Como resolver situações de tensão racial
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0:01 - 0:03Há um provérbio africano que diz:
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0:03 - 0:08"A história do leão nunca será conhecida
enquanto quem a contar for o caçador". -
0:09 - 0:13Mais do que uma conversa racial,
precisamos de uma alfabetização racial -
0:13 - 0:17para interpretar a política
de ameaça racial nos EUA. -
0:18 - 0:21O segredo para essa alfabetização
é uma verdade esquecida: -
0:22 - 0:25cada vez mais compreendemos
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0:25 - 0:27que nossas diferenças culturais
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0:27 - 0:30representam o poder de curar séculos
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0:30 - 0:32de discriminação racial,
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0:32 - 0:34desumanização e enfermidade.
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0:34 - 0:37Meus pais eram afro-americanos.
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0:38 - 0:41Meu pai nasceu no sul de Delaware;
minha mãe, no norte da Filadélfia; -
0:41 - 0:44e esses dois lugares
são tão diferentes entre si -
0:44 - 0:49quanto o leste é do oeste, quanto a cidade
de Nova York é de Montgomery, no Alabama. -
0:49 - 0:52O modo como meu pai
lidava com o conflito racial -
0:52 - 0:55era mantendo meu irmão Bryan,
minha irmã Christy e eu na igreja, -
0:55 - 0:58o que parecia ser 24 horas
por dia, 7 dias por semana. -
0:58 - 1:00(Risos)
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1:00 - 1:04Se alguém nos incomodasse
por causa da cor de nossa pele, -
1:04 - 1:07ele acreditava que
deveríamos rezar pela pessoa, -
1:07 - 1:09sabendo que Deus os recuperaria no final.
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1:09 - 1:11(Risos)
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1:11 - 1:15Poderíamos dizer que essa abordagem
de enfrentamento racial era espiritual, -
1:15 - 1:16para mais tarde, algum dia,
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1:16 - 1:18como Martin Luther King.
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1:18 - 1:21A abordagem de minha mãe
era um pouco diferente. -
1:21 - 1:23Poderíamos dizer que era mais relacional,
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1:24 - 1:26"na cara",
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1:26 - 1:27imediatamente.
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1:28 - 1:29Do tipo Malcolm X.
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1:29 - 1:30(Risos)
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1:30 - 1:34Ela foi criada em bairros
onde havia segregação e violência racial, -
1:34 - 1:39de onde foi expulsa, e expulsou
outros por meio de violência. -
1:39 - 1:43Quando veio para o sul de Delaware,
ela achou que estava em outro país. -
1:44 - 1:45Não compreendia ninguém,
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1:46 - 1:49especialmente os poucos negros e pardos,
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1:49 - 1:52fisicamente diferentes
e verbalmente respeitosos -
1:52 - 1:54na presença dos brancos.
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1:54 - 1:57A minha mãe não; quando queria
ir a algum lugar, ela ia. -
1:58 - 1:59Não se importava com o que pensavam.
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2:00 - 2:03Irritava muitas pessoas
com seu estilo cultural. -
2:04 - 2:07Antes de entrar no supermercado,
ela nos dava o discurso: -
2:08 - 2:10"Não peçam nada,
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2:10 - 2:12não toquem nada.
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2:12 - 2:15Entendem o que estou dizendo?
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2:16 - 2:19Não me importo se as outras crianças
estão subindo pelas paredes. -
2:19 - 2:21Não são meus filhos.
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2:21 - 2:23Entendem o que estou dizendo?"
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2:24 - 2:26Em coro de três vozes:
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2:26 - 2:27"Sim, mãe".
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2:29 - 2:33Antes de entrar no supermercado,
esse discurso era tudo o que precisávamos. -
2:33 - 2:35Quantos de vocês já tiveram esse discurso?
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2:36 - 2:38Quantos de vocês já deram esse discurso?
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2:38 - 2:40(Risos)
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2:40 - 2:42Quantos de vocês dão esse discurso hoje?
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2:44 - 2:45Minha mãe não dava esse discurso
-
2:45 - 2:50porque se preocupava com dinheiro,
reputação ou nosso mau comportamento. -
2:50 - 2:52Nunca nos comportávamos mal;
éramos muito assustados. -
2:53 - 2:56Ficávamos na igreja
24 horas por dia, 7 dias por semana. -
2:56 - 2:57(Risos)
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2:58 - 3:02O discurso dela era para nos lembrar
de que algumas pessoas no mundo -
3:02 - 3:05julgavam nosso mau comportamento
pelo simples fato de sermos negros. -
3:06 - 3:10Nem todos os pais têm que se preocupar
que seus filhos sejam mal julgados -
3:10 - 3:12devido à cor da pele,
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3:12 - 3:14ou só pelo fato de respirarem.
