Em que zona você está? | Lucas Toledo | TEDxEldorado
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0:13 - 0:16Um ancião vinha pelo interior de Misiones,
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0:16 - 0:18um povoado muito pequeno,
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0:18 - 0:22de mais ou menos 700 ou 800 habitantes;
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0:22 - 0:24um ancião muito sábio,
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0:24 - 0:26um ancião com seu discípulo.
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0:27 - 0:30Avaliavam o povoado para ver
o que podiam melhorar, -
0:30 - 0:34em que podiam ajudar essa comunidade.
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0:34 - 0:36Até que chegam ao final de uma estrada
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0:36 - 0:40e encontram uma casa de madeira,
muito pequena e precária, -
0:40 - 0:47muito humilde, de uns 12 metros quadrados.
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0:50 - 0:55Antes de bater na porta, veem que há
uma vaca amarrada do lado de fora. -
0:55 - 0:57Batem na porta, o dono sai e eles dizem:
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0:57 - 1:01"Olá, sou fulano de tal, estamos avaliando
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1:01 - 1:04para ver como vocês vivem
nesta comunidade". -
1:04 - 1:09E o senhor responde:
"Olhe, a verdade é que estamos bem, -
1:10 - 1:14embora com poucos recursos,
temos muitos filhos, -
1:14 - 1:18e a única coisa que nos dá subsistência
é essa vaca que vocês veem ali. -
1:18 - 1:21Essa vaca nos dá leite, nos dá queijo,
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1:21 - 1:25podemos vender o que sobra
e sobrevivemos". -
1:25 - 1:28"Então estão bem?"
"Sim, estamos perfeitos". -
1:28 - 1:31Então o ancião se despede e sai.
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1:31 - 1:35Quando saem, o ancião diz ao discípulo:
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1:35 - 1:37"Sacrifique a vaca".
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1:37 - 1:41"Como vamos fazer isso,
é sua única subsistência!" -
1:41 - 1:43"Sacrifique a vaca!"
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1:43 - 1:47O discípulo sacrifica a vaca, e se vão.
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1:47 - 1:50Durante o ano, o discípulo,
muito preocupado, dizia: -
1:50 - 1:53"O que aquelas pessoas terão feito
sem sua única subsistência?" -
1:53 - 1:57No ano seguinte volta à mesma
comunidade, procura a mesma casa, -
1:57 - 1:59e, em seu lugar, encontra uma linda casa
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1:59 - 2:03toda de alvenaria, com um jardim
à frente, um jardim atrás. -
2:03 - 2:06Bate na porta e sai o mesmo senhor.
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2:06 - 2:08"Como fizeram para crescer tanto?
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2:08 - 2:11Pensei que tinham vendido a propriedade."
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2:11 - 2:15"O que acontece é que ano passado,
quando vocês se foram, -
2:15 - 2:17alguém sacrificou nossa vaca.
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2:17 - 2:21Então não nos restou outra
coisa que começar a semear, -
2:21 - 2:24e o que semeamos, vendemos,
e com as vendas, começamos a crescer. -
2:24 - 2:28No final, descobrimos que tínhamos
muitos conhecimentos e habilidades -
2:28 - 2:29que desconhecíamos
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2:29 - 2:33e aqui estamos, bem melhores
que no ano passado". -
2:33 - 2:36O discípulo se foi,
pensando no que o ancião fez. -
2:36 - 2:40O ancião tirou essa família
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2:40 - 2:42de sua zona de conforto.
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2:42 - 2:43E o que é a zona de conforto?
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2:43 - 2:45A zona de conforto não é mais que um lugar
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2:45 - 2:49onde nos sentimos seguros
e tranquilos porque o conhecemos. -
2:50 - 2:53Seja essa zona boa ou ruim.
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2:53 - 2:57O caso clássico daquele que sai
para trabalhar todos os dias, -
2:57 - 2:59três horas por dia dentro do carro.
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2:59 - 3:01Imaginem: três horas por dia.
