Markham Nolan: Como separar os factos da ficção na Internet
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0:01 - 0:03Sou jornalista desde os meus 17 anos
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0:03 - 0:07e, neste momento, esta é
uma indústria interessante -
0:07 - 0:09porque, como todos sabem,
há uma grande agitação -
0:09 - 0:12a acontecer nos media, e a maioria de vocês
provavelmente sabe disto -
0:12 - 0:15do ponto de vista comercial.
A questão é que o modelo comercial -
0:15 - 0:18está bastante corrompido,
como diria o meu avô: -
0:18 - 0:21os lucros foram todos engolidos
pelo Google. -
0:21 - 0:23Por isso, é uma época muito interessante
para se ser jornalista, -
0:23 - 0:26mas a agitação que me interessa
não é a do lado da transmissão. -
0:26 - 0:29É a do lado da recepção. Tem a ver com
-
0:29 - 0:32o modo como obtemos a informação
e como reunimos as notícias. -
0:32 - 0:35E isso mudou porque houve
uma grande inversão -
0:35 - 0:37no equilíbrio do poder,
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0:37 - 0:39das agências noticiosas para o público.
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0:39 - 0:41Durante muito tempo o público
esteve numa posição -
0:41 - 0:44em que não tinha maneira
de afectar as notícias -
0:44 - 0:46ou de fazer qualquer alteração.
Não se podia verdadeiramente ligar. -
0:46 - 0:48Isso mudou inevitavelmente.
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0:48 - 0:50A minha primeira ligação com
os meios de comunicação noticiosos -
0:50 - 0:54foi em 1984. A BBC fez um dia de greve.
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0:54 - 0:57Não fiquei contente. Fiquei zangado.
Não podia ver os desenhos animados. -
0:57 - 1:00Por isso escrevi uma carta.
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1:00 - 1:03E uma maneira muito eficaz de terminar
uma "carta de ódio" -
1:03 - 1:06"Beijinhos, Markham, 4 anos".
Ainda funciona. -
1:06 - 1:09Não tenho a certeza se tive algum impacto
na greve de um dia, -
1:09 - 1:12mas o que sei é que eles demoraram
três semanas a responder. -
1:12 - 1:14Esse era o ciclo.
Demorava todo esse tempo para alguém -
1:14 - 1:16ter algum impacto e obter alguma resposta.
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1:16 - 1:19Isso agora mudou porque, como jornalistas,
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1:19 - 1:22interagimos em tempo real.
Não estamos numa posição -
1:22 - 1:24em que o público reage às notícias.
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1:24 - 1:28Estamos a reagir ao público e,
na realidade, estamos a confiar nele. -
1:28 - 1:30Ele está a ajudar-nos a encontar as notícias.
Está a ajudar-nos -
1:30 - 1:35a perceber qual é a melhor perspectiva
e o que é que ele quer ouvir. -
1:35 - 1:39Por isso, é uma coisa em tempo real.
É muito mais rápido. Está a acontecer -
1:39 - 1:45numa base constante e o jornalista
tem de estar sempre a actualizar-se. -
1:45 - 1:47Para dar um exemplo de como
nós dependemos do público, -
1:47 - 1:52no dia 5 de Setembro houve
um terramoto na Costa Rica. -
1:52 - 1:54Foi de magnitude 7,6.
Foi relativamente grande. -
1:54 - 1:57Demorou 60 segundos
-
1:57 - 2:00para percorrer 250 quilómetros até Manágua.
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2:00 - 2:04A terra tremeu em Manágua 60 segundos
depois de ter sido atingido o epicentro. -
2:04 - 2:06Trinta segundos depois, a primeira mensagem
apareceu no Twitter, -
2:06 - 2:09e era de alguém a dizer "temblor",
que significa terramoto. -
2:09 - 2:12Portanto, demorou 60 segundos
-
2:12 - 2:14para o terremoto físico se deslocar.
-
2:14 - 2:16Trinta segundos mais tarde tinham sido
transmitidas notícias do terramoto -
2:16 - 2:19para todo o mundo, imediatamente.
