Empatia é a resposta. Qual é a pergunta? | Pedro Miguel Silva | TEDxPorto
-
0:12 - 0:18Eu e a minha mulher gostamos muito
de fazer três ou quatro coisas -
0:21 - 0:23e mais algumas...
-
0:23 - 0:27Ler, comer, viajar
e de um certo sentido de humor. -
0:28 - 0:32E três destas quatro coisas que fazemos
somos muito fãs do Anthony Bourdain. -
0:32 - 0:35Penso que é uma pessoa, um "chef"
e um apresentador de televisão -
0:35 - 0:37que muitos de vocês conhecem
-
0:37 - 0:41e que nós acompanhávamos todos os dias
através de programas de televisão, -
0:41 - 0:46nas redes sociais
— eu seguia-o no Twitter, -
0:46 - 0:51a minha mulher no Instagram
e ambos no Facebook e no YouTube. -
0:51 - 0:55Nós sabíamos muito
sobre a vida do Anthony Bourdain. -
0:57 - 1:00Ele tinha sido um "chef"
que tinha deixado de cozinhar ainda cedo, -
1:01 - 1:03tinha sido casado duas vezes,
-
1:03 - 1:06e na altura em que faleceu,
o ano passado, como vocês sabem, -
1:06 - 1:11tinha uma namorada italiana
que veio cerca de três vezes a Portugal. -
1:11 - 1:14Uma aos Açores, outra a Lisboa
e outra ao Porto -
1:14 - 1:16onde ficou relativamente escandalizado
-
1:16 - 1:19com o tamanho e o conteúdo
duma francesinha. -
1:20 - 1:23Quando Anthony Bourdain
morreu o ano passado, -
1:23 - 1:28a minha mulher chorou
e eu também verti uma lágrima. -
1:28 - 1:32Mais do que uma figura de televisão,
-
1:33 - 1:35mais do que alguém que víamos no ecrã,
-
1:35 - 1:39era alguém com o qual nós sentíamos
que tínhamos alguma intimidade, -
1:39 - 1:43que nos entrava todos os dias
pela nossa vida -
1:44 - 1:48pelo nosso espaço, pela nossa casa
-
1:48 - 1:52e que nós sentíamos que era quase
como um amigo nosso. -
1:52 - 1:56E, na verdade, aquilo que eu referi
e a quantidade de coisas -
1:56 - 2:01que nós sabemos sobre a vida dele,
além do que eu referi, -
2:01 - 2:07nós sabemos, hoje em dia, muito pouco
sobre com quem convivemos no dia a dia. -
2:08 - 2:10Se calhar, não sei,
não conheço o suficiente -
2:10 - 2:12mais de meia dúzia de pessoas
-
2:12 - 2:15para ter o nível de intimidade
e o nível de conhecimento -
2:15 - 2:18que eu tinha sobre a vida
do Anthony Bourdain. -
2:19 - 2:23Acho que isso é uma realidade
com que todos nós conseguimos funcionar. -
2:23 - 2:28Qualquer pessoa, hoje em dia,
consome muitos conteúdos digitais -
2:28 - 2:30através de ecrãs,
-
2:30 - 2:33nomeadamente
através de "desktops", "laptops" -
2:33 - 2:36mas, principalmente,
através de "smartphones". -
2:36 - 2:39Houve um aumento, nos últimos 10 anos,
-
2:39 - 2:42quase duplicou, ou mais do que duplicou
-
2:42 - 2:47o tempo que nós gastamos no "smartphone"
-
2:48 - 2:51que gastamos em canais digitais,
-
2:51 - 2:53a consumir conteúdos digitais.
-
2:54 - 2:59Esse aumento foi quase todo ele
realizado em "smartphones". -
2:59 - 3:04Hoje em dia, vemos conteúdos,
vemos no trabalho, -
3:04 - 3:06vemos em casa,
-
3:07 - 3:10e grande parte da nossa vivência
hoje em dia -
3:10 - 3:13é feita à volta dos "smartphones".
