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Comunicação em ambientes complexos | Luiz Fernando Dabul Garcia | TEDxSantos

  • 0:16 - 0:18
    Isso é propaganda enganosa.
  • 0:18 - 0:20
    Procon e CONAR.
  • 0:20 - 0:22
    Comece a usar isso.
  • 0:22 - 0:24
    Bom dia.
  • 0:24 - 0:28
    Quem aqui estudou Propaganda,
    Marketing, Administração?
  • 0:30 - 0:34
    Quem daqui atua com propaganda,
    marketing, administração?
  • 0:35 - 0:39
    Quem daqui é tocado todo dia
    por propaganda, marketing, administração?
  • 0:41 - 0:43
    Eu quero falar com vocês.
  • 0:43 - 0:45
    É essa a fala. É essa a conversa.
  • 0:48 - 0:50
    A gente costuma brincar
    com a história do novo e o de novo
  • 0:50 - 0:53
    porque, na maior parte das nossas
    atividades e profissões,
  • 0:53 - 0:58
    a gente costuma ter uma necessidade
    de inovação contínua.
  • 0:58 - 1:02
    E neste momento em particular, nós temos
    trabalhado muito forte em cima disso.
  • 1:02 - 1:06
    Há uma cobrança contínua
    de que nós inovemos.
  • 1:07 - 1:13
    Inovemos onde não está funcionando
    e inovemos onde está funcionando.
  • 1:13 - 1:18
    Inovemos em cima de coisas
    que efetivamente merecem ser inovadas
  • 1:18 - 1:22
    e inovemos em coisas
    que às vezes funcionam muito bem,
  • 1:22 - 1:24
    mas podiam funcionar melhor.
  • 1:24 - 1:27
    Então, eu brinco que a diferença
    entre o novo e o de novo, às vezes,
  • 1:27 - 1:29
    é só uma preposição.
  • 1:29 - 1:30
    A gente só vai trazer de volta.
  • 1:30 - 1:32
    A gente só vai resgatar.
  • 1:32 - 1:37
    E é sobre isso que a gente vai
    tentar passear nesses poucos minutos.
  • 1:37 - 1:40
    Eu acho que eu sou, daqui,
    o jovem há mais tempo.
  • 1:40 - 1:43
    Eu já estou com 3 vezes 20 anos.
  • 1:43 - 1:47
    O que já dá uma certa juventude
    de virar o odômetro
  • 1:47 - 1:50
    e começar a trabalhar em cima disso.
  • 1:50 - 1:54
    Sou publicitário há 36 pra 37 anos,
  • 1:54 - 1:57
    trabalhei com criação, trabalhei
    com planejamento muito tempo.
  • 1:57 - 2:00
    No meio do caminho tinha uma escola,
    fui trombado por ela,
  • 2:00 - 2:03
    eles não perceberam a besteira
    que fizeram, estou lá até hoje.
  • 2:03 - 2:05
    Não contem, porque senão eu saio.
  • 2:06 - 2:08
    E o empreguinho lá é bem razoável,
    então, eu vou ficando.
  • 2:09 - 2:11
    Eu já vi um monte de futuro acontecer.
  • 2:11 - 2:13
    Eu já sonhei com um monte de futuro.
  • 2:13 - 2:16
    E tem uma sacanagem incrível
    quando nos prometem um futuro.
  • 2:16 - 2:18
    É que ele sempre está longe.
  • 2:18 - 2:21
    Porque, quando ele acontece, não tem
    nada a ver com aquilo que sonhava.
  • 2:21 - 2:24
    Meu último futuro esperançoso
    era o ano 2000.
  • 2:24 - 2:30
    Eu esperei um ano 2000 onde tudo voasse,
    fosse sensacional, o céu mudasse de cor.
  • 2:30 - 2:34
    E foi propaganda enganosa, mais uma vez
    a gente acordou no dia seguinte.
  • 2:34 - 2:36
    Com as lógicas do dia seguinte.
  • 2:36 - 2:39
    Todo consultor de empresas
    adora contar uma historinha
  • 2:39 - 2:43
    sobre a água quente e a tartaruga.
  • 2:43 - 2:45
    É uma sacanagem
    com a tartaruga, mas enfim...
  • 2:45 - 2:47
    Não, desculpa, o sapo. O sapo.
  • 2:47 - 2:49
    Não é tartaruga. É o sapo. É pior ainda.
  • 2:49 - 2:53
    Dizem que se você alterar
    rapidamente a temperatura da água,
  • 2:53 - 2:54
    o sapo percebe e cai fora.
  • 2:54 - 2:57
    Mas se aumentar de meio grau em meio grau,
  • 2:57 - 2:59
    ele vai morrer de calor.
