Melinda French Gates: O que organizações sem fins lucrativos podem aprender com a Coca-Cola
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0:00 - 0:02Uma das minhas funções favoritas
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0:02 - 0:04na Gates Foundation
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0:04 - 0:06é a oportunidade de viajar regularmente pelo mundo em desenvolvimento,
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0:06 - 0:08o que faço com bastante regularidade.
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0:08 - 0:10E quando conheço mães
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0:10 - 0:12em tantos destes lugares remotos,
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0:12 - 0:14fico realmente impressionada
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0:14 - 0:16com o quanto temos em comum.
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0:16 - 0:19Elas querem o mesmo que nós queremos para os nossos filhos,
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0:19 - 0:22que eles cresçam bem,
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0:22 - 0:25que sejam saudáveis, e que tenham uma vida de sucesso.
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0:25 - 0:28Mas vejo também muita pobreza,
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0:28 - 0:31o que é muito chocante,
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0:31 - 0:33tanto pela escala como pela extensão.
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0:33 - 0:36Na minha primeira visita à Índia, fui acolhida numa casa
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0:36 - 0:38com o chão sujo, sem água corrente,
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0:38 - 0:40sem electricidade,
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0:40 - 0:43e isso é realmente o que tenho visto por todo o mundo.
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0:43 - 0:46Resumindo, fico espantada com tudo
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0:46 - 0:49o que eles não têm.
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0:49 - 0:52Mas fico surpreendida com uma coisa que eles, sim, têm:
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0:53 - 0:55Coca-Cola.
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0:55 - 0:57A Coca-Cola está em todo o lado.
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0:57 - 0:59Na verdade, quando viajo pelo mundo em desenvolvimento,
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0:59 - 1:01a Coca-Cola parece-me omnipresente.
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1:01 - 1:03Daí que, quando regresso dessas viagens,
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1:03 - 1:05e penso no desenvolvimento,
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1:05 - 1:07e estou a voltar para casa, e a pensar,
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1:07 - 1:10"Estamos a tentar fazer chegar preservativos e vacinas,"
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1:10 - 1:13e o sucesso da Coca-Cola faz-nos parar e pensar:
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1:13 - 1:15como é que conseguem levar a Coca-Cola
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1:15 - 1:17a esses lugares tão recônditos?
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1:17 - 1:19Se isso é possivel,
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1:19 - 1:22porque é que os governos e ONGs não fazem o mesmo?
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1:22 - 1:25E não sou a primeira pessoa a interrogar-se.
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1:25 - 1:27Mas penso que, como comunidade,
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1:27 - 1:30ainda temos muito a aprender.
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1:30 - 1:32É espantoso, se pensarem na Coca-Cola.
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1:32 - 1:35Eles vendem 1.5 mil milhões de unidades
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1:35 - 1:38diariamente.
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1:38 - 1:40É como se cada homem, mulher e criança no planeta
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1:40 - 1:43bebesse uma Coca-Cola por semana.
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1:43 - 1:46Então, porque é isto importante?
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1:46 - 1:49Bom, se pretendermos acelerar o progresso
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1:49 - 1:51e avançar mais rapidamente
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1:51 - 1:54no cumprimento dos objectivos estipulados internacionalmente no Millennium Development Goals,
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1:54 - 1:56temos de aprender com os inovadores,
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1:56 - 1:58e esses inovadores
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1:58 - 2:01provêm de todos os sectores.
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2:01 - 2:03Julgo que, se conseguirmos compreender
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2:03 - 2:06o que torna algo como a Coca-Cola ominipresente,
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2:06 - 2:09então poderemos aplicar essas lições ao bem comum.
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2:11 - 2:13O sucesso da Coca-Cola é relevante,
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2:13 - 2:16porque se o conseguirmos analisar, aprender com ele,
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2:16 - 2:18então, podemos salvar vidas.
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2:18 - 2:21Esta é a razão que me levou a estudar a Coca-Cola.
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2:22 - 2:24E penso que há realmente 3 ensinamentos
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2:24 - 2:26que podemos retirar da Coca-Cola.
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2:26 - 2:28Eles obtêm dados em tempo real
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2:28 - 2:31e introduzem-nos imediatamente no produto.
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2:31 - 2:34Contactam talentos empreendedores locais,
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2:34 - 2:37e fazem um marketing incrível.
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2:37 - 2:40Comecemos então pelos dados.
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2:40 - 2:42A Coca-Cola tem um objectivo muito claro.
