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Markham Nolan: Como separar os factos da ficção na Internet

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    Sou jornalista desde os meus 17 anos
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    e, neste momento, esta é
    uma indústria interessante
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    porque, como todos sabem,
    há uma grande agitação
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    a acontecer nos media, e a maioria de vocês
    provavelmente sabe disto
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    do ponto de vista comercial.
    A questão é que o modelo comercial
  • 0:15 - 0:18
    está bastante corrompido,
    como diria o meu avô:
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    os lucros foram todos engolidos
    pelo Google.
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    Por isso, é uma época muito interessante
    para se ser jornalista,
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    mas a agitação que me interessa
    não é a do lado da transmissão.
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    É a do lado da recepção. Tem a ver com
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    o modo como obtemos a informação
    e como reunimos as notícias.
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    E isso mudou porque houve
    uma grande inversão
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    no equilíbrio do poder,
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    das agências noticiosas para o público.
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    Durante muito tempo o público
    esteve numa posição
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    em que não tinha maneira
    de afectar as notícias
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    ou de fazer qualquer alteração.
    Não se podia verdadeiramente ligar.
  • 0:46 - 0:48
    Isso mudou inevitavelmente.
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    A minha primeira ligação com
    os meios de comunicação noticiosos
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    foi em 1984. A BBC fez um dia de greve.
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    Não fiquei contente. Fiquei zangado.
    Não podia ver os desenhos animados.
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    Por isso escrevi uma carta.
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    E uma maneira muito eficaz de terminar
    uma "carta de ódio"
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    "Beijinhos, Markham, 4 anos".
    Ainda funciona.
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    Não tenho a certeza se tive algum impacto
    na greve de um dia,
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    mas o que sei é que eles demoraram
    três semanas a responder.
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    Esse era o ciclo.
    Demorava todo esse tempo para alguém
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    ter algum impacto e obter alguma resposta.
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    Isso agora mudou porque, como jornalistas,
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    interagimos em tempo real.
    Não estamos numa posição
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    em que o público reage às notícias.
  • 1:24 - 1:28
    Estamos a reagir ao público e,
    na realidade, estamos a confiar nele.
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    Ele está a ajudar-nos a encontar as notícias.
    Está a ajudar-nos
  • 1:30 - 1:35
    a perceber qual é a melhor perspectiva
    e o que é que ele quer ouvir.
  • 1:35 - 1:39
    Por isso, é uma coisa em tempo real.
    É muito mais rápido. Está a acontecer
  • 1:39 - 1:45
    numa base constante e o jornalista
    tem de estar sempre a actualizar-se.
  • 1:45 - 1:47
    Para dar um exemplo de como
    nós dependemos do público,
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    no dia 5 de Setembro houve
    um terramoto na Costa Rica.
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    Foi de magnitude 7,6.
    Foi relativamente grande.
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    Demorou 60 segundos
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    para percorrer 250 quilómetros até Manágua.
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    A terra tremeu em Manágua 60 segundos
    depois de ter sido atingido o epicentro.
  • 2:04 - 2:06
    Trinta segundos depois, a primeira mensagem
    apareceu no Twitter,
  • 2:06 - 2:09
    e era de alguém a dizer "temblor",
    que significa terramoto.
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    Portanto, demorou 60 segundos
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    para o terremoto físico se deslocar.
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    Trinta segundos mais tarde tinham sido
    transmitidas notícias do terramoto
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    para todo o mundo, imediatamente.
    Toda a gente no mundo,
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    hipoteticamente, tinha potencial
    para saber que um terramoto
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    estava a acontecer em Manágua.
  • 2:25 - 2:27
    E isso aconteceu porque uma pessoa
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    teve o instinto de documentar,
    actualizando o seu perfil,
  • 2:31 - 2:34
    que é o que todos fazemos agora,
    por isso se algo acontece
  • 2:34 - 2:36
    actualizamos o nosso perfil, ou
    publicamos uma foto,
  • 2:36 - 2:39
    publicamos um video e vai tudo para a nuvem,
    num fluxo constante.
  • 2:39 - 2:42
    Isso significa que há um constante,
  • 2:42 - 2:45
    enorme volume de dados a passar.
  • 2:45 - 2:47
    É verdadeiramente surpreendente.