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3:01 - 3:04Em dez dias são 30 horas;
é um dia a cada 10 dias. -
3:04 - 3:07São 10% de sua vida
sacrificados dentro do carro. -
3:07 - 3:09E não muda de trabalho nem de casa.
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3:09 - 3:13Está acomodado; está cômodo
em seu trabalho, em sua casa, -
3:13 - 3:14está cômodo três horas por dia.
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3:14 - 3:16E não muda, não muda sua situação;
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3:16 - 3:19sobretudo o ser humano, que tem uma
tremenda capacidade de adaptação. -
3:19 - 3:23O ser humano pode viver
no Polo Norte ou no deserto -
3:23 - 3:25que, mais cedo ou mais tarde, se acostuma.
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3:25 - 3:27Nos acostumamos a estar
três horas dentro do carro, -
3:27 - 3:30nos acostumamos a caminhar
40 km por dia; nos acostumamos. -
3:30 - 3:31O ser humano se acostuma.
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3:31 - 3:33E isso é zona de conforto.
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3:33 - 3:35Então, podemos fazer duas coisas:
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3:35 - 3:38ou decidimos sair da zona de conforto,
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3:38 - 3:41ou um agente externo nos tira de lá.
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3:42 - 3:45Como quando você chega
ao seu trabalho e seu chefe vem e diz: -
3:45 - 3:48"Vem Lucas, quero falar com você".
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3:48 - 3:53"A verdade é que não está cumprindo
com a média da indústria, -
3:53 - 3:55precisamos que cumpra certos objetivos,
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3:55 - 3:59e como não os cumpriu,
teremos que despedi-lo". -
3:59 - 4:04Você sai amargo, irritado,
mas quando está fora diz: "Ótimo! -
4:04 - 4:08Esse cara tomou a decisão por mim,
há seis meses quero sair daqui -
4:08 - 4:10e não sabia como fazê-lo, não me animava,
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4:10 - 4:14não sabia como enfrentá-lo,
e o cara tomou a decisão por mim". -
4:15 - 4:18Um agente externo me tirou
da zona de conforto. -
4:18 - 4:20Então, até que ponto as desvantagens
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4:20 - 4:25de um golpe que se recebe, na verdade,
não são desvantagens desejáveis? -
4:25 - 4:28Malcolm Gladwell escreveu um livro
muito bom chamado "Davi e Golias". -
4:28 - 4:32Nele, ele dá três exemplos fulminantes.
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4:32 - 4:35Um dos exemplos é um exercício
feito em um colégio, -
4:35 - 4:37onde dois grupos de alunos foram reunidos
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4:37 - 4:41e receberam a mesma instrução,
exatamente a mesma. -
4:41 - 4:44A um grupo a instrução foi dada
em perfeitas condições: -
4:44 - 4:47letras grandes, bem pretas,
com um fundo branco, -
4:47 - 4:50podia ser lida perfeitamente.
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4:51 - 4:54Ao outro grupo, deram a mesma instrução,
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4:54 - 4:57mas com letras muito pequenas,
cinzentas e muito difíceis de ler. -
4:57 - 5:01Qual grupo vocês acreditam
que obteve melhores resultados? -
5:03 - 5:06O da instrução mais difícil de ler.
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5:06 - 5:08Porque, justamente, a dificuldade em ler
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5:08 - 5:11fez as pessoas terem
mais foco e concentração. -
5:11 - 5:14Então, até que ponto essa desvantagem
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5:14 - 5:19de dar uma instrução difícil de ler,
acabou beneficiando os alunos? -
5:19 - 5:22Outro exemplo, que também é muito claro,
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5:22 - 5:24é o caso dos disléxicos.
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5:24 - 5:27Sabem o que é a dislexia?
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5:27 - 5:29A dislexia é uma disfunção cerebral
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5:29 - 5:31na qual o cérebro é normal,
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5:31 - 5:36mas, ao ler, utiliza zonas que não são
as que se usa normalmente, -
5:36 - 5:38então para eles é muito difícil ler.
