Return to Video

Em que zona você está? | Lucas Toledo | TEDxEldorado

  • 0:13 - 0:16
    Um ancião vinha pelo interior de Misiones,
  • 0:16 - 0:18
    um povoado muito pequeno,
  • 0:18 - 0:22
    de mais ou menos 700 ou 800 habitantes;
  • 0:22 - 0:24
    um ancião muito sábio,
  • 0:24 - 0:26
    um ancião com seu discípulo.
  • 0:27 - 0:30
    Avaliavam o povoado para ver
    o que podiam melhorar,
  • 0:30 - 0:34
    em que podiam ajudar essa comunidade.
  • 0:34 - 0:36
    Até que chegam ao final de uma estrada
  • 0:36 - 0:40
    e encontram uma casa de madeira,
    muito pequena e precária,
  • 0:40 - 0:47
    muito humilde, de uns 12 metros quadrados.
  • 0:50 - 0:55
    Antes de bater na porta, veem que há
    uma vaca amarrada do lado de fora.
  • 0:55 - 0:57
    Batem na porta, o dono sai e eles dizem:
  • 0:57 - 1:01
    "Olá, sou fulano de tal, estamos avaliando
  • 1:01 - 1:04
    para ver como vocês vivem
    nesta comunidade".
  • 1:04 - 1:09
    E o senhor responde:
    "Olhe, a verdade é que estamos bem,
  • 1:10 - 1:14
    embora com poucos recursos,
    temos muitos filhos,
  • 1:14 - 1:18
    e a única coisa que nos dá subsistência
    é essa vaca que vocês veem ali.
  • 1:18 - 1:21
    Essa vaca nos dá leite, nos dá queijo,
  • 1:21 - 1:25
    podemos vender o que sobra
    e sobrevivemos".
  • 1:25 - 1:28
    "Então estão bem?"
    "Sim, estamos perfeitos".
  • 1:28 - 1:31
    Então o ancião se despede e sai.
  • 1:31 - 1:35
    Quando saem, o ancião diz ao discípulo:
  • 1:35 - 1:37
    "Sacrifique a vaca".
  • 1:37 - 1:41
    "Como vamos fazer isso,
    é sua única subsistência!"
  • 1:41 - 1:43
    "Sacrifique a vaca!"
  • 1:43 - 1:47
    O discípulo sacrifica a vaca, e se vão.
  • 1:47 - 1:50
    Durante o ano, o discípulo,
    muito preocupado, dizia:
  • 1:50 - 1:53
    "O que aquelas pessoas terão feito
    sem sua única subsistência?"
  • 1:53 - 1:57
    No ano seguinte volta à mesma
    comunidade, procura a mesma casa,
  • 1:57 - 1:59
    e, em seu lugar, encontra uma linda casa
  • 1:59 - 2:03
    toda de alvenaria, com um jardim
    à frente, um jardim atrás.
  • 2:03 - 2:06
    Bate na porta e sai o mesmo senhor.
  • 2:06 - 2:08
    "Como fizeram para crescer tanto?
  • 2:08 - 2:11
    Pensei que tinham vendido a propriedade."
  • 2:11 - 2:15
    "O que acontece é que ano passado,
    quando vocês se foram,
  • 2:15 - 2:17
    alguém sacrificou nossa vaca.
  • 2:17 - 2:21
    Então não nos restou outra
    coisa que começar a semear,
  • 2:21 - 2:24
    e o que semeamos, vendemos,
    e com as vendas, começamos a crescer.
  • 2:24 - 2:28
    No final, descobrimos que tínhamos
    muitos conhecimentos e habilidades
  • 2:28 - 2:29
    que desconhecíamos
  • 2:29 - 2:33
    e aqui estamos, bem melhores
    que no ano passado".
  • 2:33 - 2:36
    O discípulo se foi,
    pensando no que o ancião fez.
  • 2:36 - 2:40
    O ancião tirou essa família
  • 2:40 - 2:42
    de sua zona de conforto.
