Markham Nolan: Como separar fatos de ficção na internet
-
0:01 - 0:03Eu tenho sido jornalista desde os meus 17 anos,
-
0:03 - 0:07e essa é uma área interessante para se trabalhar no momento
-
0:07 - 0:09pois como vocês todos sabem, há uma série de transformações
-
0:09 - 0:12acontecendo na mídia, e a maioria de vocês provavelmente sabe disto
-
0:12 - 0:15pelo ângulo dos negócios, que o modelo de negócios
-
0:15 - 0:18está bastante desgastado, e como meu avô diria,
-
0:18 - 0:21os lucros tem sido engolidos pelo Google.
-
0:21 - 0:23Este é realmente um momento interessante para ser um jornalista
-
0:23 - 0:26mas o grande fato pelo qual eu estou interessado não está do lado de fora.
-
0:26 - 0:29Está no lado de dentro. É a preocupação com
-
0:29 - 0:32como nós recebemos informações e como coletamos as notícias.
-
0:32 - 0:35E isso mudou, porque tivemos um grande deslocamento
-
0:35 - 0:37no equilíbrio das forças, das
-
0:37 - 0:39organizações de mídia para a audiência.
-
0:39 - 0:41E a audiência por um bom tempo esteve numa posição
-
0:41 - 0:44onde ela não tinha como afetar as notícias
-
0:44 - 0:46ou causar qualquer mudança. Ela não conseguia estabelecer contato.
-
0:46 - 0:48E isso mudou irrevogavelmente.
-
0:48 - 0:50Minha primeira ligação com os meios de comunicação foi
-
0:50 - 0:54em 1984, quando a BBC esteve em greve por um dia.
-
0:54 - 0:57Eu não estava feliz. Eu estava irritado. Eu não podia assistir meus desenhos animados.
-
0:57 - 1:00Então eu escrevi uma carta.
-
1:00 - 1:03E esta é uma maneira muito efetiva de acabar uma carta de ódio:
-
1:03 - 1:06"Com amor, Markham, 4 anos de idade." Ainda funciona.
-
1:06 - 1:09Não estou certo de que causei qualquer impacto naquela greve,
-
1:09 - 1:12mas o que eu sei é que se passaram três semanas até eles reponderem minha carta.
-
1:12 - 1:14E este era o tempo médio. Levava esse tempo todo para alguém
-
1:14 - 1:16causar qualquer impacto e ter algum retorno.
-
1:16 - 1:19E isso mudou agora pois, como jornalistas,
-
1:19 - 1:22nós interagimos em tempo real. Nós não estamos numa posição
-
1:22 - 1:24onde a audiência está reagindo às notícias.
-
1:24 - 1:28Nós estamos reagindo à audiência e estamos, de fato, confiando nela.
-
1:28 - 1:30Eles estão nos ajudando a encontrar as noticias. Estão nos ajudando
-
1:30 - 1:35a descobrir qual é o melhor ângulo da noticia a ser exposto, e qual o tipo de coisa que eles querem ouvir.
-
1:35 - 1:39Então, isso é algo em tempo real. É muito mais rápido. Está acontecendo
-
1:39 - 1:45constantemente e o jornalista está sempre tentando acompanhar.
-
1:45 - 1:47Para dar um exemplo de como nós confiamos na audiência,
-
1:47 - 1:52no dia 05 de setembro, um terremoto atingiu a Costa Rica.
-
1:52 - 1:54Atingiu magnitude 7.6. Foi bem grande.
-
1:54 - 1:57E 60 segundos foi o tempo que ele levou
-
1:57 - 2:00para viajar 250 km até Manágua [na Nicarágua].
-
2:00 - 2:04Então o solo tremeu em Manágua 60 segundos depois de ter atingido o epicentro.
-
2:04 - 2:06Trinta segundos mais tarde, a primeira mensagem foi lançada no Twitter,
-
2:06 - 2:09alguém dizendo "temblor", que significa terremoto.
-
2:09 - 2:12Assim, 60 segundos foi o tempo que levou
-
2:12 - 2:14para o terremoto viajar fisicamente.
-
2:14 - 2:16Trinta segundos mais tarde, notícias sobre o terremoto já haviam se espalhado
-
2:16 - 2:19por todo o mundo, instantaneamente. Todas as pessoas no mundo,
-
2:19 - 2:22hipoteticamente, tinham o potencial de saber que um terremoto
-
2:22 - 2:25estava acontecendo em Manágua.
