Doces são os frutos da adversidade | Karla Souza | TEDxCalzadaDeLosHéroes
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0:22 - 0:26Em vez de me dizer:
"Karla, tens de fazer assim, -
0:26 - 0:30"não podes fazer assado,
isto está certo, isto está errado", -
0:30 - 0:33o meu pai prefere contar-me histórias.
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0:33 - 0:37As histórias dele
refletem as minhas decisões -
0:37 - 0:40muito mais do que ele imagina.
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0:40 - 0:43Dou-vos um exemplo:
quando eu tinha dez anos, -
0:43 - 0:47o meu pai viveu uma das situações
mais aterrorizantes que possam imaginar. -
0:47 - 0:50Ao voltar de um jantar de família,
em Cuernavaca, -
0:50 - 0:55depara-se com uma das amas
a flutuar de cabeça para baixo na piscina. -
0:56 - 1:01O meu pai atira-se imediatamente à água,
tira a jovem da piscina -
1:01 - 1:06e faz tudo para reanimá-la, em vão.
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1:06 - 1:09Eu só soube do que aconteceu
uns anos mais tarde, -
1:09 - 1:14mas o meu pai conta-me que, nessa noite,
deitado na cama sem conseguir dormir, -
1:15 - 1:19a única coisa que via era a imagem
da pobre rapariga a flutuar na piscina. -
1:19 - 1:21Então, decide levantar-se,
voltar à piscina, -
1:21 - 1:26sentar-se numa cadeira,
olhando fixamente para a piscina, -
1:26 - 1:28encarando o trauma de frente.
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1:29 - 1:31Desconfortável.
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1:31 - 1:35As imagens vinham-lhe à cabeça,
o corpo, o cabelo molhado, -
1:35 - 1:39a família e a morte, a culpa,
os "e se" a percorrer-lhe a mente. -
1:39 - 1:40Porque fomos jantar?
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1:40 - 1:43Porque foi nadar sozinha,
se não sabia nadar? -
1:43 - 1:45Como? Porquê? E se?
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1:47 - 1:50Continua a confrontar-se,
sentado na cadeira, -
1:50 - 1:54sem desistir,
enquanto não vencer os pensamentos. -
1:55 - 1:58Sete horas depois,
começa a nascer o sol -
1:58 - 2:01e o meu pai
tenta recordar outros momentos; -
2:01 - 2:04momentos felizes
que também passáramos naquela piscina. -
2:04 - 2:07Férias, brincadeiras, gargalhadas.
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2:07 - 2:13Pouco a pouco, aquela imagem ou trauma
perde o controlo sobre o meu pai. -
2:14 - 2:18Nos momentos em que eu mais quero correr,
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2:18 - 2:21fugir, escapar,
lembro-me desta história. -
2:21 - 2:26As histórias dele convidam-me
a lançar-me ao desconhecido, -
2:26 - 2:28ao que mais me assusta.
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2:28 - 2:31E, hoje, é esse o caso.
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2:31 - 2:35Quando me convidaram
para ser oradora na TED, -
2:35 - 2:39a minha primeira reação foi:
"Nem morta!" -
2:39 - 2:43Não, convidem-me
para fazer qualquer papel, -
2:43 - 2:46uma alcoólica,
uma cantora desafinada, -
2:46 - 2:50uma pedante, uma maluca,
uma criminosa. -
2:51 - 2:56Uma estudante de Direito assassina,
o que quiserem, que aceito de bom grado. -
2:56 - 2:59Até me podem pedir que faça de atriz.
