Em breve vamos curar doenças com uma célula, não com uma pílula
-
0:01 - 0:05Gostaria de falar
sobre o futuro da medicina. -
0:05 - 0:09Mas, antes, quero falar
um pouco sobre o passado. -
0:09 - 0:13Ao longo de grande parte
da história recente da medicina, -
0:13 - 0:17pensamos a doença e o tratamento
-
0:17 - 0:20em termos de um modelo
extremamente simples. -
0:20 - 0:23De fato, o modelo é tão simples
-
0:23 - 0:26que poderia ser resumido em três etapas:
-
0:26 - 0:30contrair a doença, tomar
um remédio, matar algo. -
0:31 - 0:36A razão para o predomínio desse modelo
-
0:36 - 0:38obviamente é a revolução do antibiótico.
-
0:38 - 0:42Muitos de vocês talvez não saibam,
mas estamos celebrando -
0:42 - 0:46o centenário da introdução
dos antibióticos nos Estados Unidos. -
0:46 - 0:47Mas o que todos sabemos
-
0:47 - 0:52é que os antibióticos foram
um feito absolutamente transformador. -
0:53 - 0:57Assim, tínhamos uma substância
extraída da natureza, -
0:57 - 1:00ou sintetizada artificialmente
em laboratório, -
1:00 - 1:03que percorria o corpo,
-
1:03 - 1:06encontrava seu alvo,
-
1:06 - 1:07prendia seu alvo,
-
1:07 - 1:10um micróbio ou parte de um micróbio,
-
1:10 - 1:14para desativá-lo e mantê-lo
debaixo de chave -
1:14 - 1:18com destreza e especificidade primorosas.
-
1:18 - 1:22Portanto, pegamos uma doença
que costumava ser fatal, letal -
1:22 - 1:25como a pneumonia, sífilis, tuberculose,
-
1:25 - 1:29e conseguimos transformá-la
numa doença curável ou tratável. -
1:30 - 1:32Se alguém tem uma pneumonia,
-
1:32 - 1:34toma penicilina,
-
1:34 - 1:35que mata o micróbio
-
1:35 - 1:38e cura a doença.
-
1:38 - 1:41A ideia era tão atraente,
-
1:41 - 1:46tão potente a metáfora
de trancar e matar algo -
1:46 - 1:48que realmente se disseminou na biologia.
-
1:48 - 1:51Foi uma transformação ímpar.
-
1:52 - 1:55E passamos os últimos 100 anos
-
1:55 - 1:59tentando replicar
esse modelo indefinidamente -
1:59 - 2:00em doenças não infecciosas,
-
2:00 - 2:04em doenças crônicas como diabetes,
hipertensão e doença cardíaca. -
2:05 - 2:09E tem funcionado, mas apenas parcialmente.
-
2:09 - 2:11Deixem-me lhes mostrar.
-
2:11 - 2:14Se pegarmos o universo
-
2:14 - 2:17de todas as reações químicas
no corpo humano, -
2:17 - 2:20todas as reações químicas
que o corpo é capaz de realizar, -
2:20 - 2:24a maioria das pessoas acha que esse
seria um número da ordem do milhão. -
2:24 - 2:25Digamos que seja um milhão.
-
2:25 - 2:27E aí vem a pergunta:
-
2:27 - 2:29qual o número ou fração de reações
-
2:29 - 2:31que podem ser tratadas
-
2:31 - 2:36pela farmacopeia inteira,
por toda a química medicinal? -
2:36 - 2:38Esse número é 250.
-
2:40 - 2:42O restante é quimicamente obscuro.
-
2:42 - 2:48Em outras palavras, 0,025% de todas
as reações químicas do nosso corpo -
2:48 - 2:53podem ser atingidas por esse mecanismo
de bloquear e trancar. -
2:54 - 2:57Se pensarmos na fisiologia humana
-
2:57 - 3:00como uma vasta rede de telefonia,
-
3:00 - 3:04com troncos e partes interativos,
-
3:05 - 3:08então toda a nossa química medicinal
-
3:08 - 3:10opera numa faixa limitada,
-
3:10 - 3:13na borda de fora dessa rede.
