse mundo concreto
com uma classificação, -
0:48 - 0:50introduzir abstrações que tentamos fazer
-
0:50 - 0:53com consistência lógica
-
0:53 - 0:55e também levando a sério o hipotético,
-
0:55 - 0:58ou seja, meditando sobre
o que poderia ter sido -
0:58 - 1:00em vez do que é.
-
1:00 - 1:04Reparei nessa mudança drástica
-
1:04 - 1:07através dos impressionantes
resultados de QI ao longo do tempo, -
1:07 - 1:10que melhoraram em grande escala.
-
1:10 - 1:14Ou seja, não obtemos apenas
mais respostas certas -
1:14 - 1:15nos testes de QI.
-
1:15 - 1:19Obtemos muito mais respostas certas
nos testes de QI -
1:19 - 1:21do que em cada geração anterior,
-
1:21 - 1:24desde a época em que foram inventados.
-
1:24 - 1:27De facto, se classificássemos
as pessoas de há cem anos -
1:27 - 1:29pelas normas modernas,
-
1:29 - 1:32elas teriam um QI médio de 70.
-
1:32 - 1:35Se nos classificássemos
pelas normas deles, -
1:35 - 1:39teríamos um QI médio de 130.
-
1:39 - 1:42Ora bem, isso levantou
todo o tipo de questões. -
1:42 - 1:44Estariam os nossos antepassados imediatos
-
1:44 - 1:46no limite do atraso mental?
-
1:46 - 1:47(Risos)
-
1:47 - 1:51Porque 70 é normalmente
a pontuação para o atraso mental. -
1:51 - 1:54Ou estamos nós à beira
de sermos todos dotados? -
1:54 - 1:58Porque 130 é a linha de corte
para os talentosos. -
1:58 - 2:02Vou tentar argumentar
uma terceira alternativa -
2:02 - 2:07que é mais iluminadora
do que qualquer das anteriores. -
2:07 - 2:08Para colocar isso em perspetiva,
-
2:08 - 2:11imaginemos que um marciano desceu à Terra
-
2:11 - 2:15e encontrou uma civilização destruída.
-
2:15 - 2:17Esse marciano era um arqueólogo
-
2:17 - 2:19e encontrou registos
de pontuações de tiro, -
2:19 - 2:22que as pessoas tinham usado
para o tiro ao alvo. -
2:22 - 2:25Em primeiro lugar, olhou para 1865.
-
2:25 - 2:27Descobriu que, num minuto,
-
2:27 - 2:31as pessoas só tinham acertado
uma bala no alvo. -
2:31 - 2:33Depois descobriu que, em 1898,
-
2:33 - 2:36elas acertavam no alvo
cerca de cinco balas num minuto. -
2:36 - 2:42E depois, por volta de 1918,
acertavam cem balas no alvo. -
2:42 - 2:46Inicialmente, aquele arqueólogo
ficaria perplexo e diria: -
2:46 - 2:48"Vejam: estes testes foram concebidos
-
2:48 - 2:52para descobrir até que ponto
as pessoas tinham a mão firme, -
2:52 - 2:54quão aguçada era a sua visão,
-
2:54 - 2:57se eles tinham controlo da sua arma.
-
2:57 - 3:03Como é que o desempenho
melhorou assim tanto?" -
3:03 - 3:05Claro que nós sabemos qual é a resposta.
-
3:05 - 3:07Se o marciano olhasse
para os campos de batalha, -
3:07 - 3:10descobriria que as pessoas
só tinham mosquetes -
3:10 - 3:12na época da Guerra Civil,
-
3:12 - 3:14que tinham espingardas de repetição
-
3:14 - 3:17na época da guerra hispano-americana,
-
3:17 - 3:19e que, depois, tinham metralhadoras
-
3:19 - 3:22na época da I Guerra Mundial.