  • 2:42 - 2:43
    E o que é a zona de conforto?
  • 2:43 - 2:45
    A zona de conforto não é mais que um lugar
  • 2:45 - 2:49
    onde nos sentimos seguros
    e tranquilos porque o conhecemos.
  • 2:50 - 2:53
    Seja essa zona boa ou ruim.
  • 2:53 - 2:57
    O caso clássico daquele que sai
    para trabalhar todos os dias,
  • 2:57 - 2:59
    três horas por dia dentro do carro.
  • 2:59 - 3:01
    Imaginem: três horas por dia.
  • 3:01 - 3:04
    Em dez dias são 30 horas;
    é um dia a cada 10 dias.
  • 3:04 - 3:07
    São 10% de sua vida
    sacrificados dentro do carro.
  • 3:07 - 3:09
    E não muda de trabalho nem de casa.
  • 3:09 - 3:13
    Está acomodado; está cômodo
    em seu trabalho, em sua casa,
  • 3:13 - 3:14
    está cômodo três horas por dia.
  • 3:14 - 3:16
    E não muda, não muda sua situação;
  • 3:16 - 3:19
    sobretudo o ser humano, que tem uma
    tremenda capacidade de adaptação.
  • 3:19 - 3:23
    O ser humano pode viver
    no Polo Norte ou no deserto
  • 3:23 - 3:25
    que, mais cedo ou mais tarde, se acostuma.
  • 3:25 - 3:27
    Nos acostumamos a estar
    três horas dentro do carro,
  • 3:27 - 3:30
    nos acostumamos a caminhar
    40 km por dia; nos acostumamos.
  • 3:30 - 3:31
    O ser humano se acostuma.
  • 3:31 - 3:33
    E isso é zona de conforto.
  • 3:33 - 3:35
    Então, podemos fazer duas coisas:
  • 3:35 - 3:38
    ou decidimos sair da zona de conforto,
  • 3:38 - 3:41
    ou um agente externo nos tira de lá.
  • 3:42 - 3:45
    Como quando você chega
    ao seu trabalho e seu chefe vem e diz:
  • 3:45 - 3:48
    "Vem Lucas, quero falar com você".
  • 3:48 - 3:53
    "A verdade é que não está cumprindo
    com a média da indústria,
  • 3:53 - 3:55
    precisamos que cumpra certos objetivos,
  • 3:55 - 3:59
    e como não os cumpriu,
    teremos que despedi-lo".
  • 3:59 - 4:04
    Você sai amargo, irritado,
    mas quando está fora diz: "Ótimo!
  • 4:04 - 4:08
    Esse cara tomou a decisão por mim,
    há seis meses quero sair daqui
  • 4:08 - 4:10
    e não sabia como fazê-lo, não me animava,
  • 4:10 - 4:14
    não sabia como enfrentá-lo,
    e o cara tomou a decisão por mim".
  • 4:15 - 4:18
    Um agente externo me tirou
    da zona de conforto.
  • 4:18 - 4:20
    Então, até que ponto as desvantagens
  • 4:20 - 4:25
    de um golpe que se recebe, na verdade,
    não são desvantagens desejáveis?
  • 4:25 - 4:28
    Malcolm Gladwell escreveu um livro
    muito bom chamado "Davi e Golias".
  • 4:28 - 4:32
    Nele, ele dá três exemplos fulminantes.
  • 4:32 - 4:35
    Um dos exemplos é um exercício
    feito em um colégio,
  • 4:35 - 4:37
    onde dois grupos de alunos foram reunidos
  • 4:37 - 4:41
    e receberam a mesma instrução,
    exatamente a mesma.
  • 4:41 - 4:44
    A um grupo a instrução foi dada
    em perfeitas condições:
  • 4:44 - 4:47
    letras grandes, bem pretas,
    com um fundo branco,
  • 4:47 - 4:50
    podia ser lida perfeitamente.