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2:42 - 2:45Eles reportam a um grupo de investidores. Têm de apresentar lucro.
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2:45 - 2:47Analisam a informação,
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2:47 - 2:49e usam-na para medir o seu progresso.
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2:49 - 2:51Possuem um ciclo contínuo de avaliação de feedback.
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2:51 - 2:53Aprendem algo, aplicam-no no produto,
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2:53 - 2:55devolvem-no ao mercado.
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2:55 - 2:57Têm uma equipa de nome "Conhecimento e Percepção."
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2:57 - 2:59É semelhante a outras empresas de bens de consumo.
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2:59 - 3:01Se gerem a Coca-Cola na Namíbia,
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3:01 - 3:03e possuem 107 distritos,
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3:03 - 3:06sabem onde cada lata e garrafa
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3:06 - 3:08de Sprite, Fanta ou Coca-Cola foi vendida,
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3:08 - 3:10se foi numa loja de esquina,
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3:10 - 3:12num supermercado ou carrinho.
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3:12 - 3:14Assim, se as vendas começam a cair,
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3:14 - 3:16consegue-se identificar o problema
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3:16 - 3:18e dar-lhe resposta.
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3:19 - 3:22Vamos então comparar com o desenvolvimento.
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3:23 - 3:26No desenvolvimento, a avaliação ocorre
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3:26 - 3:29no final do projecto.
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3:29 - 3:31Estive presente em muitas dessas reuniões.
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3:31 - 3:33E nessa fase,
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3:33 - 3:36é já tarde demais para usar os dados.
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3:36 - 3:38Alguém de uma ONG
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3:38 - 3:40descreveu-me isso como jogar bowling no escuro.
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3:40 - 3:43Dizia-me,"Atiras a bola, ouves alguns pinos a caírem.
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3:43 - 3:46É escuro, não consegues ver quais deles cairam até se ligarem as luzes,
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3:46 - 3:49e aí consegues ver o teu impacto."
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3:49 - 3:51Dados em tempo real
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3:51 - 3:54acendem as luzes.
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3:55 - 3:57Então, qual é a segunda coisa em que a Coca-Cola é boa?
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3:57 - 3:59São bons em estabelecer ligações com
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3:59 - 4:01talentos empreendedores locais.
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4:01 - 4:03A Coca-Cola está em África desde 1928,
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4:03 - 4:06mas durante muito tempo não conseguiam penetrar em mercados distantes,
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4:06 - 4:09porque o seu sistema era muito semelhante ao do mundo desenvolvido,
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4:09 - 4:12usando um grande camião a descer a rua.
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4:12 - 4:14E em África, em lugares remotos,
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4:14 - 4:16é difícil encontrar uma boa estrada.
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4:16 - 4:18Mas a Coca-Cola apercebeu-se de uma coisa.
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4:18 - 4:21Apercebeu-se de que as populações locais pegavam no produto, compravam-no em largas quantidades
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4:21 - 4:24e revendiam-no nesses lugares de difícil acesso.
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4:25 - 4:27Demoraram algum tempo a aprender acerca disso.
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4:27 - 4:29E em 1990 decidiram
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4:29 - 4:31começar a dar formação aos empreendedores locais,
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4:31 - 4:33e atribuir-lhes pequenos empréstimos.
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4:33 - 4:36Tornaram-nos naquilo a que chamaram centros de micro-distribuição.
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4:36 - 4:39Por sua vez, os empreendedores locais contratam vendedores,
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4:39 - 4:42que vão com bicicletas, carrinhos de compras e carrinhos de mão
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4:42 - 4:44vender o produto.
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4:44 - 4:46Existem hoje cerca de 3000 centros destes
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4:46 - 4:49empregando cerca de 15 000 pessoas em África.
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4:50 - 4:52Na Tanzânia e no Uganda,
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4:52 - 4:54representam 90 %
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4:54 - 4:56das vendas da Coca-Cola.
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4:58 - 5:00Olhemos para a perspectiva do desenvolvimento.
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5:00 - 5:02O que podem os governos e ONGs
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5:02 - 5:04aprender com a Coca-Cola?
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5:04 - 5:06Os governos e ONGs
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5:06 - 5:09também necessitam de contactar o talento empreendedor local,
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5:09 - 5:11porque estes sabem como chegar
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5:11 - 5:14aos lugares de mais difícil acesso, aos seus vizinhos,
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5:14 - 5:17e sabem o que os motiva a mudar.