  • 2:59 - 3:01
    E não sai de lá.
  • 3:01 - 3:02
    Ele só fica desconfortável.
  • 3:02 - 3:05
    Ele não percebe que o ambiente mudou.
  • 3:05 - 3:07
    Uma das coisas que tem acontecido hoje,
  • 3:07 - 3:12
    é que a gente simultaneamente
    tem trabalhado com a temperatura variando
  • 3:12 - 3:15
    muito rápido ou de meio em meio grau.
  • 3:15 - 3:19
    E quase sempre a gente quebra
    a cara onde mexe o meio grau.
  • 3:19 - 3:21
    Não onde muda rápido.
  • 3:21 - 3:23
    Porque o rápido a gente percebe.
  • 3:23 - 3:25
    O meio grau é que é o problema.
  • 3:25 - 3:27
    Vamos falar um pouquinho disso.
  • 3:29 - 3:32
    A gente tinha o sonho de Shangri-lá.
  • 3:32 - 3:36
    Aquela coisa bonita, maravilhosa,
    esse futuro seria sempre harmônico,
  • 3:36 - 3:38
    um grande nirvana,
  • 3:38 - 3:41
    todo mundo viveria
    na Atlântida que existe em nós.
  • 3:41 - 3:45
    Mas nos deram o Blade Runner,
    nos deram outros finais,
  • 3:45 - 3:47
    estão nos dando o Black Mirror, OK?
  • 3:47 - 3:50
    Tem outros finais que nos assustam.
  • 3:50 - 3:52
    Ou que pelo menos nos desafiam.
  • 3:52 - 3:56
    Lá atrás, nos anos 80,
    aquele sujeito chamado Toffler
  • 3:56 - 3:58
    escreveu "O Choque do Futuro".
  • 3:58 - 3:59
    E na sequência, ele apontou
  • 3:59 - 4:03
    que essa mudança de temperatura
    ia pegar todo mundo.
  • 4:03 - 4:06
    Alguns em meio grau, alguns muito rápido.
  • 4:06 - 4:08
    Isso vem acontecendo,
  • 4:08 - 4:10
    e a gente vai trabalhando
    em cima de uma perspectiva.
  • 4:10 - 4:13
    Eu adoro muito este quadro
    pelo quadro em si,
  • 4:13 - 4:14
    não é pra ler, pelo amor de Deus.
  • 4:14 - 4:16
    Não cai na prova, não tem
    no xerox, fica tranquilo.
  • 4:16 - 4:18
    Mas, assim, o Daniel Egger,
  • 4:18 - 4:23
    um suíço que estava com a gente
    aqui no Brasil há um tempão, lá na escola,
  • 4:23 - 4:27
    que é um dos chamados futuristas,
    usa muito o nosso "hand chain".
  • 4:27 - 4:29
    E o que eu gosto disso aqui é a ideia.
  • 4:29 - 4:31
    Você está naquele ponto focal ali,
  • 4:31 - 4:36
    você está ali, metade no passado,
    metade no futuro, se chama presente.
  • 4:36 - 4:37
    E nesse contexto,
  • 4:37 - 4:42
    o que você consegue enxergar
    são essas trilhas prováveis de futuro.
  • 4:42 - 4:45
    E quase sempre você consegue enxergar
    as que são mais favoráveis a você,
  • 4:45 - 4:48
    aquelas que estão ali na tua frente.
  • 4:48 - 4:51
    E aí você vai tendo - você pode
    desenhar isso de qualquer maneira -
  • 4:51 - 4:53
    três grandes espaços.
  • 4:53 - 4:56
    Tem um futuro preferido,
    você luta pra chegar ali,
  • 4:56 - 4:59
    você sonha, ou pelo menos,
    você "deixa a vida me levar"
  • 4:59 - 5:01
    e quer apostar que é lá
    que ele vai acontecer.
  • 5:01 - 5:05
    Tem os futuros plausíveis:
    "Se a gente for por aqui, chega lá,
  • 5:05 - 5:08
    se a gente for por aqui, chega lá,
    se for por aqui, chega lá".
  • 5:08 - 5:12
    E tem um monte de futuros
    absolutamente impensados.
  • 5:12 - 5:15
    Quase sempre é esse que acontece.
  • 5:15 - 5:18
    E por que ele acontece
    e por que é impensado?
  • 5:18 - 5:22
    Porque a gente não consegue,
    muitas vezes, perceber algumas questões.
  • 5:22 - 5:23
    Vamos lá.
  • 5:23 - 5:24
    Então, a primeira delas.
  • 5:24 - 5:27
    De quando em quando a gente é assolado,
  • 5:27 - 5:29
    essa é a notícia
    mais [recente] de pensadores,
  • 5:29 - 5:33
    de que já deu nessa terrinha,
    esse planetinha está no limite.