  • 4:51 - 4:54
    Ao outro grupo, deram a mesma instrução,
  • 4:54 - 4:57
    mas com letras muito pequenas,
    cinzentas e muito difíceis de ler.
  • 4:57 - 5:01
    Qual grupo vocês acreditam
    que obteve melhores resultados?
  • 5:03 - 5:06
    O da instrução mais difícil de ler.
  • 5:06 - 5:08
    Porque, justamente, a dificuldade em ler
  • 5:08 - 5:11
    fez as pessoas terem
    mais foco e concentração.
  • 5:11 - 5:14
    Então, até que ponto essa desvantagem
  • 5:14 - 5:19
    de dar uma instrução difícil de ler,
    acabou beneficiando os alunos?
  • 5:19 - 5:22
    Outro exemplo, que também é muito claro,
  • 5:22 - 5:24
    é o caso dos disléxicos.
  • 5:24 - 5:27
    Sabem o que é a dislexia?
  • 5:27 - 5:29
    A dislexia é uma disfunção cerebral
  • 5:29 - 5:31
    na qual o cérebro é normal,
  • 5:31 - 5:36
    mas, ao ler, utiliza zonas que não são
    as que se usa normalmente,
  • 5:36 - 5:38
    então para eles é muito difícil ler.
  • 5:38 - 5:42
    Embora vocês não acreditem,
    quase um terço dos empreendedores
  • 5:42 - 5:47
    mais bem sucedidos no mundo,
    como políticos e intelectuais,
  • 5:47 - 5:49
    são disléxicos.
  • 5:49 - 5:53
    Um terço, muito mais
    que a média da sociedade.
  • 5:54 - 5:59
    E, justamente, porque a dislexia
    não lhes permite ler,
  • 5:59 - 6:01
    aprofundaram sua capacidade de escutar.
  • 6:01 - 6:04
    Para poderem memorizar o que ouvem,
  • 6:04 - 6:06
    para serem mais influentes
    e melhores negociadores.
  • 6:06 - 6:09
    E isso acabou melhorando-os
    de outras formas.
  • 6:09 - 6:12
    É claro que perguntaram aos disléxicos:
  • 6:12 - 6:14
    "Gostariam que seu filho fosse disléxico?"
  • 6:14 - 6:17
    "Mas nem pensar! Ser disléxico
    é uma incapacidade terrível.
  • 6:17 - 6:20
    Muita gente que não está neste terço,
  • 6:20 - 6:24
    que também são disléxicos
    e não passaram bons momentos".
  • 6:24 - 6:29
    Até que ponto as pessoas não fizeram
    uma vantagem dessa desvantagem?
  • 6:30 - 6:32
    Inclusive, há um caso muito mais extremo:
  • 6:32 - 6:35
    um estudo feito em 700 pessoas
  • 6:35 - 6:38
    que têm duas ou três páginas
    em um livro de história.
  • 6:38 - 6:40
    Políticos, primeiros-ministros;
  • 6:40 - 6:42
    de Homero a Kennedy.
  • 6:43 - 6:45
    Descobriu-se que 45% dessas pessoas
  • 6:45 - 6:49
    perderam um dos seus pais
    quando tinham menos de 20 anos.
  • 6:49 - 6:50
    E mais:
  • 6:50 - 6:57
    quase 70% dos primeiros-ministros
    da Grã-Bretanha
  • 6:57 - 7:01
    perderam um dos pais
    quando tinham menos de 16 anos.
  • 7:02 - 7:05
    Uma taxa semelhante é o caso
    dos presidentes norte-americanos.
  • 7:06 - 7:09
    É muito maior que a média da sociedade.
  • 7:09 - 7:11
    Claro que também tem o outro lado:
  • 7:11 - 7:18
    as pessoas presas em uma penitenciária
    têm duas ou três vezes mais probabilidades
  • 7:18 - 7:21
    de terem perdido um dos pais
    quando tinham menos de 16 anos.
