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Higiene das mãos: mais do que tempo pode escapar por entre seus dedos | Carmela Mascio | TEDxWaltham

  • 0:10 - 0:16
    Gostaria de pedir a todos que parem
    por um momento e observem suas mãos.
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    Olhem para elas.
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    O que veem?
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    O que pensam quando olham para elas?
  • 0:24 - 0:25
    Será que vocês pensam:
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    "Nossa, minhas mãos são fantásticas!
  • 0:28 - 0:29
    (Risos)
  • 0:29 - 0:33
    Elas me ajudam no dia a dia
    de formas que nem dá para contar"?
  • 0:33 - 0:37
    Ou vocês pensam em segurar a mão
    de alguém que amam?
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    Eu penso nessas coisas,
    mas quando olho para as mãos,
  • 0:41 - 0:43
    também vejo 15 milhões de germes.
  • 0:43 - 0:47
    E penso: "Que superfícies
    estas mãos tocaram?
  • 0:47 - 0:50

    E o que havia nessas superfícies?"
  • 0:50 - 0:52
    E penso em como as mãos,
  • 0:52 - 0:58
    as minhas, as suas, de qualquer um,
    sob certas circunstâncias,
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    podem ser assassinas silenciosas
    com um simples toque.
  • 1:03 - 1:04
    Todo dia, quando vou para o trabalho
  • 1:04 - 1:07
    como microbiologista
    de doenças infecciosas,
  • 1:07 - 1:10
    manipulo bactérias que poderiam nos matar.
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    Sendo assim, as pessoas muitas vezes
    perguntam se sou "germofóbica".
  • 1:13 - 1:15
    É uma boa pergunta.
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    No trabalho, sim; eu tenho que ser.
  • 1:19 - 1:23
    Tenho a responsabilidade de garantir que
    organismos resistentes com que trabalho
  • 1:23 - 1:25
    não escapem do laboratório.
  • 1:25 - 1:30
    Mas no dia a dia, será que me preocupo
    com germes constantemente?
  • 1:30 - 1:32
    Bom, depende.
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    Em casa, se um alimento cai no chão,
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    acredito firmemente
    na regra dos três segundos.
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    Principalmente quando envolve sobremesa.
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    (Risos)
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    No entanto, sou rigorosa
    quando se trata da higiene das mãos,
  • 1:46 - 1:52
    porque o simples ato de higienizá-las
    é nossa primeira linha de defesa
  • 1:52 - 1:56
    para prevenir infecções
    em nós mesmos e nos outros.
  • 1:57 - 2:00
    A noção de que germes
    em nossas mãos causam infecções
  • 2:01 - 2:05
    geralmente é compreendida hoje,
    mas nem sempre foi assim.
  • 2:05 - 2:06
    Era uma vez,
  • 2:06 - 2:10
    acreditava-se que doenças
    eram causadas por "espíritos malignos"
  • 2:10 - 2:13
    e ar malcheiroso chamado "miasma".
  • 2:13 - 2:16
    Foi só em meados do século 19
  • 2:16 - 2:21
    que a medicina se tornou mais científica.
  • 2:21 - 2:25
    Um médico húngaro
    chamado Ignaz Semmelweis
  • 2:25 - 2:29
    estava tão incomodado
    com as taxas de mortalidade
  • 2:29 - 2:33
    de mulheres que morriam
    na enfermaria dos estudantes de medicina,
  • 2:33 - 2:35
    em comparação
    com a enfermaria das parteiras,
  • 2:35 - 2:37
    devido à febre puerperal,
  • 2:37 - 2:43
    que ele decidiu entender por que elas
    estavam morrendo naquele ritmo assustador.
  • 2:44 - 2:48
    Depois de muitas tentativas frustradas,
    ele finalmente fez uma conexão:
  • 2:48 - 2:54
    a causa da febre e das mortes prematuras
    eram as "partículas cadavéricas".
  • 2:55 - 3:00
    Ele não sabia que essas partículas
    cadavéricas, como ele as chamava,
  • 3:00 - 3:02
    na verdade, eram bactérias.
  • 3:02 - 3:08
    Mas ao implementar um rigoroso processo
    de limpeza de mãos e instrumentos,
  • 3:08 - 3:11
    ele conseguiu reduzir
    as taxas de mortalidade
  • 3:11 - 3:16
    de 18% para menos de 2% em apenas 2 meses.