-
3:13 - 3:17É como se toda nossa química farmacêutica
-
3:17 - 3:20fosse uma telefonista
de Wichita, no Kansas, -
3:20 - 3:23cuidando de cerca
de 10 ou 15 linhas telefônicas -
3:25 - 3:27Então, o que fazer sobre essa ideia?
-
3:28 - 3:31E se reformulássemos essa abordagem?
-
3:32 - 3:35De fato, ocorre que a natureza
-
3:35 - 3:41nos dá uma ideia de como pensar a doença
-
3:41 - 3:42de uma forma radicalmente diferente,
-
3:42 - 3:46em vez da doença, da medicação, do alvo.
-
3:47 - 3:50De fato, a natureza é organizada
hierarquicamente de baixo para cima, -
3:50 - 3:52não de cima para baixo.
-
3:52 - 3:59Começamos com uma unidade autorregulada
e semiautônoma chamada célula. -
4:00 - 4:03Essas unidades autorreguladas
e semiautônomas -
4:03 - 4:08dão origem a unidades autorreguladas
e semiautônomas chamadas órgãos. -
4:08 - 4:11Esses órgãos se unem para formar
coisas chamadas seres humanos, -
4:12 - 4:16e esses organismos em última instância
moram em ambientes, -
4:16 - 4:19que são em parte autorregulados
e em parte semiautônomos. -
4:21 - 4:24O legal desse esquema hierárquico,
-
4:24 - 4:27construído de baixo para cima,
invés de cima para baixo, -
4:27 - 4:30é nos permitir pensar
também sobre a doença -
4:30 - 4:32de um jeito um pouco diferente.
-
4:32 - 4:35Vamos pegar uma doença como o câncer.
-
4:36 - 4:37Desde a década de 50,
-
4:37 - 4:43temos tentado desesperadamente aplicar
esse modelo de travar e trancar ao câncer. -
4:43 - 4:46Tentamos matar as células do câncer
-
4:46 - 4:50usando uma variedade de quimioterapias
ou terapias direcionadas -
4:50 - 4:53e, como a maioria de nós sabemos,
tem funcionado. -
4:53 - 4:57Tem funcionado para doenças como leucemia,
para alguns tipos de câncer de mama, -
4:57 - 5:01mas essa abordagem acaba
chegando a um limiar. -
5:01 - 5:03E foi apenas nos últimos
dez anos, se tanto, -
5:03 - 5:06que começamos a pensar
em usar o sistema imunológico, -
5:06 - 5:10lembrando que, de fato, a célula
cancerosa não cresce num vácuo, -
5:10 - 5:12na verdade, ela cresce
no organismo humano. -
5:12 - 5:14E será que podemos usar
a capacidade do organismo, -
5:14 - 5:17o fato de termos um sistema imunológico,
para atacar o câncer? -
5:17 - 5:21De fato, isso levou a alguns dos remédios
mais espetaculares contra o câncer. -
5:22 - 5:26E, finalmente, existe a instância
do ambiente, não é mesmo? -
5:26 - 5:29Não pensamos no câncer
como algo que altera o ambiente. -
5:29 - 5:34Mas deixem-me lhes dar um exemplo
de um ambiente altamente carcinogênico. -
5:34 - 5:35Chama-se prisão.
-
5:36 - 5:41Pegamos a solidão, a depressão
e o confinamento -
5:41 - 5:43e adicionamos isso,
-
5:43 - 5:46enrolado numa folhinha branca de papel,
-
5:47 - 5:51um dos mais potentes neuroestimulantes
conhecidos, chamado nicotina, -
5:51 - 5:56e adicionamos a isso uma das substâncias
mais viciantes que existem, -
5:56 - 5:59e temos um ambiente pró-carcinogênico.
-
6:00 - 6:02Mas também podemos ter
ambientes anticarcinogênicos. -
6:02 - 6:05Existem tentativas de se criar ambientes,
-
6:05 - 6:07mudar o meio hormonal
para o câncer de mama, por exemplo. -
6:08 - 6:12Estamos tentando mudar o meio
metabólico para outras formas de câncer. -
6:12 - 6:14Ou pegar uma doença como a depressão.
-
6:14 - 6:17De novo, trabalhando de baixo para cima,
-
6:17 - 6:21desde as décadas de 60 e 70,
temos tentado, de novo, desesperadamente -
6:21 - 6:25desligar as moléculas que operam
entre as células nervosas, -
6:25 - 6:27serotonina, dopamina...
