Rejeição ou arrependimento? | Jia Jiang | TEDxYouth@Austin

Quando era um adolescente in Pequim, Jia Jiang foi influenciado pela visita de Bill Gates a vir para os EUA, se tornar um empresário e construir sua própria empresa. Tudo estava indo bem até ele bater em um entrave financeiro e, quando aconteceu, foi bem forte! A melhor maneira de se recuperar? Cem dias de terapia da rejeição. Nesta palestra, ele compartilha sua jornada impressionante e as lições surpreendentes que a rejeição pode ensinar.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

Obrigado, Louis.

Então, rejeição e arrependimento.

Ambos parecem bem ruins, não é mesmo?

Mas eu gosto de um muito mais
do que do outro,

e vou lhes dizer por quê.

Quantos de vocês tiveram um dia na vida
em que algo importante aconteceu?

Vocês que ainda conseguem
se lembrar, levantem a mão.

Todos vocês.

Bom.

Quantos de vocês lembram um dia
em que nada aconteceu?

Levantem as mãos.

Ainda alguns de vocês. Bom.

Quantos de vocês têm 17 anos agora?

Bom.

Na verdade, eu não tenho. Mas...

(Risos)

Mas eu me lembro de um dia
em que absolutamente nada aconteceu,

e isso quando tinha 17 anos de idade.

Era uma manhã qualquer

e eu era um calouro
na Universidade de Utah.

Eu estava vindo caminhando do dormitório
para minha aula de física

e teve uma tempestade
de neve na noite anterior,

e todo o campus estava coberto de branco.

E, enquanto eu caminhava através
das quadras de tênis e campos de futebol,

ainda lembro do som que fazia
enquanto pisava na neve fresca.

Eu me senti bem. Eu me senti ótimo.

Apenas três anos antes,
eu estava em Pequim, na China.

Bill Gates veio para minha cidade natal

e, desde então, eu sonhei
em vir para os Estados Unidos

para me tornar um empresário
e mudar o mundo como ele fez.

E três anos depois,
a primeira parte aconteceu.

Eu vim, me matriculei
numa boa universidade

e estava pronto para aprender,

eu estava pronto para explorar,

eu estava pronto para construir

e eu estava pronto para conquistar.

O campo com neve fresca
era como o universo para mim,

e pronto para que eu iluminasse
o meu próprio caminho.

Senti que o mundo estava
na minha frente; tudo era possível.

Eu estava feliz da vida.

Ainda me lembro daquele dia quando,
na verdade, nada aconteceu.

Eu lembro tanto que tirei uma foto dele.

(Risos)

Eu não estava completamente nu.

Quando se tem 17 anos, você empolga.

Você sabe disso.

(Risos)

Mas 13 anos se passaram
em um piscar de olhos.

Eu me formei, trabalhei, achei um emprego,
fiz dinheiro, cursei uma pós-graduação,

achei um emprego melhor,
fiz mais dinheiro,

(Risos)

me casei, comprei uma casa, um cachorro,

e um dia eu acordei e tinha 30 anos.

E tinha acabado de saber
que teríamos um bebê.

(Aplausos)

Bem, na verdade, quando soube da novidade,

eu fiquei um pouco deprimido.

(Risos)

Não é que bebês não sejam legais;
bebês são ótimos.

Eu recomendaria a qualquer um
quando for o momento certo.

(Risos)

Mas o negócio é que,
quando você se torna pai,

suas responsabilidades
e prioridades mudam.

As chances de você se tornar
um empresário que muda o mundo

caem muito.

Então onde estava aquele jovem
que estava na neve?

E para onde foi o seu sonho?

Não. Ele não abriu seu próprio caminho.

Na verdade, ele trilhou
um caminho que todos seguiram,

e era uma estrada muito segura,

mas ele sabia para onde ela levaria,

que é segurança, mas arrependimento.

Arrependimento.

Havia uma enfermeira
que trabalhava em um hospital,

ela atendia os pacientes terminais.

Na verdade, ela entrevistou
milhares deles,

fazendo esta pergunta:

"Qual o seu maior arrependimento na vida?"

E a resposta número um é:

"Eu queria ter tido a coragem
de viver uma vida fiel a mim mesmo,

e não às expectativas dos outros".

Eu tinha 30 anos, era saudável
e já tinha esse arrependimento.

Mas o bom é que eu não estava morrendo
e poderia fazer alguma coisa a respeito.

(Risos)

Eu e minha esposa decidimos não deixar
o arrependimento regular nossas vidas;

ela me pediu que eu saísse do emprego
e montasse minha empresa por seis meses.

Se, no final,

não existisse tração ou investimento,
eu procuraria por um emprego novamente.

Eu estava animado.

Então,

esse foi o dia que nasceu meu filho

e, quatro dias antes disso,

saí do meu emprego para me tornar
empresário em tempo integral.