-
2:25 - 2:27E isso aconteceu porque uma pessoa tinha
-
2:27 - 2:31um instinto de registrar, que era atualizar seu status
-
2:31 - 2:34que é algo que todos nós fazemos hoje, então se alguma coisa acontece,
-
2:34 - 2:36nós atualizamos nosso status, ou postamos uma foto,
-
2:36 - 2:39um vídeo, e tudo vai para a nuvem num fluxo constante.
-
2:39 - 2:42E o que isso significa é simplesmente um constante,
-
2:42 - 2:45um enorme volume de informações sendo enviadas.
-
2:45 - 2:47Isto é realmente impressionante. Quando você olha para os números,
-
2:47 - 2:50a cada minuto são 72 horas a mais
-
2:50 - 2:51de vídeos no YouTube.
-
2:51 - 2:55Então, a cada segundo, mais de uma hora de vídeos é compartilhada.
-
2:55 - 2:59E em fotos, Instagram, 58 fotos são enviadas ao Instagram por segundo.
-
2:59 - 3:03Mais de 3.500 fotos são colocadas no Facebook.
-
3:03 - 3:06Então, no momento em que eu terminar de falar aqui, haverá 864
-
3:06 - 3:10horas de vídeos a mais no YouTube do que havia quando eu comecei,
-
3:10 - 3:14e 2.5 milhões de fotos a mais no Facebook e no Instagram do que quando eu comecei.
-
3:14 - 3:18Esta é um posição interessante de se estar, como um jornalista,
-
3:18 - 3:20porque nós deveríamos ter acesso a tudo.
-
3:20 - 3:23Qualquer evento que aconteça, em qualquer lugar do mundo, eu deveria ser capaz de ficar sabendo
-
3:23 - 3:27instantaneamente, assim que acontecer, de graça.
-
3:27 - 3:30E isso vale para cada pessoa neste auditório.
-
3:30 - 3:33O único problema é que, quando você tem toda essa informação,
-
3:33 - 3:35você precisa filtrar o que é bom, o que se torna
-
3:35 - 3:37incrivelmente difícil quando você lida com esse imenso volume de dados.
-
3:37 - 3:39E nós pudemos presenciar um bom exemplo disso durante
-
3:39 - 3:42o furacão Sandy. O que tínhamos durante o furacão Sandy era
-
3:42 - 3:45uma super tempestade, daquelas que não víamos há tempos
-
3:45 - 3:48atingindo a capital universal do iPhone -- (Risos) --
-
3:48 - 3:53e a partir daí você tem um volume de informações como jamais visto antes.
-
3:53 - 3:55E isso significou que os jornalistas tiveram de lidar com falsificações,
-
3:55 - 3:58como por exemplo fotos antigas que estavam sendo repostadas.
-
3:58 - 4:00Nós tivemos que lidar com imagens montadas
-
4:00 - 4:04misturando fotos de tempestades antigas.
-
4:04 - 4:09Houve até mesmo imagens de filmes como "O Dia Depois de Amanhã." (Risos)
-
4:09 - 4:12Nós tivemos de lidar com imagens que eram tão realistas
-
4:12 - 4:14que era até difícil de acreditar que elas eram mesmo reais.
-
4:14 - 4:18(Risos)
-
4:18 - 4:22Mas brincadeiras à parte, haviam imagens como esta aqui de um Instagram
-
4:22 - 4:24que foi submetida a uma análise mais minuciosa pelos jornalistas.
-
4:24 - 4:27Eles não conseguiam afirmar. Ela vinha de um Instagram.
-
4:27 - 4:29A iluminação foi questionada. Tudo a respeito desta foto foi questionado.
-
4:29 - 4:31E descobriu-se que era uma imagem genuína. Ela era da Avenida C
-
4:31 - 4:34no centro de Manhattan, que havia sido inundada.
-
4:34 - 4:36E a razão pela qual eles puderam dizer que esta foto era real
-
4:36 - 4:38foi porque eles conseguiram identificar a fonte e neste caso
-
4:38 - 4:40os caras eram blogueiros que escreviam sobre comida, em Nova York.
-
4:40 - 4:42Eles eram respeitados. Eles eram conhecidos.
-
4:42 - 4:45Isso era algo que eles poderiam comprovar.