  • 5:33 - 5:36
    A última foi do Stephen Hawking.
  • 5:36 - 5:40
    Como a gente estava apaixonado
    por ele nos últimos tempos,
  • 5:40 - 5:43
    "A Teoria de Tudo" e companhia,
    voltamos a olhar pro Stephen Hawking
  • 5:43 - 5:46
    até com o olhar cândido,
    do homem que supera tudo,
  • 5:46 - 5:48
    da grande inteligência que ele é.
  • 5:48 - 5:51
    E mais uma vez a gente se alerta dizendo:
  • 5:51 - 5:54
    "Este modo de vida já deu".
  • 5:54 - 5:55
    A gente vai falar:
  • 5:55 - 5:59
    "Bom, mas marketing, propaganda
    e esse modo de vida têm tudo a ver".
  • 5:59 - 6:03
    Não. Marketing e propaganda têm a ver
    com qualquer modo de vida.
  • 6:03 - 6:08
    Valeu no estado totalitário,
    valeu no nazismo, nasceu no fascismo.
  • 6:08 - 6:11
    Ele vale, ele está a serviço de...
  • 6:11 - 6:13
    Ele não é o mal em si.
  • 6:13 - 6:15
    Ele é a serviço de...
  • 6:15 - 6:19
    E o problema é: a serviço do que
    a gente está colocando esse esforço?
  • 6:21 - 6:22
    De forma muito simples.
  • 6:22 - 6:25
    Vivemos tempos que são
    considerados complexos.
  • 6:25 - 6:30
    Os jovens há mais tempo já viveram
    outra realidade e às vezes têm a sensação
  • 6:30 - 6:34
    de que, quando a gente fala
    do que a gente viveu do nosso passado,
  • 6:34 - 6:37
    as nossas histórias,
    como diz o Geronimo Theml,
  • 6:37 - 6:41
    a gente está trabalhando
    com a seguinte imagem:
  • 6:41 - 6:45
    pra nós, quando a gente conta
    do nosso passado, os jovens imaginam:
  • 6:45 - 6:50
    uma vila do velho oeste,
    três casebres de cada lado,
  • 6:50 - 6:53
    um homem tocando gaita
    passando placidamente
  • 6:53 - 6:57
    e um rolo de feno passando ao fundo.
  • 6:57 - 6:58
    E hoje é que é legal.
  • 6:58 - 7:01
    Porque, de verdade, pra vocês,
    nunca aconteceu outro tempo
  • 7:01 - 7:02
    que não seja hoje.
  • 7:02 - 7:08
    Mudança e discurso de mudança
    é papo de quem tem 50 anos pra lá.
  • 7:08 - 7:10
    Porque a gente comparou essas coisas.
  • 7:10 - 7:13
    Pra quem nasceu agora, sempre foi assim.
  • 7:13 - 7:17
    É um pouco pior, é um pouco melhor,
    tem onda mais alta, tem marolinha,
  • 7:17 - 7:19
    mas estamos levando.
  • 7:19 - 7:23
    Essa mudança sempre existiu.
  • 7:23 - 7:27
    A diferença é a velocidade
    e como você lida com ela.
  • 7:28 - 7:30
    Desculpa, tem uma fala
    aqui que acho importante.
  • 7:30 - 7:33
    Trabalhamos com comportamentos
    cada vez menos previsíveis.
  • 7:33 - 7:36
    A gente olha pra um lado
    e vê muita esperança,
  • 7:36 - 7:38
    a gente olha pra um lado
    e vê muita tristeza.
  • 7:38 - 7:42
    A gente olha pra um lado
    e vê ambientes em transformação.
  • 7:42 - 7:45
    ONGs, ideários, pessoas,
  • 7:45 - 7:49
    sem puxar o saco do Rodrigo, mas pessoas
    que estão tentando fazer carreiras novas,
  • 7:49 - 7:52
    caminhos diferentes,
    trabalhar com conhecimento.
  • 7:52 - 7:56
    Do outro lado a gente vê o Trump, enfim.
  • 7:56 - 8:00
    Pós-modernidade, ou pós-contemporaneidade,
  • 8:00 - 8:03
    traz essa diferença muito evidente.
  • 8:03 - 8:06
    Se caracteriza muito forte
    que, em algum momento,
  • 8:06 - 8:07
    pra uma parte da população,
  • 8:07 - 8:11
    e o nosso amigo Thiago Nigro
    acabou de colocar isso,
  • 8:11 - 8:15
    pra uma parte da população,
    a gente nasceu caderneta de poupança.
  • 8:15 - 8:19
    A gente nasceu com a ideia
    de: plante agora e colha na frente;
  • 8:19 - 8:23
    economize agora, pra fruir o futuro.