Então, ao evitar o arrependimento,
encontrei outro personagem:

a rejeição.

Em quatro meses no meu empreendimento,

fui apresentado a uma grande
oportunidade de investimento.

Eu realmente queria ele.

Achei que estava destinado a tê-lo.

Eu queria tanto, que sonhei com ele
cinco vezes diferentes.

Ainda consigo me lembrar
do sentimento nesses sonhos

e, quando acordava,

eu quase ligava para minha esposa
e meus pais para contar as novidades.

Mas, então, a realidade me bateu.

Um dia, eu estava em um restaurante
celebrando o aniversário de um amigo

e meu telefone vibrou,

e eu o peguei

e vi uma mensagem simples
que dizia: "Não".

Eu tive que sair do restaurante

para que as outras pessoas
não me vissem chorar na frente delas.

Não podia acreditar como
uma palavrinha de três letras

teria esse impacto em mim.

E não foi como se eu não tivesse
me preparado mentalmente.

E não foi como se eu não fosse instruído.

Mas realmente doeu.

Me foi dada outra escolha.

Eu poderia ter simplesmente desistido
e procurado por um emprego novamente

e me poupado de dois meses
e ganhado mais dinheiro,

mas fazer isso seria voltar
ao arrependimento novamente,

sem tentar dar o meu melhor
e continuar pelos seis meses.

Mas, se eu continuasse,

eu iria, mais do que provavelmente,
passar pelo mesmo processo

e ser rejeitado novamente,

e isso era aterrador.

Então, rejeição e arrependimento.

Ambos são horríveis,
mas eu tinha que escolher.

E, no final, eu escolhi rejeição,

e isso continuou.

E vocês querem saber?

O mundo nunca mais foi o mesmo para mim.

Eu comecei a procurar por ajuda
para superar a rejeição,

procurei on-line e achei um jogo.

Ele se chamava "Terapia da rejeição".

É um jogo desenvolvido
por um senhor canadense.

Seu nome é Jason Comely,

e ele, na verdade, pede que você
vá à procura de rejeição.

É uma grande ideia.

(Risos)

Eu adorei; adorei tanto que,
não só disse que faria,

como faria 100 vezes,
me filmaria, colocaria num blog

e contaria ao mundo sobre isso
como uma forma de me comprometer.

Então, comecei saindo e pedindo
coisas muito loucas

para ser rejeitado.

Por exemplo, um dia, entrei numa agência
do FedEx e dei a eles um pacote

dizendo: "Você poderia mandar
isso para o Papai Noel?"

E houve outra vez

em que entrei numa Costco
e conversei com o gerente da loja,

e perguntei: "Ei, posso usar
o alto-falante pra falar com os clientes?"

(Risos)

Numa outra vez, simplesmente escolhi
um prédio de escritórios qualquer.

E entrei e disse:
"Ei, posso falar com o CEO?"

E eles: "Por quê?"

"Porque quero desafiá-lo
num jogo do sério".

(Risos)

(Aplausos)

Mas esses foram os "nãos".

Mas o engraçado foi que comecei
a receber alguns "sins".

E muito mais do que imaginei.

(Risos)

E aqui estão alguns deles.

Por exemplo, um dia eu bati
na porta de um desconhecido

dizendo: "Posso jogar
futebol no seu quintal?"

E ele disse: "Claro, entra".

(Risos)

E um dia eu estava voando.

Depois que meu avião pousou,
conversei com o piloto,

dizendo: "Você pode me ensinar a voar?"

Ele disse: "Venha para a cabine".

(Risos)

E, então, um dia eu estava
andando em uma loja

e vi uma câmera de segurança

e perguntei a eles: "Eu poderia dançar
de verdade na câmera de segurança?

Daí você poderia me mostrar no monitor?"

Eles disseram: "Parece divertido".

(Risos)

Então, essa foi minha primeira
dança Gangman Style.

(Risos)

Então, teve isto:

é uma caixa de donuts
que parecem argolas olímpicas.

Isso mudou a minha vida,

tanto que decidi dividir a minha vida

entre AD e DD, antes dos donuts
e depois dos donuts.

(Risos)

E isso foi o que aconteceu.

(Vídeo) Jia Jiang: Estou dirigindo
para o Krispy Kreme.

Vou pedir a eles para fazerem
alguns donuts especiais,

e vamos ver o que acontece.

Jackie: De que tipo de donut
especial você está falando?

JJ: Eu queria...

me dá.... você junta cinco donuts
e faz eles parecerem argolas olímpicas.

J: Ah.

[Opa, ela parece interessada.]

E para quando você vai querer?

JJ: O quê? J: Quando?

[Não esperava essa pergunta]

JJ: Nos próximos 50 minutos talvez?

J: Deixe-me ver o que posso fazer.

JJ: OK.

J: Eu tentei, mas não sei,
o que você acha?

JJ: Uau.

[Ela entrou no Google
e fez as cores certas.]