-
3:13 - 3:16Nada disto é muito diferente
— e vocês podem pensar: -
3:16 - 3:19"Nós já tínhamos ecrãs antes.
-
3:19 - 3:21"Nós já tínhamos a televisão".
-
3:24 - 3:28O português médio gasta cerca
de quatro horas diárias -
3:28 - 3:30também a ver televisão.
-
3:31 - 3:33E a televisão também tem as suas estrelas
-
3:33 - 3:37também tinha os seus
Anthony Bourdains, as suas vedetas, -
3:38 - 3:41e todos nós também já tínhamos
uma certa relação -
3:41 - 3:44com essas pessoas da televisão.
-
3:44 - 3:47A minha avó sempre que se sentava
a ver o noticiário das oito -
3:47 - 3:49vestia um casaquinho
e eu perguntava: -
3:49 - 3:51"O que é que se passa, avó?
Está com frio?" -
3:51 - 3:55E ela: "Não, não, é que o senhor
da televisão está todo bem vestido -
3:55 - 3:57"e eu não posso ficar atrás".
-
3:57 - 3:58(Risos)
-
3:58 - 4:00Mas, apesar de tudo, é diferente.
-
4:01 - 4:03E é diferente por várias razões.
-
4:03 - 4:07A primeira delas eu diria
que é um tema de afinidade. -
4:08 - 4:12Enquanto que a televisão
é, essencialmente, um canal de massas, -
4:12 - 4:16que comunica e que cria,
muitas vezes, experiências e séries -
4:16 - 4:19que toda a gente vê
e toda a gente vê da mesma forma, -
4:19 - 4:21que toda a gente vê mais ou menos
ao mesmo tempo, -
4:24 - 4:30a capacidade de personalização,
a capacidade de segmentação -
4:30 - 4:33que os canais digitais que a Internet tem
-
4:33 - 4:38permite-nos chegar
a segmentos mais específicos, -
4:38 - 4:42aos nichos mais pequenos que existem
em todo o lado do mundo, -
4:43 - 4:47seja o Cosplay que é algo
que nasceu no Japão, essencialmente, -
4:47 - 4:53mas que hoje em dia,
e quem vai a uma feira de "anime" -
4:53 - 4:54ou a qualquer feira
-
4:54 - 4:59— já viram a quantidade de pessoas que,
de repente, se revelaram fãs de Cosplay? — -
5:00 - 5:06seja sermos fãs de uma professora
de nível 2 de Ashtanga Yoga -
5:07 - 5:12— para quem pratica, basicamente,
é uma coisa muito difícil — -
5:13 - 5:14seja o Ryan.
-
5:15 - 5:17Quem é que sabe quem é o Ryan?
-
5:17 - 5:19Está aqui um no canto inferior esquerdo,
-
5:20 - 5:26O Ryan compete, desde há cerca
de três anos, com a Disney, -
5:26 - 5:30com o maior número de visualizações
no YouTube. -
5:31 - 5:36Basicamente o que o Ryan faz é
desembrulhar e experimentar brinquedos. -
5:36 - 5:39Com isso, conseguiu,
nos últimos três anos, -
5:39 - 5:44ter cerca de mil milhões
de visualizações dos vídeos deles, -
5:44 - 5:49e, em publicidade no YouTube,
calhou-lhe a módica quantia -
5:49 - 5:50de 22 milhões de dólares,
-
5:50 - 5:52não tanto a ele, mais aos pais.
-
5:53 - 5:58E pode-se dizer que andam a trabalhar
para uma criança de sete anos. -
5:59 - 6:03Mas, basicamente, o Ryan tem
essa comunidade de seguidores. -
6:03 - 6:06O último que temos é o que se chama
os "reaction videos". -
6:06 - 6:08Também não sei se vocês já viram
-
6:08 - 6:11mas, basicamente, são vídeos
em que se filmam pessoas -
6:11 - 6:14a ver vídeos no YouTube.