Toda a gente no mundo, -
2:19 - 2:22hipoteticamente, tinha potencial
para saber que um terramoto -
2:22 - 2:25estava a acontecer em Manágua.
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2:25 - 2:27E isso aconteceu porque uma pessoa
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2:27 - 2:31teve o instinto de documentar,
actualizando o seu perfil, -
2:31 - 2:34que é o que todos fazemos agora,
por isso se algo acontece -
2:34 - 2:36actualizamos o nosso perfil, ou
publicamos uma foto, -
2:36 - 2:39publicamos um video e vai tudo para a nuvem,
num fluxo constante. -
2:39 - 2:42Isso significa que há um constante,
-
2:42 - 2:45enorme volume de dados a passar.
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2:45 - 2:47É verdadeiramente surpreendente.
Quando olhamos para os números, -
2:47 - 2:50a cada minuto há mais 72 horas
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2:50 - 2:51de vídeo no YouTube.
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2:51 - 2:55Isto é, a cada segundo, é publicada
mais de uma hora de video. -
2:55 - 2:59Em fotografia, Instagram, são carregadas
58 fotos por segundo. -
2:59 - 3:03Mais do que três milhares e meio de fotos
vão para o Facebook. -
3:03 - 3:06Quando eu acabar de falar aqui,
vai haver mais 864 -
3:06 - 3:10horas de video no YouTube do que
quando comecei, -
3:10 - 3:14e mais dois milhares e meio de fotos no Facebook
e no Instagram do que quando comecei. -
3:14 - 3:18Portanto, é uma posição interessante
para se estar enquanto jornalista -
3:18 - 3:20porque devemos ter acesso a tudo.
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3:20 - 3:23Qualquer acontecimento em qualquer sítio no mundo,
tenho possibilidade de o saber -
3:23 - 3:27quase instantaneamente,
quando acontece, de graça. -
3:27 - 3:30E isto aplica-se a todas as pessoas nesta sala.
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3:30 - 3:33O único problema é que, quando temos tanta informação,
-
3:33 - 3:35temos de encontrar as coisas boas,
e isso pode ser -
3:35 - 3:37muito difícil quando estamos a lidar com
estas quantidades. -
3:37 - 3:39E em nenhuma outra ocasião nos apercebemos
mais disso do que durante -
3:39 - 3:42o Furacão Sandy. O Furacão Sandy foi
-
3:42 - 3:45uma super tempestade como não se via
há muito tempo -
3:45 - 3:48que atingiu a capital universal do iPhone...
(Risos) -
3:48 - 3:53e tivemos uma quantidade de notícias
nunca antes vista. -
3:53 - 3:55Isso significa que os jornalistas
tiveram de lidar com falsificações, -
3:55 - 3:58por isso tivemos de lidar com fotos antigas
que estavam a ser publicadas. -
3:58 - 4:00Tivemos de lidar com imagens compostas
-
4:00 - 4:04que eram montagens de fotos de
tempestades anteriores. -
4:04 - 4:09Tivemos de lidar com imagens de filmes
como "O dia depois de amanhã". (Risos) -
4:09 - 4:12E tivemos de lidar com imagens
que eram tão realistas -
4:12 - 4:14que quase foi difícil perceber se eram reais.
-
4:14 - 4:18(Risos)
-
4:18 - 4:22Brincadeiras à parte, eram imagens
como esta do Instagram -
4:22 - 4:24que foram sujeitas a verificação
pelos jornalistas. -
4:24 - 4:27Eles não tinham a certeza.
Foi filtrada no Instagram. -
4:27 - 4:29A luz foi questionada.
Tudo nela foi questionado. -
4:29 - 4:31E revelou-se verdadeira. Era na Avenida C
-
4:31 - 4:34na baixa de Manhattan, que estava inundada.
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4:34 - 4:36A razão pela qual puderam dizer que era real
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4:36 - 4:38foi porque puderam chegar à fonte que,
neste caso, -
4:38 - 4:40eram bloggers de culinária, de Nova Iorque.
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4:40 - 4:42Eles eram respeitados. Eram conhecidos.