JJ: Isso está realmente bom.
Realmente bom. Sim.

Certo. Então eu pago lá?

J: Não preocupa. É por minha conta.

JJ: Você tá falando sério?
J: Sim, sim, sim.

[Naquele momento eu soube
por que Gandhi viveu um dia,

pois, com pessoas como Jackie,
a humanidade vale a pena ser salva.]

JJ: Obrigado. Tá bom.
Até mais. Me dá um abraço.

Obrigado. Te vejo por aí.

(Aplausos) (Vivas)

E essa foi a versão curta do vídeo.

O vídeo integral teve mais de 5 milhões
de visualizações no YouTube.

Se seis meses atrás

se você me dissesse que a rejeição
poderia ser divertida, deliciosa e doce,

eu diria que você estava louco.

Na verdade, eu te rejeitaria na hora.

(Risos)

Mas agora eu estou vivendo
a melhor fase da minha vida.

Eu realmente aprendi muito
sobre mim mesmo também.

Eu sou um comunicador melhor;

sou um negociante melhor;

sou, até, um dançarino melhor.

(Risos)

Mas, mais importante,

posso encarar a rejeição olho no olho
e permanecer muito calmo

e enxergá-la como ela é.

Não é realmente esse monstruoso
saco de dor que eu imaginava.

Na verdade, não é uma verdade
universal sobre quem eu sou;

é somente a opinião de outra pessoa.

Na verdade, diz mais sobre essa pessoa,

a pessoa que me rejeitou,

do que sobre mim.

Eu posso até virar a mesa

e me aperfeiçoar usando a rejeição.

Então, por causa daquele vídeo do donut,

pessoas começaram a seguir
meu blog da rejeição,

e começaram a me mandar e-mails

e a me agradecer por acharem
ele muito inspirador.

E também me contaram histórias

de como estão tentando superar
o seu medo de rejeição.

Por exemplo, tem essa artista em Austin,

e seus trabalhos são incríveis;
são lindos e profundos.

Mas ninguém percebe.

Depois do vídeo dos donuts, ela me disse:

"Bem, o donuts são legais,
mas eu sou uma artista de verdade

e, se você teve a coragem de pedir aquilo,

por que não posso falar sobre minha arte?"

Então, ela começou a falar
com as mídias de notícias e amigos,

e a arte emocionou muitas vidas
e foi notícia nacional.

E havia um homem

que me disse que sempre
teve medo de rejeição,

tanto que, às vezes,
quando vai a restaurantes,

nem ousa pedir ketchup, pois fica
com um nó no estômago de nervoso.

Então, ano passado, sua esposa
foi diagnosticada com câncer.

E ele disse que aprendeu

que hospitais americanos não são lugares
tão perfeitos como todos imaginamos,

em que tudo funciona.

Às vezes, você tem que pressionar médicos
e enfermeiros para conseguir as coisas.

E, então, ele viu o meu vídeo

e falou: "Você teve a coragem de pedir
coisas a estranhos na terapia da rejeição.

E eu aqui, tentando salvar
a vida da minha esposa,

por que não deveria pedir?"

E assim ele fez, e me agradeceu.

Então, rejeição é um pouco como frango.

Pode ser delicioso ou nojento;
vai depender de como você o cozinha.

(Risos)

Mas é o medo da rejeição que nos paralisa,

tanto que, constantemente, rejeitamos
a nós mesmos para que outros não o façam.

Mas, se deixarmos esse medo
ditar as nossas vidas,

empresas não serão criadas,
ou serão abandonadas prematuramente.

Arte pode não ser compartilhada
e apreciada pelo mundo.

E tratamentos para salvar vidas
podem ser adiados.

E tudo isso irá nos levar a um lugar:

arrependimento.

Rejeição é a opinião
de outra pessoa sobre nós;

vai e vem,

essa é a rejeição.

A rejeição vai e vem, como disse,

mas o arrependimento é a nossa opinião
sobre nós mesmos e fica sempre conosco.

Na verdade, o arrependimento
é como carne estragada.

É muito ruim, e fica pior com o tempo.

Eu escolhi abraçar a rejeição
e me abrir para o mundo

e descobri ser um lugar maravilhoso
com pessoas e coisas incríveis.

Se não tivesse feito isso,
eu não teria visto nada disso.

E agora a paixão da minha vida

é ajudar os outros a superar
seus medos da rejeição

para que não encontrem o arrependimento.

Eu me sinto como o calouro de 17 anos
na faculdade novamente,

caminhando sobre a neve fresca no campo

e, em cada passo que dou,
que pode ser rejeição ou aceitação,

eu não sei aonde isso pode me levar,

mas sei de uma coisa:

não vai ser ao arrependimento.

Obrigado.

(Aplausos) (Vivas)

Obrigado.

(Aplausos) (Vivas)

Obrigado.

(Aplausos) (Vivas)