-
6:27 - 6:33para curar a depressão dessa forma,
e tem funcionado, mas também há um limite. -
6:33 - 6:36E agora sabemos que provavelmente
o que temos de fazer -
6:36 - 6:39é mudar a fisiologia do órgão,
que é o cérebro, -
6:39 - 6:41religá-lo, remodelá-lo,
-
6:41 - 6:43e sabemos, é claro, de acordo
com diversos estudos, -
6:43 - 6:45que a psicoterapia faz exatamente isso.
-
6:45 - 6:48Sucessivos estudos mostraram
que a psicoterapia, -
6:48 - 6:51combinada com remédios, pílulas,
-
6:51 - 6:54é realmente muito mais eficaz
do que só um deles. -
6:54 - 6:57É possível imaginar um ambiente
mais imersivo para mudar a depressão? -
6:57 - 7:02Podemos "trancar" os sinais
que provocam a depressão? -
7:02 - 7:07De novo, subindo na cadeia
hierárquica organizacional. -
7:08 - 7:10Talvez o que realmente esteja em jogo aqui
-
7:10 - 7:14não seja o remédio em si, mas a metáfora.
-
7:14 - 7:16Em vez de se tentar matar algo,
-
7:16 - 7:20no caso das grandes doenças
crônicas degenerativas, -
7:20 - 7:23insuficiência renal, diabete,
hipertensão, osteoartrite, -
7:23 - 7:27talvez seja preciso mudar a metáfora
para criar algo, em vez de matar algo. -
7:27 - 7:29E talvez esse seja o segredo
-
7:29 - 7:31para reformular nosso pensamento
sobre a medicina. -
7:31 - 7:35Bem, essa ideia de mudança,
-
7:35 - 7:37de criar uma mudança conceitual,
por assim dizer, -
7:37 - 7:40chegou para mim de uma maneira
bem pessoal cerca de dez anos atrás. -
7:40 - 7:42Fui um corredor quase a vida toda
-
7:42 - 7:45e, cerca de dez anos atrás,
saí para correr numa manhã de sábado -
7:45 - 7:48e, quando voltei, não conseguia me mover.
-
7:48 - 7:50Meu joelho direito estava inchado,
-
7:50 - 7:53e dava para ouvir aquele barulho
assustador de osso contra osso. -
7:54 - 7:59Uma das vantagens de ser médico
é pedir sua própria ressonância magnética. -
7:59 - 8:03Daí, fiz a ressonância na semana
seguinte, e o resultado foi este. -
8:03 - 8:07Basicamente, o menisco
da cartilagem que fica entre o osso -
8:07 - 8:11se rompeu completamente,
e o próprio osso tinha sido destruído. -
8:11 - 8:15Bem, se vocês estão sentindo pena de mim,
deixem-me lhes dar alguns fatos. -
8:15 - 8:19Se todos vocês fizerem
uma ressonância magnética, -
8:19 - 8:22vamos ver que 60% apresentariam sinais
-
8:22 - 8:24de degeneração do osso
e da cartilagem como essa. -
8:24 - 8:28E 85% das mulheres em torno dos 70 anos
-
8:28 - 8:31apresentariam degeneração
de moderada a severa na cartilagem. -
8:31 - 8:35Assim como 50% a 60% dos homens da plateia
também apresentariam tais sinais. -
8:35 - 8:37Então essa é uma doença bem comum.
-
8:37 - 8:39Bem, a segunda vantagem de ser médico
-
8:39 - 8:42é poder fazer experimentos
com suas próprias doenças. -
8:42 - 8:44Daí, cerca de 10 anos atrás, começamos,
-
8:44 - 8:47trouxemos esse processo para o laboratório
-
8:47 - 8:49e começamos a fazer experimentos simples,
-
8:49 - 8:51tentando mecanicamente
curar essa degeneração. -
8:51 - 8:56Tentamos injetar substâncias
químicas nos joelhos de animais -
8:56 - 8:59na tentativa de reverter
a degeneração da cartilagem -
8:59 - 9:03e de reduzir um longo processo doloroso.
-
9:03 - 9:07Basicamente não deu em nada.