-
3:22 - 3:24Por outras palavras, foi o equipamento
-
3:24 - 3:26nas mãos do soldado vulgar
-
3:26 - 3:29que foi o responsável,
e não uma visão mais aguçada, -
3:29 - 3:32nem uma mão mais firme.
-
3:32 - 3:35Ora bem, temos que imaginar
a artilharia mental -
3:35 - 3:38que adquirimos ao longo desses cem anos.
-
3:38 - 3:42Acho que um outro pensador nos vai ajudar.
-
3:42 - 3:44Chama-se Luria.
-
3:44 - 3:47Luria observou pessoas
-
3:47 - 3:50pouco antes de elas entrarem
na idade científica. -
3:50 - 3:52Descobriu que essas pessoas
-
3:52 - 3:56eram resistentes em classificar
o mundo concreto. -
3:56 - 4:00Queriam dividi-lo em pequenos pedaços
que pudessem usar. -
4:00 - 4:03Descobriu que elas eram resistentes
-
4:03 - 4:05a fazer deduções hipotéticas,
-
4:05 - 4:08a especular sobre o que poderia ser.
-
4:08 - 4:12Por fim, descobriu que elas
não lidavam bem com abstrações -
4:12 - 4:16nem utilizavam a lógica
nessas abstrações. -
4:16 - 4:18Vou dar-vos uma amostra
das entrevistas que ele fez. -
4:18 - 4:21Ele falou com o chefe duma pessoa
-
4:21 - 4:22na Rússia rural.
-
4:22 - 4:24Como era vulgar em 1990,
-
4:24 - 4:27ele tinha apenas cerca de
quatro anos de escolaridade. -
4:27 - 4:29Luria perguntou a essa pessoa:
-
4:29 - 4:33"O que é que os corvos e os peixes
têm em comum?" -
4:33 - 4:36O indivíduo respondeu:
"Absolutamente nada. -
4:36 - 4:40Veja bem: eu posso comer um peixe.
Mas não como um corvo. -
4:40 - 4:42Um corvo pode pescar um peixe.
-
4:42 - 4:44Um peixe não pode
fazer nada com um corvo". -
4:44 - 4:46Luria disse:
-
4:46 - 4:47"Mas não são ambos animais?"
-
4:47 - 4:49E o homem responde:
"Claro que não. -
4:49 - 4:51Um é um peixe.
-
4:51 - 4:53O outro é um pássaro."
-
4:53 - 4:55Luria ficou interessado, realmente,
-
4:55 - 4:59no que poderia fazer
com esses objetos concretos. -
4:59 - 5:03Depois Luria foi ter
com outra pessoa e disse: -
5:03 - 5:06"Não há camelos na Alemanha.
-
5:06 - 5:09Hamburgo é uma cidade da Alemanha.
-
5:09 - 5:11Há camelos em Hamburgo?"
-
5:11 - 5:13E o homem respondeu:
-
5:13 - 5:16"Bem, se for bastante grande,
deve lá haver camelos". -
5:16 - 5:20Então Luria disse: "Mas o que é que
as minhas palavras implicam?" -
5:20 - 5:23E o homem responde:
"Bem, talvez seja um aldeia pequena, -
5:23 - 5:25e não haja lugar para camelos".
-
5:25 - 5:27Ou seja, ele estava
relutante em encarar aquilo -
5:27 - 5:30sob outro aspeto que não fosse
um problema concreto. -
5:30 - 5:33Estava habituado a camelos
em aldeias pequenas -
5:33 - 5:37e era totalmente incapaz de
fazer um raciocínio hipotético, -
5:37 - 5:42de se interrogar se havia
ou não camelos na Alemanha. -
5:42 - 5:44Luria fez uma terceira entrevista
-
5:44 - 5:47com uma pessoa sobre o Polo Norte.
-
5:47 - 5:51Luria disse:
"No Polo Norte há sempre neve. -
5:51 - 5:55Onde há sempre neve,
os ursos são brancos. -
5:55 - 5:59Qual é a cor dos ursos no Polo Norte?"