  • 3:17 - 3:21
    Depois de uma descoberta incrível
    como essa, era de se esperar
  • 3:21 - 3:25
    que Semmelweis fosse reverenciado
    como salvador das mulheres,
  • 3:25 - 3:28
    recebendo honras e reconhecimento
    de seus colegas.
  • 3:28 - 3:31
    Não foi bem assim.
  • 3:31 - 3:35
    Apesar de Semmelwais ter identificado
    o problema corretamente,
  • 3:35 - 3:39
    ele tratou de mobilizar mudanças
    da forma errada.
  • 3:40 - 3:46
    Em vez de apresentar seu entendimento
    aos colegas gentilmente, ele os puniu.
  • 3:46 - 3:49
    Chamou-os de "assassinos irresponsáveis".
  • 3:50 - 3:52
    Assim, eles se voltaram contra ele.
  • 3:52 - 3:55
    E, com o tempo,
  • 3:55 - 4:00
    ele os irritou tão profundamente
    que eles o internaram em um hospício,
  • 4:00 - 4:07
    onde ele apanhou violentamente e morreu
    14 dias depois de febre infecciosa.
  • 4:08 - 4:11
    Apesar de não ter sido
    valorizada na época,
  • 4:11 - 4:16
    a descoberta feita por Semmelweis
    continua importante e poderosa até hoje.
  • 4:16 - 4:19
    Todos sabemos quando
    devemos lavar as mãos, certo?
  • 4:19 - 4:21
    Aprendemos isso quando somos crianças.
  • 4:21 - 4:24
    Devemos lavá-las antes de tocar em comida,
  • 4:24 - 4:27
    após limpar a sujeira
    de uma criança ou animal,
  • 4:27 - 4:29
    após tocar superfícies sujas
    em locais públicos,
  • 4:29 - 4:32
    como maçanetas e botões de elevador,
  • 4:32 - 4:35
    e, claro, após usar o banheiro.
  • 4:35 - 4:37
    Isso não é uma tremenda novidade.
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    O que pode ser novidade
  • 4:40 - 4:44
    é que estamos em meio
    a uma crise infecciosa novamente,
  • 4:44 - 4:48
    na qual 1 em cada 25 pacientes
    internados em um hospital
  • 4:48 - 4:52
    acabam com uma infecção
    que não tinham ao chegar.
  • 4:52 - 5:00
    Em 2011, o CDC registrou 750 mil casos
    de infecção hospitalar só em hospitais
  • 5:00 - 5:03
    de cuidados agudos nos EUA.
  • 5:03 - 5:08
    Desses pacientes, 75 mil morreram.
  • 5:10 - 5:16
    São mais mortes do que por câncer
    de próstata, mama, cólon
  • 5:16 - 5:19
    ou por diabetes.
  • 5:19 - 5:25
    A cada ano, essas infecções custam
    entre US$ 28 e US$ 45 bilhões,
  • 5:25 - 5:32
    mas não há preço que pague o sofrimento
    desses pacientes e a família deles.
  • 5:33 - 5:38
    E, infelizmente, conheci famílias demais
    que, assim como a minha,
  • 5:38 - 5:41
    foram afetadas por esse tipo de infecção.
  • 5:41 - 5:44
    Anos atrás, quando o foco
    da minha pesquisa
  • 5:44 - 5:48
    passou da descoberta de antibióticos
    para a prevenção de infecções,
  • 5:48 - 5:52
    eu queria ajudar a garantir
    que futuros pacientes
  • 5:52 - 5:54
    não se tornassem estatística.
  • 5:55 - 5:57
    Isso ficou especialmente evidente para mim
  • 5:57 - 6:01
    durante a recuperação de meu pai
    de uma cirurgia cardíaca recente.
  • 6:02 - 6:05
    Pode ser surpreendente
  • 6:05 - 6:09
    descobrir que o que Semmelweis
    identificou corretamente,
  • 6:09 - 6:11
    a questão da higiene das mãos,
  • 6:11 - 6:13
    há 170 anos,
  • 6:14 - 6:19
    ainda está no centro da crise
    infecciosa que temos hoje.
  • 6:19 - 6:22
    Como isso é possível?
  • 6:22 - 6:26
    Acontece que lavar as mãos
    não é tão simples quanto se pensa.
  • 6:26 - 6:31
    Mas em vez de só falar do assunto,
    agora é hora da participação da plateia.
  • 6:31 - 6:37
    Enquanto entravam aqui,
    vocês receberam higienizador de mãos.