Não aconteceu nada. -
9:07 - 9:11E, aí, cerca de sete anos atrás, tivemos
um estudante pesquisador da Austrália. -
9:11 - 9:13Uma coisa boa sobre os australianos
-
9:13 - 9:17é que estão acostumados a ver
o mundo de cabeça para baixo. -
9:17 - 9:18(Risos)
-
9:18 - 9:22Então, Dan me sugeriu: "Sabe, talvez
isso não seja um problema mecânico. -
9:22 - 9:26Talvez não seja um problema químico.
Talvez tenha a ver com células-tronco". -
9:28 - 9:30Em outras palavras,
ele tinha duas hipóteses: -
9:30 - 9:34a primeira era a existência
de uma célula-tronco do esqueleto, -
9:34 - 9:37que construía o esqueleto
vertebrado inteiro, -
9:37 - 9:40ossos, cartilagens e os elementos
fibrosos do esqueleto, -
9:40 - 9:44exatamente como existe uma célula-tronco
do sangue, uma do sistema nervoso. -
9:44 - 9:48E a segunda era que a degeneração
ou disfunção dessa célula-tronco -
9:48 - 9:51era a causa da artrite osteocondral,
uma doença bem comum. -
9:51 - 9:54Bem, o problema é que estávamos
procurando uma pílula, -
9:54 - 9:57quando na verdade deveríamos
estar procurando uma célula. -
9:57 - 10:00Por isso, mudamos nossos modelos
-
10:00 - 10:03e começamos, daí, a procurar
pelas células-tronco do esqueleto. -
10:04 - 10:06E, para encurtar a história,
-
10:06 - 10:09cerca de cinco anos atrás,
encontramos essas células. -
10:10 - 10:12Elas vivem dentro do esqueleto.
-
10:12 - 10:15Eis aqui um esquema, ao lado
de uma foto real de uma delas. -
10:15 - 10:17A parte branca é o osso,
-
10:17 - 10:20e essas colunas vermelhas
e as células amarelas -
10:20 - 10:24são células que nasceram
de uma única célula-tronco do esqueleto, -
10:24 - 10:27colunas de cartilagem, colunas
de osso geradas por uma única célula. -
10:27 - 10:30Essas células são fascinantes,
e possuem quatro propriedades. -
10:30 - 10:34A primeira é que vivem
onde se espera que vivam. -
10:34 - 10:38Elas vivem sob a superfície óssea,
debaixo da cartilagem. -
10:38 - 10:41Na biologia, localização é tudo.
-
10:41 - 10:45E elas se movem para as áreas apropriadas
para formar ossos e cartilagens. -
10:45 - 10:46Essa é uma.
-
10:46 - 10:50Uma outra propriedade interessante:
podemos retirá-las do esqueleto vertebrado -
10:50 - 10:53e cultivá-las nas placas de Petri
em laboratório, -
10:53 - 10:55e elas ficam loucas
para formar a cartilagem. -
10:55 - 10:58Lembram-se de como era
impossível formar cartilagem? -
10:58 - 11:00Essas células estão loucas
para formar a cartilagem, -
11:00 - 11:03criando um rolo de cartilagem
ao redor de si próprias. -
11:03 - 11:04Terceiro, elas também são
-
11:04 - 11:09os mais eficientes reparadores
de fraturas que já encontramos. -
11:09 - 11:12Este é um osso pequeno
de um camundongo, que fraturamos -
11:12 - 11:13e deixamos se curar sozinho.
-
11:13 - 11:16Essas células-tronco vieram
e repararam, em amarelo, o osso. -
11:16 - 11:19Em branco, vemos a cartilagem,
quase toda refeita. -
11:19 - 11:23Tanto que se as destacarmos
com uma tinta fluorescente, -
11:23 - 11:26poderão vê-las como um tipo
de cola celular especial -
11:26 - 11:28entrando na área da fratura,
-
11:28 - 11:31reparando-a localmente
e aí parando seu trabalho. -
11:31 - 11:34Bem, a quarta é a mais assustadora:
-
11:34 - 11:38o número delas cai radicalmente,
-
11:38 - 11:43de 10 a 50 vezes,
à medida que envelhecemos. -
11:43 - 11:44Então, o que realmente acontece
-
11:44 - 11:47é que estamos em constante mudança.
-
11:47 - 11:50Fomos em busca de pílulas,
-
11:50 - 11:52mas acabamos encontrando teorias.