-
4:45 - 4:48E este foi o trabalho do jornalista. Filtrar todas essas informações.
-
4:48 - 4:51Nós estávamos, ao invés de irmos atrás de informações
-
4:51 - 4:53e trazer até os leitores, nós estávamos segurando
-
4:53 - 4:55o que era potencialmente prejudicial.
-
4:55 - 4:58E encontrar a fonte torna-se cada vez mais importante
-
4:58 - 5:02encontrar uma boa fonte -- e no Twitter é onde os jornalistas agora vão.
-
5:02 - 5:05É como se fosse a verdadeira agência de notícias em tempo real,
-
5:05 - 5:08se você souber como usar isso, pois há muito conteúdo no Twitter.
-
5:08 - 5:10E um bom exemplo do quão útil ele pode ser,
-
5:10 - 5:14mas também quão difícil, foi a revolução egípcia em 2011.
-
5:14 - 5:17Eu não sou um árabe. Eu sou alguém olhando
-
5:17 - 5:19de fora para a situação, sou de Dublin.
-
5:19 - 5:21As listas do Twitter e outras listas de boas fontes,
-
5:21 - 5:24pessoas que pudemos estabelecer como confiáveis, foram muito importantes.
-
5:24 - 5:27E como se constrói uma lista dessas a partir do zero?
-
5:27 - 5:29Bem, pode ser um tanto difícil, e você deve saber o que procurar.
-
5:29 - 5:32Esta visualização foi feita por um estudante acadêmico italiano,
-
5:32 - 5:36que se chama André Pannison. Basicamente,
-
5:36 - 5:38ele acompanhou as postagens do Twitter sobre a Praça Tahrir
-
5:38 - 5:41no dia em que Hosni Mubarak renunciaria ao cargo,
-
5:41 - 5:44e os pontos que vocês podem ver são retweets
-
5:44 - 5:47então, sempre que um tweet é repostado, acontece essa conexão entre dois pontos
-
5:47 - 5:49e quanto mais essa mensagem for compartilhada por outras pessoas,
-
5:49 - 5:52mais você vê esse emaranhado de conexões se formando.
-
5:52 - 5:54Esta é uma maneira incrível de visualizar a conversação,
-
5:54 - 5:57mas o melhor, é que isso nos då pistas sobre o que é mais interessante
-
5:57 - 6:00e o que vale a pena investigar a fundo.
-
6:00 - 6:03E conforme a conversa foi crescendo, ela foi se tornando
-
6:03 - 6:05mais e mais animada, e no final ficamos
-
6:05 - 6:10com esse enorme emaranhado, este indicador rítmico sobre esta conversação.
-
6:10 - 6:11Você pega um dos nós, e aí você vai e
-
6:11 - 6:14você pensa, "Certo, eu tenho que investigar essas pessoas.
-
6:14 - 6:16Estas são as que obviamente fazem sentido.
-
6:16 - 6:18Vamos ver quem são elas."
-
6:18 - 6:20E num dilúvio de informações, aqui é onde
-
6:20 - 6:24o tempo real das redes fica muito interessante para um jornalista como eu,
-
6:24 - 6:26porque nós temos mais ferramentas do que nunca
-
6:26 - 6:28para fazer esse tipo de investigação.
-
6:28 - 6:31E quando nós começamos a cavar a fonte, nós conseguimos
-
6:31 - 6:34ir muito mais longe do que conseguíamos ir antigamente.
-
6:34 - 6:37Às vezes você se depara com um conteúdo
-
6:37 - 6:41que é tão convincente, e quer usá-lo, morre de vontade de usá-lo,
-
6:41 - 6:43mas você não está 100% seguro de que pode, porque
-
6:43 - 6:44você não sabe se a fonte é confiável.
-
6:44 - 6:47Você não sabe se é um conteúdo gerado automaticamente, ou reutilizado.
-
6:47 - 6:48E você tem que fazer aquele trabalho de investigação.
-
6:48 - 6:51E este vídeo, que eu vou deixar rolando,
-
6:51 - 6:54foi um que descobrimos poucas semanas atrás.
-
6:54 - 6:56Vídeo: Virou uma ventania de repente.
-
6:56 - 7:01(Sons de chuva e vento)
-
7:01 - 7:04(Explosão) Ai, droga!
-
7:04 - 7:07Markham Nolan: Agora, se você é um editor de jornal, isto é algo
-
7:07 - 7:09que você adoraria usar, porque obviamente, isto é ouro.