  • 8:23 - 8:25
    Quem faz isso vê futuro.
  • 8:25 - 8:28
    O que às vezes não consegue
    ver é o presente.
  • 8:29 - 8:31
    A geração de hoje, generalizadamente -
  • 8:31 - 8:35
    é horrível colocar isso na generalização,
    eu não gosto desses rótulos -
  • 8:35 - 8:39
    tem uma lógica cartão de crédito.
  • 8:39 - 8:45
    Você vai conquistar crédito de algum jeito
    e você frui agora e frui o máximo agora,
  • 8:45 - 8:46
    porque talvez não haja amanhã.
  • 8:46 - 8:47
    Amanhã você paga.
  • 8:47 - 8:50
    Parece alguns prefeitos
    de algumas cidades por aí.
  • 8:52 - 8:56
    Enquanto vocês leem,
    eu preciso responder um WhatsApp.
  • 8:59 - 9:00
    Pode ler.
  • 9:02 - 9:04
    Este aqui é o mais dramático.
  • 9:17 - 9:19
    Como é estranho a leitura e o silêncio.
  • 9:21 - 9:26
    Como é estranha a frase
    que nos desloca, que nos desconforta.
  • 9:28 - 9:31
    Como é estranha a sensação de que,
    se a gente não resolver tudo agora,
  • 9:31 - 9:33
    não tem amanhã.
  • 9:35 - 9:40
    Eu estava vendo um pouco do macaco aqui.
  • 9:44 - 9:46
    E o monstro do pânico aqui.
  • 9:49 - 9:51
    Vamos lá.
  • 9:52 - 9:54
    O que a gente consegue ver
    é muito mais complexo,
  • 9:54 - 9:58
    não é aquela cidadezinha
    do interior, com o feno rodando.
  • 9:58 - 10:02
    A gente consegue ver nada
    e consegue ver muita coisa.
  • 10:04 - 10:06
    Tem bicho aí desenhado, já viram?
  • 10:07 - 10:09
    Tem coisas nesse espaço, já viram?
  • 10:10 - 10:14
    Tem caminhos nesse espaço, está visto?
  • 10:17 - 10:20
    Eu tenho certeza que cada um de vocês
    consegue distinguir
  • 10:20 - 10:23
    bichos e formas diferentes.
  • 10:23 - 10:28
    Cada um de vocês conseguiu
    ver situações diferentes,
  • 10:28 - 10:30
    perspectivas diferentes.
  • 10:30 - 10:33
    E isso é que é legal,
    porque nessa complexidade,
  • 10:34 - 10:37
    a gente consegue brincar de novo
    numa teoria que eu gosto muito
  • 10:37 - 10:40
    chamada o pêndulo que avança.
  • 10:40 - 10:45
    Isso é, a gente vai às vezes voltar
    para aquilo que parece o mesmo lugar,
  • 10:45 - 10:48
    mas não está no mesmo tempo,
    não está na mesma condição,
  • 10:48 - 10:50
    não tem a mesma lógica.
  • 10:50 - 10:54
    E isso pode fazer com que,
    mesmo fazendo de novo,
  • 10:54 - 10:56
    isso possa ser novo.
  • 10:56 - 11:00
    Porque a condição é diferente,
    porque o status é diferente.
  • 11:01 - 11:06
    O que tem de gente
    resgatando valores ancestrais
  • 11:06 - 11:10
    pra começar a dar
    novos significados de vida...
  • 11:12 - 11:17
    Nós estamos apostando
    num sábado pra ouvir pessoas.
  • 11:17 - 11:22
    Tem coisa mais velha do que sentar
    para ver gente e contar história?
  • 11:22 - 11:24
    Histórias de vida,
  • 11:24 - 11:30
    perspectivas completamente,
    às vezes até fractais, complexas,
  • 11:30 - 11:31
    mas que vão dar um quadro.
  • 11:32 - 11:37
    A gente é a cara
    deste tempo, desta história.
  • 11:37 - 11:42
    E pode ser a cara e a oportunidade
    de entender o que está acontecendo
  • 11:42 - 11:48
    e, ao mesmo tempo, agir, interferir,
    empreender dentro desse espaço,
  • 11:48 - 11:50
    dentro desse tempo.
  • 11:50 - 11:52
    O que está acontecendo agora,
  • 11:52 - 11:55
    acho que talvez seja a grande dificuldade
    das grandes dificuldades,
  • 11:55 - 11:58
    é entender se, de verdade,
  • 11:58 - 12:03
    tudo que a gente está fazendo
    alimenta uma economia como ela está.
  • 12:03 - 12:07
    A minha orientadora de mestrado,
    na sua leitura mais dramática, dizia:
  • 12:07 - 12:10
    "O capitalismo fagocita tudo".