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3:15 - 3:17Assim que entramos no supermercado,
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3:17 - 3:18as pessoas olhavam,
-
3:18 - 3:20nos observavam como
se tivéssemos roubado algo. -
3:22 - 3:25De vez em quando,
um vendedor fazia ou dizia algo -
3:25 - 3:28porque estava irritado
com nosso estilo cultural, -
3:28 - 3:30e geralmente acontecia no caixa.
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3:30 - 3:34A pior coisa que poderiam fazer
era jogar nossa comida na sacola. -
3:35 - 3:37Quando isso acontecia, o clima esquentava.
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3:37 - 3:38(Risos)
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3:38 - 3:40Minha mãe começava a lhes dizer quem eram,
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3:40 - 3:42quem era a família deles,
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3:42 - 3:43onde iam acabar,
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3:43 - 3:45e a rapidez para chegar lá.
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3:45 - 3:46(Risos)
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3:46 - 3:49Se vocês não foram amaldiçoados
por minha mãe, vocês não viveram. -
3:49 - 3:50(Risos)
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3:51 - 3:52A pessoa estava no chão,
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3:52 - 3:56contorcendo-se em estado
de decomposição total, -
3:56 - 3:58choramingando em uma poça
de vergonha racial. -
3:58 - 3:59(Risos)
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3:59 - 4:02Meus pais são cristãos.
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4:02 - 4:05A diferença é que meu pai rezava
antes de um conflito racial, -
4:05 - 4:07e minha mãe rezava depois.
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4:07 - 4:08(Risos)
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4:09 - 4:12Há um tempo para usar
ambas as estratégias, -
4:12 - 4:14no momento oportuno e da forma correta.
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4:15 - 4:17Mas nunca há um momento.
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4:17 - 4:19Há um tempo para reconciliar,
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4:19 - 4:21há um tempo para confrontar,
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4:21 - 4:25mas nunca é hora de paralisar
como um cervo ante os faróis de um carro, -
4:26 - 4:30nem de atacar os outros
com fúria cega e impensada. -
4:31 - 4:35A lição é que, em questões raciais,
-
4:35 - 4:39às vezes, devemos aprender a rezar,
pensar, processar, preparar. -
4:40 - 4:43Outras vezes temos que saber
como pressionar, como fazer algo. -
4:43 - 4:46Receio que nenhuma dessas duas técnicas,
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4:47 - 4:48a preparação
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4:49 - 4:50e a pressão,
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4:50 - 4:52prevaleçam em nossa sociedade atual.
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4:55 - 4:58Segundo a pesquisa neurocientífica,
-
5:00 - 5:02quando somos ameaçados
por questões raciais, -
5:02 - 5:06nosso cérebro bloqueia,
e desumanizamos os negros e pardos. -
5:07 - 5:13Nosso cérebro imagina que
as crianças e os adultos são mais velhos -
5:13 - 5:15e maiores do que realmente são,
-
5:15 - 5:17e que estão mais próximos
do que realmente estão. -
5:18 - 5:22Em nosso pior momento, nos convencemos
de que eles não merecem afeto ou proteção. -
5:24 - 5:31No Racial Empowerment Collaborative,
sabemos que os enfrentamentos raciais -
5:31 - 5:34são um dos momentos mais aterrorizantes
que alguém pode viver. -
5:35 - 5:40Os enfrentamentos com a polícia
que ocasionaram a morte injusta, -
5:40 - 5:43em sua maioria, de americanos nativos
e afro-americanos deste país, -
5:43 - 5:45duraram cerca de dois minutos.
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5:46 - 5:48Em 60 segundos,
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5:48 - 5:50nosso cérebro continua bloqueado.
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5:51 - 5:53Quando estamos despreparados,
reagimos com exagero. -
5:54 - 5:55Na melhor das hipóteses, nos fechamos.
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5:56 - 5:58Na pior, atiramos primeiro sem questionar.