-
6:14 - 6:17E depois há de haver
vídeos de pessoas a ver vídeos -
6:17 - 6:20e a reação dessas pessoas
a ver outros vídeos. -
6:21 - 6:26E, como estas, há outras comunidades
pequenas, com afinidade. -
6:26 - 6:32Eu procurei de meias de automobilismo,
mas confesso que não consegui encontrar. -
6:34 - 6:38Mas a verdade é que esta afinidade
cria-nos uma proximidade muito grande -
6:38 - 6:41com pessoas do outro lado do mundo
-
6:41 - 6:44que partilham determinado gosto comigo.
-
6:44 - 6:47Eu, entre outras coisas,
sou um realizador frustrado, -
6:47 - 6:52por isso a minha comunidade,
a minha tribo específica, -
6:52 - 6:56é sobre técnica de cinema,
-
6:56 - 6:59mais especificamente
sobre a técnica de montagem -
6:59 - 7:01e enquadramento de cena de cinema
-
7:01 - 7:03que é uma coisa de que eu gosto
-
7:03 - 7:05e, por isso, também tenho
os meus canais que eu sigo -
7:05 - 7:08e que encontro no mundo inteiro
cerca de milhão e meio de pessoas -
7:08 - 7:10que seguem os mesmos que eu.
-
7:10 - 7:13Além da afinidade,
a segunda grande diferença -
7:13 - 7:15é a ubiquidade.
-
7:15 - 7:19A televisão é aquilo que nós temos em casa
-
7:19 - 7:23e que vamos, normalmente, assistir
quando não estamos a trabalhar. -
7:23 - 7:26Normalmente, ou de manhã,
quando estamos a tomar o pequeno almoço, -
7:26 - 7:28ou ao fim do dia, depois
de chegar do trabalho. -
7:28 - 7:30Isso não é o caso do "smartphone".
-
7:31 - 7:33O "smartphone" está connosco todo o dia.
-
7:33 - 7:36O "smartphone" permite-nos levar
o trabalho para casa, -
7:37 - 7:38e a casa para o trabalho.
-
7:38 - 7:43O "smartphone" é o que nós usamos
para ver conteúdos digitais, -
7:43 - 7:45principalmente, filmes pequenos,
-
7:45 - 7:47para ver notícias, para ver fotos,
-
7:47 - 7:50para ver "social media", obviamente,
-
7:50 - 7:51para fazer operações bancárias,
-
7:51 - 7:53para fazer chamadas de vídeo,
-
7:53 - 7:56para monitorizar a nossa saúde,
o nosso batimento cardíaco, -
7:56 - 7:58o número de passos
que damos todos os dias, -
7:58 - 8:03para controlar música,
para ouvir música, etc., etc., etc. -
8:03 - 8:07Essa ubiquidade que o "smartphone"
tem na nossa vida -
8:07 - 8:11cria uma intimidade diferente
com aquilo que nós consumimos -
8:11 - 8:14no nosso "smartphone".
-
8:15 - 8:19Basicamente, isso cria o que nós
normalmente chamamos -
8:19 - 8:21uma experiência "seamless"
-
8:21 - 8:23ou seja, nós hoje temos a capacidade
-
8:23 - 8:26de viajar de avião, de viajar de carro,
-
8:27 - 8:29pagar os impostos,
-
8:29 - 8:31movimentar a nossa conta bancária,
-
8:31 - 8:34encomendar comida para casa
-
8:34 - 8:37tudo de uma forma "seamless", sem fricção
-
8:38 - 8:42e, principalmente, sem ter de falar
com outras pessoas. -
8:43 - 8:46Isso, por um lado,
tem um aspeto muito positivo, -
8:46 - 8:48porque cria e dá-nos conveniência,
-
8:48 - 8:52dá-nos a capacidade de sermos donos,
cada vez mais, do nosso próprio tempo, -
8:52 - 8:55de sabermos e decidirmos
o que é que queremos usar, -
8:55 - 8:58mas também cria uma vertente
menos positiva -
8:58 - 9:01que é uma lógica quase de "senseless".