    Quando olhamos para os números,
  • 2:47 - 2:50
    a cada minuto há mais 72 horas
  • 2:50 - 2:51
    de vídeo no YouTube.
  • 2:51 - 2:55
    Isto é, a cada segundo, é publicada
    mais de uma hora de video.
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    Em fotografia, Instagram, são carregadas
    58 fotos por segundo.
  • 2:59 - 3:03
    Mais do que três milhares e meio de fotos
    vão para o Facebook.
  • 3:03 - 3:06
    Quando eu acabar de falar aqui,
    vai haver mais 864
  • 3:06 - 3:10
    horas de video no YouTube do que
    quando comecei,
  • 3:10 - 3:14
    e mais dois milhares e meio de fotos no Facebook
    e no Instagram do que quando comecei.
  • 3:14 - 3:18
    Portanto, é uma posição interessante
    para se estar enquanto jornalista
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    porque devemos ter acesso a tudo.
  • 3:20 - 3:23
    Qualquer acontecimento em qualquer sítio no mundo,
    tenho possibilidade de o saber
  • 3:23 - 3:27
    quase instantaneamente,
    quando acontece, de graça.
  • 3:27 - 3:30
    E isto aplica-se a todas as pessoas nesta sala.
  • 3:30 - 3:33
    O único problema é que, quando temos tanta informação,
  • 3:33 - 3:35
    temos de encontrar as coisas boas,
    e isso pode ser
  • 3:35 - 3:37
    muito difícil quando estamos a lidar com
    estas quantidades.
  • 3:37 - 3:39
    E em nenhuma outra ocasião nos apercebemos
    mais disso do que durante
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    o Furacão Sandy. O Furacão Sandy foi
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    uma super tempestade como não se via
    há muito tempo
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    que atingiu a capital universal do iPhone...
    (Risos)
  • 3:48 - 3:53
    e tivemos uma quantidade de notícias
    nunca antes vista.
  • 3:53 - 3:55
    Isso significa que os jornalistas
    tiveram de lidar com falsificações,
  • 3:55 - 3:58
    por isso tivemos de lidar com fotos antigas
    que estavam a ser publicadas.
  • 3:58 - 4:00
    Tivemos de lidar com imagens compostas
  • 4:00 - 4:04
    que eram montagens de fotos de
    tempestades anteriores.
  • 4:04 - 4:09
    Tivemos de lidar com imagens de filmes
    como "O dia depois de amanhã". (Risos)
  • 4:09 - 4:12
    E tivemos de lidar com imagens
    que eram tão realistas
  • 4:12 - 4:14
    que quase foi difícil perceber se eram reais.
  • 4:14 - 4:18
    (Risos)
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    Brincadeiras à parte, eram imagens
    como esta do Instagram
  • 4:22 - 4:24
    que foram sujeitas a verificação
    pelos jornalistas.
  • 4:24 - 4:27
    Eles não tinham a certeza.
    Foi filtrada no Instagram.
  • 4:27 - 4:29
    A luz foi questionada.
    Tudo nela foi questionado.
  • 4:29 - 4:31
    E revelou-se verdadeira. Era na Avenida C
  • 4:31 - 4:34
    na baixa de Manhattan, que estava inundada.
  • 4:34 - 4:36
    A razão pela qual puderam dizer que era real
  • 4:36 - 4:38
    foi porque puderam chegar à fonte que,
    neste caso,
  • 4:38 - 4:40
    eram bloggers de culinária, de Nova Iorque.
  • 4:40 - 4:42
    Eles eram respeitados. Eram conhecidos.
  • 4:42 - 4:45
    Portanto, não foi uma desmistificação,
    foi mesmo algo que eles puderam comprovar.
  • 4:45 - 4:48
    E foi esse o papel do jornalista.
    Foi filtrar tudo.
  • 4:48 - 4:51
    E, em vez de ir procurar a informação
  • 4:51 - 4:53
    e levá-la para o leitor, estava-se a reter
  • 4:53 - 4:55
    as coisas que eram potencialmente prejudiciais.
  • 4:55 - 4:58
    Encontrar as fontes tornou-se
    cada vez mais importante
  • 4:58 - 5:02
    — encontrar as boas fontes — e a maioria
    dos jornalistas agora vão ao Twitter.
  • 5:02 - 5:05
    É como a transmissão em tempo real
  • 5:05 - 5:08
    se se souber como a usar,
    porque há tanta coisa no Twitter.