-
7:09 - 7:12Você sabe, esta é uma reação fantástica de alguém,
-
7:12 - 7:14um vídeo genuíno, capturado no quintal da casa.
-
7:14 - 7:18Mas como você faz pra saber se é verdadeiro, ou se é falso,
-
7:18 - 7:20ou se é algo antigo que está sendo repostado?
-
7:20 - 7:23Então nós começamos a trabalhar neste vídeo, e
-
7:23 - 7:25a única coisa que tinhamos para ir adiante era o nome do usuário no YouTube.
-
7:25 - 7:28Havia apenas um único vídeo postado naquela conta,
-
7:28 - 7:29e o nome do usuário era Rita Krill.
-
7:29 - 7:33Nós não sabíamos se a Rita existia ou se este era um nome falso.
-
7:33 - 7:36Mas nós começamos a examinar e usamos ferramentas gratuitas da internet como apoio.
-
7:36 - 7:39A primeira ferramenta, Spokeo, nos ajudou a procurar por Rita Krills.
-
7:39 - 7:41Nós rastreamos todo o país. Encontramos Ritas Krills em Nova Iorque,
-
7:41 - 7:44na Pensilvânia, em Nevada e na Flórida.
-
7:44 - 7:47Então nós recorremos a uma segunda ferramenta na internet
-
7:47 - 7:49chamada Wolfram Alpha, e conferimos as condições climáticas
-
7:49 - 7:52para o dia em que o video havia sido postado,
-
7:52 - 7:53e fomos vasculhando todas as cidades,
-
7:53 - 7:57e assim descobrimos que na Flórida houve muita chuva e tempestades naquele dia.
-
7:57 - 8:00Então nós pegamos o guia telefônico
-
8:00 - 8:03e procuramos por Rita Krills na lista,
-
8:03 - 8:04e pesquisamos alguns endereços, o que nos levou
-
8:04 - 8:07a consultar o Google Maps, onde nós encontramos uma casa.
-
8:07 - 8:09E a casa que nós encontramos tinha uma piscina que parecia
-
8:09 - 8:12muito com a da casa da Rita. Então nós voltamos ao vídeo
-
8:12 - 8:15para buscar mais pistas que poderiam servir como referências na comparação.
-
8:15 - 8:18Se você olhar no vídeo, há este guarda-sol enorme,
-
8:18 - 8:20há também um colchão inflável branco na piscina,
-
8:20 - 8:23os cantos da piscina têm um formato arredondado diferente do usual,
-
8:23 - 8:25e há duas árvores ao fundo.
-
8:25 - 8:27Então nós voltamos ao Google Maps, e olhamos a casa com mais zoom,
-
8:27 - 8:30e conseguimos identificar o colchão inflável branco
-
8:30 - 8:33e as duas árvores,
-
8:33 - 8:35e o guarda-sol. Que está fechado nesta foto.
-
8:35 - 8:39Uma pegadinha. E os cantos da piscina são arredondados.
-
8:39 - 8:42Assim, nós conseguimos ligar para a Rita, para esclarecer sobre o vídeo,
-
8:42 - 8:44ter certeza de que era real e atual, e assim nossos clientes
-
8:44 - 8:47ficaram muito satisfeitos pois eles puderam exibir o vídeo sem preocupações.
-
8:47 - 8:49Às vezes, porém, a procura pela verdade
-
8:49 - 8:53é um pouco menos irreverente, e tem consequências muito maiores.
-
8:53 - 8:56A Síria tem sido muito interessante para nós, porque obviamente
-
8:56 - 8:59boa parte do tempo nós estamos tentando desmascarar conteúdos que podem
-
8:59 - 9:03potencialmente ser evidências de crimes de guerra, e neste caso o YouTube
-
9:03 - 9:05realmente torna-se o mais importante repositório de informações
-
9:05 - 9:09sobre o que anda acontecendo pelo mundo.
-
9:09 - 9:12Este outro vídeo, eu não vou mostar inteiro,
-
9:12 - 9:15pois é muito agressivo, mas vocês ouvirão um pouco do áudio.
-
9:15 - 9:17Isto é de Hama.
-
9:17 - 9:20Vídeo: (Gritos)
-
9:20 - 9:24Quando você assiste ao vídeo inteiro, você vê
-
9:24 - 9:27corpos com sangue sendo retirados de uma caminhoneta
-
9:27 - 9:29e sendo jogados de uma ponte.