-
11:52 - 11:56E, de alguma forma,
acabamos voltando a essa ideia: -
11:56 - 11:59células, organismos, ambientes,
-
11:59 - 12:02porque agora estamos pensando
em células-tronco do osso, -
12:02 - 12:05e pensamos na artrite
em termos de uma doença celular. -
12:06 - 12:08E aí a pergunta seguinte foi:
existem órgãos? -
12:08 - 12:11Pode-se construir isso como
um órgão fora do corpo? -
12:11 - 12:14é possível implantar cartilagem
em áreas traumatizadas? -
12:14 - 12:16E talvez, mais interessante ainda,
-
12:16 - 12:19pode-se subir um nível e criar ambientes?
-
12:19 - 12:22Sabemos que os exercícios
remodelam o osso, -
12:22 - 12:24mas, vamos ser sinceros,
nenhum de nós vai malhar. -
12:24 - 12:29Será que vamos conseguimos construir
e desconstruir passivamente o osso, -
12:29 - 12:34de modo a recriar ou regenerar
a cartilagem degenerada? -
12:34 - 12:37E talvez, ainda mais interessante
e importante, é saber -
12:37 - 12:40se é possível aplicar esse modelo
globalmente, fora da medicina. -
12:40 - 12:44O que está em jogo, como disse antes,
não é matar algo, -
12:44 - 12:46mas desenvolver algo.
-
12:46 - 12:51E penso que isso levanta uma série
de questões das mais interessantes -
12:51 - 12:54sobre como pensamos o futuro da medicina.
-
12:55 - 12:59Será que o remédio poderia ser
uma célula, e não uma pílula? -
12:59 - 13:01Como desenvolveríamos essas células?
-
13:01 - 13:05O que deveríamos fazer para deter
o crescimento maligno dessas células? -
13:05 - 13:08Ouvimos sobre os problemas
do crescimento sem controle. -
13:08 - 13:11Será que poderíamos implantar
genes suicidas nessas células -
13:11 - 13:13a fim de parar seu crescimento?
-
13:13 - 13:17O remédio poderia ser um órgão
criado fora do corpo -
13:17 - 13:19e depois implantado no corpo?
-
13:19 - 13:22Isso poderia deter a degeneração?
-
13:22 - 13:24E se o órgão precisasse ter memória?
-
13:24 - 13:28Nos casos das doenças do sistema nervoso,
alguns desses órgãos tinham memória. -
13:28 - 13:31Como poderíamos implantar
essas memórias de volta? -
13:31 - 13:33Conseguiríamos estocar esses órgãos?
-
13:33 - 13:36Seria preciso desenvolver um órgão
individualmente para cada pessoa -
13:36 - 13:38e colocado de volta?
-
13:39 - 13:41E talvez, ainda mais misterioso,
-
13:41 - 13:44o remédio poderia ser um ambiente?
-
13:44 - 13:46Poderíamos patentear um ambiente?
-
13:46 - 13:49Vocês sabem que, em todas as culturas,
-
13:49 - 13:52os xamãs tem usado ambientes como remédio.
-
13:52 - 13:56Conseguem imaginar
isso para o nosso futuro? -
13:56 - 13:59Falei bastante sobre modelos,
e até comecei esta palestra com eles. -
13:59 - 14:02Então, vou terminar refletindo
sobre a construção de modelos, -
14:02 - 14:04pois é o nosso papel como cientistas.
-
14:04 - 14:08Quando um arquiteto constrói um modelo,
-
14:08 - 14:11está tentando nos mostrar
um mundo em miniatura. -
14:11 - 14:14Mas, quando um cientista
constrói um modelo, -
14:14 - 14:17está tentando nos mostrar
uma metáfora do mundo. -
14:18 - 14:22Está tentando criar
uma nova visão de mundo. -
14:22 - 14:26A primeira é uma mudança de escala;
a segunda é uma mudança de percepção. -
14:27 - 14:32Bem, os antibióticos criaram
uma mudança de percepção tal -
14:32 - 14:36na forma de pensarmos a medicina
que realmente marcou, distorceu, -
14:36 - 14:40de forma muito bem-sucedida, a forma
de pensar a medicina nos últimos 100 anos. -
14:40 - 14:45Mas precisamos de novos modelos
para pensar o futuro da medicina. -
14:45 - 14:47É isso o que está em jogo.
