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A ciência das células que nunca envelhecem

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    Onde começa o fim?
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    Bom, para mim, tudo começou
    com este pequenito.
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    Este adorável organismo
    — bem, eu acho que é adorável —
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    chama-se Tetrahymena
    e é uma criatura unicelular.
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    Também é conhecido como "lodo lacustre".
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    Portanto, sim é verdade, a minha
    carreira começou com lodo.
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    Não é com grande surpresa
    que me tornei cientista.
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    Cresci longe daqui,
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    e em criança era
    extremamente curiosa
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    sobre tudo o que estivesse vivo.
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    Costumava apanhar alforrecas mortalmente
    venenosas e cantar para elas.
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    E então, no início da minha carreira,
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    eu era muito curiosa
    sobre os mistérios fundamentais
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    das peças mais básicas
    que constroem a vida,
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    e tive a sorte de viver numa sociedade
    em que a curiosidade era valorizada.
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    Para mim, a Tetrahymena,
    esta pequena criatura do lodo,
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    foi uma maneira óptima
    de estudar o mistério vital
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    sobre o qual era mais curiosa:
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    aqueles molhos de ADN nas nossas
    células, chamados cromossomas.
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    Isto porque eu estava curiosa
    sobre as extremidades dos cromossomas,
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    chamadas telómeros.
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    Agora, quando comecei a minha pesquisa,
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    tudo o que sabíamos era que eles
    protegiam as extremidades dos cromossomas
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    Era importante na divisão das células.
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    Era mesmo importante,
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    mas o que eu queria descobrir
    era do que eram feitos os telómeros,
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    e para isso, precisava de muitos.
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    Acontece que a pequena Tetrahymena
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    tem muitos cromossomas curtos e lineares,
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    cerca de 20 000,
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    portanto imensos telómeros.
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    E eu descobri que os telómeros
    são constituídos por segmentos especiais
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    de ADN não-codificante
    mesmo nos finais dos cromossomas.
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    Mas há aqui um problema.
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    Todos nós começamos a vida
    como uma única célula.
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    Em múltiplos de dois.
    Dois passam a 4, quatro passam a 8
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    e por aí fora até formarem
    200 mil biliões de células
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    que constituem o corpo adulto.
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    Algumas dessas células
    têm de se dividir milhares de vezes.
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    Aliás, enquanto estou aqui
    à vossa frente,
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    por todo o meu corpo,
    as células estão a reabastecer rapidamente
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    para eu poder estar aqui à vossa frente.
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    Cada vez que uma célula se divide,
    todo o seu ADN tem de ser copiado,
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    todo o ADN codificante
    que está dentro dos cromossomas,
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    porque ele carrega
    o manual de instruções vital
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    que mantém as nossas células
    em bom funcionamento,
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    para que as minhas células cardíacas
    mantenham um bom ritmo
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    — o que, garanto, não estão
    a fazer neste momento —
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    para que as minhas células imunitárias
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    possam combater bactérias e vírus,
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    e as nossas células cerebrais
    possam guardar memórias do primeiro beijo
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    e continuar a aprender por toda a vida.
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    Mas há um obstáculo na maneira
    como o ADN é copiado.
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    É mais um daqueles factos da vida.
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    Cada vez que uma célula se divide
    e o ADN é copiado,
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    algum daquele ADN nas extremidades
    gasta-se e fica encurtado,
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    algum daquele ADN dos telómeros.
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    E pensem nisso
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    como naqueles pequenos plásticos
    protectores dos atacadores.
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    Esses plásticos impedem que o atacador,
    ou o cromossoma, se desgaste,
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    e quando essas pontas ficam
    demasiado curtas, elas caem,
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    e esse telómero desgastado
    envia um sinal às células:
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    "O ADN já não está a ser protegido."
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    Envia um sinal. Altura de morrer.
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    E assim, final da história.
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    Não, lamento, ainda não é.
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    Não pode ser o fim da história,
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    porque a vida ainda não
    desapareceu da face da terra.
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    Por isso eu estava curiosa:
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    Se este uso e desgaste é inevitável,
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    como é que a mãe natureza garante
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    que conseguimos manter os nossos
    cromossomas intactos?