  • 12:10 - 12:13
    Fagocitar, aquela coisa assim de englobar,
  • 12:13 - 12:16
    de trazer pra si tudo que é bom,
    tudo que é ruim,
  • 12:16 - 12:21
    e acaba com isso se transformando
    na própria arma do capitalismo.
  • 12:21 - 12:23
    Era a visão dela.
  • 12:23 - 12:28
    O outro lado é dizer: "Cada vez
    que um daqueles futuros plausíveis,
  • 12:28 - 12:31
    uma daquelas rupturas acontece,
  • 12:31 - 12:36
    a gente pode inclusive mudar
    a dinâmica da própria economia
  • 12:36 - 12:38
    e gerar um futuro diferente.
  • 12:39 - 12:43
    Depende de como você enxerga,
    depende de como você coloca.
  • 12:43 - 12:48
    Toda essa história diz: tecnologia,
    que hoje é uma palavra-chave,
  • 12:48 - 12:50
    mas tecnologia
    desde fazer fogo já existia,
  • 12:50 - 12:54
    mas tecnologia neste perfil
    que a gente está trabalhando,
  • 12:54 - 12:58
    tecnologia consegue propor
    novos comportamentos,
  • 12:58 - 13:00
    ou permitir novos comportamentos.
  • 13:00 - 13:05
    E novos comportamentos permitem
    adotar novas tecnologias.
  • 13:05 - 13:07
    E esse espaço de troca
  • 13:07 - 13:11
    está fazendo com que a gente
    ou avance muito ou retroceda.
  • 13:11 - 13:16
    E esse retrocesso pode ser o que eu
    sempre coloco num "back to the basics".
  • 13:17 - 13:19
    A gente é muito influenciado...
  • 13:19 - 13:21
    Lembra do gráfico
    de métodos quantitativos?
  • 13:21 - 13:25
    Quem teve em aula, lembra?
    Ele tem moda e média.
  • 13:25 - 13:28
    A gente tem picos de moda.
  • 13:28 - 13:30
    O penúltimo foi o "foodtruck".
  • 13:31 - 13:33
    (Tosse) Desculpem.
  • 13:33 - 13:37
    Um milhão de caminhões
    foram sacrificados numa nova vida
  • 13:37 - 13:39
    pra nos alimentar nas esquinas.
  • 13:39 - 13:43
    Sinto informar que a maioria
    deles virá a falecer em breve;
  • 13:43 - 13:47
    porque outra coisa ocupará o seu espaço.
  • 13:48 - 13:54
    Esses ciclos: moda, moda, moda,
    alguns gerarão média e permanecerão;
  • 13:54 - 13:59
    se eles tiverem significado,
    se eles tiverem condição de construção,
  • 13:59 - 14:03
    se eles tiverem propósito
    e as pessoas entenderem esse propósito.
  • 14:03 - 14:05
    Eles respondem a alguma coisa.
  • 14:05 - 14:09
    Temos redes sociais...
    Tem que estar na rede social.
  • 14:09 - 14:12
    Bom, a gente já está, pra começar.
  • 14:12 - 14:14
    E, segundo, é pra quê?
  • 14:14 - 14:17
    A gente tem que ter espírito,
    tem que ter aplicativo.
  • 14:17 - 14:22
    As pessoas mais otimistas dizem que
    em até cinco anos os aplicativos sumirão.
  • 14:22 - 14:24
    Porque não tem smartphone que aguente
  • 14:24 - 14:27
    todos os aplicativos inúteis
    que você já baixou.
  • 14:27 - 14:30
    Fora aqueles três que você realmente usa.
  • 14:30 - 14:33
    Então, tem uma dinâmica,
    tem coisa acontecendo aí.
  • 14:33 - 14:39
    Temos que fazer startup.
    A vida é a startup, OK?
  • 14:39 - 14:42
    Depende do que você quer da vida,
    como você se posiciona para ela.
  • 14:44 - 14:47
    Fiz uma listinha bem bobinha,
  • 14:47 - 14:50
    Quem lê jornal impresso sabe,
    pelo amor de Deus.
  • 14:50 - 14:54
    Eu não vou ficar explicando cada um
    porque não cabe em 18 minutos, sacanagem.
  • 14:54 - 14:56
    Mas a gente vai tentar fazer contraponto.
  • 14:56 - 15:00
    E um contraponto que não é negação.
  • 15:00 - 15:04
    Às vezes e quase sempre é "e", não é "ou".
  • 15:04 - 15:07
    Está colocado na seguinte questão:
  • 15:07 - 15:10
    de um lado a gente ouve: "Tudo vai
    ser virtual, tudo vai ser 'bots'".