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2:59 - 3:02Que pose em frente
às câmaras de Hollywood, -
3:02 - 3:05gente por todo o lado,
as estrelas de Hollywood, -
3:06 - 3:08com saltos altos desconfortáveis
e muita maquilhagem. -
3:08 - 3:12Sorrio e respondo às perguntas indiscretas
que gostam de fazer. -
3:13 - 3:15Peçam-mo,
que tenho todo o gosto em fazê-lo. -
3:15 - 3:17Mas pedir-me que seja eu mesma,
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3:17 - 3:22tirar as máscaras das personagens
atrás das quais me escondo, -
3:22 - 3:26subir a este palco
e expor-me honestamente convosco, -
3:26 - 3:30dá-me voltas à barriga,
insónias e muita vontade de dizer: -
3:30 - 3:32"Não, desculpem,
estou com a agenda cheia." -
3:32 - 3:34(Risos)
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3:34 - 3:37Espero que o meu pai
esteja orgulhoso por eu estar aqui. -
3:37 - 3:40As histórias dele são o meu legado.
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3:40 - 3:44E são o que me move
na direção menos confortável. -
3:44 - 3:47Na nossa sociedade, tentamos evitar,
a todo o custo, -
3:47 - 3:50esses momentos desconfortáveis,
esses momentos difíceis. -
3:50 - 3:53A nossa sociedade vende-nos ideias.
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3:53 - 3:57Ideias que, na minha opinião,
são mentiras muito bem disfarçadas. -
3:57 - 3:59Desde as mais simples, como:
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3:59 - 4:02"Perca 15 Kg
sem exercício em dieta em dois dias." -
4:02 - 4:04(Risos)
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4:04 - 4:07"Aprenda uma língua
em apenas duas semanas." -
4:08 - 4:11Ou os subtis filtros
que aplicamos às fotografias -
4:11 - 4:17que publicamos nas redes sociais;
versões perfeitas e irreais de quem somos. -
4:18 - 4:20Asfixiam-nos
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4:20 - 4:23quando tentamos manter essa imagem
ou esse padrão. -
4:24 - 4:27O que me dizem das vidas
de Rafa Márquez, -
4:27 - 4:30Rodolfo Neri, Iñárritu
ou Frida Kahlo? -
4:30 - 4:33São vistos como seres sobredotados
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4:34 - 4:39e que obtiveram sucesso
devido apenas ao seu talento -
4:38 - 4:43e não pelas horas infindas de experiência,
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4:43 - 4:45trabalho e fracasso diário.
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4:46 - 4:48O pior é que acreditamos nessas mentiras.
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4:48 - 4:51Não imaginam as vezes
que alguém me diz: -
4:51 - 4:53"Karla, como faço
para conquistar os meus sonhos? -
4:53 - 4:54"Quero ser atriz.
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4:54 - 4:57"A minha mãe e a minha tia
dizem-me que tenho um jeitaço." -
4:57 - 4:59(Risos)
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5:00 - 5:04E quando lhes pergunto:
"E que cadeiras ou curso estás a tirar?" -
5:05 - 5:09"Bom, ainda não comecei,
mas a minha mãe e a minha tia -
5:09 - 5:13"dizem-me que já estou pronta
para começar a representar." -
5:14 - 5:15Mentira.
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5:15 - 5:18Tenho um vídeo de quando tinha 12 anos,
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5:18 - 5:20a contracenar num projeto da escola,
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5:20 - 5:23para que percebam
que a minha vontade de ser atriz -
5:23 - 5:25não era suficiente para o fazer.
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5:28 - 5:30(Vídeo)
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5:41 - 5:43(Risos)
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5:45 - 5:48Veem como era importante estudar,
horas e horas? -
5:50 - 5:53Continuo a ter aulas de representação.