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4:42 - 4:45Portanto, não foi uma desmistificação,
foi mesmo algo que eles puderam comprovar. -
4:45 - 4:48E foi esse o papel do jornalista.
Foi filtrar tudo. -
4:48 - 4:51E, em vez de ir procurar a informação
-
4:51 - 4:53e levá-la para o leitor, estava-se a reter
-
4:53 - 4:55as coisas que eram potencialmente prejudiciais.
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4:55 - 4:58Encontrar as fontes tornou-se
cada vez mais importante -
4:58 - 5:02— encontrar as boas fontes — e a maioria
dos jornalistas agora vão ao Twitter. -
5:02 - 5:05É como a transmissão em tempo real
-
5:05 - 5:08se se souber como a usar,
porque há tanta coisa no Twitter. -
5:08 - 5:10Um bom exemplo de como pode ser útil
-
5:10 - 5:14mas também difícil, foi a
Revolução Egípcia em 2011. -
5:14 - 5:17Como orador não árabe,
como alguém a observar -
5:17 - 5:19de fora, a partir de Dublin,
-
5:19 - 5:21listas de utilizadores do Twitter,
e listas de boas fontes, -
5:21 - 5:24de pessoas que podemos considerar como credíveis,
foram realmente importantes. -
5:24 - 5:27E como se constrói uma lista dessas do nada?
-
5:27 - 5:29Bem, pode ser difícil, mas temos de
saber o que procurar. -
5:29 - 5:32Esta visualização foi feita por
um académico italiano. -
5:32 - 5:36O seu nome é André Pannison
e ele limitou-se a -
5:36 - 5:38pegar nas conversas no Twitter
na Praça Tahir, -
5:38 - 5:41no dia em que Hosni Mubarak iria,
eventualmente, demitir-se. -
5:41 - 5:44Os pontos que podem ver são reencaminhamentos,
por isso, quando alguém -
5:44 - 5:47reencaminha uma mensagem,
é feita uma ligação entre dois pontos, -
5:47 - 5:49e quantas mais vezes essa mensagem
for reencaminhada por outras pessoas -
5:49 - 5:52mais se vêem estes nós, estas
ligações a serem feitas. -
5:52 - 5:54É uma forma magnífica de
visualizar a conversa -
5:54 - 5:57mas o que obtemos são pistas
sobre quem é mais interessante -
5:57 - 6:00e quem vale a pena investigar.
-
6:00 - 6:03E à medida que a conversa
crescia e crescia, tornou-se -
6:03 - 6:05mais e mais animada e,
eventualmente, ficámos -
6:05 - 6:10com este enorme, grande, rítmico
indicador da conversa. -
6:10 - 6:11Podíamos encontrar os nós e depois
-
6:11 - 6:14decidir: "Certo, tenho de investigar estas pessoas.
-
6:14 - 6:16"Estas são as que fazem sentido.
-
6:16 - 6:18"Vamos ver quem são elas."
-
6:18 - 6:20É actualmente, com o dilúvio de informação,
-
6:20 - 6:24que a rede em tempo real se torna
verdadeiramente interessante para um jornalista como eu, -
6:24 - 6:26porque temos mais ferramentas do que nunca
-
6:26 - 6:28para fazer esse tipo de investigação.
-
6:28 - 6:31E quando começamos a aprofundar
as fontes, podemos ir -
6:31 - 6:34mais e mais longe do que
alguma vez pudemos. -
6:34 - 6:37Por vezes, deparamo-nos com
um conteúdo que -
6:37 - 6:41é tão convincente que o queremos usar,
estamos em pulgas para o usar -
6:41 - 6:43mas não temos a certeza absoluta
se o podemos fazer porque -
6:43 - 6:44não sabemos se a fonte é credível.
-
6:44 - 6:47Não sabemos se é um conteúdo tirado da Internet.
Não sabemos se é um conteúdo reutilizado. -
6:47 - 6:48E temos de fazer esse trabalho de investigação.
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6:48 - 6:51Este vídeo, que vou mostrar agora,
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6:51 - 6:54foi um que descobrimos há umas semanas.