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5:18 - 5:20Penso que um grande exemplo disto
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5:20 - 5:23é o novo programa de expansão de saúde da Etiópia.
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5:23 - 5:25O governo percebeu que na Etiópia
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5:25 - 5:28muitas pessoas se encontravam tão longe de uma clínica de saúde,
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5:28 - 5:31que demoravam mais de um dia a lá chegar.
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5:31 - 5:34Assim, se houvesse uma emergência ou um parto iminente,
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5:34 - 5:37o melhor seria esquecer chegar a um centro de saúde.
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5:37 - 5:39Decidiram que isso não era aceitável,
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5:39 - 5:41e foram à Índia estudar o estado de Kerala
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5:41 - 5:43que também possuia um sistema semelhante a este,
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5:43 - 5:45e adaptaram-no à Etiópia.
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5:45 - 5:47Em 2003, o governo da Etiópia
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5:47 - 5:50iniciou este novo sistema no seu próprio país.
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5:50 - 5:53Formaram 35 000 funcionários de cuidados de saúde ampliados
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5:53 - 5:56para tratarem directamente das pessoas.
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5:56 - 5:58Em apenas 5 anos,
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5:58 - 6:02o seu rácio escalou de um funcionário por cada 30 000 pacientes
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6:02 - 6:05para um funcionário por cada 2 500.
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6:07 - 6:09Agora, pensem em
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6:09 - 6:12como isto pode mudar a vida das pessoas.
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6:12 - 6:15Os funcionários de saúde ampliada podem ajudar em tantas coisas,
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6:15 - 6:18seja no planeamento familiar, cuidados pré-natais,
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6:18 - 6:20imunizações infantis,
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6:20 - 6:23ou aconselhamento a mulheres para chegarem às instalações a tempo
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6:23 - 6:25do parto.
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6:26 - 6:28Isso está a ter um impacto real
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6:28 - 6:30num país como a Etiópia,
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6:30 - 6:33e é por isso que os números de mortalidade infantil
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6:33 - 6:35desceram 25 %
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6:35 - 6:38de 2000 a 2008.
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6:38 - 6:41Na Etiópia, há centenas de milhares de crianças vivas
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6:41 - 6:44devido a este programa de expansão de saúde.
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6:45 - 6:47Então qual será o próximo passo para a Etiópia?
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6:47 - 6:49Bem, já se começou a falar sobre isso.
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6:49 - 6:52Começaram a perguntar, "Como conseguiram que a comunidade de funcionários de saúde
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6:52 - 6:54criassem as suas próprias ideias?
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6:54 - 6:56Como os incentivam com base no impacto que estão a ter
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6:56 - 6:59nessas aldeias remotas?
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6:59 - 7:02É assim que se chega ao talento empreendedor local
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7:02 - 7:05e se desperta o seu potencial.
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7:07 - 7:09O terceiro componente do sucesso da Coca-Cola
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7:09 - 7:11é o marketing.
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7:11 - 7:13Em última instância, o sucesso da Coca-Cola
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7:13 - 7:15depende de um factor crucial,
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7:15 - 7:17que é o facto de as pessoas quererem
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7:17 - 7:19uma Coca-Cola.
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7:19 - 7:21Agora, a razão destes micro-empreendedores
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7:21 - 7:23conseguirem vender e lucrar
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7:23 - 7:26é que eles têm de vender todas as garrafas dos seus carrinhos.
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7:26 - 7:29Daí que eles confiem na Coca-Cola
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7:29 - 7:31para o seu marketing.
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7:31 - 7:34E qual é o segredo do seu marketing?
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7:34 - 7:36Bem, é estimulante.
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7:36 - 7:38Associam o produto
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7:38 - 7:41a um estilo de vida a que as populações aspiram.
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7:41 - 7:43Assim, apesar de ser uma empresa global,
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7:43 - 7:46assumem uma abordagem muito local.
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7:46 - 7:48O seu slogan global
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7:48 - 7:50é "Felicidade Aberta"
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7:50 - 7:52Mas contextualizam-na localmente.
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7:52 - 7:54E não se limitam a adivinhar o que faz as pessoas felizes.
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7:54 - 7:56Eles vão a locais como a América Latina,
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7:56 - 7:58e apercebem-se de que lá a felicidade
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7:58 - 8:00está associada à vida familiar.
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8:00 - 8:02E de que na África do Sul,
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8:02 - 8:04se associa felicidade
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8:04 - 8:07ao respeito da comunidade.