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    Lembram-se daquela pequena criatura
    do lodo, Tetrahymena?
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    O curioso é que as células da Tetrahymena
    nunca envelheceram nem morreram.
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    Os seus telómeros não encurtaram
    com a passagem do tempo.
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    Às vezes até ficaram mais longos.
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    Havia outro mecanismo a trabalhar,
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    e acreditem, esse "outro" não aparecia
    em nenhum livro escolar.
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    Então, no laboratório com a minha
    incrível estudante Carol Greider
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    — a Carol e eu partilhámos
    o Prémio Nobel por este trabalho —
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    começámos a fazer experiências
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    e descobrimos que as células
    têm, de facto, mais qualquer coisa.
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    Era uma enzima inimaginável
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    que podia restabelecer,
    e tornar mais longos, os telómeros.
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    Chamámos-lhe telomerase.
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    Quando removemos a telomerase
    do nosso lodo lacustre,
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    os seus telómeros enfraqueceram
    e eles morreram.
  • 4:51 - 4:53
    Por isso, era graças às grandes
    quantidades de telomerase
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    que as nossas criaturas do lodo
    nunca envelheciam.
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    Portanto, isto é uma notícia
    bastante promissora
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    para nós humanos recebermos
    do lodo lacustre,
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    porque acontece que,
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    à medida que nós humanos envelhecemos,
    os nossos telómeros encurtam
  • 5:12 - 5:16
    e é esse encurtamento
    que está a envelhecer-nos.
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    De modo geral,
    quanto mais longos os telómeros,
  • 5:18 - 5:20
    melhor estamos.
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    É este encurtamento dos telómeros
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    que nos faz sentir e ver
    os sinais do envelhecimento.
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    As células da minha pele vão morrendo
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    e eu começo a ver finas linhas, rugas.
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    As células de pigmento capilar morrem,
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    começamos a ver cabelos brancos.
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    As células imunitárias morrem,
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    aumenta o risco de doenças.
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    De facto, a investigação acumulada
    nos últimos 20 anos
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    mostrou claramente
    que o atrito dos telómeros
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    contribui para o risco de desenvolver
    doenças cardiovasculares,
  • 5:52 - 5:56
    doença de Alzheimer,
    alguns cancros e diabetes,
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    as mesmas condições com que
    muitos de nós falecemos.
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    Por isso, temos de pensar nisto.
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    O que se está a passar?
  • 6:08 - 6:11
    Este atrito, sentimo-nos
    e parecemos mais velhos? Claro.
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    Os nossos telómeros estão a perder
    rapidamente a guerra contra o desgaste.
  • 6:15 - 6:18
    Naqueles que se sentem
    jovens até mais tarde,
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    acontece que os telómeros
    permanecem mais longos
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    por um período de tempo maior,
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    prolongando a nossa sensação
    de juventude
  • 6:25 - 6:29
    e reduzindo os riscos
    de tudo aquilo que tememos
  • 6:29 - 6:31
    com o passar dos aniversários.
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    Portanto, não é muito difícil de entender.
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    Se os meus telómeros estão relacionados
  • 6:40 - 6:44
    com quão rápido nos sentimos
    e ficamos mais velhos,
  • 6:44 - 6:48
    e se os meus telómeros podem ser
    restabelecidos pela minha telomerase,
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    então tudo o que precisamos fazer
    para inverter os sinais e sintomas da idade
  • 6:53 - 6:57
    é perceber como comprar
    quantidades industriais
  • 6:57 - 7:01
    de alta qualidade e preço justo
    de telomerase, certo?
  • 7:01 - 7:02
    Óptimo! Problema resolvido!
  • 7:02 - 7:03
    (Aplausos)
  • 7:04 - 7:06
    Mais devagar, desculpem.
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    Enfim, não parece ser o caso.
  • 7:10 - 7:11
    E porquê?
  • 7:11 - 7:15
    Porque a genética humana ensinou-nos
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    que, quando se trata da telomerase,
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    nós humanos vivemos na ponta da navalha.
