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Dia 6 - Além do não-eu

  • 0:03 - 0:07
    Quer você acredita que há
    uma alma eterna, atman,
  • 0:07 - 0:13
    ou acredite que não há um eu ou alma,
    ou seja, anatman ou anatta,
  • 0:14 - 0:19
    essas crenças são obstáculos para a
    realização de sua verdadeira natureza.
  • 0:19 - 0:24
    Para alguém que se apega a tal crença
    há um conhecimento condicionado.
  • 0:25 - 0:31
    O samadhi permanecerá elusivo até que
    a identificação com a crença cesse.
  • 0:32 - 0:36
    As tradições antigas chamaram
    esses padrões mentais condicionados
  • 0:36 - 0:41
    de "sankaras", em páli,
    ou de "samskaras", em sânscrito.
  • 0:42 - 0:48
    Se nos mantivermos fiéis ao conceito
    e o adicionarmos à nossa estrutura pessoal,
  • 0:48 - 0:53
    ele se tornará uma limitação,
    uma armadilha para as energias internas,
  • 0:53 - 0:56
    perpetuando um conhecimento ilusório.
  • 0:56 - 1:00
    Isso impede nosso envolvimento
    com a verdadeira investigação
  • 1:00 - 1:05
    que nos levaria ao contato direto
    com o mistério da existência.
  • 1:06 - 1:10
    Uma das maiores divisões
    entre sistemas espirituais
  • 1:10 - 1:15
    é entre os que creem
    na existência da alma e os que não creem.
  • 1:17 - 1:21
    Metade dos mestres espirituais usam
    palavras como alma ou atman,
  • 1:21 - 1:28
    e outra metade fala do vazio e de anatman
    ou anatta, ou seja, do não-eu.
  • 1:29 - 1:33
    A confusão e separação
    entre religiões e ensinamentos
  • 1:33 - 1:37
    vem do fato de que a linguagem é
    inerentemente dual.
  • 1:38 - 1:42
    Nós não possuímos linguagem
    para descrever a não-dualidade.
  • 1:42 - 1:48
    Essas dificuldades estavam postas
    desde a época de Buda, há 2500 anos.
  • 1:48 - 1:54
    Muitos se surpreendem quando descobrem
    que Buda nuca disse que o eu não existe
  • 1:54 - 1:59
    e que ele advertia os professores
    que assim ensinavam.
  • 2:01 - 2:06
    "Aqueles que só ensinam
    o não-eu não se libertam."
  • 2:08 - 2:10
    Há uma história sobre um viajante
  • 2:10 - 2:15
    que perguntou diretamente ao Buda
    se existia uma alma ou não.
  • 2:16 - 2:19
    A resposta do Buda foi o silêncio.
  • 2:24 - 2:28
    Ele sabia que respondendo sim ou não,
    iria causar confusão.
  • 2:31 - 2:34
    Nós esquecemos desta importante lição.
  • 2:35 - 2:41
    Nós tranformamos o eu num conceito,
    num assunto para aulas de teologia.
  • 2:42 - 2:47
    Transformamos palavras como "eu",
    "não-eu" e "Deus" em conceitos
  • 2:47 - 2:51
    em vez de permitir que nos fossem
    revelados através da sadhana,
  • 2:52 - 2:56
    através da realização direta
    de samadhi e prajna.
  • 3:00 - 3:05
    Em seus últimos ensinamentos o Buda
    falou sobre a essência mais profunda:
  • 3:06 - 3:11
    uma alma ou um eu que desconhecem
    mudança e morte.
  • 3:12 - 3:14
    Ele a chamou por vários nomes:
  • 3:15 - 3:17
    a verdeira alma ou verdadeiro eu,
  • 3:18 - 3:21
    o Dhatu do Buda ou Princípio Búdico,
  • 3:21 - 3:23
    ou o Tathagata Garba,
  • 3:24 - 3:28
    o embrião da natureza búdica
    que está latente dentro de nós.