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8:08 - 8:11Recentemente isso foi demonstrado na campanha para o Campeonato do Mundo.
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8:11 - 8:13Vamos ouvir esta música que a Coca-Cola criou para o evento,
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8:13 - 8:16"Wavin' Flag" ("Agitando a bandeira"), por um artista hip hop da Somália.
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8:17 - 8:20K'Naan: ♫ Oh oh oh oh oh o-oh ♫
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8:20 - 8:24♫ Oh oh oh oh oh oh oh oh oh oh ♫
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8:24 - 8:26♫ Oh oh oh oh oh o-oh ♫
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8:26 - 8:30♫ Oh oh oh oh oh oh oh oh o-oh ♫
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8:30 - 8:33♫ Liberta-te, dá-te fogo ♫
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8:33 - 8:36♫ Dá-te motivo, leva-te mais alto♫
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8:36 - 8:39♫ Vê agora os campeões a irem para o campo♫
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8:39 - 8:43Vocês definem-nos, dão-nos orgulho♫
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8:43 - 8:46♫ Nas ruas as nossas cabeças erguem-se ♫
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8:46 - 8:49♫À medida que perdemos as nossas inibições♫
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8:49 - 8:52♪Celebração, está por toda a parte♫
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8:52 - 8:55♫ Todas as nações à nossa volta♫
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8:56 - 8:58Sabe bem, não sabe?
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8:58 - 9:00Bem, eles não ficaram por aqui.
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9:00 - 9:02Adaptaram-na em 18 línguas diferentes.
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9:02 - 9:04E chegou a número um nos tops de música pop
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9:04 - 9:07em 17 países.
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9:07 - 9:10Faz-me lembrar uma música da minha infância,
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9:10 - 9:13"I'd Like to Teach the World to Sing," ("Gostaria de ensinar o mundo a cantar"),
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9:13 - 9:16que também chegou a número um do top.
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9:16 - 9:19Ambas as músicas têm algo em comum:
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9:19 - 9:21o mesmo apelo
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9:21 - 9:24à celebração e união.
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9:25 - 9:28Então como se comercializa saúde e desenvolvimento?
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9:28 - 9:31Bem, baseando-se em evasão,
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9:31 - 9:33não em aspirações.
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9:33 - 9:35Estou certa de que já ouviram algumas destas mensagens.
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9:35 - 9:38"Usa preservativo, não apanhes SIDA."
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9:38 - 9:41"Lava as mãos, evita a diarreia."
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9:41 - 9:44Não se parece nada com "Wavin' Flag" ("Agitando a bandeira")
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9:46 - 9:48E penso que cometemos um erro fundamental,
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9:48 - 9:50assumimos,
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9:50 - 9:52pensamos que, se as pessoas necessitam de alguma coisa,
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9:52 - 9:55não é preciso fazê-las quererem-na.
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9:55 - 9:57E julgo que isso é um erro.
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9:57 - 10:00Há alguns indícios por todo o mundo de que isto está a começar a mudar.
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10:00 - 10:03Um exemplo é o saneamento.
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10:03 - 10:05Sabemos que um milhão e meio de crianças
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10:05 - 10:07morre de diarreia por ano,
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10:07 - 10:10muito por causa da defecação ao ar livre.
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10:10 - 10:13Mas há uma solução: construir uma instalação sanitária.
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10:13 - 10:16Mas o que encontramos cada vez mais no mundo
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10:16 - 10:19é que, se construirmos uma instalação sanitária e a deixarmos lá,
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10:19 - 10:21não é usada.
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10:21 - 10:23A população reutiliza-a como despensa.
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10:23 - 10:25Por vezes armazenam grão lá dentro.
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10:25 - 10:27Cheguei a assistir ao seu uso como galinheiro.
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10:27 - 10:29(Risos)
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10:29 - 10:31Mas o que integra realmente o marketing
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10:31 - 10:34que faria com que a solução do saneamento tivesse resultado sobre a diarreia?
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10:34 - 10:36Bem, vocês trabalham com a comunidade.
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10:36 - 10:38Falam com eles sobre o porquê de a defecação ao ar livre
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10:38 - 10:40não dever ser feita na aldeia,
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10:40 - 10:42e eles concordam.
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10:42 - 10:45Então vocês posicionam a instalação sanitária
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10:45 - 10:48como algo moderno e inovador.