  • 7:21 - 7:23
    Temos os dois casos;
  • 7:23 - 7:25
    mas observem como em um dos casos
  • 7:25 - 7:27
    essa desvantagem acabou fortalecendo-os,
  • 7:27 - 7:31
    acabou potencializando-os,
    e, no outro caso, acabou afundando-os.
  • 7:31 - 7:36
    Claro que não podemos dizer
    que perder um dos pais quando menor...
  • 7:36 - 7:41
    sempre é terrível, mas sendo
    menor é mais traumático...
  • 7:41 - 7:44
    que não seja o mais horrível
    que pode acontecer a alguém.
  • 7:44 - 7:48
    Apenas dou um exemplo
    de como um caso tão traumático
  • 7:48 - 7:50
    pode ser convertido em algo
    que nos fortalece tanto.
  • 7:51 - 7:55
    Inclusive, na psicologia há o que é
    chamado "crescimento pós-traumático",
  • 7:55 - 7:57
    que é crescer diante de um trauma.
  • 7:57 - 8:00
    Ou também a resiliência,
    que é diferente da resistência,
  • 8:00 - 8:03
    que é poder resistir
    a um trauma ou a um golpe,
  • 8:03 - 8:07
    enquanto que a resiliência é
    resistir e crescer no processo.
  • 8:08 - 8:11
    Por outro lado, temos
    as vantagens indesejáveis.
  • 8:12 - 8:15
    Enquanto, por um lado
    temos os golpes externos
  • 8:15 - 8:17
    que normalmente chamamos desvantagens,
  • 8:17 - 8:20
    ainda que, na realidade,
    algumas desvantagens são desejáveis,
  • 8:20 - 8:23
    por outro lado, temos
    vantagens indesejáveis,
  • 8:23 - 8:25
    como estar na zona
    de conforto, por exemplo.
  • 8:25 - 8:29
    Quem aqui não gostaria de ser
    megamilionário, ter muito dinheiro?
  • 8:29 - 8:31
    A maioria, certo?
  • 8:31 - 8:37
    Bom, na verdade, estudos mostram
    que a relação entre felicidade e riqueza
  • 8:37 - 8:41
    têm uma relação direta
    até os US$ 80 mil a US$ 90 mil por ano.
  • 8:42 - 8:44
    Assim que supera esse nível,
  • 8:44 - 8:48
    a curva de crescimento
    da felicidade começa a cair,
  • 8:48 - 8:51
    até o ponto onde sua inclinação
    torna-se negativa.
  • 8:51 - 8:55
    Ou seja: mais riqueza acaba
    prejudicando a felicidade.
  • 8:55 - 8:57
    Vocês dirão: "Como isso pode acontecer?"
  • 8:57 - 8:58
    Sim, acontece.
  • 8:59 - 9:02
    Mesmo que não acreditem, a grande
    maioria dos milionários do mundo
  • 9:02 - 9:04
    são milionários pela primeira vez.
  • 9:04 - 9:08
    Ou seja, eles não herdaram
    sua fortuna, mas a fizeram.
  • 9:08 - 9:13
    Essas pessoas vêm de um lar onde
    tinham que cuidar da luz, dos recursos,
  • 9:13 - 9:17
    onde tinham necessidades, tinham
    que quebrar a alma para avançar.
  • 9:17 - 9:20
    Isso acabou os transformando
    nas pessoas que são hoje.
  • 9:20 - 9:22
    Agora, como essas pessoas
    são com seus filhos?
  • 9:22 - 9:24
    Eles já são milionários,
  • 9:24 - 9:27
    como pedir aos filhos para que cuidem
    das coisas, que as ganhem?
  • 9:28 - 9:30
    Como pedir ao filho que vá
    ao colégio caminhando,
  • 9:30 - 9:33
    se você tem uma Maserati
    e dois Porsches na garagem?
  • 9:33 - 9:34
    É muito difícil.