-
5:59 - 6:01E a resposta foi: "Coisas desse género
-
6:01 - 6:03têm que ser verificadas
por meio de testemunhas. -
6:03 - 6:06Se um sábio vier do Polo Norte
-
6:06 - 6:08e me disser que os ursos são brancos,
-
6:08 - 6:10eu talvez acredite nele,
-
6:10 - 6:14mas os ursos que eu já vi
eram todos castanhos." -
6:14 - 6:16Mais uma vez, essa pessoa recusou-se
-
6:16 - 6:19a ir além do mundo concreto
-
6:19 - 6:22e analisou o problema através da
sua experiência quotidiana. -
6:22 - 6:24Para essa pessoa era importante
-
6:24 - 6:25a cor que os urso tinham,
-
6:25 - 6:28ou seja, eles tinham que caçar ursos.
-
6:28 - 6:30Não estavam interessados em pensar nisso.
-
6:30 - 6:32Um deles disse a Luria:
-
6:32 - 6:36"Como é que nós podemos resolver questões
que não são problemas reais? -
6:36 - 6:37Nenhum desses problemas é real.
-
6:37 - 6:40Como é que podemos tratá-los?"
-
6:40 - 6:44Estas três categorias
-
6:44 - 6:45— classificação,
-
6:45 - 6:47— uso da lógica em abstrações,
-
6:47 - 6:50— levar a sério o hipotético,
-
6:50 - 6:52que diferença fazem no mundo real
-
6:52 - 6:54fora da sala de testes?
-
6:54 - 6:57Vou dar-vos algumas ilustrações.
-
6:57 - 7:01Primeiro, quase todos nós
temos um diploma de ensino médio. -
7:01 - 7:04Isto é, todos passámos
dos 4 ou 8 anos de instrução -
7:04 - 7:07para 12 anos de instrução formal.
-
7:07 - 7:09E 52% dos americanos
-
7:09 - 7:13chegaram a frequentar o ensino superior.
-
7:13 - 7:16Portanto, nós temos muito mais instrução
-
7:16 - 7:19e grande parte dessa educação é científica.
-
7:19 - 7:23Não podemos fazer ciência
sem classificar o mundo. -
7:23 - 7:27Não podemos fazer ciência
sem propor hipóteses. -
7:27 - 7:31Não podemos fazer ciência
sem consistência lógica. -
7:31 - 7:35Até mesmo na escola primária,
as coisas mudaram. -
7:35 - 7:37Em 1910 , no estado de Ohio,
-
7:37 - 7:42analisaram-se os exames
feitos a miúdos de 14 anos -
7:42 - 7:43e descobriu-se que as perguntas
-
7:43 - 7:47eram todas sobre informações
concretas, valorizadas socialmente. -
7:47 - 7:48Havia coisas como:
-
7:48 - 7:51quais eram as capitais
dos 44 ou 45 estados -
7:51 - 7:53que existiam naquela época?
-
7:53 - 7:55Quando se analisaram os exames
-
7:55 - 7:58que o estado de Ohio fez em 1990,
-
7:58 - 8:00viu-se que eram todos sobre abstrações.
-
8:00 - 8:03Havia coisas como:
-
8:03 - 8:07"Porque é que a maior cidade
de um estado raramente é a capital?" -
8:07 - 8:09Supostamente devíamos pensar,
-
8:09 - 8:12"A legislatura do estado
era controlada pelas forças rurais -
8:12 - 8:14e eles odiavam as cidades grandes.
-
8:14 - 8:17Assim, em vez de pôr a capital
numa grande cidade, -
8:17 - 8:18colocavam-na na sede do município."
-
8:18 - 8:21"Colocaram a capital em Albany
em vez de em Nova Yorque." -
8:21 - 8:24"Colocaram a capital em Harrisburg
e não em Filadélfia." -
8:24 - 8:26E assim por diante.
-
8:26 - 8:28A tendência geral da educação mudou.