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6:00 - 6:03Imaginem se pudéssemos reduzir
a intensidade da ameaça -
6:03 - 6:05nesses 60 segundos
-
6:05 - 6:08e impedir que nosso cérebro
continue bloqueado. -
6:09 - 6:11Imaginem quantas crianças
conseguiriam voltar para casa, -
6:11 - 6:15da escola ou das compras,
sem serem expulsas ou baleadas. -
6:16 - 6:20Imaginem quantos pais
não teriam que chorar. -
6:21 - 6:27A socialização racial pode ajudar jovens
a negociar encontros de 60 segundos, -
6:27 - 6:29mas levará mais do que uma conversa.
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6:29 - 6:31Será necessária uma alfabetização racial.
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6:33 - 6:37Como os pais devem ter essas conversas,
e o que é uma alfabetização racial? -
6:37 - 6:38Obrigado por perguntarem.
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6:38 - 6:39(Risos)
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6:39 - 6:43Uma alfabetização racial
implica a capacidade de ler, -
6:43 - 6:47reformular e resolver
um encontro de tensão racial. -
6:47 - 6:51A leitura implica reconhecer
quando ocorre um momento de tensão racial -
6:51 - 6:53e reparar em nossa reação a esse momento.
-
6:54 - 6:56A reformulação implica
-
6:57 - 7:02ter consciência e reduzir
minha interpretação exagerada do momento -
7:02 - 7:05a uma experiência
de escalar montanhas, -
7:05 - 7:07ou seja,
-
7:07 - 7:10passar de uma situação impossível
a uma muito mais factível -
7:10 - 7:11e desafiadora.
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7:13 - 7:15A resolução de um encontro
de tensão racial -
7:15 - 7:18implica a capacidade
de tomar uma decisão positiva. -
7:18 - 7:22Não é falta de reação,
fingindo que não nos incomoda, -
7:22 - 7:26nem uma reação excessiva,
quando exageramos a situação. -
7:27 - 7:31Podemos ensinar pais e filhos
a ler, reformular e resolver -
7:32 - 7:34usando a estratégia de conscientização
-
7:34 - 7:38"Calcular, localizar, comunicar,
inspirar e expirar". -
7:38 - 7:39Acompanhem.
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7:40 - 7:41"Calcular" pede:
-
7:41 - 7:43"Qual é a minha sensação agora
-
7:43 - 7:46e qual é a sua intensidade
em uma escala de 1 a 10?" -
7:47 - 7:51"Localizar" pede:
"Em que parte do corpo sinto isso?" -
7:51 - 7:52e sejamos específicos,
-
7:53 - 7:57como me disse a aluna americana nativa
da quinta série de Chicago: -
7:58 - 8:02"Estou com raiva no nível nove
porque sou a única americana nativa. -
8:03 - 8:06Posso sentir no estômago
-
8:06 - 8:09o suco gástrico
-
8:09 - 8:12subindo até minha garganta
e me fazendo engasgar". -
8:13 - 8:16Quanto mais detalhados vocês forem,
mais fácil será reduzir essa sensação. -
8:17 - 8:18"Comunicar" pede:
-
8:18 - 8:21"Que autodiscurso e que imagens
vêm à minha mente?" -
8:21 - 8:24Se quiserem realmente ajuda,
tentem inspirar -
8:24 - 8:26e expirar lentamente.
-
8:27 - 8:30Com a ajuda de muitos colegas
da Racial Empowerment Collaborative, -
8:30 - 8:33utilizamos a técnica de redução
da tensão no momento, -
8:33 - 8:35em vários projetos de pesquisa e terapia.
-
8:36 - 8:37Em um dos projetos,
-
8:37 - 8:41utilizamos o basquete para ajudar
os jovens a lidar com suas emoções -
8:41 - 8:43durante as "explosões"
de 60 segundos na quadra. -
8:44 - 8:49Em outro projeto, com a ajuda
de meus colegas Loretta e John Jemmott, -
8:50 - 8:54aproveitamos o estilo cultural
de barbearias afro-americanas, -
8:54 - 8:58onde capacitamos barbeiros negros
a ser educadores da saúde em duas áreas: -
8:58 - 9:02uma delas, para reduzir com segurança
o risco sexual nas relações com parceiros, -
9:02 - 9:04e a outra,
-
9:04 - 9:06para deter a violência por retaliação.
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9:07 - 9:09O bom é que os barbeiros
usam seu estilo cultural -
9:09 - 9:13para educar jovens
de 18 a 24 anos em saúde -
9:13 - 9:15enquanto cortam o cabelo.