  • 15:10 - 15:13
    O Watson, vocês devem
    ter visto, inclusive,
  • 15:13 - 15:15
    uma das experiências
    recentes na Pinacoteca,
  • 15:15 - 15:17
    em que as obras interagem com as pessoas,
  • 15:17 - 15:20
    se explicando e explicando a obra,
    enfim, o Watson é bacana;
  • 15:20 - 15:22
    a própria ESPM fez um acordo com a IBM,
  • 15:22 - 15:25
    todo Watson de marketing,
    a gente que vai alimentar aqui no Brasil.
  • 15:25 - 15:29
    "Wearables", aquelas coisas vestíveis,
    legais, que falam com você,
  • 15:29 - 15:31
    contam que você está doente,
    que você está bem,
  • 15:31 - 15:33
    interagem no processo.
  • 15:33 - 15:36
    Legal. Tem um espaço incrível pra isso.
  • 15:36 - 15:40
    Mas tem um espaço incrível pra gente
    voltar a falar de coisas naturais,
  • 15:40 - 15:43
    de "Cara...", o que eu chamo de orgânicos.
  • 15:43 - 15:46
    A coisa do hiperlocal,
    valorizar a essência,
  • 15:46 - 15:49
    revitalizar o centro,
    revitalizar um teatro como este.
  • 15:49 - 15:51
    "Ele é decadente, ele é morto".
  • 15:51 - 15:54
    Não. Ele tem história
    e pode ser muito vivo.
  • 15:54 - 15:57
    E é em cima disso que a gente
    vai construindo relações.
  • 15:57 - 15:59
    É dentro desta condição:
  • 15:59 - 16:03
    tudo pode ser prático, mobile,
    por voz, imersão, realidade virtual...
  • 16:03 - 16:07
    Hoje em dia a gente é assolado
    pra comprar uns oculinhos de R$ 500
  • 16:07 - 16:11
    pra botar o telefone e sair tonto,
    ficar tentando entender, que legal aquilo;
  • 16:11 - 16:14
    dá pra vender apartamento
    pra cacete, é uma beleza,
  • 16:14 - 16:17
    ainda fala inclusive de você,
    você consegue estudar com isso,
  • 16:17 - 16:18
    é sensacional.
  • 16:18 - 16:20
    Mas o olho no olho da conversa
  • 16:20 - 16:25
    está cada vez mais valorizado
    e a terapia nunca teve tanta gente.
  • 16:27 - 16:29
    Eu tenho um filho terapeuta,
    apostem nisso.
  • 16:30 - 16:34
    Compartilhamento, experiência,
    eu não preciso mais da propriedade,
  • 16:34 - 16:36
    eu posso só ter a posse
    na minha necessidade.
  • 16:36 - 16:39
    IoT, a internet das coisas,
  • 16:39 - 16:41
    a minha geladeira fala
    com meu cartão de crédito,
  • 16:41 - 16:43
    acaba com ele em uma semana, enfim...
  • 16:43 - 16:45
    tem uma conversa atrás disso.
  • 16:45 - 16:50
    Por incrível que pareça,
    eu posso não ter nada e ser feliz.
  • 16:50 - 16:52
    Apostem no titio avô aqui.
  • 16:52 - 16:54
    Não sou avô ainda, que eu saiba.
  • 16:54 - 16:55
    Sou? Não? Tenho dois filhos ali.
  • 16:56 - 16:57
    Não mesmo?
  • 16:57 - 17:02
    Então, a propriedade vai voltar
    a ter valor simbólico.
  • 17:02 - 17:05
    Mas propriedades que tenham significado.
  • 17:05 - 17:08
    Não a ostentação funk, OK?
  • 17:08 - 17:09
    É outra conversa.
  • 17:10 - 17:13
    Todo mercado é preditivo,
    você entrega todos os dados,
  • 17:13 - 17:15
    as pessoas sabem tudo,
    marketing de dados,
  • 17:15 - 17:17
    georreferenciamento, big data.
  • 17:17 - 17:20
    Tem alguns especialistas
    que dizem que big data,
  • 17:20 - 17:24
    toda essa massa de dados que vai usar
    pra nortear e saber tudo que você faz,
  • 17:24 - 17:26
    é considerado como sexo de adolescente:
  • 17:26 - 17:28
    muita gente fala, pouca gente pratica
  • 17:28 - 17:30
    e, quando faz, nem sempre
    é a melhor experiência.
  • 17:30 - 17:32
    Mas, enfim, é outra história.
  • 17:32 - 17:34
    E tudo é indicador,
    todas as vidas têm indicador.