  • 3:29 - 3:34
    Ele descreveu um tesouro oculto,
    presente em todos os seres sencientes.
  • 3:34 - 3:41
    Ele diz: "Não é correto dizer que
    todos os fenômenos são desprovidos de eu."
  • 3:41 - 3:45
    O eu é realidade. O eu é eterno.
  • 3:46 - 3:51
    O eu é virtude. O eu é perene.
  • 3:52 - 3:57
    O eu é estável. O eu é paz.
  • 3:57 - 4:02
    A morte não pode tocá-lo,
    nenhum mal pode lhe acontecer,
  • 4:02 - 4:05
    nenhuma infelicidade pode arruiná-lo.
  • 4:05 - 4:09
    Ele é indestrutível e luminoso
    como um diamante.
  • 4:10 - 4:13
    Isso pode parecer monista,
  • 4:14 - 4:20
    mas ele está apontando para além de monismo,
    dualismo ou qualquer "ismo".
  • 4:20 - 4:23
    Para além dos limites
    conceituais da mente.
  • 4:25 - 4:28
    Ele está apontando
    para o reino do Nirvana,
  • 4:29 - 4:32
    para a cessação de vana e de vikalpa,
  • 4:32 - 4:36
    de kleshas, vasanas ou karma;
  • 4:37 - 4:43
    para a cessação dos padrões inconscientes
    que produzem o senso limitado de eu,
  • 4:45 - 4:48
    e para a cessação
    do sofrimento concomitante.
  • 4:50 - 4:57
    O Buda disse que o Tathagata nem
    existe nem não existe após a morte.
  • 4:58 - 5:03
    A verdade sobre sua natureza está além da
    dualidade da mente.
  • 5:04 - 5:07
    Está além da percepção e da não-percepção.
  • 5:08 - 5:11
    O Buda aponta para
    uma não-dualidade radical,
  • 5:12 - 5:15
    além de conceitos de eu e não-eu.
  • 5:16 - 5:21
    É a mente limitada que cria
    a ilusão de divisão e separação,
  • 5:22 - 5:26
    nascimento e morte,
    exitência e não-existência.
  • 5:28 - 5:34
    Como dizia mestre Dogen,
    para compreendermos aprendemos a meditar,
  • 5:34 - 5:37
    que significa abandonar corpo e mente.
  • 5:38 - 5:42
    O caminho para a liberação é despertar
    para além do nível da mente.
  • 5:53 - 6:00
    A ideia da não existência do eu é comumente
    confundida com o termo budista "anatta",
  • 6:01 - 6:04
    que não pretende ser conceitual,
  • 6:04 - 6:07
    mas uma visão direta que vem
    através da meditação.
  • 6:10 - 6:17
    No Budismo há três grandes insights
    ou marcas de existência
  • 6:17 - 6:21
    que são compreendidas
    pela experiência através da meditação,
  • 6:21 - 6:26
    e não pretendem ser pontos
    para discussão filosófica ou intelectual.
  • 6:27 - 6:32
    Eles são vivenciados através
    do desaparecimento ou cessação dos níveis da mente.
  • 6:33 - 6:38
    Há a experiência de "anicca",
    a impermanência;
  • 6:39 - 6:43
    de que tudo surge e torna a desaparecer.
  • 6:44 - 6:46
    Há a experiência de "anatta",
  • 6:47 - 6:52
    de que tudo dentro do campo dos fenômenos
    mutáveis é desprovido de um eu.
  • 6:53 - 6:55
    E há "dukkha",
  • 6:55 - 7:00
    a percepção de que a estrutura do eu
    é feita de padrões de desejo e aversão.
  • 7:01 - 7:05
    É um padrão de insatisfação constante.
  • 7:06 - 7:09
    Através da meditação profunda
    e da auto-investigação,
  • 7:09 - 7:12
    que em certo ponto são a mesma coisa,
  • 7:13 - 7:17
    podemos trazer à tona
    processos inconscientes
  • 7:18 - 7:20
    para somente então poder abandoná-los.