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    Ok, em termos simples,
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    aumentar a telomerase de facto
    diminui o risco de algumas doenças,
  • 7:31 - 7:36
    mas também aumenta o risco
    de certos tipos de cancros terríveis.
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    Então, mesmo que pudessem comprar
    as quantidades industriais de telomerase,
  • 7:42 - 7:49
    e há muitos websites a vender
    este tipo de produtos dúbios,
  • 7:49 - 7:54
    o problema é que poderiam
    aumentar o risco de cancro.
  • 7:55 - 7:56
    E ninguém quer isso.
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    Mas não se preocupem,
  • 8:00 - 8:05
    porque, embora eu ache
    que tenha uma certa piada,
  • 8:05 - 8:09
    muitos de nós estão a pensar agora
    que mais valia ser como o lodo.
  • 8:11 - 8:14
    (Risos)
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    Há algo para nós, humanos, também
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    nesta história dos telómeros
    e da sua manutenção.
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    Mas quero deixar uma coisa bem clara.
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    Não tem nada a ver com expandir
    imensamente a vida humana
  • 8:24 - 8:26
    ou a imortalidade.
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    Tem a ver com o período de saúde.
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    O período de saúde é
    o número de anos na nossa vida
  • 8:31 - 8:35
    durante os quais estamos livres de doença,
    somos saudáveis e produtivos,
  • 8:35 - 8:37
    estamos a aproveitar a vida alegremente.
  • 8:37 - 8:40
    O período de doença,
    o oposto do período de saúde,
  • 8:40 - 8:44
    é o tempo da nossa vida que passamos
    a sentir-nos doentes e a morrer.
  • 8:44 - 8:47
    E assim chegamos à pergunta certa.
  • 8:47 - 8:50
    Se não podemos engolir telomerase,
  • 8:51 - 8:54
    temos algum controlo sobre
    o comprimento dos nossos telómeros
  • 8:54 - 8:58
    e portanto do nosso bem-estar,
    da nossa saúde,
  • 8:58 - 9:01
    sem a consequência de risco de cancro?
  • 9:01 - 9:03
    Certo.
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    Estávamos no ano 2000.
  • 9:06 - 9:11
    Eu andava a escrutinar
    os minúsculos telómeros,
  • 9:11 - 9:13
    alegremente, há muitos anos,
  • 9:13 - 9:17
    quando entra no meu laboratório
    uma psicóloga chamada Elissa Epel.
  • 9:17 - 9:24
    A especialidade da Elissa é o efeito
    do "stress" psicológico grave e crónico
  • 9:24 - 9:26
    na saúde da nossa mente
    e do nosso corpo.
  • 9:27 - 9:29
    E ali estava ela, no meu laboratório,
  • 9:29 - 9:34
    que ironicamente tinha vistas
    para a entrada de uma casa mortuária...
  • 9:34 - 9:36
    (Risos)
  • 9:37 - 9:39
    e ela tinha uma pergunta
    de vida ou morte para mim.
  • 9:39 - 9:43
    "O que acontece aos telómeros das pessoas
    que sofrem de 'stress' crónico?"
  • 9:43 - 9:44
    perguntou-me ela.
  • 9:44 - 9:47
    Vejam, ela estudava prestadores
    de cuidados de saúde,
  • 9:47 - 9:52
    especificamente a mães de crianças
    com doenças crónicas,
  • 9:52 - 9:57
    fossem elas distúrbios intestinais,
    autismo, o que fosse,
  • 9:57 - 10:02
    um grupo, obviamente sob enorme
    e prolongado "stress" psicológico.
  • 10:05 - 10:07
    Tenho de vos dizer, aquela pergunta
  • 10:07 - 10:09
    mudou-me profundamente.
  • 10:09 - 10:12
    É que todo este tempo eu tinha estado
    a pensar em telómeros
  • 10:12 - 10:15
    como as minúsculas estruturas
    moleculares que eles são
  • 10:15 - 10:18
    e nos genes que controlam os telómeros.
  • 10:19 - 10:22
    E quando a Elissa me pediu
    para estudar prestadores de cuidados,
  • 10:22 - 10:26
    de repente, vi os telómeros
    de uma forma completamente diferente.