  • 17:34 - 17:38
    Temos "keep eyes" pra tudo,
    indicadores pra tudo, métricas pra tudo,
  • 17:38 - 17:41
    só que do outro lado tem a velha
    "deixa a vida me levar",
  • 17:41 - 17:43
    porque de verdade as metodologias
  • 17:43 - 17:45
    estão todas em discussão,
    porque elas sempre são dadas
  • 17:45 - 17:49
    a partir de uma perspectiva
    de que ela é boa pra quem mede.
  • 17:49 - 17:52
    Não necessariamente boa pra quem usa.
  • 17:52 - 17:57
    Tem um aumento incrível
    do valor da intuição, dos saberes.
  • 17:58 - 18:01
    Temos chance de ouvir os mais velhos.
  • 18:01 - 18:02
    Mais velho não é só quem tem idade.
  • 18:02 - 18:06
    É quem aprendeu alguma porcaria
    nesta longa vida, tá?
  • 18:07 - 18:10
    Tem nicho, tem brecha,
    tem oportunidade local, tem startup...
  • 18:10 - 18:13
    Cara, eu sou neto de Santos,
    meu pai nasceu aqui.
  • 18:13 - 18:16
    Casei com uma também neta de Santos,
  • 18:16 - 18:18
    que o pai dela, a mãe dela,
    ela quase nasceu aqui,
  • 18:18 - 18:20
    mas foi, saiu da barriga afora.
  • 18:20 - 18:21
    Começou a entrar aqui, mas saiu fora.
  • 18:21 - 18:23
    Enfim, da vida.
  • 18:23 - 18:27
    Frequento esta terra
    com bastante assiduidade.
  • 18:27 - 18:31
    Mantenho um apartamentinho aqui,
    lá perto do canal cinco, seis, enfim...
  • 18:31 - 18:34
    O que tem de oportunidade
    nesta terra é incrível.
  • 18:34 - 18:39
    O que essa terra tem de cabeça provinciana
    em alguns momentos, é incrível.
  • 18:39 - 18:42
    E não é repetir São Paulo,
    mas é valorizar o que ela tem de melhor.
  • 18:42 - 18:48
    E uma das coisas que tem de melhor
    nessa terra é história e cultura, OK?
  • 18:48 - 18:52
    E farmácia. Como tem farmácia
    nessa terra, é impressionante.
  • 18:52 - 18:53
    Tem mais farmácia que boteco.
  • 18:53 - 18:55
    Eu me sinto tranquilo.
  • 18:55 - 18:57
    Uma das minhas brincadeiras,
    inclusive, com minha mulher,
  • 18:57 - 18:59
    é que a gente vem aqui
    pra se sentir jovem.
  • 19:00 - 19:03
    Teremos uma forte concentração de riqueza.
  • 19:03 - 19:07
    Esses caras aqui estão olhando
    tudo dali e vão comprar tudo.
  • 19:09 - 19:12
    E tem um bando de moleque achando
    que com três anos de startup vai vender
  • 19:12 - 19:16
    por alguns milhões e vai ficar passando
    o resto da vida no Hawaii.
  • 19:16 - 19:19
    Tudo é individuação,
  • 19:19 - 19:23
    você produz e consome
    e divulga "prosumers",
  • 19:23 - 19:24
    compartilhamento...
  • 19:24 - 19:28
    Ao mesmo tempo você tem uma pressão
    em propaganda terrível, os "adbusters",
  • 19:28 - 19:30
    tem gente caçando propaganda,
    sumindo de propaganda.
  • 19:30 - 19:34
    Ninguém aguenta mais do que cinco segundos
    daquele anúncio horrível
  • 19:34 - 19:36
    na frente do YouTube e você escapa.
  • 19:36 - 19:40
    Você fica com o dedo ali,
    pronto, três, quatro, sumiu.
  • 19:40 - 19:42
    Exatamente onde funciona e não funciona.
  • 19:42 - 19:47
    Por incrível que pareça, a propaganda
    tradicional está se revisitando.
  • 19:47 - 19:49
    E está funcionando.
  • 19:49 - 19:50
    Duas falinhas rápidas:
  • 19:50 - 19:53
    o marketing direto, entregue
    pelo correio, está virando chique.
  • 19:53 - 19:56
    Vocês vão começar a receber
    um monte de coisa.
  • 19:56 - 19:58
    Inclusive, telegrama.
  • 19:58 - 20:01
    Mande um telegrama
    pra quem tem menos de 30 anos.
  • 20:01 - 20:02
    Será uma surpresa na vida dele.
  • 20:02 - 20:06
    Ele nunca viu, desculpa o termo técnico,
    aquela "porra" na frente, OK?
  • 20:08 - 20:10
    Peça pra alguém escrever um telegrama.
  • 20:10 - 20:13
    Diz que é como o Twitter,
    mas vai no papel que ele vai entender.