-
14:47 - 14:51Existe uma crença popular por aí
-
14:51 - 14:55de que o motivo pelo qual não
tivemos o impacto transformador -
14:55 - 14:57no tratamento da doença
-
14:57 - 15:00é porque não temos
drogas poderosas o suficiente, -
15:00 - 15:02o que, em parte, é verdade.
-
15:02 - 15:04Mas talvez a verdadeira razão seja
-
15:04 - 15:07não termos formas poderosas
o suficiente de pensar os remédios. -
15:09 - 15:11É certamente verdade
-
15:11 - 15:15que seria ótimo ter novos remédios.
-
15:15 - 15:19Mas talvez o que esteja realmente em jogo
seja três objetivos mais inatingíveis: -
15:19 - 15:23mecanismos, modelos e metáforas.
-
15:23 - 15:25Obrigado.
-
15:25 - 15:27(Aplausos)
-
15:34 - 15:37Chris Anderson:
Gosto muito dessa metáfora. -
15:37 - 15:39Como ela se encaixa?
-
15:39 - 15:42Existe muita conversa no mundo tecnológico
-
15:42 - 15:44sobre a personalização da medicina,
-
15:44 - 15:47que temos esses dados todos
e que os tratamentos médicos do futuro -
15:47 - 15:52serão feitos especialmente para
o seu genoma, seu contexto atual. -
15:52 - 15:56Isso se aplica a este modelo
que temos aqui? -
15:56 - 15:58Siddhartha Mukherjee:
Pergunta bem interessante. -
15:58 - 16:01Pensamos sobre
a personalização da medicina -
16:01 - 16:02muito em termos de genômica.
-
16:02 - 16:05Isso é porque o gene
é uma metáfora tão dominante, -
16:05 - 16:08para usar de novo essa palavra,
na medicina hoje, -
16:08 - 16:12que pensamos que o genoma vai ser
o motor da personalização na medicina. -
16:12 - 16:15Mas, é claro, o genoma é apenas a base
-
16:15 - 16:19de uma longa cadeia do ser,
por assim dizer. -
16:19 - 16:22Nessa cadeia do ser, a primeira
unidade organizada é realmente a célula. -
16:22 - 16:25Assim, se vamos fazer
medicina dessa forma, -
16:25 - 16:28temos de pensar em personalizar
as terapias celulares, -
16:28 - 16:31depois personalizar as terapias
dos órgãos ou do organismo -
16:31 - 16:35e, finalmente, personalizar terapias
de imersão para o ambiente. -
16:35 - 16:38Assim, penso que em todos os estágios
-
16:38 - 16:41há essa metáfora de algo
que existe "de cabo a rabo". -
16:41 - 16:43Aqui há uma personalização
em cada uma das fases. -
16:43 - 16:46CA: Então, quando você diz
que o remédio poderia ser uma célula, -
16:46 - 16:48e não uma pílula,
-
16:48 - 16:51você está falando potencialmente
sobre suas próprias células. -
16:51 - 16:54SM: Sem dúvida.
CA: Então convertida para célula-tronco, -
16:54 - 16:58talvez testada contra todo tipo
de drogas ou algo, e preparada. -
16:58 - 17:00SM: E não há talvez.
Isso é o que estamos fazendo. -
17:00 - 17:04Isso é o que está ocorrendo
e, de fato, estamos indo devagar, -
17:04 - 17:07não afastados da genômica,
mas incorporando a genômica -
17:07 - 17:12em sistemas multiordenados,
semiautônomos e autorregulados, -
17:12 - 17:15como células, órgãos e ambientes.
-
17:15 - 17:18CA: Muito obrigado.
SM: Foi um prazer. Obrigado. -
17:18 - 17:20(Aplausos)
- Title:
- Em breve vamos curar doenças com uma célula, não com uma pílula
- Speaker:
- Siddhartha Mukherjee
- Description:
-
Os tratamentos médicos atuais podem ser resumidos em etapas: ter a doença, tomar um remédio e matar algo. Mas o médico Siddhartha Mukherjee aponta para um futuro na medicina que vai transformar a forma como vamos buscar a cura.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 17:31
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JANE MARIAN accepted Portuguese, Brazilian subtitles for Soon we'll cure diseases with a cell, not a pill |