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6:54 - 6:56Vídeo: Ventania dentro de alguns segundos.
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6:56 - 7:01(Barulho de chuva e vento).
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7:01 - 7:04(Explosão) Oh, merda!
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7:04 - 7:07Markham Nolan: Ok, agora, para um
produtor de notícias, isto é algo -
7:07 - 7:09que adoraria transmitir porque,
obviamente, vale ouro. -
7:09 - 7:12Sabem? Esta é uma reacção fantástica
de alguém, -
7:12 - 7:14num vídeo muito genuíno que
foi filmado no seu jardim. -
7:14 - 7:18Mas como é que sabemos se esta pessoa,
se é verdadeiro, se é falso, -
7:18 - 7:20ou se é algo antigo que voltou a ser publicado?
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7:20 - 7:23Então, começámos a trabalhar neste vídeo e
-
7:23 - 7:25a única coisa que tínhamos era o nome
de utilizador da conta do YouTube. -
7:25 - 7:28Só havia um vídeo publicado nessa conta,
-
7:28 - 7:29e o nome de utilizador era Rita Krill.
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7:29 - 7:33Não sabíamos se a Rita existia ou
se era um nome falso. -
7:33 - 7:36Mas começámos a procurar e utilizámos ferramentas
gratuitas da Internet para o fazer. -
7:36 - 7:39A primeira que usámos chama-se Spokeo e
permitiu-nos procurar Rita Krills. -
7:39 - 7:41Procurámos por todos os Estados Unidos.
Encontrámos em Nova Iorque, -
7:41 - 7:44encontrámos em Pensilvânia, Nevada e Flórida.
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7:44 - 7:47Então fomos a uma segunda ferramenta
gratuita da Internet -
7:47 - 7:49que se chama Wolfram Alpha e consultámos
os relatórios meteorológicos -
7:49 - 7:52do dia em que o vídeo foi publicado,
-
7:52 - 7:53e quando verificámos em todas essas cidades,
-
7:53 - 7:57descobrimos que na Flórida
tinha havido tempestade e chuva nesse dia. -
7:57 - 8:00Então fomos à lista telefónica e descobrimos,
-
8:00 - 8:03procurámos as Rita Krills da lista
-
8:03 - 8:04e vimos algumas moradas diferentes,
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8:04 - 8:07e isso levou-nos aos mapas do Google,
onde encontrámos uma casa. -
8:07 - 8:09Encontrámos uma casa com
uma piscina que era -
8:09 - 8:12extremamente parecida com a de Rita.
Voltámos ao vídeo -
8:12 - 8:15e procurámos pistas que
pudéssemos comparar. -
8:15 - 8:18Se olharem para o vídeo, há um
grande guarda-sol, -
8:18 - 8:20há um colchão branco na piscina,
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8:20 - 8:23há umas bordas arredondadas invulgares
na piscina, -
8:23 - 8:25e há três árvores ao fundo.
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8:25 - 8:27Voltámos aos mapas do Google e
olhámos um pouco mais perto -
8:27 - 8:30e, de facto, há o colchão branco,
-
8:30 - 8:33há as três árvores,
-
8:33 - 8:35há o guarda-sol. Nesta foto, está fechado.
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8:35 - 8:39Uma pequena partida. E há as bordas
arredondadas na piscina. -
8:39 - 8:42Assim, pudemos telefonar a Rita, esclarecer o video,
-
8:42 - 8:44ter a certeza de que foi filmado e então
os nossos clientes -
8:44 - 8:47ficaram encantados porque
puderam passá-lo sem preocupações. -
8:47 - 8:49Mas a procura da verdade, por vezes,
-
8:49 - 8:53é um pouco menos descontraída e
tem consequências maiores. -
8:53 - 8:56A Síria tem sido realmente interessante
para nós porque, obviamente, -
8:56 - 8:59muito do tempo estávamos a tentar
desmascarar coisas que podiam ser, -
8:59 - 9:03potencialmente, provas de crimes de guerra,
por isso é aqui que o YouTube -
9:03 - 9:05se torna o depósito mais importante
-
9:05 - 9:09de informação do que está a acontecer
no mundo. -
9:09 - 9:12Este vídeo, não vos vou mostrar tudo
-
9:12 - 9:15porque é bastante horrível,
mas vão ouvir alguns sons. -
9:15 - 9:17Isto é de Hama.