  • 10:28 - 10:30
    Eu vi-os para além dos genes
    e dos cromossomas
  • 10:30 - 10:34
    e comecei a ver para dentro da vida
    das pessoas reais que estudávamos.
  • 10:34 - 10:36
    Eu também sou mãe
  • 10:37 - 10:39
    e, naquele momento,
  • 10:39 - 10:42
    fiquei aturdida com a imagem
    daquelas mulheres
  • 10:42 - 10:47
    que tratam de filhos com uma situação
    muito difícil de lidar
  • 10:47 - 10:50
    e, muitas vezes, sem qualquer ajuda.
  • 10:50 - 10:53
    Essas mulheres, simplesmente,
  • 10:53 - 10:57
    muitas vezes têm um ar desgastado.
  • 10:58 - 11:02
    Então, seria possível que os seus telómeros
    também estivessem desgastados?
  • 11:02 - 11:05
    A nossa curiosidade colectiva
    foi impulsionada.
  • 11:05 - 11:09
    A Elissa seleccionou para o nosso primeiro
    estudo um grupo destas mães,
  • 11:09 - 11:13
    e nós queríamos saber
    qual era o comprimento dos seus telómeros
  • 11:14 - 11:17
    em comparação com o número de anos
    que elas tinham passado
  • 11:17 - 11:21
    a cuidar dos seus filhos
    com uma doença crónica?
  • 11:21 - 11:24
    Assim, passaram-se quatro anos
  • 11:24 - 11:27
    e chegou o dia em que obtivemos
    todos os resultados.
  • 11:27 - 11:30
    A Elissa olhou para o nosso
    primeiro gráfico
  • 11:30 - 11:32
    e literalmente perdeu o fôlego,
  • 11:33 - 11:36
    porque existia um padrão nos nossos dados.
  • 11:37 - 11:41
    Era exactamente o gradiente
    que nós mais temíamos que existisse.
  • 11:41 - 11:43
    Estava ali mesmo no papel.
  • 11:43 - 11:46
    Quanto mais tempo, quantos mais anos
    a mãe tinha passado
  • 11:46 - 11:49
    nesta situação de prestação de cuidados,
  • 11:49 - 11:50
    independentemente da sua idade,
  • 11:50 - 11:52
    mais curtos eram os seus telómeros.
  • 11:52 - 11:57
    E quanto mais ela via a sua situação
  • 11:57 - 12:00
    como sendo mais "stressante",
  • 12:00 - 12:05
    menos telomerase ela tinha
    e mais curtos eram os telómeros.
  • 12:08 - 12:11
    Tínhamos descoberto algo inédito:
  • 12:11 - 12:15
    quanto mais "stress" crónico sofremos,
    mais curtos são os nossos telómeros,
  • 12:15 - 12:20
    o que significa um aumento da probabilidade
    de ser vítima de doença precoce
  • 12:20 - 12:22
    e talvez morte prematura.
  • 12:23 - 12:27
    Os nossos resultados mostraram
    que os acontecimentos da vida pessoal
  • 12:27 - 12:30
    e a maneira como respondemos
    a esses acontecimentos
  • 12:30 - 12:34
    pode mudar a manutenção
    dos nossos telómeros.
  • 12:36 - 12:41
    Assim, o comprimento dos telómeros
    não é só uma questão de idade, em anos.
  • 12:42 - 12:44
    A pergunta que a Elissa me fez,
  • 12:44 - 12:48
    quando ela foi ao meu laboratório,
    era mesmo uma pergunta de vida ou morte.
  • 12:50 - 12:54
    Mas, felizmente, nos nossos dados
    também havia esperança.
  • 12:54 - 12:56
    Nós notámos que algumas mães,
  • 12:56 - 13:00
    apesar de terem cuidado muito bem
    dos seus filhos durante muitos anos,
  • 13:00 - 13:03
    tinham conseguido
    manter os seus telómeros.
  • 13:04 - 13:09
    Estudar bem estas mulheres revelou
    que elas eram resilientes ao "stress".
  • 13:09 - 13:12
    De alguma forma, elas eram capazes
    de viver as suas circunstâncias
  • 13:12 - 13:16
    não como uma ameaça diária
    mas como um desafio.