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5:53 - 5:55Um dos meus autores preferidos,
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5:55 - 5:59Malcolm Gladwell prova esta teoria,
no seu livro "Outliers". -
5:59 - 6:02Pega em casos de intelectuais e génios,
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6:02 - 6:06que, normalmente, pensamos
que nasceram assim, sobredotados, -
6:06 - 6:09e calcula que, na realidade,
tiveram mais de 10 mil horas -
6:09 - 6:12de experiência e estudo na sua área
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6:12 - 6:16antes de serem
chamados de génios ou peritos. -
6:17 - 6:21Eu pratiquei ginástica olímpica
durante 8 anos. -
6:22 - 6:25Treinava 5 horas por dia,
de segunda a sábado, -
6:25 - 6:29com feridas nas mãos,
sujando as barras de sangue. -
6:29 - 6:33Tinha de continuar a esforçar-me,
pois sabia que tinha de o fazer -
6:33 - 6:35para continuar na equipa.
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6:35 - 6:38Levantava-me às 5 horas da manhã
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6:38 - 6:40para ir treinar,
antes de começarem as aulas, -
6:40 - 6:44sacrificando viagens,
festas, namoricos. -
6:46 - 6:49Esses 8 anos ensinaram-me
que a medalha de ouro -
6:49 - 6:52não se ganha por acaso.
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6:52 - 6:56O músculo tem de se rasgar
para crescer. -
6:56 - 7:00O músculo tem de se rasgar
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7:00 - 7:02para poder crescer.
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7:02 - 7:06Percebo a ciência por detrás disto,
mas porque é que, ainda assim, -
7:06 - 7:10protesto contra os momentos
em que a adversidade me bate à porta? -
7:10 - 7:13Imaginem,
é o meu primeiro dia -
7:14 - 7:16na escola de atores de Londres.
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7:16 - 7:21Apresentam-se 5000 miúdos
e só aceitam 15 mulheres e 15 homens. -
7:21 - 7:24Como podem imaginar,
sinto-me bastante especial. -
7:26 - 7:30Nesse dia, chega um dos professores
mais reverenciados, que nos diz: -
7:30 - 7:33"Daqui a 5 anos,
só 3 dos 30 que aqui estão -
7:33 - 7:36"vão ter trabalho nesta área."
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7:38 - 7:42Penso: "Como 10%,
se todos temos talento? -
7:42 - 7:44"Não pode ser assim tão difícil."
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7:45 - 7:48Com o passar dos meses,
seis desistiram no primeiro ano, -
7:48 - 7:52alguns mudaram de profissão,
de curso, -
7:52 - 7:56outros perdemo-los
por crises emocionais e psicológicas -
7:56 - 8:01e um amigo meu, Robin,
um dos atores mais talentosos da escola, -
8:03 - 8:05suicidou-se.
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8:07 - 8:09É difícil.
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8:09 - 8:14Qualquer carreira que queiram seguir
é e vai ser difícil. -
8:15 - 8:19Então, onde está a vossa força?
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8:20 - 8:22O que vos fará aguentar a pressão
nos momentos mais escuros, -
8:22 - 8:25mais difíceis com que se vão deparar?
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8:25 - 8:29Como diria a advogada da série
"Como Defender um Assassino": -
8:29 - 8:31Qual é o vosso motivo?
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8:31 - 8:34Não vos julgo,
se o vosso motivo é serem milionários, -
8:34 - 8:36se é serem famosos,
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8:36 - 8:39fazer com que a vossa "ex"
se arrependa por vos ter deixado... -
8:39 - 8:41(Risos)
-
8:42 - 8:44...tudo bem.
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8:44 - 8:48Só acho que esse motivo
deve estar tão enraizado no vosso ser, -
8:48 - 8:50tão impregnado na vossa pele,
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8:50 - 8:54que independentemente do tumulto,
da rejeição, da crítica que recebam, -
8:54 - 8:57esse motivo fará
com que se levantem e continuem a tentar. -
8:57 - 9:00"Karla, desculpa, queremos alguém
mais famoso para este papel." -
9:00 - 9:01Levanta-te, Karla.
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9:01 - 9:04"Karla, queremos alguém
menos famoso para este papel." -
9:04 - 9:07"Mais latina, menos latina,
mais magra, menos magra." -
9:07 - 9:09Vamos, Karla, continua.