-
8:28 - 8:32Estamos a educar as pessoas
para levarem a sério o hipotético, -
8:32 - 8:36para fazerem uso de abstrações
e para pensar nelas logicamente. -
8:36 - 8:38E quanto ao trabalho?
-
8:38 - 8:42Em 1900, 3% dos americanos
-
8:42 - 8:46exerciam profissões que
eram cognitivamente exigentes. -
8:46 - 8:50Apenas 3% eram advogados
ou médicos ou professores. -
8:50 - 8:53Atualmente, 35% dos americanos
-
8:53 - 8:56exercem profissões
cognitivamente exigentes, -
8:56 - 8:59não só em profissões como advogados,
-
8:59 - 9:01médicos, cientistas ou palestrantes,
-
9:01 - 9:03mas também em muitas subprofissões
-
9:03 - 9:05que têm a ver com ser um técnico,
-
9:05 - 9:07um programador de computadores.
-
9:07 - 9:11Uma enorme gama de profissões
tem hoje exigências cognitivas. -
9:11 - 9:14E só podemos satisfazer
as condições de emprego -
9:14 - 9:16no mundo moderno
-
9:16 - 9:19sendo cognitivamente muito mais flexíveis.
-
9:19 - 9:22Não é apenas porque temos mais pessoas
-
9:22 - 9:25em profissões cognitivamente exigentes.
-
9:25 - 9:27As profissões têm-se atualizado.
-
9:27 - 9:30Comparem o médico de 1900,
-
9:30 - 9:33que só tinha alguns truques
debaixo da manga, -
9:33 - 9:36com o clínico geral
ou o especialista moderno, -
9:36 - 9:38com anos de formação científica.
-
9:38 - 9:41Comparem o banqueiro de 1900,
-
9:41 - 9:43que só precisava de um bom contabilista
-
9:43 - 9:46e saber quem era de confiança
na comunidade local -
9:46 - 9:48para pagar a hipoteca.
-
9:48 - 9:51Os banqueiros mercantis que puseram
o mundo de joelhos -
9:51 - 9:53podem ter sido moralmente negligentes,
-
9:53 - 9:57mas foram cognitivamente muito ágeis.
-
9:57 - 10:02Foram muito além do banqueiro de 1900.
-
10:02 - 10:04Tiveram que olhar para projeções
feitas em computador -
10:04 - 10:05para o mercado imobiliário.
-
10:05 - 10:09Tiveram que arranjar
"obrigações de dívidas" complicadas -
10:09 - 10:12para empacotar dívidas misturadas
-
10:12 - 10:16e fazer com que a dívida
parecesse um ativo rentável. -
10:16 - 10:18Elaboraram um plano para conseguir
-
10:18 - 10:21que as agências de avaliação
lhes dessem um AAA, -
10:21 - 10:24embora, em muitos casos tenham
subornado as agências de avaliação. -
10:24 - 10:26Claro que tiveram que
fazer com que as pessoas -
10:26 - 10:29aceitassem os alegados ativos
-
10:29 - 10:30e pagassem dinheiro por eles,
-
10:30 - 10:33embora os ativos fossem
altamente vulneráveis. -
10:33 - 10:34Ou vejam um agricultor, hoje em dia.
-
10:34 - 10:36Considero o gestor agrícola de hoje
-
10:36 - 10:40muito diferente do agricultor de 1900.
-
10:40 - 10:42Portanto, não tem havido só a propagação
-
10:42 - 10:45de profissões cognitivamente exigentes.
-
10:45 - 10:47Tem havido também
a atualização de tarefas, -
10:47 - 10:50como as dos advogados e médicos e outros,
-
10:50 - 10:54que têm aumentado as exigências
das nossas capacidades cognitivas. -
10:54 - 10:57Mas tenho estado a falar
sobre a educação e o emprego. -
10:57 - 11:01Alguns dos hábitos intelectuais
que desenvolvemos -
11:01 - 11:03durante o século XX,
-
11:03 - 11:05deram resultados em áreas inesperadas.