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5:38 - 5:42Embora vocês não acreditem,
quase um terço dos empreendedores -
5:42 - 5:47mais bem sucedidos no mundo,
como políticos e intelectuais, -
5:47 - 5:49são disléxicos.
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5:49 - 5:53Um terço, muito mais
que a média da sociedade. -
5:54 - 5:59E, justamente, porque a dislexia
não lhes permite ler, -
5:59 - 6:01aprofundaram sua capacidade de escutar.
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6:01 - 6:04Para poderem memorizar o que ouvem,
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6:04 - 6:06para serem mais influentes
e melhores negociadores. -
6:06 - 6:09E isso acabou melhorando-os
de outras formas. -
6:09 - 6:12É claro que perguntaram aos disléxicos:
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6:12 - 6:14"Gostariam que seu filho fosse disléxico?"
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6:14 - 6:17"Mas nem pensar! Ser disléxico
é uma incapacidade terrível. -
6:17 - 6:20Muita gente que não está neste terço,
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6:20 - 6:24que também são disléxicos
e não passaram bons momentos". -
6:24 - 6:29Até que ponto as pessoas não fizeram
uma vantagem dessa desvantagem? -
6:30 - 6:32Inclusive, há um caso muito mais extremo:
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6:32 - 6:35um estudo feito em 700 pessoas
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6:35 - 6:38que têm duas ou três páginas
em um livro de história. -
6:38 - 6:40Políticos, primeiros-ministros;
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6:40 - 6:42de Homero a Kennedy.
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6:43 - 6:45Descobriu-se que 45% dessas pessoas
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6:45 - 6:49perderam um dos seus pais
quando tinham menos de 20 anos. -
6:49 - 6:50E mais:
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6:50 - 6:57quase 70% dos primeiros-ministros
da Grã-Bretanha -
6:57 - 7:01perderam um dos pais
quando tinham menos de 16 anos. -
7:02 - 7:05Uma taxa semelhante é o caso
dos presidentes norte-americanos. -
7:06 - 7:09É muito maior que a média da sociedade.
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7:09 - 7:11Claro que também tem o outro lado:
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7:11 - 7:18as pessoas presas em uma penitenciária
têm duas ou três vezes mais probabilidades -
7:18 - 7:21de terem perdido um dos pais
quando tinham menos de 16 anos. -
7:21 - 7:23Temos os dois casos;
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7:23 - 7:25mas observem como em um dos casos
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7:25 - 7:27essa desvantagem acabou fortalecendo-os,
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7:27 - 7:31acabou potencializando-os,
e, no outro caso, acabou afundando-os. -
7:31 - 7:36Claro que não podemos dizer
que perder um dos pais quando menor... -
7:36 - 7:41sempre é terrível, mas sendo
menor é mais traumático... -
7:41 - 7:44que não seja o mais horrível
que pode acontecer a alguém. -
7:44 - 7:48Apenas dou um exemplo
de como um caso tão traumático -
7:48 - 7:50pode ser convertido em algo
que nos fortalece tanto. -
7:51 - 7:55Inclusive, na psicologia há o que é
chamado "crescimento pós-traumático", -
7:55 - 7:57que é crescer diante de um trauma.
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7:57 - 8:00Ou também a resiliência,
que é diferente da resistência, -
8:00 - 8:03que é poder resistir
a um trauma ou a um golpe, -
8:03 - 8:07enquanto que a resiliência é
resistir e crescer no processo. -
8:08 - 8:11Por outro lado, temos
as vantagens indesejáveis. -
8:12 - 8:15Enquanto, por um lado
temos os golpes externos -
8:15 - 8:17que normalmente chamamos desvantagens,
-
8:17 - 8:20ainda que, na realidade,
algumas desvantagens são desejáveis, -
8:20 - 8:23por outro lado, temos
vantagens indesejáveis, -
8:23 - 8:25como estar na zona
de conforto, por exemplo. -
8:25 - 8:29Quem aqui não gostaria de ser
megamilionário, ter muito dinheiro? -
8:29 - 8:31A maioria, certo?