  • 6:38 - 6:44
    Juntos vamos aprender como higienizar
    as mãos como profissionais de saúde,
  • 6:45 - 6:48
    de acordo com a Organização
    Mundial de Saúde.
  • 6:48 - 6:54
    É importante entender que quando
    falamos sobre o nível de limpeza,
  • 6:54 - 6:56
    ou eficácia, que é como chamamos,
  • 6:56 - 7:01
    isso irá depender de um volume específico
    depositado de forma específica
  • 7:01 - 7:04
    durante um tempo muito específico.
  • 7:04 - 7:09
    Preciso que se lembrem
    que é necessário usar produto suficiente
  • 7:09 - 7:11
    para cobrir a superfície de ambas as mãos,
  • 7:11 - 7:15
    pois o higienizador não mata
    aquilo que não toca.
  • 7:15 - 7:18
    Então vamos colocar uma boa quantidade.
  • 7:18 - 7:19
    (Risos)
  • 7:19 - 7:22
    Não vou dizer para encher a mão,
    porque demoraria uma eternidade,
  • 7:22 - 7:25
    mas uma boa quantidade
    para cobrir toda a superfície.
  • 7:25 - 7:29
    Tentem não espirar produto nos olhos,
  • 7:29 - 7:33
    e agora vamos esfregar palma com palma,
  • 7:33 - 7:37
    e esfregar uma palma
    no dorso da outra mão.
  • 7:37 - 7:38
    Muito bem.
  • 7:38 - 7:41
    E troquem, isso.
  • 7:41 - 7:46
    Agora voltamos a colocar palma com palma,
    dedos entrelaçados, afastados.
  • 7:46 - 7:47
    Ainda não terminamos.
  • 7:47 - 7:51
    Agora é preciso esfregar a parte de trás
    dos dedos e a superfície das unhas,
  • 7:51 - 7:53
    troquem de mão.
  • 7:53 - 7:55
    Muito importante: não esqueçam o polegar.
  • 7:55 - 7:59
    Essa é a parte mais frequentemente
    esquecida na higiene das mãos.
  • 8:00 - 8:03
    E não esqueçam a ponta dos dedos.
  • 8:03 - 8:04
    Certo.
  • 8:04 - 8:09
    E agora esperamos,
    porque elas estão muito molhadas.
  • 8:09 - 8:11
    Isso é importante:
  • 8:11 - 8:17
    suas mãos não são consideradas limpas
    ou seguras até que estejam secas.
  • 8:17 - 8:22
    Os ingredientes ativos ainda estão agindo
    para matar os germes.
  • 8:22 - 8:25
    Agora que terminamos, o que acharam?
  • 8:25 - 8:27
    Levantando a mão agora limpa,
  • 8:27 - 8:31
    quantos já fizeram esse tipo
    de higienização antes?
  • 8:31 - 8:34
    Isso é bom! Mantenham a mão levantada.
  • 8:34 - 8:38
    Quantos fazem esse nível
    de higienização todas as vezes?
  • 8:39 - 8:40
    É o que pensei.
  • 8:40 - 8:43
    Quem tem tempo para isso, certo?
  • 8:45 - 8:48
    Dados sugerem que não conseguimos sequer
  • 8:48 - 8:51
    fazer com que pessoas limpem as mãos
    mesmo quando sabem que precisam fazê-lo.
  • 8:51 - 8:54
    Por exemplo, uma em cada cinco pessoas
  • 8:54 - 8:58
    opta por não lavar as mãos
    após usar o banheiro.
  • 8:58 - 9:01
    Esperem, quero que pensem
    nisso por um momento.
  • 9:01 - 9:05
    Olhem para sua fileira,
    a fileira em frente e a de trás.
  • 9:05 - 9:06
    (Risos)
  • 9:06 - 9:11
    Vinte pessoas não lavaram as mãos
    depois de usar o banheiro hoje.
  • 9:11 - 9:13
    Quantas mãos vocês já apertaram até agora?
  • 9:13 - 9:14
    (Risos)
  • 9:14 - 9:16
    Estão felizes que acabamos
    de limpar as mãos?
  • 9:16 - 9:18
    Eu estou!
  • 9:21 - 9:23
    Quando pensamos nisso,
  • 9:23 - 9:28
    como indivíduos, não há tanto problema
    em fazer escolhas ruins
  • 9:28 - 9:32
    sobre higiene das mãos,
    principalmente se estamos saudáveis.
  • 9:32 - 9:35
    A realidade é que nosso
    sistema imune robusto
  • 9:35 - 9:40
    cuidará dos germes que deixarmos
    passar inadvertidamente.