-
11:05 - 11:07Eu sou principalmente
um filósofo da moral. -
11:07 - 11:11Apenas passeio pela psicologia.
-
11:11 - 11:15O que me interessa, em geral,
é o debate moral. -
11:15 - 11:18Durante o século passado,
-
11:18 - 11:20em nações desenvolvidas, como os EUA,
-
11:20 - 11:22o debate moral aumentou
-
11:22 - 11:25porque levamos a sério o hipotético
-
11:25 - 11:28e também levamos a sério o universal.
-
11:28 - 11:31Procuramos conexões lógicas.
-
11:31 - 11:35Quando voltei para casa,
em 1955, saído da universidade, -
11:35 - 11:37na época de Martin Luther King,
-
11:37 - 11:40muita gente voltava
para casa naquela época -
11:40 - 11:44e começava a ter discussões
com os pais e avós. -
11:44 - 11:47O meu pai nasceu em 1885
-
11:47 - 11:49e era moderadamente racista.
-
11:49 - 11:51Como irlandês, odiava tanto os ingleses
-
11:51 - 11:54que não lhe sobrava muita emoção
para mais ninguém. -
11:54 - 11:57(Risos)
-
11:57 - 12:02Mas ele achava que
os negros eram inferiores. -
12:02 - 12:04Quando nós dizíamos
aos nossos pais e avós: -
12:04 - 12:09"Como é que se sentiriam se, amanhã
de manhã, acordassem pretos?" -
12:09 - 12:12Eles respondiam que essa era
a coisa mais estúpida que se podia dizer. -
12:12 - 12:15"Quem é que tu conheces
que um dia acordou de manhã... -
12:15 - 12:17(Risos)
-
12:17 - 12:19transformado num negro?"
-
12:19 - 12:22Por outras palavras,
estavam presos às atitudes -
12:22 - 12:25e aos costumes concretos
que tinham herdado. -
12:25 - 12:28Não levavam a sério o hipotético.
-
12:28 - 12:30E, sem o hipotético,
-
12:30 - 12:34é muito difícil arrancar
um argumento moral. -
12:34 - 12:35Temos que dizer:
-
12:35 - 12:40"Imagine que está no Irão
-
12:40 - 12:43e que todos os seus parentes
-
12:43 - 12:45foram vítimas colaterais de um ataque
-
12:45 - 12:47embora não tenham feito
nada de errado. -
12:47 - 12:49Como é que se sentiria quanto a isso?"
-
12:49 - 12:51Se alguém das gerações mais velhas disser:
-
12:51 - 12:53"O nosso governo toma conta de nós,
-
12:53 - 12:56é da responsabilidade do governo deles
tomar conta deles", -
12:56 - 13:01é porque não está disposto
a levar a sério o hipotético. -
13:01 - 13:05Ou vejam um pai muçulmano
cuja filha foi violada -
13:05 - 13:07e ele sente-se obrigado
pela honra a matá-la. -
13:07 - 13:09Ele lida com os seus costumes
-
13:09 - 13:13como se fossem paus
e pedras e rochas herdadas -
13:13 - 13:16que são imutáveis pela lógica.
-
13:16 - 13:19São apenas costumes herdados.
-
13:19 - 13:21Hoje em dia diríamos qualquer coisa como:
-
13:21 - 13:25"Imagine que o puseram inconsciente
e o sodomizaram. -
13:25 - 13:26Acha que merecia ser morto?"
-
13:26 - 13:30Ele provavelmente responderia:
"Isso não está no Corão. -
13:30 - 13:34Isso não é nenhum
dos princípios que recebi." -
13:34 - 13:36Hoje, universalizamos
os nossos princípios. -
13:36 - 13:40Enunciamo-los como abstrações
e usamos a lógica neles. -
13:40 - 13:42Se defendemos um princípio como:
-
13:42 - 13:45"As pessoas não devem sofrer
se não forem culpadas de qualquer coisa", -
13:45 - 13:48então, ao excluir os negros,
-
13:48 - 13:50criamos exceções, não é?