-
8:31 - 8:37Bom, na verdade, estudos mostram
que a relação entre felicidade e riqueza -
8:37 - 8:41têm uma relação direta
até os US$ 80 mil a US$ 90 mil por ano. -
8:42 - 8:44Assim que supera esse nível,
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8:44 - 8:48a curva de crescimento
da felicidade começa a cair, -
8:48 - 8:51até o ponto onde sua inclinação
torna-se negativa. -
8:51 - 8:55Ou seja: mais riqueza acaba
prejudicando a felicidade. -
8:55 - 8:57Vocês dirão: "Como isso pode acontecer?"
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8:57 - 8:58Sim, acontece.
-
8:59 - 9:02Mesmo que não acreditem, a grande
maioria dos milionários do mundo -
9:02 - 9:04são milionários pela primeira vez.
-
9:04 - 9:08Ou seja, eles não herdaram
sua fortuna, mas a fizeram. -
9:08 - 9:13Essas pessoas vêm de um lar onde
tinham que cuidar da luz, dos recursos, -
9:13 - 9:17onde tinham necessidades, tinham
que quebrar a alma para avançar. -
9:17 - 9:20Isso acabou os transformando
nas pessoas que são hoje. -
9:20 - 9:22Agora, como essas pessoas
são com seus filhos? -
9:22 - 9:24Eles já são milionários,
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9:24 - 9:27como pedir aos filhos para que cuidem
das coisas, que as ganhem? -
9:28 - 9:30Como pedir ao filho que vá
ao colégio caminhando, -
9:30 - 9:33se você tem uma Maserati
e dois Porsches na garagem? -
9:33 - 9:34É muito difícil.
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9:34 - 9:40São essas coisas que acabam
tornando-se em desvantagens. -
9:40 - 9:43Quando se pensa que certas
vantagens que se tem, -
9:43 - 9:46como, por exemplo, estar
em um trabalho seguro, tranquilo, -
9:46 - 9:48sem incertezas e volatilidade,
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9:48 - 9:50até que ponto isso não prejudica você?
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9:51 - 9:54Nassim Taleb, escritor de "O Cisne Negro",
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9:54 - 9:56um livro muito conhecido,
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9:56 - 9:59usa um termo que eu adoro,
que é "antifragilidade". -
9:59 - 10:02Na verdade os seres humanos
são antifrágeis. -
10:02 - 10:04O antifrágil não é o oposto do frágil.
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10:04 - 10:06O oposto de frágil é resistente.
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10:06 - 10:10O antifrágil é o que
se beneficia da volatilidade. -
10:11 - 10:13Os seres humanos são antifrágeis.
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10:13 - 10:18Imaginem, se ficássemos
em um quarto em perfeito estado, -
10:18 - 10:23muito confortável, deitados
na cama, durante um mês. -
10:24 - 10:27Nossos músculos
e organismo se atrofiariam, -
10:27 - 10:29acabaríamos prejudicados.
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10:29 - 10:32Então, tanto nosso sistema
como nossa psique, -
10:32 - 10:35precisam de volatilidade e de incertezas
-
10:35 - 10:37para se fortalecerem e crescerem.
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10:38 - 10:42Pelo menos eu não vi ninguém
crescer em sua zona de conforto. -
10:42 - 10:46É extremamente difícil
crescer na zona de conforto. -
10:46 - 10:50Quando temos uma desvantagem,
como ser demitido, -
10:50 - 10:52até que ponto essa situação
-
10:52 - 10:54não é uma oportunidade
para começar algo novo, -
10:54 - 10:57para aprofundar seu currículo,
para aprender mais? -
10:57 - 11:03Até que ponto ser deixado
por sua mulher ou marido -
11:03 - 11:05não é uma oportunidade
para conhecer pessoas novas -
11:05 - 11:07ou para estar mais seguro de si mesmo?
-
11:07 - 11:11Até que ponto fraturar uma perna
-
11:11 - 11:15não é uma vantagem
para estar mais com sua família, -
11:15 - 11:17desfrutando de seus entes queridos?