  • 7:21 - 7:25
    Se eles são inconscientes, continuarão
    se repetindo no inconsciente.
  • 7:26 - 7:29
    A antiga prática que se segue
    aos Ensinamentos Perenes
  • 7:29 - 7:33
    requer que paremos de reagir
    às nossas preferências.
  • 7:34 - 7:37
    Que paremos de alimentar
    padrões de desejo e aversão.
  • 7:40 - 7:45
    Que deixemos todos os fenômenos surgirem
    e desaparecerem sem discriminá-los.
  • 7:46 - 7:51
    Tudo dentro do campo da mudança
    é "anicca", impermanência,
  • 7:52 - 7:54
    e nós a observamos.
  • 7:55 - 8:01
    Nós adentramos e permeamos o campo dos
    fenômenos mutáveis com a consciência.
  • 8:01 - 8:06
    A conciência é a única coisa
    que não muda, não surge e nem desaparece.
  • 8:09 - 8:13
    A consciência não é alguma coisa e também
    não é coisa nenhuma.
  • 8:14 - 8:19
    Através da meditação, a consciência
    e o campo dos fenômenos mutáveis
  • 8:19 - 8:22
    se unem e se tornam um em samadhi,
  • 8:22 - 8:27
    revelando sua verdadeira natureza
    eterna para além da dualidade.
  • 8:28 - 8:30
    Para além de alguma coisa
    e de coisa nenhuma.
  • 8:32 - 8:36
    Alguns professores ainda afirmam
    que o não-eu
  • 8:36 - 8:38
    é a maior verdade sobre a individualidade,
  • 8:38 - 8:41
    mas ironicamente isso se torna o alicerce
  • 8:41 - 8:44
    da estrutura de suas
    crenças condicionadas.
  • 8:44 - 8:48
    A ideia de não-eu pode se tornar
    uma vaca sagrada
  • 8:49 - 8:53
    presa a uma persona espiritual
    com a qual nos identificamos.
  • 8:55 - 9:00
    O desvio espiritual ocorre quando ficamos
    presos à ideia de transcendência.
  • 9:01 - 9:06
    É uma maneira de evitar o que chamamos
    "trabalho de sombra",
  • 9:06 - 9:11
    que significa livrar-se de samskaras
    ou padrões de condicionamento
  • 9:11 - 9:13
    que insconscientemente dominam
    nossas vidas.
  • 9:14 - 9:19
    Para liberar samskaras precisamos ter
    uma experiência completa das sensações,
  • 9:20 - 9:23
    sentimentos e emoções que surgem
    momento a momento,
  • 9:24 - 9:27
    permanecendo equânimes
    e interiormente desarmados.
  • 9:32 - 9:35
    Podemos nos treinar
    para ficarmos presentes,
  • 9:35 - 9:38
    abertos e equânimes através da meditação,
  • 9:40 - 9:42
    mas isso também deve ser aplicado à vida.
  • 9:44 - 9:49
    Quanto mais trabalharmos na almofada,
    mais emoções surgirão na vida
  • 9:49 - 9:51
    e ela terá mais intensidade.
  • 9:52 - 9:55
    Precisamos nos permitir sentir a vida,
  • 9:55 - 9:58
    e não nos afastarmos
    do que estiver surgindo.
  • 9:59 - 10:02
    Isso requer uma honestidade brutal
    consigo mesmo.
  • 10:04 - 10:08
    Para observar o quão deseperadamente
    evitamos sensações desagradáveis
  • 10:08 - 10:13
    ou a insistência com que nos apegamos
    à familiaridade dos padrões,
  • 10:14 - 10:16
    como defendemos o ego,
  • 10:17 - 10:21
    e como nos mostramos corretos
    ou sob uma boa luz.
  • 10:22 - 10:24
    Como nos distraímos do desconforto,
  • 10:25 - 10:29
    como estamos constantemente alimentando
    a mente com todo tipo de entretenimento
  • 10:29 - 10:33
    para evitar uma comunhão
    profunda com o momento presente.