-
13:50 - 13:51Temos que dizer:
-
13:51 - 13:56"A cor negra da pele não é razão
para que alguém sofra com isso. -
13:56 - 14:00Deve ser porque os negros não prestam."
-
14:00 - 14:02Depois podemos apresentar
provas empíricas e dizer: -
14:02 - 14:05"Como é que podemos considerar
que nenhum negro presta, -
14:05 - 14:09se Santo Agostinho era negro
e Thomas Sowell é negro?" -
14:09 - 14:13Nessa altura, podemos provocar
o argumento moral, -
14:13 - 14:16porque não estamos a tratar de princípios
morais como entidades concretas. -
14:16 - 14:19Estamos a tratá-los como universais,
-
14:19 - 14:22que têm que ser consistentes pela lógica.
-
14:21 - 14:24Ora bem, como é que tudo isto
está ligado com os teste de QI? -
14:24 - 14:28Foi o que inicialmente me levou
a estudar história cognitiva. -
14:28 - 14:30Se observarmos um teste de QI
-
14:30 - 14:34veremos que os ganhos
têm sido maiores em certas áreas. -
14:34 - 14:38O subteste de semelhanças de Wechsler
-
14:38 - 14:40diz respeito à classificação.
-
14:40 - 14:41Nós temos tido enormes ganhos
-
14:41 - 14:44nesse subteste de classificação.
-
14:44 - 14:48Há outras partes
na bateria de testes de QI -
14:48 - 14:51que dizem respeito
ao uso da lógica em abstrações. -
14:51 - 14:54Alguns de vocês devem ter feito
as Matrizes Progressivas de Raven. -
14:54 - 14:57Este teste é sobre analogias.
-
14:57 - 15:00Em 1900, as pessoas podiam
fazer analogias simples. -
15:00 - 15:03Ou seja, se lhes disséssemos:
-
15:03 - 15:05"Os gatos são como gatos selvagens.
-
15:05 - 15:07Com quem se parecem os cachorros?"
-
15:07 - 15:09Elas responderiam "lobos".
-
15:09 - 15:12Mas, por volta de 1960, as pessoas
podiam lidar com o teste de Raven -
15:12 - 15:15a um nível muito mais sofisticado.
-
15:15 - 15:16Se lhes disséssemos:
-
15:16 - 15:19"Temos dois quadrados
seguidos de um triângulo, -
15:19 - 15:22o que é que se segue a dois círculos?"
-
15:22 - 15:24Elas diriam: "um semicírculo".
-
15:24 - 15:27Tal como um triângulo
é metade de um quadrado, -
15:27 - 15:29um semicírculo é metade de um círculo.
-
15:29 - 15:33Por volta de 2010, se disséssemos
aos estudantes universitários: -
15:33 - 15:36"Dois círculos seguidos
por um semicírculo, -
15:36 - 15:38dois 'dezasseis' são seguidos de quê?"
-
15:38 - 15:42Eles responderiam: "8",
porque 8 é metade de 16. -
15:42 - 15:45Ou seja, eles passaram tanto
para além do mundo concreto -
15:45 - 15:47que até podem ignorar
-
15:47 - 15:52o aspeto dos símbolos
envolvidos na pergunta. -
15:52 - 15:55Agora, tenho que dizer uma coisa
muito desanimadora. -
15:55 - 15:58Não fizemos progresso
em todas as frentes. -
15:58 - 16:00Umas das maneiras como podemos lidar
-
16:00 - 16:03com a sofisticação do mundo moderno
-
16:03 - 16:05é através da política.
-
16:05 - 16:08Infelizmente, podemos ter
princípios humanos morais, -
16:08 - 16:13podemos ser capazes de classificar,
de usar a lógica em abstrações -
16:13 - 16:16mas, se desconhecermos
a história e os outros países, -
16:16 - 16:18não podemos fazer política.