-
9:02 - 9:05Essa fricção que existe hoje em dia
-
9:05 - 9:08é algo de que nós precisamos
-
9:08 - 9:10porque, sem essa fricção,
-
9:10 - 9:14sem essa capacidade de tropeçar
no dia a dia, com outras pessoas, -
9:14 - 9:16e com pessoas diferentes,
-
9:16 - 9:18com pessoas de outros extratos sociais,
-
9:18 - 9:22de outras etnias, com outros interesses,
com outros gostos, -
9:22 - 9:25é aquilo que gera empatia com o próximo.
-
9:25 - 9:27Porque, na verdade, hoje em dia,
-
9:27 - 9:28nós estamos, maioritariamente,
-
9:29 - 9:32mais conectados
com as nossas tribos globais -
9:32 - 9:37com as quais nós vivemos em casa,
no trabalho, todos os dias, -
9:37 - 9:38e que nos são próximas,
-
9:38 - 9:42e vivemos menos com aquilo que são
as nossas comunidades locais, -
9:42 - 9:43tropeçamos menos nelas.
-
9:43 - 9:46E ao tropeçarmos menos nelas
perdemos empatia. -
9:46 - 9:50Perdemos empatia
com aquilo que é diferente, -
9:50 - 9:53perdemos empatia com aqueles
que são diferentes. -
9:53 - 9:55Quando se perde essa empatia,
-
9:55 - 9:58quando essa perda de empatia
se torna endémica, -
9:58 - 10:01nós já sabemos quais são
as consequências disso. -
10:03 - 10:05Então, o que é que vamos fazer?
-
10:05 - 10:08Vamos pegar em toda a tecnologia
e vamos deitá-la ao lixo? -
10:09 - 10:13Vamos regressar a um passado idílico
-
10:13 - 10:16em que toda a gente se dava bem,
toda a gente conhecia os vizinhos, -
10:16 - 10:18toda a gente se dava bem com os vizinhos?
-
10:19 - 10:23Se algum de vós alguma vez participou
numa assembleia de condomínio, -
10:23 - 10:26sabe que não é propriamente verdade.
-
10:27 - 10:30Aliás, sempre que vemos nas notícias,
normalmente há sempre -
10:30 - 10:32— e em Portugal existem
muito pouco, felizmente — -
10:32 - 10:34alguém pegou numa caçadeira
e desatou aos tiros, -
10:34 - 10:37normalmente tem sempre a ver
com uma questão de vizinhos. -
10:37 - 10:42Não. O objetivo não é, efetivamente,
deitar a tecnologia ao lixo, -
10:42 - 10:47mas temos de recuperar um pouco
de fricção na nossa vida, -
10:47 - 10:52temos de encontrar forma
de voltar a tropeçar -
10:53 - 10:56e voltar a encontrar pessoas diferentes,
-
10:56 - 11:02de voltar a reconquistar alguma empatia
com aquelas pessoas -
11:02 - 11:05que, no dia a dia, têm interesses
e têm diferenças connosco. -
11:06 - 11:08Vou dar-vos três sugestões.
-
11:09 - 11:13A primeira tem a ver
com experiências partilhadas. -
11:14 - 11:19Essas experiências partilhadas
são comunidades que se agregam, -
11:19 - 11:21que se reúnem, que se juntam
-
11:21 - 11:25em torno ou de um interesse comum
ou de uma necessidade. -
11:25 - 11:27Quando eu digo um interesse comum,
-
11:27 - 11:30pode ser porque partilham a sua fé,
-
11:30 - 11:33partilham o seu clube de futebol,
-
11:33 - 11:37como sabemos é algo
que nos envolve emocionalmente, -
11:38 - 11:41Pode ser o TEDx — é uma comunidade,
-
11:41 - 11:43é uma forma de reunir pessoas
-
11:43 - 11:46e de contactar pessoas
de origens diferentes, -
11:46 - 11:51mas algo que junte e que seja,
por uma questão de interesse, -
11:52 - 11:53por uma questão de gosto,
-
11:53 - 11:56junte pessoas com origens muito comuns.