  • 5:08 - 5:10
    Um bom exemplo de como pode ser útil
  • 5:10 - 5:14
    mas também difícil, foi a
    Revolução Egípcia em 2011.
  • 5:14 - 5:17
    Como orador não árabe,
    como alguém a observar
  • 5:17 - 5:19
    de fora, a partir de Dublin,
  • 5:19 - 5:21
    listas de utilizadores do Twitter,
    e listas de boas fontes,
  • 5:21 - 5:24
    de pessoas que podemos considerar como credíveis,
    foram realmente importantes.
  • 5:24 - 5:27
    E como se constrói uma lista dessas do nada?
  • 5:27 - 5:29
    Bem, pode ser difícil, mas temos de
    saber o que procurar.
  • 5:29 - 5:32
    Esta visualização foi feita por
    um académico italiano.
  • 5:32 - 5:36
    O seu nome é André Pannison
    e ele limitou-se a
  • 5:36 - 5:38
    pegar nas conversas no Twitter
    na Praça Tahir,
  • 5:38 - 5:41
    no dia em que Hosni Mubarak iria,
    eventualmente, demitir-se.
  • 5:41 - 5:44
    Os pontos que podem ver são reencaminhamentos,
    por isso, quando alguém
  • 5:44 - 5:47
    reencaminha uma mensagem,
    é feita uma ligação entre dois pontos,
  • 5:47 - 5:49
    e quantas mais vezes essa mensagem
    for reencaminhada por outras pessoas
  • 5:49 - 5:52
    mais se vêem estes nós, estas
    ligações a serem feitas.
  • 5:52 - 5:54
    É uma forma magnífica de
    visualizar a conversa
  • 5:54 - 5:57
    mas o que obtemos são pistas
    sobre quem é mais interessante
  • 5:57 - 6:00
    e quem vale a pena investigar.
  • 6:00 - 6:03
    E à medida que a conversa
    crescia e crescia, tornou-se
  • 6:03 - 6:05
    mais e mais animada e,
    eventualmente, ficámos
  • 6:05 - 6:10
    com este enorme, grande, rítmico
    indicador da conversa.
  • 6:10 - 6:11
    Podíamos encontrar os nós e depois
  • 6:11 - 6:14
    decidir: "Certo, tenho de investigar estas pessoas.
  • 6:14 - 6:16
    "Estas são as que fazem sentido.
  • 6:16 - 6:18
    "Vamos ver quem são elas."
  • 6:18 - 6:20
    É actualmente, com o dilúvio de informação,
  • 6:20 - 6:24
    que a rede em tempo real se torna
    verdadeiramente interessante para um jornalista como eu,
  • 6:24 - 6:26
    porque temos mais ferramentas do que nunca
  • 6:26 - 6:28
    para fazer esse tipo de investigação.
  • 6:28 - 6:31
    E quando começamos a aprofundar
    as fontes, podemos ir
  • 6:31 - 6:34
    mais e mais longe do que
    alguma vez pudemos.
  • 6:34 - 6:37
    Por vezes, deparamo-nos com
    um conteúdo que
  • 6:37 - 6:41
    é tão convincente que o queremos usar,
    estamos em pulgas para o usar
  • 6:41 - 6:43
    mas não temos a certeza absoluta
    se o podemos fazer porque
  • 6:43 - 6:44
    não sabemos se a fonte é credível.
  • 6:44 - 6:47
    Não sabemos se é um conteúdo tirado da Internet.
    Não sabemos se é um conteúdo reutilizado.
  • 6:47 - 6:48
    E temos de fazer esse trabalho de investigação.
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    Este vídeo, que vou mostrar agora,
  • 6:51 - 6:54
    foi um que descobrimos há umas semanas.
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    Vídeo: Ventania dentro de alguns segundos.
  • 6:56 - 7:01
    (Barulho de chuva e vento).
  • 7:01 - 7:04
    (Explosão) Oh, merda!
  • 7:04 - 7:07
    Markham Nolan: Ok, agora, para um
    produtor de notícias, isto é algo
  • 7:07 - 7:09
    que adoraria transmitir porque,
    obviamente, vale ouro.