  • 9:34 - 9:40
    São essas coisas que acabam
    tornando-se em desvantagens.
  • 9:40 - 9:43
    Quando se pensa que certas
    vantagens que se tem,
  • 9:43 - 9:46
    como, por exemplo, estar
    em um trabalho seguro, tranquilo,
  • 9:46 - 9:48
    sem incertezas e volatilidade,
  • 9:48 - 9:50
    até que ponto isso não prejudica você?
  • 9:51 - 9:54
    Nassim Taleb, escritor de "O Cisne Negro",
  • 9:54 - 9:56
    um livro muito conhecido,
  • 9:56 - 9:59
    usa um termo que eu adoro,
    que é "antifragilidade".
  • 9:59 - 10:02
    Na verdade os seres humanos
    são antifrágeis.
  • 10:02 - 10:04
    O antifrágil não é o oposto do frágil.
  • 10:04 - 10:06
    O oposto de frágil é resistente.
  • 10:06 - 10:10
    O antifrágil é o que
    se beneficia da volatilidade.
  • 10:11 - 10:13
    Os seres humanos são antifrágeis.
  • 10:13 - 10:18
    Imaginem, se ficássemos
    em um quarto em perfeito estado,
  • 10:18 - 10:23
    muito confortável, deitados
    na cama, durante um mês.
  • 10:24 - 10:27
    Nossos músculos
    e organismo se atrofiariam,
  • 10:27 - 10:29
    acabaríamos prejudicados.
  • 10:29 - 10:32
    Então, tanto nosso sistema
    como nossa psique,
  • 10:32 - 10:35
    precisam de volatilidade e de incertezas
  • 10:35 - 10:37
    para se fortalecerem e crescerem.
  • 10:38 - 10:42
    Pelo menos eu não vi ninguém
    crescer em sua zona de conforto.
  • 10:42 - 10:46
    É extremamente difícil
    crescer na zona de conforto.
  • 10:46 - 10:50
    Quando temos uma desvantagem,
    como ser demitido,
  • 10:50 - 10:52
    até que ponto essa situação
  • 10:52 - 10:54
    não é uma oportunidade
    para começar algo novo,
  • 10:54 - 10:57
    para aprofundar seu currículo,
    para aprender mais?
  • 10:57 - 11:03
    Até que ponto ser deixado
    por sua mulher ou marido
  • 11:03 - 11:05
    não é uma oportunidade
    para conhecer pessoas novas
  • 11:05 - 11:07
    ou para estar mais seguro de si mesmo?
  • 11:07 - 11:11
    Até que ponto fraturar uma perna
  • 11:11 - 11:15
    não é uma vantagem
    para estar mais com sua família,
  • 11:15 - 11:17
    desfrutando de seus entes queridos?
  • 11:17 - 11:20
    Ou até que ponto quebrar o celular
  • 11:20 - 11:22
    ou ficar sem bateria
    não é uma oportunidade
  • 11:22 - 11:26
    para começar a ouvir mais
    a pessoa que está à sua frente?
  • 11:27 - 11:31
    Por outro lado, até que ponto
    ter um trabalho seguro,
  • 11:31 - 11:35
    estar em uma zona de conforto
    e de comodidade não prejudica você?
  • 11:36 - 11:38
    É muito difícil crescer
    dentro da zona de conforto.
  • 11:39 - 11:42
    Se olharmos as pessoas
  • 11:42 - 11:45
    que normalmente chegaram muito alto,
  • 11:45 - 11:48
    são pessoas que não só não estão
    na zona de conforto, mas a evitam.
  • 11:49 - 11:52
    É o clássico: "Mas olha
    aquele fulano, se já se fez,
  • 11:52 - 11:56
    como pode continuar nesse projeto
    ou começar este outro?"
  • 11:56 - 11:59
    Na verdade, essa pessoa
    chegou lá porque está acostumada
  • 11:59 - 12:02
    a não estar na zona de conforto;
    e agora ela também não quer cair.