  • 9:40 - 9:45
    Porém, quais são os desdobramentos
    quando um profissional de saúde
  • 9:45 - 9:47
    em um hospital, casa de repouso,
  • 9:48 - 9:51
    centro de hemodiálise ou pronto-socorro
  • 9:51 - 9:57
    não pode higienizar as mãos
    do jeito certo a cada vez?
  • 9:59 - 10:03
    Toda interação entre paciente
    e profissional de saúde
  • 10:03 - 10:07
    é uma oportunidade para prevenir
    ou transmitir uma infecção,
  • 10:08 - 10:11
    o que faz sentido, pois médicos
    estão cercados de germes,
  • 10:11 - 10:14
    infecções e doentes o dia todo.
  • 10:15 - 10:17
    Vamos falar um pouco sobre tempo.
  • 10:18 - 10:22
    Se um médico tivesse
    que lavar as mãos com água e sabão
  • 10:22 - 10:27
    toda vez que trocasse de tarefa,
    conforme o recomendado pela OMS,
  • 10:27 - 10:31
    eles passariam metade do turno
    lavando as mãos.
  • 10:31 - 10:37
    Metade do seu dia não estaria focado
    no cuidado direto do paciente.
  • 10:37 - 10:40
    Ao usar higienizadores comuns,
    como acabamos de fazer,
  • 10:40 - 10:45
    ainda gastariam um quarto do dia
    na limpeza das mãos.
  • 10:45 - 10:50
    Os médicos com que falei mal têm tempo
    de ir ao banheiro durante o dia,
  • 10:50 - 10:54
    que dirá para dedicar tanto tempo
    assim à higiene das mãos,
  • 10:54 - 10:56
    então eles são forçados a queimar etapas.
  • 10:56 - 11:00
    Só dá para limpar as mãos ao entrar
    e sair dos quartos dos pacientes,
  • 11:00 - 11:04
    e isso deixa inúmeras oportunidades
    para que germes se espalhem.
  • 11:05 - 11:07
    Há 170 anos,
  • 11:08 - 11:14
    Semmelweis tentou salvar vidas fazendo
    com que as pessoas lavassem as mãos.
  • 11:14 - 11:19
    Hoje, administradores de hospitais
    estão pedindo exatamente a mesma coisa.
  • 11:19 - 11:22
    Mas no sistema atual,
    as coisas são diferentes.
  • 11:22 - 11:25
    O que é pedido do profissional de saúde
  • 11:25 - 11:29
    é inviável e possivelmente
    nem mesmo resolveria o problema.
  • 11:30 - 11:33
    Por um momento, vamos agitar
    nossa varinha de condão
  • 11:33 - 11:35
    e fingir que vivemos em um mundo
  • 11:35 - 11:38
    onde tudo é viável
    em um estabelecimento de saúde.
  • 11:38 - 11:42
    Os produtos para higiene
    de mãos que temos hoje
  • 11:42 - 11:47
    podem não ser eficientes
    para prevenir a propagação de infecções.
  • 11:48 - 11:50
    Como isso é possível?
  • 11:51 - 11:52
    Vamos dar uma olhada.
  • 11:53 - 11:58
    Se uma gotícula invisível eliminada
    num espirro contém 200 milhões de germes
  • 11:58 - 12:04
    e nossos higienizadores matam 99% deles,
    façam uma pausa para o cálculo mental:
  • 12:04 - 12:07
    movam a vírgula decimal quatro casas...
  • 12:07 - 12:09
    Eca!
  • 12:09 - 12:14
    Sobram 20 mil germes.
  • 12:14 - 12:18
    É mais que o suficiente
    para transmitir uma infecção
  • 12:18 - 12:21
    para um de nossos amigos
    bonecos de palito,
  • 12:21 - 12:25
    principalmente se ele
    estiver num hospital.
  • 12:25 - 12:27
    E para complicar as coisas,
  • 12:27 - 12:30
    higienizadores de mão nem mesmo
    conseguem matar
  • 12:30 - 12:35
    todos os principais patógenos e germes
    que encontramos nos hospitais atualmente,
  • 12:35 - 12:37
    como o altamente contagioso norovírus
  • 12:37 - 12:42
    ou o debilitante Clostridium difficile,
    também chamado de C. difficile,
  • 12:42 - 12:46
    que pode sobreviver em superfícies
    por até oito meses.