  • 7:09 - 7:12
    Sabem? Esta é uma reacção fantástica
    de alguém,
  • 7:12 - 7:14
    num vídeo muito genuíno que
    foi filmado no seu jardim.
  • 7:14 - 7:18
    Mas como é que sabemos se esta pessoa,
    se é verdadeiro, se é falso,
  • 7:18 - 7:20
    ou se é algo antigo que voltou a ser publicado?
  • 7:20 - 7:23
    Então, começámos a trabalhar neste vídeo e
  • 7:23 - 7:25
    a única coisa que tínhamos era o nome
    de utilizador da conta do YouTube.
  • 7:25 - 7:28
    Só havia um vídeo publicado nessa conta,
  • 7:28 - 7:29
    e o nome de utilizador era Rita Krill.
  • 7:29 - 7:33
    Não sabíamos se a Rita existia ou
    se era um nome falso.
  • 7:33 - 7:36
    Mas começámos a procurar e utilizámos ferramentas
    gratuitas da Internet para o fazer.
  • 7:36 - 7:39
    A primeira que usámos chama-se Spokeo e
    permitiu-nos procurar Rita Krills.
  • 7:39 - 7:41
    Procurámos por todos os Estados Unidos.
    Encontrámos em Nova Iorque,
  • 7:41 - 7:44
    encontrámos em Pensilvânia, Nevada e Flórida.
  • 7:44 - 7:47
    Então fomos a uma segunda ferramenta
    gratuita da Internet
  • 7:47 - 7:49
    que se chama Wolfram Alpha e consultámos
    os relatórios meteorológicos
  • 7:49 - 7:52
    do dia em que o vídeo foi publicado,
  • 7:52 - 7:53
    e quando verificámos em todas essas cidades,
  • 7:53 - 7:57
    descobrimos que na Flórida
    tinha havido tempestade e chuva nesse dia.
  • 7:57 - 8:00
    Então fomos à lista telefónica e descobrimos,
  • 8:00 - 8:03
    procurámos as Rita Krills da lista
  • 8:03 - 8:04
    e vimos algumas moradas diferentes,
  • 8:04 - 8:07
    e isso levou-nos aos mapas do Google,
    onde encontrámos uma casa.
  • 8:07 - 8:09
    Encontrámos uma casa com
    uma piscina que era
  • 8:09 - 8:12
    extremamente parecida com a de Rita.
    Voltámos ao vídeo
  • 8:12 - 8:15
    e procurámos pistas que
    pudéssemos comparar.
  • 8:15 - 8:18
    Se olharem para o vídeo, há um
    grande guarda-sol,
  • 8:18 - 8:20
    há um colchão branco na piscina,
  • 8:20 - 8:23
    há umas bordas arredondadas invulgares
    na piscina,
  • 8:23 - 8:25
    e há três árvores ao fundo.
  • 8:25 - 8:27
    Voltámos aos mapas do Google e
    olhámos um pouco mais perto
  • 8:27 - 8:30
    e, de facto, há o colchão branco,
  • 8:30 - 8:33
    há as três árvores,
  • 8:33 - 8:35
    há o guarda-sol. Nesta foto, está fechado.
  • 8:35 - 8:39
    Uma pequena partida. E há as bordas
    arredondadas na piscina.
  • 8:39 - 8:42
    Assim, pudemos telefonar a Rita, esclarecer o video,
  • 8:42 - 8:44
    ter a certeza de que foi filmado e então
    os nossos clientes
  • 8:44 - 8:47
    ficaram encantados porque
    puderam passá-lo sem preocupações.
  • 8:47 - 8:49
    Mas a procura da verdade, por vezes,
  • 8:49 - 8:53
    é um pouco menos descontraída e
    tem consequências maiores.
  • 8:53 - 8:56
    A Síria tem sido realmente interessante
    para nós porque, obviamente,
  • 8:56 - 8:59
    muito do tempo estávamos a tentar
    desmascarar coisas que podiam ser,
  • 8:59 - 9:03
    potencialmente, provas de crimes de guerra,
    por isso é aqui que o YouTube
  • 9:03 - 9:05
    se torna o depósito mais importante
  • 9:05 - 9:09
    de informação do que está a acontecer
    no mundo.
  • 9:09 - 9:12
    Este vídeo, não vos vou mostrar tudo
  • 9:12 - 9:15
    porque é bastante horrível,
    mas vão ouvir alguns sons.