  • 10:34 - 10:37
    É possível que estejamos
    atuando nossa karma,
  • 10:37 - 10:41
    presos em arquétipos
    e irremediavelmente atados a padrões,
  • 10:41 - 10:44
    enquanto proclamamos o tempo todo
    que não há eu,
  • 10:44 - 10:46
    desconectados do coração;
  • 10:46 - 10:49
    enquanto o ego permanece no comando,
  • 10:49 - 10:52
    certo de que sua visão de mundo
    está correta.
  • 10:53 - 10:58
    Se a construção do ego pensa que sabe
    a verdade sobre quem e o que você é,
  • 10:58 - 11:01
    então a exploração mais profunda cessa.
  • 11:02 - 11:06
    Sua meditação ou auto-investigação
    se tornarão robóticas.
  • 11:06 - 11:11
    No momento em que você expressa
    em palavras quem ou o que você é
  • 11:11 - 11:14
    e acredita ou se identifica
    com o que disse,
  • 11:14 - 11:19
    é o momento em que você se
    enreda de novo na mente dualista.
  • 11:21 - 11:24
    Podemos começar falar sobre o despertar
    como se o conhecêssemos,
  • 11:24 - 11:26
    mas ele será apenas uma memória,
  • 11:27 - 11:31
    um padrão de pensamento condicionado
    somado à estrutura do ego.
  • 11:32 - 11:35
    Pode ser que tenhamos
    uma genuína experiência de samadhi,
  • 11:35 - 11:37
    um despertar
    para nossa verdadeira natureza,
  • 11:37 - 11:41
    mas na maioria das vezes
    a mente voltará a ficar online
  • 11:41 - 11:45
    e o ego criará linguagem
    em torno da experiência,
  • 11:45 - 11:50
    fará uma história e se apossará dela,
    e antes de nos darmos conta,
  • 11:50 - 11:54
    terá se apropriado de nosso insight
    sobre nossa verdadeira natureza.
  • 11:57 - 12:02
    Estabilizar e integrar o samadhi requer
    incontáveis despertares,
  • 12:02 - 12:07
    incontáveis humilhações da mente
    e incontáveis pequenas mortes.
  • 12:08 - 12:11
    Requer uma sadhana constante,
  • 12:11 - 12:16
    prática e vigilância contínuas
    para observar a mente dia após dia.
  • 12:18 - 12:23
    Liberando energia interior constantemente
    para que o lótus interior cresça
  • 12:23 - 12:26
    e um processo de religação
    se desenvolva.
  • 12:28 - 12:34
    Uma mente de principiante, uma mente
    que não sabe, uma mente-espelho
  • 12:34 - 12:37
    é a essência da mediatação
    e auto-investigação,
  • 12:38 - 12:41
    este é o caminho para conhecer a si mesmo.
  • 12:42 - 12:46
    Estar no momento presente sem a mediação
    de condicionamentos passados
  • 12:47 - 12:49
    é estar desperto.
  • 12:50 - 12:54
    Se sua experiência não se der através do
    filtro da memória,
  • 12:55 - 12:58
    então haverá novidade a cada momento.
  • 12:59 - 13:03
    O equivalente cristão para
    isso está na citação bíblica que diz que
  • 13:04 - 13:08
    se alguém está em Cristo,
    então esse alguém é uma nova criação.
  • 13:09 - 13:11
    As coisa antigas já se foram.
  • 13:12 - 13:15
    Eis que todas as coisas se tornaram novas.
Title:
Dia 6 - Além do não-eu
Description:

Nossos conceitos espirituais são os maiores bloqueios para o despertar. Comprometer-se com a prática de sadhana profundo é o caminho para realizar diretamente o Samadhi e nossa verdadeira natureza. Participe do nosso próximo retiro online: https://awakentheworld.com/onlineretreats/

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Video Language:
English
Team:
Awaken the World
Project:
05-IAM Online Retreats Teachings
Duration:
14:00

Portuguese, Brazilian subtitles

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