-
9:16 - 9:19Outro projeto consiste
em ensinar os professores -
9:19 - 9:24a ler, reformular e resolver
momentos de tensão na aula. -
9:24 - 9:29Em outro projeto, ensinamos
pais e filhos, separadamente, -
9:30 - 9:32a compreender seus traumas raciais
-
9:32 - 9:36antes de reuni-los para resolver
problemas de microagressões diárias. -
9:37 - 9:40As conversas de alfabetização
racial com nossos filhos -
9:40 - 9:43podem ser restauradoras,
mas isso requer prática. -
9:43 - 9:46Alguns de vocês devem
estar pensando: "Prática? -
9:46 - 9:48Estamos falando sobre prática?"
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9:48 - 9:50Sim, estamos falando sobre prática.
-
9:51 - 9:53Tenho dois filhos.
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9:54 - 9:58Meu filho mais velho, Bryan, tem 26 anos,
e o mais novo, Julian, tem 12. -
9:58 - 10:01Não temos tempo para falar
sobre como isso aconteceu. -
10:01 - 10:02(Risos)
-
10:03 - 10:04Mas,
-
10:04 - 10:06quando penso neles,
-
10:06 - 10:07ainda são bebês para mim,
-
10:07 - 10:10e eu me preocupo, todos os dias,
que o mundo poderá julgá-los mal. -
10:12 - 10:14Em agosto de 2013,
-
10:15 - 10:18Julian, com oito anos na época,
me ajudava a dobrar as roupas, -
10:18 - 10:20o que, por si só, era algo tão raro
-
10:20 - 10:23que eu deveria imaginar
que algo de estranho iria acontecer. -
10:24 - 10:27Na TV, os pais de Trayvon Martin
estavam chorando -
10:28 - 10:30por causa da absolvição
de George Zimmerman. -
10:30 - 10:32E Julian estava grudado na TV.
-
10:34 - 10:37Ele tinha milhares de perguntas,
e eu não estava preparado. -
10:37 - 10:38Ele queria saber o motivo:
-
10:38 - 10:43por que um homem adulto
perseguiu, prendeu e matou -
10:43 - 10:46um jovem desarmado de 17 anos?
-
10:47 - 10:48Eu não sabia o que dizer.
-
10:48 - 10:50O melhor que pude dizer foi:
-
10:50 - 10:51"Julian,
-
10:51 - 10:56às vezes, neste mundo, há pessoas
que menosprezam negros e pardos -
10:57 - 11:01e não os tratam, nem tratam
as crianças, como seres humanos". -
11:01 - 11:04A situação o entristeceu.
-
11:05 - 11:07(Gravação) Julian Stevenson: É triste.
-
11:07 - 11:09"Não importa. Você não é um de nós".
-
11:09 - 11:10HS: Sim.
-
11:10 - 11:13JS: É como dizer:
"Somos melhores do que você". -
11:13 - 11:14HS: Sim.
-
11:14 - 11:18JS: "E não há nada que você
possa fazer a respeito. -
11:18 - 11:23E, se você me assustar, ou algo assim,
vou atirar, porque tenho medo de você". -
11:23 - 11:24HS: Exatamente.
-
11:25 - 11:26Mas se há alguém te perseguindo.
-
11:26 - 11:29JS: E não é o mesmo para todos.
-
11:29 - 11:31HS: Não, não é. Você deve tomar cuidado.
-
11:31 - 11:33JS: Sim, porque as pessoas
podem te desrespeitar. -
11:33 - 11:35HS: Exatamente.
-
11:35 - 11:37JS: E acho que você é...
-
11:39 - 11:43"Você não parece..."
-
11:44 - 11:46É como se pensassem:
-
11:46 - 11:48"Você não é legal,
-
11:48 - 11:51então, tenho o direito
de desrespeitar você". -
11:51 - 11:54HS: Sim, é o que chamamos de racismo.
-
11:55 - 11:56Chamamos de racismo, Julian;
-
11:56 - 12:00"outras pessoas" podem vestir
um moletom com capuz, -
12:00 - 12:01sem acontecer nada com elas.