  • 12:47 - 12:51
    O que temos em mãos é um monte de germes
  • 12:51 - 12:54
    e um problema que não pode ser resolvido
  • 12:54 - 12:58
    só com mudança
    de comportamento individual.
  • 12:58 - 13:01
    Precisamos de inovação.
  • 13:01 - 13:03
    Parece tentador pensar:
  • 13:03 - 13:06
    "Claro, temos uma solução para o problema.
  • 13:06 - 13:08
    Só precisamos que as pessoas
    a coloquem em prática.
  • 13:08 - 13:11
    Temos acesso fácil a água limpa e sabão.
  • 13:11 - 13:14
    Temos higienizadores
    em cada parede e batente de porta.
  • 13:14 - 13:19
    Higienizadores de bolso de toda cor,
    forma, tamanho, fragrância,
  • 13:19 - 13:23
    lenços desinfetantes, toalhas umedecidas,
    sprays, espumas, géis".
  • 13:24 - 13:29
    Ainda assim, a propagação
    de infecções persiste.
  • 13:30 - 13:32
    Como é possível?
  • 13:32 - 13:38
    Acontece que, apesar de haver
    higienizadores de diferentes formas,
  • 13:38 - 13:45
    todos usam os mesmos ingredientes ativos
    formulados há mais de 40 anos.
  • 13:47 - 13:52
    Se a tecnologia do telefone celular
    tivesse parado nos anos de 1980,
  • 13:52 - 13:55
    isto estaria na sua pochete agora.
  • 13:55 - 13:59
    Sim, eu disse "pochete",
    porque isso não caberia no bolso.
  • 14:00 - 14:02
    Então eu pergunto:
  • 14:02 - 14:05
    como podemos pedir
    que profissionais de saúde
  • 14:05 - 14:09
    usem o equivalente a uma tecnologia
    dos anos de 1980
  • 14:10 - 14:12
    para depois serem responsabilizados
  • 14:12 - 14:16
    por não atenderem às expectativas
    do século 21 em seu trabalho?
  • 14:21 - 14:23
    Como chegamos até aqui?
  • 14:26 - 14:31
    Acredito que a inovação ficou estagnada
    em termos de higiene das mãos
  • 14:31 - 14:33
    por causa dos antibióticos.
  • 14:34 - 14:38
    Durante a Segunda Guerra Mundial,
    o desenvolvimento da penicilina
  • 14:38 - 14:42
    salvou a vida de incontáveis
    soldados nas trincheiras.
  • 14:42 - 14:46
    Na verdade, a penicilina
    é tão boa para tratar infecções
  • 14:46 - 14:48
    que nos anos de 1950 e 1960
  • 14:48 - 14:52
    ela inaugurou a era dourada
    das descobertas de antibióticos.
  • 14:52 - 14:56
    Não há dúvidas de que os antibióticos
    continuam a desempenhar
  • 14:56 - 15:00
    o papel de herói não celebrado,
    salvando milhões de vidas atualmente.
  • 15:01 - 15:05
    Entretanto, o desenvolvimento
    e comercialização de antibióticos
  • 15:05 - 15:10
    tiveram efeitos negativos que exacerbam
    o problema nos hospitais hoje.
  • 15:11 - 15:15
    Com a cura para infecções
    bacterianas em mãos,
  • 15:15 - 15:20
    paramos de inovar formas
    de prevenir o início das infecções.
  • 15:20 - 15:24
    E porque não tínhamos
    ideia das consequências,
  • 15:24 - 15:29
    nosso uso indevido e abusivo
    de antibióticos levou à formação
  • 15:29 - 15:32
    de organismos resistentes,
    como as superbactérias,
  • 15:32 - 15:35
    que são cada vez mais difíceis de tratar.
  • 15:35 - 15:38
    A presença dessas superbactérias
  • 15:38 - 15:41
    significa que a prevenção
    é mais importante do que nunca,
  • 15:41 - 15:44
    tendo em conta nossos métodos
    atuais inadequados.
  • 15:47 - 15:50
    Há medidas que podemos tomar?
  • 15:50 - 15:51
    Sim.
  • 15:51 - 15:54
    Uma delas é não fazer
    uso indevido de antibióticos.
  • 15:54 - 15:58
    Só devemos tomar antibióticos
    para infecções bacterianas confirmadas,
  • 15:58 - 16:00
    eles não funcionam contra vírus.
  • 16:00 - 16:05
    Devemos tomá-lo como foi prescrito
    e sempre terminar o ciclo de tratamento,
  • 16:05 - 16:07
    mesmo se já nos sentimos melhor.