-
11:56 - 11:58Estamos a encontrar
um mecanismo agregador -
11:58 - 12:01mas esse mecanismo agregador
junta pessoas de "backgrounds" diferentes. -
12:01 - 12:04A segunda pode ser por necessidade.
-
12:04 - 12:07Por necessidade, por exemplo,
de andar de transportes públicos. -
12:07 - 12:09Quem necessita de andar
de transportes públicos, -
12:09 - 12:12— sabemos que é o caso
das pessoas desta imagem — -
12:12 - 12:13(Risos)
-
12:13 - 12:18contacta todos os dias com outras pessoas
que andam de transportes públicos -
12:18 - 12:21ou que, por necessidade, têm
de frequentar determinados sítios, -
12:21 - 12:24seja uma repartição de finanças
— cada vez menos — -
12:24 - 12:26ou ir à Segurança Social, etc.
-
12:26 - 12:28a todos os sítios
onde essas pessoas se juntam. -
12:28 - 12:30A segunda ideia
tem a ver com perspetiva. -
12:30 - 12:35É reconquistar a perspetiva
relativamente àquilo que nós somos -
12:35 - 12:37e à relevância que nós temos.
-
12:37 - 12:40Nós não somos importantes.
-
12:40 - 12:42Cada um de nós é um grão de areia
-
12:42 - 12:45que vive no planeta,
que é um grão de areia numa galáxia, -
12:45 - 12:48que é um grão de areia
num universo muito vasto. -
12:48 - 12:53Nós temos de reconquistar
alguma perspetiva -
12:53 - 12:55relativamente à nossa relevância,
-
12:55 - 12:57à nossa falta de importância.
-
12:57 - 13:00A tecnologia tornou-nos mimados.
-
13:00 - 13:04Hoje em dia, e principalmente
os canais digitais, como a Internet, -
13:04 - 13:08têm esta capacidade de hiperpersonalização
-
13:08 - 13:10de um mundo se reconfigurar à nossa volta,
-
13:10 - 13:13nós, hoje em dia, sentimos
que somos o centro do mundo, -
13:13 - 13:16que abrimos uma página do Facebook
e está lá tudo o que nos interessa. -
13:16 - 13:19Pesquisamos no Facebook
e está lá tudo o que nos interessa. -
13:19 - 13:23Nós temos de perder e reconquistar
um pouco essa perspetiva -
13:23 - 13:28e perceber que o mundo
não se configura, não existe -
13:28 - 13:30e não gira à nossa volta.
-
13:30 - 13:33Terceiro, reconquistar o ócio.
-
13:33 - 13:36A capacidade de não fazer nada,
-
13:36 - 13:37que é, se calhar, é a quinta coisa
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13:37 - 13:41que eu e a minha mulher
gostamos muito: não fazer nada. -
13:41 - 13:43Não fazer nada é importante.
-
13:43 - 13:45O ócio é importante.
-
13:46 - 13:50A espera, a demora,
-
13:50 - 13:54a capacidade de aproveitar
não só as férias -
13:54 - 13:56mas os pequenos momentos da vida,
-
13:56 - 13:59em que estamos sem fazer nada
-
13:59 - 14:02em que deixamos a nossa mente divagar
e pensar noutras coisas, -
14:02 - 14:04é muito importante.
-
14:04 - 14:07Hoje em dia, quando carregamos
no botão do elevador, -
14:07 - 14:10e ele demora mais de dois segundos
a aparecer, -
14:10 - 14:12o que é que nós fazemos?
-
14:12 - 14:13Pegamos no telemóvel.
-
14:14 - 14:16E nós fazemos isso quase intuitivamente,
-
14:16 - 14:17quase como um reflexo.