  • 13:16 - 13:20
    Isso levou a um achado
    muito importante para todos nós:
  • 13:20 - 13:24
    nós temos controlo sobre como envelhecemos
  • 13:24 - 13:27
    mesmo ao nível das nossas células.
  • 13:28 - 13:31
    Neste momento a nossa curiosidade
    tornou-se contagiosa.
  • 13:31 - 13:34
    Milhares de cientistas de áreas diferentes
  • 13:34 - 13:37
    juntaram as suas especializações
    ao estudo dos telómeros,
  • 13:37 - 13:40
    e os resultados começaram a chover.
  • 13:40 - 13:45
    Já são cerca de 10 000 publicações
    e ainda vêm mais.
  • 13:47 - 13:51
    Muitos estudos rapidamente
    confirmaram os nossos resultados iniciais,
  • 13:51 - 13:54
    que, de facto, o "stress" crónico
    é mau para os telómeros.
  • 13:55 - 13:56
    E agora muitos revelam
  • 13:56 - 14:00
    que temos mais controlo sobre este
    processo de envelhecimento
  • 14:00 - 14:03
    do que alguma vez teríamos imaginado.
  • 14:03 - 14:04
    Alguns exemplos:
  • 14:04 - 14:08
    Um estudo da Universidade
    da Califórnia, em Los Angeles,
  • 14:08 - 14:14
    sobre pessoas que cuidam de um familiar
    com demência, a longo prazo,
  • 14:14 - 14:19
    e que olhou para a capacidade
    de manutenção destes cuidadores
  • 14:19 - 14:21
    descobriu que esta era melhorada
  • 14:21 - 14:25
    se as pessoas praticassem alguma meditação
  • 14:25 - 14:29
    somente durante 12 minutos
    por dia, durante dois meses.
  • 14:30 - 14:31
    A atitude conta.
  • 14:31 - 14:34
    Se forem geralmente negativistas,
  • 14:34 - 14:39
    tipicamente vêem uma situação de "stress"
    com uma resposta de ameaça.
  • 14:40 - 14:42
    Por exemplo, se o vosso chefe vos chama,
  • 14:42 - 14:44
    vocês automaticamente pensam:
    "Vou ser despedido,"
  • 14:44 - 14:46
    e os vasos sanguíneos contraem-se
  • 14:46 - 14:50
    e os níveis da hormona de "stress",
    o cortisol, aumentam,
  • 14:50 - 14:52
    e mantêm-se altos.
  • 14:52 - 14:57
    Com o tempo, esse nível alto
    constante de cortisol
  • 14:57 - 14:59
    diminui efectivamente a vossa telomerase.
  • 14:59 - 15:01
    É péssimo para os telómeros.
  • 15:02 - 15:03
    Por outro lado,
  • 15:03 - 15:10
    se tipicamente vêem algo "stressante"
    como um desafio a ser conquistado,
  • 15:10 - 15:13
    então o sangue flui
    para o coração e para o cérebro,
  • 15:13 - 15:18
    e conseguimos experimentar um curto
    mas energizante pico de cortisol.
  • 15:18 - 15:20
    Graças a essa atitude de "venham eles",
  • 15:20 - 15:24
    os vossos telómeros ficam bem.
  • 15:26 - 15:27
    Então...
  • 15:28 - 15:31
    o que é que isto tudo nos diz?
  • 15:33 - 15:35
    Os nossos telómeros ficam bem.
  • 15:36 - 15:39
    Temos realmente o poder de mudar
  • 15:40 - 15:44
    o que está a acontecer
    com os nossos telómeros.
  • 15:44 - 15:50
    Mas a nossa curiosidade tornou-se
    cada vez mais intensa,
  • 15:51 - 15:53
    porque começamos a pensar,
  • 15:53 - 15:56
    então e os factores
    fora da nossa própria pele?
  • 15:56 - 16:00
    Poderão eles influenciar também
    a manutenção dos telómeros?
  • 16:01 - 16:04
    Como sabem, nós humanos somos
    seres extremamente sociais.