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10:48 - 10:50Um estado no Norte da Índia chegou ao ponto de
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10:50 - 10:53associar as instalações sanitárias ao enamoramento.
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10:53 - 10:56E resultou. Vejam estas manchetes.
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10:56 - 11:00(Risos)
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11:00 - 11:02Não estou a brincar.
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11:02 - 11:04As mulheres recusam-se a casar com homens que não tenham instalações sanitárias.
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11:04 - 11:07Sem sanitário não há casório.
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11:07 - 11:09(Risos)
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11:09 - 11:12Bem, não se trata apenas de uma manchete divertida.
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11:12 - 11:15É inovadora. É uma campanha de marketing inovadora.
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11:15 - 11:17Mas, mais importante ainda,
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11:17 - 11:19salva vidas.
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11:20 - 11:22Observem.
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11:22 - 11:24Esta é uma sala cheia de homens jovens
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11:24 - 11:26e o meu marido, Bill.
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11:26 - 11:29Conseguem adivinhar o que espera estes jovens?
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11:30 - 11:33Estão à espera da circuncisão.
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11:33 - 11:35Acreditam?
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11:35 - 11:38Sabemos que a circuncisão reduz a infecção HIV
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11:38 - 11:40até 60 por cento nos homens.
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11:40 - 11:43E quando ouvimos pela primeira vez este resultado na Fundação,
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11:43 - 11:45tenho de admitir, o Bill e eu coçámos um pouco a cabeça,
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11:45 - 11:48e interrogámo-nos. " Mas quem se vai voluntariar para isto?"
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11:48 - 11:50Mas afinal os homens fazem-no,
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11:50 - 11:52porque ouvem das suas namoradas
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11:52 - 11:54que elas o preferem assim,
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11:54 - 11:57e também acreditam que isso lhes melhora a sua vida sexual.
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11:58 - 12:01Assim, se conseguirmos compreender
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12:01 - 12:03o que as pessoas realmente querem
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12:03 - 12:05na saúde e desenvolvimento,
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12:05 - 12:07conseguimos mudar comunidades
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12:07 - 12:10e nações inteiras.
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12:11 - 12:14Porque é isto tão importante?
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12:14 - 12:17Falemos do que acontece quando tudo conflui,
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12:17 - 12:19quando se juntam as três componentes.
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12:19 - 12:22A pólio, julgo, é um dos exemplos mais poderosos.
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12:23 - 12:27Assistimos a uma redução de 99 por cento da pólio em 20 anos.
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12:27 - 12:29Se regressarmos a 1988,
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12:29 - 12:32houve cerca de 350 000 casos de polio
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12:32 - 12:34no planeta nesse ano.
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12:34 - 12:37Em 2009, descemos para 1600 casos.
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12:37 - 12:40Como é que isto aconteceu?
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12:40 - 12:42Olhemos para um país como a Índia.
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12:42 - 12:45Há mais de mil milhões de pessoas neste país,
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12:45 - 12:48mas têm 35 000 médicos locais
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12:48 - 12:50que relatam paralisia,
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12:50 - 12:53e clínicos, um grande sistema de informação em farmacêutica.
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12:53 - 12:56Têm 2 milhões e meio de vacinadores.
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12:57 - 12:59Mas deixem-me esclarecer-vos um pouco mais.
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12:59 - 13:01Deixem-me contar-vos a história de Shriram,
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13:01 - 13:03um menino de 18 meses em Bihar,
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13:03 - 13:05um estado no norte da Índia.
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13:05 - 13:08Este ano, a 8 de Agosto, sentiu uma paralisia,
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13:08 - 13:11e no dia 13 os seus pais levaram-no ao médico.
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13:12 - 13:14A 14 e 15 de Agosto, retiraram uma análise de fezes,
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13:14 - 13:16e a 25 de Agosto,
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13:16 - 13:19confirmou-se que tinha pólio tipo 1.
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13:19 - 13:22A 30 de Agosto foi feito um teste genético,
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13:22 - 13:25e soubemos que estirpe de pólio tinha o Shriram.
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13:25 - 13:27Poderia provir de 2 lugares.
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13:27 - 13:30Do Nepal, ao Norte, através da fronteira,
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13:30 - 13:33ou de Jharkhand, um estado ao Sul.
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13:33 - 13:36Felizmente, o teste genético provou
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13:36 - 13:38que, na realidade, esta estirpe veio do Norte,
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13:38 - 13:40porque, se viesse do Sul,
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13:40 - 13:42teria tido um impacto muito maior em termos de transmissão.