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9:10 - 9:13A quantidade de "nãos", rejeições
e críticas que recebo diariamente -
9:13 - 9:16vão desde comentários
de produtores como estes -
9:16 - 9:20a comentários no Twitter como:
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9:20 - 9:22"Não gostei da tua atuação."
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9:23 - 9:26Ou "Estás bonita,
mas estás meia vesga". -
9:27 - 9:28(Risos)
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9:29 - 9:31"Perninhas de alicate."
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9:31 - 9:35Ou comentários de familiares e amigos:
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9:34 - 9:37"Karla, porque vais para Hollywood?
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9:37 - 9:40"Estás maluca, esquece isso.
Nunca vais conseguir." -
9:46 - 9:47Onde ia?
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9:49 - 9:50Um dia,
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9:51 - 9:55recebo notificação de um "casting",
para um filme chamado "El Jesuita", -
9:55 - 10:00escrito pelo mesmo argumentista
de "Taxi Driver", "O Touro Enraivecido", -
10:00 - 10:01Paul Schrader.
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10:01 - 10:03Estão à procura de uma atriz
da minha idade. -
10:03 - 10:06Quando ligo à senhora do "casting":
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10:06 - 10:10"Karla, desculpa. Os produtores
estão à procura de alguém que consiga... -
10:10 - 10:15"Os produtores acham que não és
a pessoa indicada para este papel." -
10:14 - 10:17Eu conhecia um dos produtores,
por isso, liguei-lhe: -
10:17 - 10:23"Karla, queremos alguém que consiga
interpretar uma texana bruta e racista." -
10:24 - 10:27"Perfeito! Eu posso fazer isso."
-
10:27 - 10:29"Claro, Karlita,
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10:29 - 10:32"a questão é que o realizador
acha que és demasiado bonita, -
10:32 - 10:34"demasiado delicada.
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10:34 - 10:37"Estamos à procura de alguém
com ar de drogada." -
10:37 - 10:38E desliga.
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10:38 - 10:42Sinto-me irritada e frustrada,
porque só queria ter a oportunidade -
10:42 - 10:44de fazer a audição,
mas nem isso me deram. -
10:44 - 10:47Por isso, consigo o guião,
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10:47 - 10:48decoro uma cena.
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10:48 - 10:52Peço aos meus amigos maquilhadores
que me ajudem a pôr-me menos "delicada". -
10:53 - 10:55Alugo uma câmara, umas luzes
-
10:55 - 10:58e, no dia seguinte,
envio isto ao produtor. -
11:00 - 11:02(Vídeo)
-
11:30 - 11:34Passaram duas semanas
e não recebi nenhuma resposta. -
11:34 - 11:38De repente, recebo um telefonema
e é o produtor com o realizador: -
11:39 - 11:41"Karla, damos-te o papel."
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11:42 - 11:44(Risos)
-
11:46 - 11:49Fazemos as filmagens,
mas, vá-se lá saber, -
11:49 - 11:53o filme não estreou,
nem sei se vai estrear. -
11:54 - 11:58Espero que sim, mas às vezes
sentimos que o esforço não valeu de nada. -
11:58 - 12:01Mas ninguém me tira esta experiência.
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12:01 - 12:03Além disso,
juntei-a às minhas 10 mil horas. -
12:03 - 12:07O sucesso é a capacidade
de passar de fracasso a fracasso -
12:07 - 12:11com entusiasmo,
como disse, e bem, Churchill. -
12:11 - 12:15E eu creio que um bom motivo
pode ajudar-nos a fazer isso. -
12:15 - 12:20Contudo, o meu motivo
não foi sempre o mesmo. -
12:19 - 12:22Mudou há 8 anos,
drasticamente. -
12:23 - 12:27Estava no final do meu primeiro ano
dos 3 anos na escola de Londres, -
12:28 - 12:32e, um dia, sem razão aparente,
deixo de falar. -
12:33 - 12:36Durante três meses,
não consigo falar. -
12:36 - 12:38Durante três meses,
não consigo pronunciar -
12:38 - 12:41nem uma miserável frase.