  • 12:02 - 12:06
    Por mais que tenham alcançado o topo,
    ou o que vemos como sendo o topo,
  • 12:06 - 12:10
    ter todas as comodidades, também
    procuram não entrar na zona de conforto.
  • 12:10 - 12:12
    E, seguramente, os que vão dizer:
  • 12:12 - 12:18
    "Não saia da zona de conforto
    porque vai perder isso e aquilo..."
  • 12:18 - 12:22
    Listam tudo que você pode perder,
    mas nada do que pode ganhar.
  • 12:22 - 12:24
    São pessoas que estão na zona de conforto,
  • 12:24 - 12:27
    e não querem que você saia.
  • 12:27 - 12:32
    Vocês podem encontrar 10 mil motivos
    para não saírem da zona de conforto,
  • 12:32 - 12:37
    10 mil motivos para não empreenderem,
    para não começarem um projeto:
  • 12:37 - 12:40
    a família, os recursos,
    a falta de tempo...
  • 12:40 - 12:45
    Mas, na verdade, o que vai
    levá-los a sair da zona de conforto
  • 12:45 - 12:48
    é a emoção ou a motivação
    que os levam a fazê-lo.
  • 12:48 - 12:52
    É a emoção e a motivação
    que se transforma em ação.
  • 12:52 - 12:55
    Você pode ter mil ideias,
    mas escolherá uma,
  • 12:55 - 12:59
    e é nessa que você aplicará
    a emoção e a motivação.
  • 12:59 - 13:05
    Nos meus 29 anos de vida,
    aos 17 tive um dos mais desconfortáveis,
  • 13:05 - 13:08
    porque tive que escolher
    uma carreira para a vida toda,
  • 13:08 - 13:11
    sem nunca ter trabalhado.
  • 13:11 - 13:14
    Depois de me formar,
    comecei a trabalhar um ano;
  • 13:14 - 13:18
    estava em relação de dependência,
    e dizia: "Estou muito acomodado,
  • 13:18 - 13:19
    tenho que sair daqui".
  • 13:20 - 13:22
    Procurei uma motivação,
    uma emoção para sair dali.
  • 13:22 - 13:26
    Por isso, no TEDx anterior falei
    sobre ir "nos ombros de gigantes"
  • 13:26 - 13:28
    para ver melhor e mais longe.
  • 13:28 - 13:32
    Justamente porque procurei essa motivação,
    essa emoção que me permitiu sair.
  • 13:32 - 13:37
    Me motivei, tratei de me emocionar
    e me vincular com a história de meus pais,
  • 13:37 - 13:39
    de Gandhi, de Steve Jobs,
  • 13:39 - 13:41
    ou de qualquer um que pudesse idolatrar,
  • 13:41 - 13:44
    para gerar em mim essa motivação
    e emoção necessárias.
  • 13:44 - 13:46
    E então, comecei muitos projetos.
  • 13:46 - 13:48
    Até o momento criei três empresas;
  • 13:48 - 13:52
    as empresas anteriores, algumas foram
    mais ou menos, outras foram mal,
  • 13:52 - 13:55
    em alguns projetos fracassei,
    em outros fui mais ou menos.
  • 13:55 - 13:58
    Até que a Gi Bike
    foi o projeto que decolou,
  • 13:58 - 14:03
    ficou conhecido globalmente
    e começa a caminhar bem.
  • 14:04 - 14:09
    Agora, chegaria à Gi Bike
    se antes não tivesse fracassado,
  • 14:09 - 14:12
    se não tivesse saído da zona de conforto
    quatro ou cinco anos antes?
  • 14:13 - 14:16
    Tenho certeza que não.
  • 14:16 - 14:19
    Cito a Gi Bike e o trabalho,
  • 14:19 - 14:23
    porque o trabalho é uma das coisas
    que mais tempo nos consome.