-
9:29 - 9:32As alegações eram de que esses caras eram membros da Irmandade Muçulmana
-
9:32 - 9:35e que estavam jogando corpos de oficiais do exército sírio
-
9:35 - 9:38da ponte, e que eles xingavam e blasfemavam,
-
9:38 - 9:40e havia muita contestação sobre quem eles realmente eram
-
9:40 - 9:42e se as informações do vídeo eram verídicas.
-
9:42 - 9:46Nós falamos com algumas fontes em Hama, contatos que tínhamos
-
9:46 - 9:48através do Twitter, e perguntamos a eles sobre isso,
-
9:48 - 9:52e a ponte era algo interessante para nós pois era algo que nós podíamos identificar.
-
9:52 - 9:55Nós obtivemos três informações diferentes, de três fontes diferentes, a respeito daquela ponte.
-
9:55 - 9:57Uma delas disse que a ponte nem mesmo existia.
-
9:57 - 10:01Outra disse que a ponte existia, mas não ficava na cidade de Hama. Ficava em outra cidade.
-
10:01 - 10:03E a terceira fonte disse, "Eu acho que a ponte existe sim,
-
10:03 - 10:07mas a barragem rio acima foi fechada,
-
10:07 - 10:10e o rio na verdade deveria estar seco, então isso não faz sentido."
-
10:10 - 10:13Então esta úitima foi a única que nos deu uma pista.
-
10:13 - 10:14Nós olhamos o vídeo novamente procurando por outras pistas.
-
10:14 - 10:17Conseguíamos ver o corrimão, o que poderiamos usar.
-
10:17 - 10:21Nós observamos que o meio-fio fazia sombra para o lado sul,
-
10:21 - 10:23e assim nós pudemos considerar que a ponte cruzava o rio no sentido leste-oeste.
-
10:23 - 10:25A ponte tinha o meio-fio preto-e-branco.
-
10:25 - 10:27E quando olhamos para o rio, nós podemos ver que há
-
10:27 - 10:30uma pedra de concreto no lado oeste. Há também uma mancha de sangue.
-
10:30 - 10:32Sangue no rio. Então o rio corre do
-
10:32 - 10:33sul para o norte. Era o que estas imagens nos mostravam.
-
10:33 - 10:36E também, se olharmos um pouco mais além da ponte,
-
10:36 - 10:37há essa depressão do lado esquerdo da margem,
-
10:37 - 10:40e o rio se estreita.
-
10:40 - 10:42Então, com isso partimos para o Google Maps e começamos
-
10:42 - 10:44a procurar por cada ponte que houvesse, literalmente.
-
10:44 - 10:48Nós fomos até a barragem da qual falamos, e
-
10:48 - 10:51averiguamos todas as rotas que cruzavam o rio,
-
10:51 - 10:53eliminando as pontes que não conferiam com as observações.
-
10:53 - 10:55Nós estamos procurando por uma que cruze no sentido leste-oeste.
-
10:55 - 10:57E chegamos a Hama. Desde a barragem
-
10:57 - 10:59até Hama, nada de ponte.
-
10:59 - 11:01Então fomos um pouco mais longe. Mudamos para a vista por satélite
-
11:01 - 11:04e conseguimos encontrar outra ponte. E as informações começaram a se encaixar.
-
11:04 - 11:07Esta ponte parece estar cruzando o rio de leste para oeste.
-
11:07 - 11:10Então esta poderia sim, ser nossa ponte. E demos um zoom.
-
11:10 - 11:13Nós vemos que é uma ponte com duas pistas.
-
11:13 - 11:17O que explicaria o meio-fio preto-e-branco que vimos no vídeo
-
11:17 - 11:19e quando clicamos na imagem, você pode ver que alguém
-
11:19 - 11:22adicionou fotos ao mapa, o que é muito útil.
-
11:22 - 11:25Nós clicamos nas fotos, e elas começam a nos mostrar
-
11:25 - 11:28mais detalhes que podemos identificar no vídeo.
-
11:28 - 11:31A primeira coisa que vemos é o meio-fio preto-e-branco.
-
11:31 - 11:33o que ajuda, pois já havíamos visto isso antes.
-
11:33 - 11:37Nós vemos o corrimão do qual os caras do
-
11:37 - 11:39video jogavam os corpos.