  • 9:15 - 9:17
    Isto é de Hama.
  • 9:17 - 9:20
    Vídeo: (Gritos)
  • 9:20 - 9:24
    O que este vídeo mostra,
    quando o vemos na totalidade,
  • 9:24 - 9:27
    são corpos ensanguentados que
    são retirados de uma carrinha
  • 9:27 - 9:29
    e atirados de uma ponte.
  • 9:29 - 9:32
    As acusações são as de que estes tipos
    são da Irmandade Muçulmana,
  • 9:32 - 9:35
    que estavam a atirar corpos de soldados
    do Exército Sírio
  • 9:35 - 9:38
    do cimo da ponte e estavam a praguejar e
    a utilizar linguagem blasfema,
  • 9:38 - 9:40
    e houve uma grande quantidade de
    contra-argumentos sobre quem eles eram,
  • 9:40 - 9:42
    e se estavam ou não onde o vídeo
    dizia que estavam.
  • 9:42 - 9:46
    Contactámos algumas fontes em Hama
    com quem estivemos
  • 9:46 - 9:48
    a conversar no Twitter e
    questionámo-los sobre isto,
  • 9:48 - 9:52
    e a questão da ponte foi interessante para nós
    porque era algo que podíamos identificar.
  • 9:52 - 9:55
    Três fontes diferentes disseram
    três coisas diferentes sobre a ponte.
  • 9:55 - 9:57
    Uma disse que a ponte não existia.
  • 9:57 - 10:01
    Outra disse que a ponte existia mas não era
    em Hama. Era noutro sítio qualquer.
  • 10:01 - 10:03
    A terceira disse: "Penso que a ponte existe
  • 10:03 - 10:07
    "mas a barragem a montante da ponte
    estava fechada
  • 10:07 - 10:10
    "por isso o rio deveria estar seco,
    isto assim não faz sentido."
  • 10:10 - 10:13
    Portanto, esta foi a única a dar-nos uma pista.
  • 10:13 - 10:14
    Procurámos outras pistas no vídeo.
  • 10:14 - 10:17
    Vimos grades características que
    podíamos utilizar
  • 10:17 - 10:21
    Olhámos para os passeios.
    As sombras estavam a apontar para sul,
  • 10:21 - 10:23
    por isso, podíamos dizer que o sentido da ponte
    por cima do rio era de este para oeste.
  • 10:23 - 10:25
    Tinha passeios pretos e brancos.
  • 10:25 - 10:27
    Quando olhámos para o rio,
    pudemos ver uma
  • 10:27 - 10:30
    pedra de betão no lado oeste.
    Há uma mancha de sangue.
  • 10:30 - 10:32
    É sangue no rio. Portanto, o rio corre
  • 10:32 - 10:33
    de sul para norte. É isto que me é mostrado.
  • 10:33 - 10:36
    Além disso, quando olhamos da ponte
  • 10:36 - 10:37
    há uma reentrância na margem esquerda
  • 10:37 - 10:40
    e o rio estreita.
  • 10:40 - 10:42
    Assim, fomos aos mapas do Google
    e começámos
  • 10:42 - 10:44
    a procurar cada ponte, literalmente.
  • 10:44 - 10:48
    Fomos ver a barragem de que falámos
    e começámos
  • 10:48 - 10:51
    literalmente a ver todas as vezes
    que a estrada atravessa o rio,
  • 10:51 - 10:53
    riscando as pontes que não coincidem.
  • 10:53 - 10:55
    Estávamos a procurar uma que
    atravessasse no sentido este-oeste.
  • 10:55 - 10:57
    E chegámos a Hama. Fizemos todo
    o caminho desde a barragem
  • 10:57 - 10:59
    até Hama e a ponte não existe.
  • 10:59 - 11:01
    Então, vamos um pouco mais longe.
    Mudámos para a vista de satélite,
  • 11:01 - 11:04
    encontrámos outra ponte e tudo
    começa a bater certo.
  • 11:04 - 11:07
    A ponte parece atravessar o rio
    de este para oeste.
  • 11:07 - 11:10
    Esta pode ser a nossa ponte.
    Ampliámos a imagem.
  • 11:10 - 11:13
    E vimos que tem uma linha mediana,
    por isso é uma ponte com duas vias.