-
14:17 - 14:20Chegou ao ponto de,
numa cidade da Holanda, -
14:20 - 14:23tiveram de pôr os semáforos
de peões em baixo -
14:23 - 14:27para garantir que as pessoas
que não levantam os olhos do telemóvel -
14:27 - 14:30e que não olham sequer
antes de atravessar a rua, -
14:30 - 14:32pelo menos saibam
se está verde ou está vermelho. -
14:32 - 14:34Mas a verdade é que nós fazemos isso
-
14:34 - 14:37de forma quase reflexiva,
quase intuitiva. -
14:37 - 14:42E temos de recuperar a capacidade
e o talento de não fazer nada, -
14:42 - 14:44deixar a nossa mente divagar
-
14:44 - 14:46recuperar a imaginação
-
14:46 - 14:49e também recuperar a empatia.
-
14:49 - 14:52Porque a empatia não é
chorar pelo Anthony Bourdain. -
14:52 - 14:55O Anthony Bourdain é uma projeção
-
14:56 - 14:59de algo que nós gostamos em nós próprios.
-
14:59 - 15:02No meu caso, de ler, de comer,
de viajar, etc. -
15:02 - 15:07Chorar por Anthony Bourdain
é chorar pela perda de nós próprios. -
15:07 - 15:09E a empatia não é isso.
-
15:09 - 15:14A empatia é chorar pela perda
e pelo sofrimento dos outros. -
15:14 - 15:18principalmente, daqueles
que são muito diferentes de nós. -
15:18 - 15:19Obrigado.
-
15:19 - 15:21(Aplausos)
- Title:
- Empatia é a resposta. Qual é a pergunta? | Pedro Miguel Silva | TEDxPorto
- Description:
-
O adulto médio gasta hoje cerca de 6 horas do seu dia, ou um terço do tempo em que está acordado, a consumir conteúdos em dispositivos digitais. Uma grande parte da nossa vida, e algumas das melhores partes, é hoje passada em frente a um ecrã. As pessoas, coisas e lugares que por aí entram na nossa casa são tão verdadeiras e tão próximas como as que entram pela “vida real”. Temos maior confiança e intimidade com os membros da nossa “tribo” que nos chegam do outro lado do mundo do que com o vizinho do lado.
Pedro Miguel Silva defende que temos de ir buscar de volta tempo aos ecrãs para o “devolver” à comunidade de amigos, colegas ou vizinhos. Uma grande parte das tensões políticas e sociais que sentimos hoje deve-se à falta da empatia que se cria quando convivemos diariamente com pessoas de origens, vivências ou comunidades diferentes da nossa. É altura de a ir buscar de volta. "O adulto médio gasta hoje cerca de 6 horas do seu dia, ou um terço do tempo em que está acordado, a consumir conteúdos em dispositivos digitais. Uma grande parte da nossa vida, e algumas das melhores partes, é hoje passada em frente a um ecrã. As pessoas, coisas e lugares que por aí entram na nossa casa são tão verdadeiras e tão próximas como as que entram pela “vida real”. Temos maior confiança e intimidade com os membros da nossa “tribo” que nos chegam do outro lado do mundo do que com o vizinho do lado.
Pedro Miguel Silva defende que temos de ir buscar de volta tempo aos ecrãs para o “devolver” à comunidade de amigos, colegas ou vizinhos. Uma grande parte das tensões políticas e sociais que sentimos hoje deve-se à falta da empatia que se cria quando convivemos diariamente com pessoas de origens, vivências ou comunidades diferentes da nossa. É altura de a ir buscar de volta."
Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx - Video Language:
- Portuguese
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 15:35
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Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Empatia é a resposta. Qual é a pergunta? | Pedro Miguel Silva | TEDxPorto | ||
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Norberto Amaral edited Portuguese subtitles for Empatia é a resposta. Qual é a pergunta? | Pedro Miguel Silva | TEDxPorto | ||
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