-
11:39 - 11:42E continuamos analisando até termos certeza de que esta era a nossa ponte.
-
11:42 - 11:43E o que isso me diz? Agora tenho que voltar
-
11:43 - 11:46às minhas três fontes e rever o que elas me disseram:
-
11:46 - 11:47uma disse que a ponte não existia,
-
11:47 - 11:49outra disse que a ponte não era em Hama,
-
11:49 - 11:53e aquele cara que disse, "sim, a ponte existe, mas não estou certo sobre o nível de água do rio."
-
11:53 - 11:57A terceira fonte está parecendo ser a mais confiável,
-
11:57 - 12:00e nós conseguimos descobrir isso usando ferramentas gratuitas da internet
-
12:00 - 12:02sentados num escritorio minúsculo em Dublin
-
12:02 - 12:04em apenas 20 minutos de pesquisa.
-
12:04 - 12:06E essa é a parte boa da coisa. Embora a internet
-
12:06 - 12:09esteja correndo como uma torrente, há muita informação lá
-
12:09 - 12:12é muito difícil filtrar e está ficando ainda mais difícil a cada dia.
-
12:12 - 12:16Mas se você usá-la com inteligência, você consegue descobrir coisas fantásticas.
-
12:16 - 12:18Dadas algumas pistas, eu provavelmente descobriria
-
12:18 - 12:22muita coisa a respeito da maioria de vocês aqui da audiência, coisas que vocês talvez não gostassem que eu descobrisse.
-
12:22 - 12:25Mas o que isso me diz é que, numa época em que
-
12:25 - 12:29há mais -- há maior abundância de informações, como nunca antes houve,
-
12:29 - 12:31é mais dificil filtrar, mas nós temos ferramentas melhores para investigar.
-
12:31 - 12:33Nós temos ferramentas gratuitas na internet que nos permitem isso,
-
12:33 - 12:35que nos ajudam nessas investigações.
-
12:35 - 12:37Nós temos algoritmos mais espertos do que nunca,
-
12:37 - 12:40e computadores mais rápidos do que nunca.
-
12:40 - 12:43Mas este é o ponto. Algoritmos são regras. Eles são binários.
-
12:43 - 12:45Eles são sim ou não, eles são branco ou preto.
-
12:45 - 12:49Mas a verdade nunca é binária. A verdade é um valor.
-
12:49 - 12:53A verdade é emocional, ela flui, e acima de tudo, ela é humana.
-
12:53 - 12:55Não importa o quão rápido nos tornamos com os computadores, não importa
-
12:55 - 12:58quanta informação nós temos, você nunca conseguirá
-
12:58 - 13:01excluir a parte humana na busca pela verdade,
-
13:01 - 13:04porque no final, esta é uma característica exclusivamente humana.
-
13:04 - 13:08Muito obrigado. (Aplausos)
- Title:
- Markham Nolan: Como separar fatos de ficção na internet
- Speaker:
- Markham Nolan
- Description:
-
No final desta apresentação, haverá 864 horas a mais de vídeos no Youtube e 2.5 milhões de fotos a mais no Facebook e no Instagram. Como podemos filtrar a verdade neste dilúvio de informações? No TEDSalon em Londres, Markham Nolam compartilha as técnicas que sua equipe utiliza para verificar informações em tempo real, para saber se aquela imagem da Estátua da Liberdade foi falsificada ou se aquele vídeo que vazou sobre a Síria é legitimo ou não.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 13:29
Dimitra Papageorgiou approved Portuguese, Brazilian subtitles for How to separate fact and fiction online | ||
Marco Fontaneti accepted Portuguese, Brazilian subtitles for How to separate fact and fiction online | ||
Marco Fontaneti edited Portuguese, Brazilian subtitles for How to separate fact and fiction online | ||
Laura Mayumi Hashimoto edited Portuguese, Brazilian subtitles for How to separate fact and fiction online | ||
Marco Fontaneti declined Portuguese, Brazilian subtitles for How to separate fact and fiction online | ||
Marco Fontaneti commented on Portuguese, Brazilian subtitles for How to separate fact and fiction online | ||
Marco Fontaneti edited Portuguese, Brazilian subtitles for How to separate fact and fiction online | ||
Marco Fontaneti edited Portuguese, Brazilian subtitles for How to separate fact and fiction online |