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9:17 - 9:20Vídeo: (Gritos)
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9:20 - 9:24O que este vídeo mostra,
quando o vemos na totalidade, -
9:24 - 9:27são corpos ensanguentados que
são retirados de uma carrinha -
9:27 - 9:29e atirados de uma ponte.
-
9:29 - 9:32As acusações são as de que estes tipos
são da Irmandade Muçulmana, -
9:32 - 9:35que estavam a atirar corpos de soldados
do Exército Sírio -
9:35 - 9:38do cimo da ponte e estavam a praguejar e
a utilizar linguagem blasfema, -
9:38 - 9:40e houve uma grande quantidade de
contra-argumentos sobre quem eles eram, -
9:40 - 9:42e se estavam ou não onde o vídeo
dizia que estavam. -
9:42 - 9:46Contactámos algumas fontes em Hama
com quem estivemos -
9:46 - 9:48a conversar no Twitter e
questionámo-los sobre isto, -
9:48 - 9:52e a questão da ponte foi interessante para nós
porque era algo que podíamos identificar. -
9:52 - 9:55Três fontes diferentes disseram
três coisas diferentes sobre a ponte. -
9:55 - 9:57Uma disse que a ponte não existia.
-
9:57 - 10:01Outra disse que a ponte existia mas não era
em Hama. Era noutro sítio qualquer. -
10:01 - 10:03A terceira disse: "Penso que a ponte existe
-
10:03 - 10:07"mas a barragem a montante da ponte
estava fechada -
10:07 - 10:10"por isso o rio deveria estar seco,
isto assim não faz sentido." -
10:10 - 10:13Portanto, esta foi a única a dar-nos uma pista.
-
10:13 - 10:14Procurámos outras pistas no vídeo.
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10:14 - 10:17Vimos grades características que
podíamos utilizar -
10:17 - 10:21Olhámos para os passeios.
As sombras estavam a apontar para sul, -
10:21 - 10:23por isso, podíamos dizer que o sentido da ponte
por cima do rio era de este para oeste. -
10:23 - 10:25Tinha passeios pretos e brancos.
-
10:25 - 10:27Quando olhámos para o rio,
pudemos ver uma -
10:27 - 10:30pedra de betão no lado oeste.
Há uma mancha de sangue. -
10:30 - 10:32É sangue no rio. Portanto, o rio corre
-
10:32 - 10:33de sul para norte. É isto que me é mostrado.
-
10:33 - 10:36Além disso, quando olhamos da ponte
-
10:36 - 10:37há uma reentrância na margem esquerda
-
10:37 - 10:40e o rio estreita.
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10:40 - 10:42Assim, fomos aos mapas do Google
e começámos -
10:42 - 10:44a procurar cada ponte, literalmente.
-
10:44 - 10:48Fomos ver a barragem de que falámos
e começámos -
10:48 - 10:51literalmente a ver todas as vezes
que a estrada atravessa o rio, -
10:51 - 10:53riscando as pontes que não coincidem.
-
10:53 - 10:55Estávamos a procurar uma que
atravessasse no sentido este-oeste. -
10:55 - 10:57E chegámos a Hama. Fizemos todo
o caminho desde a barragem -
10:57 - 10:59até Hama e a ponte não existe.
-
10:59 - 11:01Então, vamos um pouco mais longe.
Mudámos para a vista de satélite, -
11:01 - 11:04encontrámos outra ponte e tudo
começa a bater certo. -
11:04 - 11:07A ponte parece atravessar o rio
de este para oeste. -
11:07 - 11:10Esta pode ser a nossa ponte.