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12:41 - 12:44Nem os médicos
nem os eletroencefalogramas -
12:44 - 12:47me puderam explicar
o que realmente aconteceu. -
12:48 - 12:51O que vos posso dizer é que tive
um momento de tanta frustração -
12:51 - 12:55e tanto desespero,
que cheguei a querer suicidar-me. -
12:55 - 12:59Então, procuro dentro de mim
a força que acreditava que tinha, -
12:59 - 13:02procuro a ajuda da minha família,
dos meus amigos, -
13:02 - 13:06a minha fé em Deus
e não encontro nada. -
13:06 - 13:08Não há cura, não há saída.
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13:08 - 13:13O meu motivo, a minha força
começa a desvanecer e acaba. -
13:14 - 13:18Contudo, o inferno onde me encontro
-
13:18 - 13:23torna-se um pouco mais leve,
quando começo a ver a minha dor. -
13:24 - 13:29O mesmo tipo de dor refletido
nas obras de arte de outras pessoas. -
13:30 - 13:33Em obras de teatro, em filmes,
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13:36 - 13:38em quadros.
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13:40 - 13:43Pouco a pouco,
começo a ver a minha dor -
13:43 - 13:45e a lê-la em poemas.
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13:46 - 13:48As palavras dos poetas
e das personagens -
13:48 - 13:50começam a preencher o meu silêncio.
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13:50 - 13:54Passam a ser a única forma
de expressar as minhas emoções. -
13:55 - 13:58Leio a minha dor
nos poemas de Sylvia Plath: -
13:59 - 14:05"Prostro-me diante de ti, entorpecida
como um fóssil, diz-me que estou aqui." -
14:06 - 14:09Identifico-me
com a problematização constante da vida -
14:09 - 14:12nos livros de Jack Kerouac;
vejo os quadros de Frida Kahlo -
14:12 - 14:17e, pela primeira vez, consigo sentir
o sofrimento dos seus autorretratos. -
14:17 - 14:20A arte transforma-se em algo vivo.
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14:20 - 14:24Durante esses três meses de silêncio,
-
14:23 - 14:25de prisão e angústia,
-
14:25 - 14:29apaixonei-me inexplicável
e totalmente pela arte. -
14:29 - 14:33O sofrimento atingiu-me
como um prego no coração de Deus. -
14:34 - 14:36E entristece-me saber
que há pessoas que não acreditam -
14:36 - 14:40que a arte seja digna da nossa atenção
-
14:40 - 14:42e do nosso financiamento.
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14:42 - 14:44Porque, para mim,
não é apenas uma paixão, -
14:45 - 14:48foi o que me salvou a vida,
o que me manteve viva. -
14:48 - 14:53Outra prova aconteceu há três anos,
quando ganhei a lotaria. -
14:53 - 14:56Apaixonei-me por um homem.
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14:56 - 14:59Chamemos-lhe Pedro,
para manter o anonimato. -
14:59 - 15:01(Risos)
-
15:02 - 15:06Eu queria casar com o Pedro.
Estava muito apaixonada. -
15:06 - 15:11Fui descobrindo que a família do Pedro,
aqui no México, é muito poderosa, -
15:11 - 15:14tinham imenso dinheiro,
muito mais do que eu imaginava, -
15:14 - 15:17muito mais do que conseguiria
gastar numa vida. -
15:17 - 15:20Um dia, pedem-me que me sente
e dizem-me: -
15:20 - 15:22"Karla, gostamos muito de ti,
-
15:22 - 15:25"queremos que faças parte da família,
mas só com uma condição: -
15:25 - 15:27"deixa de ser atriz.