  • 11:13 - 11:17
    Tem os passeios a preto e branco
    que vimos no vídeo,
  • 11:17 - 11:19
    e quando clicámos, vimos que alguém
  • 11:19 - 11:22
    carregou fotos no mapa, o que foi muito útil,
  • 11:22 - 11:25
    por isso, clicámos nas fotos.
    As fotos começaram a mostrar-nos
  • 11:25 - 11:28
    mais detalhes para compararmos
    com o vídeo.
  • 11:28 - 11:31
    A primeira coisa que vemos são
    os passeios a preto e branco,
  • 11:31 - 11:33
    o que é útil porque já os tínhamos visto antes.
  • 11:33 - 11:37
    Vemos as grades características
    por cima das quais se viam os tipos
  • 11:37 - 11:39
    a atirar os corpos.
  • 11:39 - 11:42
    E continuamos até ter a certeza de que
    esta é a nossa ponte.
  • 11:42 - 11:43
    O que é que isto me diz?
    Tenho de voltar às minhas
  • 11:43 - 11:46
    três fontes e ver o que me disseram:
  • 11:46 - 11:47
    a que disse que a ponte não existia,
  • 11:47 - 11:49
    a que disse que a ponte não era em Hama,
  • 11:49 - 11:53
    e aquele tipo que disse: "Sim, a ponte existe mas
    não tenho a certeza quanto aos níveis da água".
  • 11:53 - 11:57
    De repente, o número três parece
    o mais autêntico,
  • 11:57 - 12:00
    e conseguimos descobrir isso usando
    ferramentas gratuitas da Internet,
  • 12:00 - 12:02
    sentados num cubículo de um
    escritório, em Dublin
  • 12:02 - 12:04
    em 20 minutos.
  • 12:04 - 12:06
    É parte da beleza disto. Apesar da Internet
  • 12:06 - 12:09
    se mover como uma corrente,
    tem tanta informação
  • 12:09 - 12:12
    que, de dia para dia, se torna cada vez
    mais difícil de seleccionar.
  • 12:12 - 12:16
    Se a usarmos com inteligência,
    podemos encontrar informações incríveis.
  • 12:16 - 12:18
    Com um par de pistas, provavelmente,
    conseguia descobrir
  • 12:18 - 12:22
    muitas coisas sobre a maioria de vocês
    que não gostariam que descobrisse.
  • 12:22 - 12:25
    O que isto me diz é que, numa época em que
  • 12:25 - 12:29
    há mais, em que há uma maior abundância
    de informação do que nunca,
  • 12:29 - 12:31
    difícil de filtrar, nós temos ferramentas melhores.
  • 12:31 - 12:33
    Temos ferramentas grátis que nos permitem,
  • 12:33 - 12:35
    que nos ajudam neste tipo de investigação.
  • 12:35 - 12:37
    Temos algoritmos mais espertos
    do que nunca
  • 12:37 - 12:40
    e computadores que são mais rápidos
    do que nunca.
  • 12:40 - 12:43
    Mas há uma coisa. Os algoritmos são regras.
    São binários.
  • 12:43 - 12:45
    Há sim ou não, há preto ou branco.
  • 12:45 - 12:49
    A verdade nunca é binária.
    A verdade é um valor.
  • 12:49 - 12:53
    A verdade é emocional, fluída
    e, sobretudo, humana.
  • 12:53 - 12:55
    Independentemente da rapidez
    dos computadores,
  • 12:55 - 12:58
    de quanta informação temos,
    nunca conseguiremos
  • 12:58 - 13:01
    afastar a parte humana da procura da verdade
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    porque, no final, é uma característica
    exclusivamente humana.
  • 13:04 - 13:08
    Muito obrigado. (Aplausos)
Title:
Markham Nolan: Como separar os factos da ficção na Internet
Speaker:
Markham Nolan
Description:

No final desta palestra haverá mais 864 horas de vídeo no YouTube e mais 2,5 milhões de fotos no Facebook e no Instagram. Como é que podemos fazer uma selecção, perante este "dilúvio"? No TEDSalon em Londres, Markham Nolan partilha as técnicas de investigação que ele e a sua equipa utilizam para verificar informações em tempo real, para que possam saber se aquela imagem da Estátua da Liberdade foi manipulada ou se aquele vídeo transmitido a partir da Síria é verdadeiro.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
13:29

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