Ampliámos a imagem. -
11:10 - 11:13E vimos que tem uma linha mediana,
por isso é uma ponte com duas vias. -
11:13 - 11:17Tem os passeios a preto e branco
que vimos no vídeo, -
11:17 - 11:19e quando clicámos, vimos que alguém
-
11:19 - 11:22carregou fotos no mapa, o que foi muito útil,
-
11:22 - 11:25por isso, clicámos nas fotos.
As fotos começaram a mostrar-nos -
11:25 - 11:28mais detalhes para compararmos
com o vídeo. -
11:28 - 11:31A primeira coisa que vemos são
os passeios a preto e branco, -
11:31 - 11:33o que é útil porque já os tínhamos visto antes.
-
11:33 - 11:37Vemos as grades características
por cima das quais se viam os tipos -
11:37 - 11:39a atirar os corpos.
-
11:39 - 11:42E continuamos até ter a certeza de que
esta é a nossa ponte. -
11:42 - 11:43O que é que isto me diz?
Tenho de voltar às minhas -
11:43 - 11:46três fontes e ver o que me disseram:
-
11:46 - 11:47a que disse que a ponte não existia,
-
11:47 - 11:49a que disse que a ponte não era em Hama,
-
11:49 - 11:53e aquele tipo que disse: "Sim, a ponte existe mas
não tenho a certeza quanto aos níveis da água". -
11:53 - 11:57De repente, o número três parece
o mais autêntico, -
11:57 - 12:00e conseguimos descobrir isso usando
ferramentas gratuitas da Internet, -
12:00 - 12:02sentados num cubículo de um
escritório, em Dublin -
12:02 - 12:04em 20 minutos.
-
12:04 - 12:06É parte da beleza disto. Apesar da Internet
-
12:06 - 12:09se mover como uma corrente,
tem tanta informação -
12:09 - 12:12que, de dia para dia, se torna cada vez
mais difícil de seleccionar. -
12:12 - 12:16Se a usarmos com inteligência,
podemos encontrar informações incríveis. -
12:16 - 12:18Com um par de pistas, provavelmente,
conseguia descobrir -
12:18 - 12:22muitas coisas sobre a maioria de vocês
que não gostariam que descobrisse. -
12:22 - 12:25O que isto me diz é que, numa época em que
-
12:25 - 12:29há mais, em que há uma maior abundância
de informação do que nunca, -
12:29 - 12:31difícil de filtrar, nós temos ferramentas melhores.
-
12:31 - 12:33Temos ferramentas grátis que nos permitem,
-
12:33 - 12:35que nos ajudam neste tipo de investigação.
-
12:35 - 12:37Temos algoritmos mais espertos
do que nunca -
12:37 - 12:40e computadores que são mais rápidos
do que nunca. -
12:40 - 12:43Mas há uma coisa. Os algoritmos são regras.
São binários. -
12:43 - 12:45Há sim ou não, há preto ou branco.
-
12:45 - 12:49A verdade nunca é binária.
A verdade é um valor. -
12:49 - 12:53A verdade é emocional, fluída
e, sobretudo, humana. -
12:53 - 12:55Independentemente da rapidez
dos computadores, -
12:55 - 12:58de quanta informação temos,
nunca conseguiremos -
12:58 - 13:01afastar a parte humana da procura da verdade
-
13:01 - 13:04porque, no final, é uma característica
exclusivamente humana. -
13:04 - 13:08Muito obrigado. (Aplausos)
- Title:
- Markham Nolan: Como separar os factos da ficção na Internet
- Speaker:
- Markham Nolan
- Description:
-
No final desta palestra haverá mais 864 horas de vídeo no YouTube e mais 2,5 milhões de fotos no Facebook e no Instagram. Como é que podemos fazer uma selecção, perante este "dilúvio"? No TEDSalon em Londres, Markham Nolan partilha as técnicas de investigação que ele e a sua equipa utilizam para verificar informações em tempo real, para que possam saber se aquela imagem da Estátua da Liberdade foi manipulada ou se aquele vídeo transmitido a partir da Síria é verdadeiro.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 13:29
Isabel Vaz Belchior approved Portuguese subtitles for How to separate fact and fiction online | ||
Isabel Vaz Belchior edited Portuguese subtitles for How to separate fact and fiction online | ||
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