-
16:18 - 16:21Notámos que há uma tendência
entre os jovens americanos -
16:21 - 16:24para ler menos história, menos literatura
-
16:24 - 16:26e menos material
sobre terras estrangeiras. -
16:26 - 16:28São essencialmente a-históricos.
-
16:28 - 16:30Vivem na bolha do presente.
-
16:30 - 16:33Não distinguem a guerra
da Coreia da guerra do Vietname. -
16:33 - 16:38Não conhecem um só
dos aliados dos EUA na II Guerra Mundial. -
16:38 - 16:40Imaginem como a América seria diferente
-
16:40 - 16:43se todos os americanos soubessem
que esta é a quinta vez -
16:43 - 16:48que os exércitos ocidentais foram
ao Afeganistão pôr a casa em ordem, -
16:48 - 16:51e se eles tivessem uma ideia
do que aconteceu exatamente -
16:51 - 16:54nas quatro vezes anteriores.
-
16:54 - 16:55(Risos)
-
16:55 - 16:57Ou seja, que, mal eles saíram,
-
16:57 - 16:59não ficou o menor vestígio na areia.
-
16:59 - 17:02Ou imaginem como as
coisas seriam diferentes -
17:02 - 17:05se a maioria dos americanos
soubesse que nos mentiram -
17:05 - 17:07em quatro das últimas seis guerras.
-
17:07 - 17:10Por exemplo, os espanhóis não afundaram
o couraçado Maine, -
17:10 - 17:13o Lusitânia não era um navio inofensivo
-
17:13 - 17:16mas estava carregado de munições,
-
17:16 - 17:19os norte-vietnamitas
não atacaram a Sétima Frota. -
17:19 - 17:23E, claro, Saddam Hussein odiava a Al-Qaeda
-
17:23 - 17:25e não tinha nada ver com ela.
-
17:25 - 17:29Mesmo assim, o governo
convenceu 45% das pessoas -
17:29 - 17:31que eles eram irmãos de armas,
-
17:31 - 17:34quando ele os enforcaria
no candeeiro mais próximo. -
17:34 - 17:38Mas não quero terminar
com uma nota pessimista. -
17:38 - 17:42O século XX mostrou
enormes reservas cognitivas -
17:42 - 17:46em pessoas comuns,
que só agora percebemos. -
17:46 - 17:48A aristocracia estava convencida
-
17:48 - 17:50de que a pessoa média
nunca conseguiria lá chegar, -
17:50 - 17:53que nunca partilharia a sua mentalidade
-
17:53 - 17:56ou as suas capacidades cognitivas.
-
17:56 - 17:57Lord Curzon disse uma vez
-
17:57 - 18:00que vira pessoas a tomar banho
no Mar do Norte, e disse: -
18:00 - 18:02"Porque é que nunca ninguém me disse
-
18:02 - 18:05que os corpos das classes inferiores
são tão brancos?" -
18:05 - 18:06Como se eles fossem répteis.
-
18:06 - 18:10Bem, Dickens tinha razão
e ele estava errado -
18:10 - 18:11Dickens disse:
-
18:11 - 18:13"A mulher do coronel e Judy O'Grady
-
18:13 - 18:15são irmãs por debaixo da pele."
-
18:15 - 18:17(Risos)
-
18:17 - 18:22(Aplausos)
- Title:
- Porque é que os nossos níveis de QI são mais altos do que os dos nossos avós?
- Speaker:
- James Flynn
- Description:
-
Chama-se o "efeito Flynn" — o facto de que cada geração obtém uma pontuação mais alta nos testes de QI do que a geração anterior. Estamos de facto a ficar mais inteligentes ou apenas pensamos de modo diferente? Nesta ronda vertiginosa através da história cognitiva do século XX, o filósofo moral James Flynn sugere que as mudanças na forma como pensamos têm consequências surpreendentes (e nem sempre positivas).
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 18:40
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