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13:42 - 13:44Muitas mais pessoas teriam sido afectadas.
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13:44 - 13:46Então qual é o desenlace?
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13:46 - 13:49Bem, a 4 de Setembro, houve uma grande campanha de erradicação,
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13:49 - 13:51que é o que se faz em casos de pólio.
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13:51 - 13:53Deslocaram-se à zona onde vive o Shriram,
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13:53 - 13:55e vacinaram 2 milhões de pessoas.
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13:55 - 13:57Em menos de um mês,
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13:57 - 13:59passámos de um caso de paralisia
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13:59 - 14:02para um programa de vacinação direcionada.
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14:02 - 14:05E é com satisfação que digo que apenas uma pessoa naquela zona apanhou pólio.
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14:05 - 14:07É assim que se evita
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14:07 - 14:09que um grande surto se espalhe,
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14:09 - 14:11e demonstra-se o que pode acontecer
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14:11 - 14:14quando a população local possui informação nas suas mãos;
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14:14 - 14:17elas podem salvar vidas.
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14:17 - 14:20Um dos desafios actuais na pólio é, ainda, o marketing,
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14:20 - 14:22mas pode não ser o que vocês estão a pensar.
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14:22 - 14:24Não é o marketing no terreno.
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14:24 - 14:26Não é o dizer aos pais,
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14:26 - 14:28"Se verificarem paralisia, levem o vosso filho ao médico
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14:28 - 14:30ou à vacina."
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14:30 - 14:33Temos um problema de marketing na comunidade de doadores.
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14:33 - 14:35As nações do G8 têm sido incrivelmente generosas na pólio
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14:35 - 14:37nos últimos 20 anos,
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14:37 - 14:40mas começamos a assistir a algo chamado cansaço de pólio
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14:40 - 14:42e isto é o facto de as nações doadoras
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14:42 - 14:44não mais estarem dispostas a financiar a luta contra a pólio.
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14:44 - 14:47No próximo verão, prevemos ficar sem fundos para a pólio.
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14:47 - 14:50Cumprimos 99 %
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14:50 - 14:52deste objectivo,
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14:52 - 14:55e estamos prestes a ficar sem dinheiro.
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14:55 - 14:58Penso que se o mercado fosse mais aspiracional,
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14:58 - 15:00se nos concentrássemos como comunidade
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15:00 - 15:02no quão longe já fomos
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15:02 - 15:04e em quão maravilhoso seria
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15:04 - 15:06erradicar esta doença,
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15:06 - 15:08poderíamos deixar para trás o cansaço
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15:08 - 15:10e a pólio.
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15:10 - 15:12Se pudéssemos fazer isso,
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15:12 - 15:14poderíamos deixar de vacinar toda a gente, em todo o mundo,
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15:14 - 15:17em todos os países, contra a pólio.
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15:17 - 15:19E seria apenas a segunda doença
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15:19 - 15:22a ser erradicada do planeta.
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15:22 - 15:24E estamos tão perto.
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15:24 - 15:27Esta vitória é possível.
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15:28 - 15:31Se os publicitários da Coca-Cola me abordassem
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15:31 - 15:34e me pedissem um definição de felicidade,
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15:35 - 15:37diria que a minha visão de felicidade
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15:37 - 15:40é a de uma mãe segurando um bebé saudável
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15:40 - 15:42no seus braços.
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15:42 - 15:45Para mim, essa é a felicidade profunda.
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15:47 - 15:50Se formos capazes de aprender dos inovadores de cada sector,
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15:50 - 15:53então no futuro que construimos juntos,
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15:53 - 15:55essa felicidade
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15:55 - 15:57pode ser tão omnipresente
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15:57 - 15:59como a Coca-Cola.
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15:59 - 16:01Obrigada.
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16:01 - 16:07(Aplausos)
- Title:
- Melinda French Gates: O que organizações sem fins lucrativos podem aprender com a Coca-Cola
- Speaker:
- Melinda Gates
- Description:
-
No TEDxChange, Melinda Gates lança uma provocação às organizações sem fins lucrativos para que se inspirem em empresas como a Coca-Cola, cuja rede global interactiva de publicitários e distribuidores assegura que qualquer aldeia remota queira - e consiga - uma Coca-Cola. Porque não estender essa rede a preservativos, cuidados sanitários e campanhas de vacinação?
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 16:08