-
12:01 - 12:04Mas poderia acontecer com você e Trayvon,
-
12:05 - 12:08e é por isso que o papai
quer que você esteja salvo. -
12:09 - 12:12(Gravação) JS: Quando você disse
"outras pessoas", -
12:12 - 12:16quer dizer que, se Trayvon fosse branco,
-
12:16 - 12:19ele não seria desrespeitado assim?
-
12:20 - 12:24HS: Sim, Julian, quis dizer os brancos
ao falar "outras pessoas", está bem? -
12:25 - 12:27Era muito estranho no início,
-
12:27 - 12:29mas, quando comecei a pegar o jeito
-
12:30 - 12:35e a falar sobre estereótipos
e questões de discriminação, -
12:35 - 12:37justo quando eu estava conseguindo,
-
12:37 - 12:39Julian me interrompeu.
-
12:39 - 12:43(Gravação) HS: ... você é perigoso,
ou é criminoso por ser negro, -
12:43 - 12:44e você é criança ou jovem.
-
12:44 - 12:46Está errado, não importa quem faça.
-
12:47 - 12:48JS: Pai, espera um pouco.
-
12:48 - 12:49HS: O quê?
-
12:49 - 12:51JS: Lembra quando...
-
12:51 - 12:54HS: Ele me interrompe
para contar uma história -
12:54 - 12:56sobre quando estava
na piscina com um amigo -
12:56 - 12:59e foi ameaçado por dois homens
brancos, por questões raciais, -
12:59 - 13:01o que sua mãe confirmou.
-
13:01 - 13:04Fiquei feliz por ele conseguir
falar sobre isso; -
13:04 - 13:05ele parecia estar entendendo.
-
13:05 - 13:08Deixamos a tristeza dos pais de Trayvon
-
13:08 - 13:11e começamos a conversar
sobre os pais de George Zimmerman, -
13:11 - 13:12que, segundo o que li numa revista,
-
13:12 - 13:15compactuavam com a perseguição
por parte de Trayvon. -
13:15 - 13:18Para mim, a reação de Julian
foi impagável. -
13:18 - 13:20Ele me deu a sensação
de que estava compreendendo. -
13:20 - 13:22(Gravação) JS: O que disseram sobre ele?
-
13:22 - 13:28HS: Creio que estavam justificando
a perseguição dele. -
13:28 - 13:29JS: Como assim?
-
13:29 - 13:31HS: Sim, acho que está errado.
-
13:31 - 13:32JS: Espera.
-
13:32 - 13:36Então, estão dizendo que ele tem
o direito de perseguir um menino negro, -
13:36 - 13:38brigar com ele e atirar nele?
-
13:40 - 13:43HS: Conforme Julian entendia,
comecei a me entristecer. -
13:43 - 13:48Porque, no fundo, eu pensava:
"E se meu Julian ou Bryan fossem Trayvon?" -
13:49 - 13:52Calculei minha raiva em 10 na escala.
-
13:52 - 13:55Minha perna direita tremia
incontrolavelmente -
13:55 - 13:57como se eu estivesse correndo.
-
13:57 - 14:00Na minha cabeça, eu podia ver
alguém perseguindo Julian, -
14:00 - 14:02e eu os perseguia.
-
14:03 - 14:04A única coisa que eu poderia dizer
-
14:04 - 14:08era que, se alguém
tentar maltratar meu filho... -
14:10 - 14:12(Gravação) HS: Se alguém tentar
maltratar meu filho... -
14:14 - 14:15JS: O que vai acontecer?
-
14:15 - 14:17HS: É melhor eles correrem.
-
14:18 - 14:21JS: Por quê? HS: Vou atrás deles.
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14:21 - 14:22JS: Viu? (Risos)
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14:22 - 14:23HS: Vou atrás deles. JS: Sério?
-
14:23 - 14:24HS: Ah, sim.
-
14:24 - 14:27JS: Então, vão pegar você
porque eles podem estar armados. -
14:27 - 14:30HS: Sabe de uma coisa? Vou chamar
a polícia também, como deve ser. -
14:31 - 14:35Mas, tem razão, não se pode
andar por aí perseguindo as pessoas. -
14:35 - 14:37JS: Eles podem estar armados.
-
14:37 - 14:39HS: Sim, tem razão.
-
14:39 - 14:40Tenho vontade de persegui-los.
-
14:40 - 14:42JS: E tem mais: poderiam ser um exército.
-
14:42 - 14:45HS: Quero ir atrás de quem
fica perturbando meu filho. -
14:46 - 14:47Não gosto disso.