-
11:17 - 11:20Ou até que ponto quebrar o celular
-
11:20 - 11:22ou ficar sem bateria
não é uma oportunidade -
11:22 - 11:26para começar a ouvir mais
a pessoa que está à sua frente? -
11:27 - 11:31Por outro lado, até que ponto
ter um trabalho seguro, -
11:31 - 11:35estar em uma zona de conforto
e de comodidade não prejudica você? -
11:36 - 11:38É muito difícil crescer
dentro da zona de conforto. -
11:39 - 11:42Se olharmos as pessoas
-
11:42 - 11:45que normalmente chegaram muito alto,
-
11:45 - 11:48são pessoas que não só não estão
na zona de conforto, mas a evitam. -
11:49 - 11:52É o clássico: "Mas olha
aquele fulano, se já se fez, -
11:52 - 11:56como pode continuar nesse projeto
ou começar este outro?" -
11:56 - 11:59Na verdade, essa pessoa
chegou lá porque está acostumada -
11:59 - 12:02a não estar na zona de conforto;
e agora ela também não quer cair. -
12:02 - 12:06Por mais que tenham alcançado o topo,
ou o que vemos como sendo o topo, -
12:06 - 12:10ter todas as comodidades, também
procuram não entrar na zona de conforto. -
12:10 - 12:12E, seguramente, os que vão dizer:
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12:12 - 12:18"Não saia da zona de conforto
porque vai perder isso e aquilo..." -
12:18 - 12:22Listam tudo que você pode perder,
mas nada do que pode ganhar. -
12:22 - 12:24São pessoas que estão na zona de conforto,
-
12:24 - 12:27e não querem que você saia.
-
12:27 - 12:32Vocês podem encontrar 10 mil motivos
para não saírem da zona de conforto, -
12:32 - 12:3710 mil motivos para não empreenderem,
para não começarem um projeto: -
12:37 - 12:40a família, os recursos,
a falta de tempo... -
12:40 - 12:45Mas, na verdade, o que vai
levá-los a sair da zona de conforto -
12:45 - 12:48é a emoção ou a motivação
que os levam a fazê-lo. -
12:48 - 12:52É a emoção e a motivação
que se transforma em ação. -
12:52 - 12:55Você pode ter mil ideias,
mas escolherá uma, -
12:55 - 12:59e é nessa que você aplicará
a emoção e a motivação. -
12:59 - 13:05Nos meus 29 anos de vida,
aos 17 tive um dos mais desconfortáveis, -
13:05 - 13:08porque tive que escolher
uma carreira para a vida toda, -
13:08 - 13:11sem nunca ter trabalhado.
-
13:11 - 13:14Depois de me formar,
comecei a trabalhar um ano; -
13:14 - 13:18estava em relação de dependência,
e dizia: "Estou muito acomodado, -
13:18 - 13:19tenho que sair daqui".
-
13:20 - 13:22Procurei uma motivação,
uma emoção para sair dali. -
13:22 - 13:26Por isso, no TEDx anterior falei
sobre ir "nos ombros de gigantes" -
13:26 - 13:28para ver melhor e mais longe.
-
13:28 - 13:32Justamente porque procurei essa motivação,
essa emoção que me permitiu sair. -
13:32 - 13:37Me motivei, tratei de me emocionar
e me vincular com a história de meus pais, -
13:37 - 13:39de Gandhi, de Steve Jobs,
-
13:39 - 13:41ou de qualquer um que pudesse idolatrar,
-
13:41 - 13:44para gerar em mim essa motivação
e emoção necessárias. -
13:44 - 13:46E então, comecei muitos projetos.
-
13:46 - 13:48Até o momento criei três empresas;
-
13:48 - 13:52as empresas anteriores, algumas foram
mais ou menos, outras foram mal, -
13:52 - 13:55em alguns projetos fracassei,
em outros fui mais ou menos. -
13:55 - 13:58Até que a Gi Bike
foi o projeto que decolou, -
13:58 - 14:03ficou conhecido globalmente
e começa a caminhar bem. -
14:04 - 14:09Agora, chegaria à Gi Bike
se antes não tivesse fracassado, -
14:09 - 14:12se não tivesse saído da zona de conforto
quatro ou cinco anos antes? -
14:13 - 14:16Tenho certeza que não.