  • 16:04 - 16:08
    Será possível que os telómeros
    também fossem sociais?
  • 16:09 - 16:12
    Os resultados estão a ser surpreendentes.
  • 16:12 - 16:15
    Tão cedo como na infância,
  • 16:16 - 16:20
    a negligência emocional,
    a sujeição a violência,
  • 16:20 - 16:22
    o "bullying" e o racismo
  • 16:22 - 16:26
    todos têm impacto nos telómeros,
    e os efeitos são a longo prazo.
  • 16:28 - 16:30
    Conseguem imaginar o impacto nas crianças
  • 16:30 - 16:33
    que vivem durante anos em zonas de guerra?
  • 16:34 - 16:36
    Pessoas que não podem confiar
    nos seus vizinhos
  • 16:36 - 16:39
    e que não se sentem seguros
    nos seus bairros
  • 16:39 - 16:42
    têm quase sempre telómeros mais curtos.
  • 16:43 - 16:46
    A vossa morada também afecta os telómeros.
  • 16:46 - 16:47
    Por outro lado,
  • 16:48 - 16:51
    comunidades unidas,
    casamentos prolongados,
  • 16:52 - 16:54
    e até, amizades de uma vida inteira,
  • 16:54 - 16:58
    todos eles melhoram
    a manutenção dos telómeros.
  • 16:58 - 17:01
    Então, o que nos diz isto tudo?
  • 17:02 - 17:06
    Diz-nos que eu tenho o poder
    de influenciar os meus telómeros,
  • 17:06 - 17:10
    mas também tenho o poder
    de influenciar os vossos.
  • 17:10 - 17:16
    A ciência dos telómeros acabou de nos
    mostrar quão interligados estamos todos.
  • 17:18 - 17:19
    Mas eu continuo curiosa.
  • 17:20 - 17:22
    Eu pergunto-me
  • 17:23 - 17:28
    que legado vamos nós todos deixar
    para a próxima geração?
  • 17:29 - 17:31
    Iremos nós investir
  • 17:31 - 17:34
    na próxima rapariga ou rapaz
  • 17:34 - 17:38
    a espreitar pelo microscópio
    para outra criatura qualquer,
  • 17:38 - 17:41
    o próximo pedaço de lodo lacustre,
  • 17:41 - 17:44
    curiosos sobre uma pergunta
    que ainda nem sabemos que é uma pergunta?
  • 17:44 - 17:48
    Poderá ser uma pergunta excelente
    que pode ter impacto no mundo.
  • 17:48 - 17:51
    E talvez vocês estejam curiosos
    sobre vocês mesmos.
  • 17:52 - 17:55
    Agora que já sabem como
    proteger os vossos telómeros,
  • 17:55 - 17:56
    estão curiosos sobre o que vão fazer
  • 17:56 - 17:59
    com todas essas décadas extra
    repletas de boa saúde?
  • 17:59 - 18:03
    Agora que sabem que podem
    influenciar os telómeros dos outros,
  • 18:04 - 18:06
    estão curiosos
  • 18:06 - 18:08
    como vocês podem fazer a diferença?
  • 18:10 - 18:14
    E agora que sabem que o poder
    da curiosidade pode mudar o mundo,
  • 18:14 - 18:20
    como é que vão garantir que o mundo
    investe em curiosidade
  • 18:20 - 18:25
    para o bem das gerações
    que virão depois de nós?
  • 18:27 - 18:28
    Obrigada.
  • 18:28 - 18:31
    (Aplausos)
Title:
A ciência das células que nunca envelhecem
Speaker:
Elizabeth Blackburn
Description:

O que faz os nossos corpos envelhecer...a nossa pele enrugar, o nosso cabelo ficar branco, o nosso sistema imunitário ficar fraco? A bióloga Elizabeth Blackburn recebeu um Prémio Nobel pelo seu trabalho em descobrir a resposta, com a descoberta da telomerase: uma enzima que restabelece as extremidades dos cromossomas, que se desgastam durante a divisão das células. Saibam mais sobre a investigação pioneira da Dra. Blackburn —incluindo como temos mais controlo sobre o envelhecimento do que pensamos.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
18:46

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