  • 20:13 - 20:16
    Então, ali, tá?
  • 20:16 - 20:18
    O que não vai mudar?
  • 20:20 - 20:24
    As pessoas cada vez mais falam de legado,
    propósito, causa, social business,
  • 20:24 - 20:26
    social business é muito legal.
  • 20:26 - 20:29
    Aquela linha do Yunus,
    a escola tem uma armação.
  • 20:29 - 20:32
    A gente esteve junto, é muito legal,
    mas, por outro lado,
  • 20:32 - 20:35
    é uma cobrança incrível de retorno
    sobre investimento, que é o ROI,
  • 20:35 - 20:41
    EBITDAs que é uma métrica pré-imposto,
    share de mercado, enfim.
  • 20:41 - 20:44
    Quem tem empresa sabe,
    quem tem EBITDA tem medo
  • 20:44 - 20:48
    porque se você não chegar nele
    no final do mês, você está fora, OK?
  • 20:48 - 20:50
    Quem tem boleto pra pagar
    sabe o que é isso.
  • 20:50 - 20:55
    Então, tem uma dinâmica
    de pressão e contraposição.
  • 20:55 - 20:57
    O que não vai mudar?
    A educação continuada.
  • 20:57 - 21:01
    A gente está hoje no "neurotudo",
    a gente quer fazer neuro de qualquer coisa
  • 21:01 - 21:04
    pra entender qualquer coisa
    e achar que três chipezinhos na cabeça
  • 21:04 - 21:07
    vão conseguir entender o que você é,
    o que você pensa, o que você faz.
  • 21:07 - 21:09
    Graças a Deus, a gente
    consegue subverter tudo,
  • 21:09 - 21:11
    a gente é muito melhor que isso.
  • 21:11 - 21:14
    E o outro lado é
    um "back to the basics" mesmo.
  • 21:14 - 21:19
    Está retomando a carreira pura de humanas,
    filosofia, sociologia, antropologia,
  • 21:19 - 21:23
    todas as orgias boas de estudar
    e de fazer dentro desta vida, pra quê?
  • 21:23 - 21:25
    Pra se entender de volta.
  • 21:25 - 21:29
    Pra começar a se achar
    de novo nesse contexto.
  • 21:29 - 21:30
    Penúltimo recado do tio.
  • 21:30 - 21:32
    O mundo não é "ou", o mundo é "e".
  • 21:32 - 21:35
    Dá pra juntar isso tudo.
  • 21:35 - 21:38
    E vai fazer futuro quem conseguir
    juntar cada coisa dessas.
  • 21:38 - 21:42
    Vai conseguir mudar sua empresa,
    seu negócio, sua vida, sua perspectiva,
  • 21:42 - 21:45
    quem conseguir ir juntando
    cada uma dessas coisas,
  • 21:45 - 21:48
    porque elas não se negam
    e não se demonizam.
  • 21:48 - 21:50
    Elas estão a serviço de.
  • 21:50 - 21:53
    A serviço de quem a gente está?
  • 21:53 - 21:55
    A serviço do que a gente está?
  • 21:55 - 21:58
    A gente sempre tem a sensação
    que é um futuro lá na frente
  • 21:58 - 22:02
    que vai nos pegar de surpresa,
    e a gente, distraído, vai trombar com ele.
  • 22:02 - 22:07
    A outra, que é sensacional,
    às vezes meio prepotente,
  • 22:07 - 22:09
    mas é uma delícia ter esse sentimento,
  • 22:09 - 22:14
    é dizer: eu faço agora o que vai ser
    um pedaço desse futuro.
  • 22:14 - 22:15
    Eu creio nisso.
  • 22:15 - 22:17
    O futuro será o futuro que faremos.
  • 22:18 - 22:20
    Obrigado. Valeu.
  • 22:20 - 22:22
    (Aplausos)
Title:
Comunicação em ambientes complexos | Luiz Fernando Dabul Garcia | TEDxSantos
Description:

Tendências de propaganda e marketing em ambientes cada vez mais complexos, com o diretor da Escola Superior de Propaganda e Marketing, Luiz Fernando Dabul Garcia. Publicitário desde 1979 e professor universitário desde 1988, com pós-graduação em Comunicação e Marketing, e mestrado em Comunicação e Práticas de Consumo. Atual diretor-geral da Graduação SP da ESPM. Atuou em criação e planejamento em agências de propaganda, empresas e consultoria. Coautor dos livros "Curso de Propaganda - do Anúncio à Comunicação Integrada" (Ed. Atlas) e "Propaganda - Teoria, Técnica e Prática" (Cengage).

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
Portuguese, Brazilian
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
22:33

Portuguese, Brazilian subtitles

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