-
14:16 - 14:19Cito a Gi Bike e o trabalho,
-
14:19 - 14:23porque o trabalho é uma das coisas
que mais tempo nos consome. -
14:23 - 14:27Das 24 horas do dia,
-
14:27 - 14:29dormimos 8, nos sobram 16;
-
14:29 - 14:34dessas 16, usamos 4
para comer e fazer a higiene, -
14:34 - 14:39e das 12 restantes, usamos 2
para entretenimento ou para locomoção. -
14:39 - 14:42Nos restam 10 horas,
que usamos para trabalhar. -
14:42 - 14:47Ou seja: mais da metade do tempo
que estamos acordados, trabalhamos. -
14:49 - 14:52Não é pouco; e o tempo
é nosso recurso mais escasso. -
14:52 - 14:55É a única coisa com que toda
humanidade concorda. -
14:55 - 14:58Independente da religião,
ideias, nacionalidade, -
14:58 - 15:01todos temos certeza
de que ninguém vive infinitamente; -
15:01 - 15:05todos temos um tempo muito curto
e devemos aproveitá-lo. -
15:05 - 15:08E, ainda mais, se a maioria
desse tempo usamos para trabalhar, -
15:08 - 15:12até que ponto esse trabalho
não leva você à zona de conforto? -
15:14 - 15:17Não utilizemos nosso recurso
mais escasso com o que outros querem, -
15:17 - 15:20com o que outros nos impõem,
o que outros nos recomendam; -
15:20 - 15:22tratemos de encontrá-lo por nós mesmos.
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15:22 - 15:24Ninguém quer chegar aos 70 anos,
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15:24 - 15:28lamentando-se por ter ficado
3 horas por dia em um carro. -
15:28 - 15:34Ninguém quer queixar-se,
aos 70 anos, de ter ficado 20 anos -
15:34 - 15:37ao lado de uma pessoa
que não ama ou cuida de você. -
15:38 - 15:40Então, o que excita você?
-
15:40 - 15:42O que você faz com seu tempo?
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15:42 - 15:46Talvez responder a essas perguntas
não vá mudar o mundo, -
15:46 - 15:49mas, com certeza, vai mudar o seu mundo;
-
15:49 - 15:53e esse é o primeiro passo,
e, muitas vezes, o mais importante. -
15:54 - 15:55Obrigado.
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15:55 - 15:58(Aplausos)
- Title:
- Em que zona você está? | Lucas Toledo | TEDxEldorado
- Description:
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Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx
Sair da zona de conforto. O que emociona e o que motiva você? Talvez você não consiga mudar o mundo, mas você vai mudar seu mundo. Vai arriscar-se para conseguir algo melhor. Tomar decisões.
Lucas Toledo é licenciado em Economia e empreendedor nato. Depois de trabalhar como consultor na iniciativa privada fundou a Numixa, uma consultoria de estudos econômicos e financeiros dedicados a assessorar as PME e algumas grandes empresas como o Banco Interamericano de Desenvolvimento e o Banco Mundial. Sua primeira incursão no âmbito tecnológico foi com a Potencia Pyme, uma plataforma financeira onde as empresas podiam encontrar a oferta de crédito do país e gerenciar financiamentos. Sua segunda incursão em tecnologia surgiu como resultado de uma paralisação do transporte em Córdoba que fez com que ele se desse conta do pouco que a bicicleta era explorada como meio para deslocar-se na cidade; descobriu que os motivos eram diversos e, para resolvê-los, idealizou Gi Bike, um novo conceito de bicicleta que otimiza seus benefícios. Desde seu lançamento, a Gi Bike teve um grande impacto em todo o mundo e, desde janeiro de 2015, avança na produção em massa do produto para começar sua comercialização global.
- Video Language:
- Spanish
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 16:09
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