  • 16:07 - 16:10
    E no dia a dia, façamos
    escolhas mais inteligentes
  • 16:10 - 16:14
    sobre quando e quão minuciosamente
    higienizar as mãos,
  • 16:14 - 16:18
    como durante a temporada de gripe
    ou ao manusear frango cru.
  • 16:18 - 16:23
    E lavemos as mãos após usar o banheiro,
  • 16:23 - 16:25
    todas as vezes.
  • 16:25 - 16:27
    É nojento não fazê-lo.
  • 16:28 - 16:34
    E ao visitar hospitais, estejamos cientes
    de que toda superfície que tocamos
  • 16:34 - 16:37
    pode conter germes perigosos
  • 16:37 - 16:41
    que podem ser transmitidos
    para vítimas desprevenidas.
  • 16:41 - 16:44
    E ao visitarmos entes queridos,
  • 16:44 - 16:47
    devemos nos lembrar de que eles
    são mais vulneráveis a infecções.
  • 16:47 - 16:51
    Então devemos lavar as mãos
    frequentemente e evitar tocá-los.
  • 16:51 - 16:53
    Sei que é difícil.
  • 16:53 - 16:54
    Depois da cirurgia do meu pai,
  • 16:54 - 16:58
    todos que vieram visitá-lo
    queriam demonstrar sua preocupação
  • 16:58 - 17:01
    e dirigir-lhe um toque amigo
    e de solidariedade.
  • 17:01 - 17:08
    Mas eu fiquei atenta para garantir
    que cada um que entrasse no quarto
  • 17:08 - 17:13
    limpasse as mãos e limitasse
    o contato desnecessário.
  • 17:13 - 17:15
    Sei que ofendi algumas pessoas,
  • 17:15 - 17:19
    mas sou grata que meu pai
    não se tornou estatística.
  • 17:19 - 17:22
    Há algo que possamos
    fazer como indivíduos?
  • 17:22 - 17:23
    Sim.
  • 17:23 - 17:26
    Mas também precisamos
    ver além dos indivíduos.
  • 17:26 - 17:29
    Devemos observar o problema por inteiro.
  • 17:29 - 17:32
    Precisamos que empresas, pesquisadores,
    administradores de hospitais
  • 17:32 - 17:37
    priorizem a inovação em termos
    de prevenção de infecções.
  • 17:38 - 17:41
    Passaram-se 170 anos
  • 17:41 - 17:46
    desde que descobrimos
    que mãos limpas salvam vidas.
  • 17:46 - 17:48
    Nosso amigo Semmelweis
  • 17:48 - 17:54
    foi mandado injustamente para um hospício
    por mobilizar mudanças da forma errada.
  • 17:54 - 18:00
    Contudo, continuar a fazer
    as mesmas coisas que temos feito
  • 18:00 - 18:05
    esperando resultados diferentes
    é uma forma de insanidade.
  • 18:05 - 18:10
    Eu os desafio a se juntarem a mim,
    a pensar fora da caixa
  • 18:11 - 18:14
    para desenvolver formas melhores
    de prevenir a propagação
  • 18:14 - 18:18
    de infecção hospitalar que funcionem
    no contexto atual dos hospitais.
  • 18:19 - 18:24
    Juntos precisamos ter coragem
    de rejeitar o status quo
  • 18:24 - 18:29
    e inaugurar uma revolução transformadora
    na higiene das mãos.
  • 18:29 - 18:31
    Obrigada pela atenção.
  • 18:31 - 18:33
    (Aplausos)
Title:
Higiene das mãos: mais do que tempo pode escapar por entre seus dedos | Carmela Mascio | TEDxWaltham
Description:

Com que frequência você pensa nas suas mãos e nos germes que estão nelas? Carmela Mascio pensa nisso o tempo todo. Sua entusiasmada palestra inclui uma demonstração participativa da técnica adequada para higiene das mãos, revela as significativas limitações dos atuais métodos de higienização, mostra o panorama das infecções hospitalares e inclui um apelo para que rejeitemos o status quo e priorizemos a inovação em termos de higiene das mãos.

Carmela Mascio é uma microbiologista de doenças infecciosas com verdadeira paixão por resolver problemas insolúveis e talento para trabalhar com inovação em "espaço em branco", espaços-problema que não possuem modelo predefinido para sucesso e exigem formas radicalmente novas de pensar.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
18:40

Portuguese, Brazilian subtitles

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