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Miranda July: DE QUE É QUE PODIAS SER CAPAZ? Art21 "Extended Play"

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    MIRANDA JULY:
    DE QUE É QUE PODIAS SER CAPAZ?
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    Escrevo os meus filmes, livros,
    performances,
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    e tudo isso, aqui nesta mesa.
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    E aqui também, às vezes.
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    Ponho esta almofada no colo.
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    Faço isso há 19 anos.
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    Então tenho todo um sistema,
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    para que pareça que tudo é novo.
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    Escrevo nesta mesa de cozinha.
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    E sinto-me como...
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    Sinto-me como uma mulher sentada à mesa.
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    Dá-me um sentimento atemporal
    de mulher escritora.
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    Comecei tão jovem,
    comecei quando tinha 16 anos.
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    A escrever e a realizar
    a minha primeira peça.
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    Não consigo... Não consigo
    dizê-lo com palavras e não
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    dá para tu saberes.
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    Não dá para tu saberes,
    a menos que leias.
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    E tive uma grande reação do
    público, o que foi espetacular.
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    Eu sabia que a peça não era perfeita.
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    E que o público, se calhar,
    estava meio confuso.
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    Mas nunca tinha tido esse tipo
    de experiência, de sensação.
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    E, de certa forma, tinha vivido toda a
    minha vida para chegar a esse momento.
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    Se estão de acordo em ficar a viver
    aqui neste teatro comigo, e construir
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    uma nova sociedade, digam:
    Sim!
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    PÚBLICO: Sim!
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    De certa forma, isolo-me e
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    trabalho duro para criar algo,
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    por vezes, com muita miséria
    na minha vida ou no projeto em si.
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    E depois saio cá para fora.
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    E apresento o trabalho, e,
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    como também sou performer,
    isso também faz parte do meu trabalho.
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    E é uma espécie de estado alterado.
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    Façam-no com a parte mais
    imprudente do vosso coração.
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    Façam-no como se
    estivessem bêbedos.
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    Porque só assim é que uma coisa
    deste tipo acontece.
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    Nunca vai acontecer se
    estiveres a pensar bem em tudo.
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    "Então e o cão?"
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    Não!
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    Não, é sempre com raiva, desejo
    e esperança, como um hino nacional.
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    Podemos ter o nosso próprio hino,
    podemos fazer isso.
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    E depois, durante a pandemia,
    recordo pensar
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    "Oh, se isso não puder acontecer,
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    se eu não puder ter aquele momento,
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    então, o resto da minha vida
    tem que ser melhor."
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    Só o meu dia-a-dia.
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    É tipo, viver para o paraíso.
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    Não faz mal, ter uma vida miserável,
    porque, um dia, vou para o céu.
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    Não posso viver assim.
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    De facto, fiz grandes mudanças
    na minha vida por essa razão.
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    Costumo escrever muito nesta
    cama aqui.
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    Aqui é onde durmo
    todas as quartas-feiras.
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    Decidi ficar a dormir uma noite
    por semana neste estúdio.
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    Decidi que, cada quarta-feira,
    dormiria aqui, acordaria aqui,
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    e passaria aqui o dia.
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    O que não parece grande coisa.
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    Mas, tendo em conta que
    tenho um filho,
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    que, na época, tinha 8 anos,
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    e um companheiro, com a sua
    própria vida agitada.
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    E eu nunca tinha ouvido falar
    de tal coisa.
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    As outras mães não fazem isso.
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    E, francamente, as outras mães artistas
    também não.
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    Foi algo que, para nós, não foi problema.
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    O meu companheiro não pensou
    que fosse um problema,
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    O meu filho dizia: "Sim! Podemos
    comer pizza!"
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    Eles gostaram desse tipo de mudança.
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    Por isso, tive de pensar, tipo,
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    "Porque é que isto parece tão
    perigoso?"
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    Acho que é perigoso, porque,
    se és capaz de fazer uma coisa assim,
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    então, do que é que podias ser capaz?
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    Acho que o que acontecia era,
    quando começou a pandemia,
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    costuma estava em reuniões
    de Zoom,
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    e vestia alguma coisa só para
    a chamada, porque era tão fácil.
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    E comecei a pensar: "Isto é
    um disfarce,
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    mas, quem é esta?"
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    Comecei a ver, a questionar.
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    Tipo, "O que é isto?"
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    Uma vez que tens uma nova perspetiva,
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    da tua vida, da tua família
    e como ambas interagem,
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    tudo se começa a desenvolver
    a partir daí.
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    Aproximem-se.
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    Sim, isso. Aproximem-se.
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    Venham. Não vos vou magoar.
  • 5:27 - 5:30
    Não vos vou magoar.
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    Talvez vos magoe, mas só um bocadinho.
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    Ninguém vai ficar gravemente
    ferido hoje.
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    Não nesta casa e não por mim.
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    Esforço-me muito para continuar a
    perguntar, todos os dias,
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    "Não, a sério...
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    O que é que é realmente interessante?"
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    Lembro-me ter vinte e tal anos,
    sacudir-me a mim mesma e pensar,
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    "Estás a dormir ao volante.
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    Lembra-te que és completamente
    livre.
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    O que é que queres fazer hoje?"
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    E, tipo... "Acorda! Estás aqui! Tipo,
    estás mesmo aqui."
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    Novo como o dia é jovem.
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    Como um bebé.
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    Duvido que alguém entenda isso como
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    um tema como recorrente na minha obra.
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    Mas seria bom.
Title:
Miranda July: DE QUE É QUE PODIAS SER CAPAZ? Art21 "Extended Play"
Description:

Portuguese subtitle for "Miranda July: WHAT ELSE MIGHT YOU DO?"

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Video Language:
English
Team:
Art21
Project:
"Extended Play" series
Duration:
07:05

Portuguese subtitles

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