-
14:48 - 14:50HS: Mas você tem razão,
é preciso ter cuidado. -
14:51 - 14:54É preciso tomar cuidado.
-
14:54 - 14:57Nunca se sabe o que
alguns loucos pensarão de você. -
14:59 - 15:04Pense que você é bonito,
como o papai acredita, -
15:04 - 15:07e a mamãe também acredita
que você é bonito e inteligente. -
15:08 - 15:11E você merece estar neste mundo,
-
15:11 - 15:14tão feliz, bonito e inteligente
quanto quiser ser. -
15:15 - 15:17Você pode ser o que quiser, meu filho.
-
15:19 - 15:23HS: A socialização racial não é apenas
o que os pais ensinam aos filhos. -
15:24 - 15:27É também como os filhos respondem
ao que seus pais ensinam. -
15:28 - 15:30Meu filho está preparado?
-
15:31 - 15:35Ele consegue reconhecer
quando um elefante racial surge na frente? -
15:35 - 15:39Consegue reduzir a interpretação exagerada
-
15:39 - 15:43a uma mais factível,
com a qual possa lidar sem fugir? -
15:44 - 15:48Consegue tomar uma decisão justa
e positiva em 60 segundos? -
15:48 - 15:50Será que eu consigo?
-
15:50 - 15:51Será que vocês conseguem?
-
15:52 - 15:53Sim, nós conseguimos.
-
15:54 - 15:57Conseguimos construir relacionamentos
mais saudáveis sobre a questão racial -
15:57 - 16:02se aprendermos a calcular, localizar,
comunicar, inspirar e expirar -
16:02 - 16:06no meio de nossos momentos
mais ameaçadores, -
16:06 - 16:09quando estamos cara a cara
com nosso lado mais instintivo. -
16:11 - 16:13Se consideramos
os séculos de ódio racial -
16:13 - 16:17que fervem em todo o corpo, mente e alma,
-
16:18 - 16:23e que tudo o que afeta o nosso corpo,
mente e alma afeta nossa saúde, -
16:23 - 16:26poderíamos usar o controle de armas
para o nosso coração. -
16:27 - 16:30Só quero o que todos os pais
querem para seus filhos -
16:30 - 16:31quando não estamos por perto:
-
16:31 - 16:33afeto e proteção.
-
16:34 - 16:37Quando a polícia e os professores
virem meus filhos, -
16:37 - 16:39quero que imaginem seus próprios filhos,
-
16:39 - 16:43porque acredito que, se virem
nossos filhos como seus filhos, -
16:44 - 16:45não atirarão neles.
-
16:46 - 16:49Com a alfabetização racial e a prática,
-
16:49 - 16:53podemos interpretar o trauma
racial de nossas histórias, -
16:53 - 16:55e nossa cura virá ao contá-las.
-
16:55 - 16:59Mas nunca devemos nos esquecer
-
17:00 - 17:04de que nossas diferenças culturais
são repletas de afeto e proteção, -
17:04 - 17:08e lembrem-se sempre de que
a história do leão nunca será conhecida -
17:08 - 17:10enquanto quem a contar for o caçador.
-
17:11 - 17:12Muito obrigado.
-
17:12 - 17:15(Aplausos)
- Title:
- Como resolver situações de tensão racial
- Speaker:
- Howard Stevenson
- Description:
-
Se esperamos curar as tensões raciais que ameaçam rasgar o tecido da sociedade, precisaremos de habilidades para nos expressarmos abertamente em situações de tensão racial. Por meio da alfabetização racial, ou seja, a capacidade de ler, reformular e resolver essas situações, o psicólogo Howard C. Stevenson ajuda pais e filhos a diminuir e gerenciar a tensão e o trauma. Nesta palestra inspiradora e impressionante, aprenda mais sobre como esta abordagem para interpretar a ameaça racial pode ajudar os jovens a desenvolver a confiança e a defender a si mesmos de maneira produtiva.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 17:34
Leonardo Silva edited Portuguese, Brazilian subtitles for How to resolve racially stressful situations | ||
Leonardo Silva approved Portuguese, Brazilian subtitles for How to resolve racially stressful situations | ||
Leonardo Silva accepted Portuguese, Brazilian subtitles for How to resolve racially stressful situations | ||
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Maurício Kakuei Tanaka edited Portuguese, Brazilian subtitles for How to resolve racially stressful situations | ||
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