  • 14:23 - 14:27
    Das 24 horas do dia,
  • 14:27 - 14:29
    dormimos 8, nos sobram 16;
  • 14:29 - 14:34
    dessas 16, usamos 4
    para comer e fazer a higiene,
  • 14:34 - 14:39
    e das 12 restantes, usamos 2
    para entretenimento ou para locomoção.
  • 14:39 - 14:42
    Nos restam 10 horas,
    que usamos para trabalhar.
  • 14:42 - 14:47
    Ou seja: mais da metade do tempo
    que estamos acordados, trabalhamos.
  • 14:49 - 14:52
    Não é pouco; e o tempo
    é nosso recurso mais escasso.
  • 14:52 - 14:55
    É a única coisa com que toda
    humanidade concorda.
  • 14:55 - 14:58
    Independente da religião,
    ideias, nacionalidade,
  • 14:58 - 15:01
    todos temos certeza
    de que ninguém vive infinitamente;
  • 15:01 - 15:05
    todos temos um tempo muito curto
    e devemos aproveitá-lo.
  • 15:05 - 15:08
    E, ainda mais, se a maioria
    desse tempo usamos para trabalhar,
  • 15:08 - 15:12
    até que ponto esse trabalho
    não leva você à zona de conforto?
  • 15:14 - 15:17
    Não utilizemos nosso recurso
    mais escasso com o que outros querem,
  • 15:17 - 15:20
    com o que outros nos impõem,
    o que outros nos recomendam;
  • 15:20 - 15:22
    tratemos de encontrá-lo por nós mesmos.
  • 15:22 - 15:24
    Ninguém quer chegar aos 70 anos,
  • 15:24 - 15:28
    lamentando-se por ter ficado
    3 horas por dia em um carro.
  • 15:28 - 15:34
    Ninguém quer queixar-se,
    aos 70 anos, de ter ficado 20 anos
  • 15:34 - 15:37
    ao lado de uma pessoa
    que não ama ou cuida de você.
  • 15:38 - 15:40
    Então, o que excita você?
  • 15:40 - 15:42
    O que você faz com seu tempo?
  • 15:42 - 15:46
    Talvez responder a essas perguntas
    não vá mudar o mundo,
  • 15:46 - 15:49
    mas, com certeza, vai mudar o seu mundo;
  • 15:49 - 15:53
    e esse é o primeiro passo,
    e, muitas vezes, o mais importante.
  • 15:54 - 15:55
    Obrigado.
  • 15:55 - 15:58
    (Aplausos)
Title:
Em que zona você está? | Lucas Toledo | TEDxEldorado
Description:

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

Sair da zona de conforto. O que emociona e o que motiva você? Talvez você não consiga mudar o mundo, mas você vai mudar seu mundo. Vai arriscar-se para conseguir algo melhor. Tomar decisões.

Lucas Toledo é licenciado em Economia e empreendedor nato. Depois de trabalhar como consultor na iniciativa privada fundou a Numixa, uma consultoria de estudos econômicos e financeiros dedicados a assessorar as PME e algumas grandes empresas como o Banco Interamericano de Desenvolvimento e o Banco Mundial. Sua primeira incursão no âmbito tecnológico foi com a Potencia Pyme, uma plataforma financeira onde as empresas podiam encontrar a oferta de crédito do país e gerenciar financiamentos. Sua segunda incursão em tecnologia surgiu como resultado de uma paralisação do transporte em Córdoba que fez com que ele se desse conta do pouco que a bicicleta era explorada como meio para deslocar-se na cidade; descobriu que os motivos eram diversos e, para resolvê-los, idealizou Gi Bike, um novo conceito de bicicleta que otimiza seus benefícios. Desde seu lançamento, a Gi Bike teve um grande impacto em todo o mundo e, desde janeiro de 2015, avança na produção em massa do produto para começar sua comercialização global.

more » « less
Video Language:
Spanish
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
16:09

Portuguese, Brazilian subtitles

Revisions