-
15:28 - 15:32"Apoiamos-te no que quiseres,
em qualquer outra profissão que escolhas, -
15:32 - 15:34"mas deixa de representar,
porque se continuares, -
15:34 - 15:38"não vais conseguir ser
uma mulher fiel nem uma boa mãe -
15:38 - 15:41"e nós queremos o melhor para ti."
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15:47 - 15:49Ardiam-me os olhos.
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15:50 - 15:54Levanto-me e despeço-me
do Pedro e da família. -
15:54 - 15:57Dou meia volta e saio
sem saber o que fazer da vida, -
15:57 - 16:02mas certa de que
o chamamento de Deus na minha vida, -
16:02 - 16:05os meus sonhos
e a minha paixão não têm preço. -
16:05 - 16:07E o meu marido adora esta história.
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16:08 - 16:10(Risos)
-
16:10 - 16:13Está aqui.
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16:13 - 16:15Porque vos conto estas histórias?
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16:15 - 16:18Porque, normalmente, as pessoas
acham que o sucesso e a fama -
16:18 - 16:22são algo maravilhoso e fácil de levar.
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16:23 - 16:28Para mim, estas provas
geram frutos como o perdão, -
16:28 - 16:33a perseverança, a disciplina,
o carácter e a esperança. -
16:33 - 16:38São o que aguça o meu trabalho
e o que, com muita paciência, -
16:38 - 16:42vai afinando o meu ser,
libertando-me do meu orgulho. -
16:42 - 16:46Aprendi que os aplausos
são efémeros -
16:46 - 16:49e essa fama que procuramos
tão obsessivamente -
16:49 - 16:52é uma mera borbulha
que facilmente se espreme. -
16:53 - 16:59Não sei a fórmula secreta
para conquistar sonhos e metas na vida. -
17:00 - 17:04Aprendo à medida que avanço,
com a ajuda das histórias do meu pai. -
17:04 - 17:06Continuo a desafiar-me
a enfrentar os meus medos, -
17:07 - 17:09continuo a acrescentar
às minhas 10 mil horas, -
17:09 - 17:12para alcançar a excelência
no meu trabalho -
17:12 - 17:15e continuo a usar o sofrimento,
-
17:15 - 17:19para que continue a atingir-me
como um prego no coração de Deus. -
17:20 - 17:23Algumas ideias e revelações pessoais
que temos na vida, -
17:23 - 17:26de alguma forma,
não podem ser partilhadas, -
17:27 - 17:33não podem ser explicadas,
só podem ser contadas, vividas. -
17:33 - 17:37Contudo, espero que as palavras
do meu companheiro William Shakespeare -
17:38 - 17:41possam ecoar
ao longo do vosso caminho: -
17:42 - 17:48"Doces são os frutos da adversidade,
que como o sapo, feio e venenoso, -
17:48 - 17:51"carrega na cabeça
uma joia preciosa." -
17:51 - 17:53A adversidade,
-
17:54 - 17:55muitas vezes,
-
17:56 - 18:00apresenta-se como esse sapo,
feio e venenoso, -
18:01 - 18:03mas cada vez que aparece,
-
18:04 - 18:07cada vez que surge o desafio,
agora que penso nisso, -
18:07 - 18:10se esgravatar no caminho,
-
18:10 - 18:12encontro uma joia preciosa.
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18:13 - 18:14Obrigada.
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18:14 - 18:17(Aplausos)
- Title:
- Doces são os frutos da adversidade | Karla Souza | TEDxCalzadaDeLosHéroes
- Description:
-
Esta palestra foi feita num evento local TEDx, produzido independentemente das Conferências TED.
Existem estereótipos e paradigmas relativos a certas carreiras e à maneira de alcançar o sucesso. Na sua palestra, a atriz Karla Souza abre a sua alma, dando a sua vida como exemplo, para mostrar como podemos usar a adversidade em nosso benefício.
- Video Language:
- Spanish
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 18:34