Return to Video

Reflexões sobre a luta de uma vida para acabar com a pobreza infantil.

  • 0:01 - 0:04
    Pat Mitchell: Eu sei que não gosta
    que lhe chamem "lenda".
  • 0:04 - 0:05
    Marian Wright Edelman: Pois não.
  • 0:05 - 0:06
    (Risos)
  • 0:06 - 0:08
    PM: Porque não, Marian?
  • 0:08 - 0:10
    Porque, de certa forma, é uma legenda.
  • 0:10 - 0:12
    Tem vindo a fazer isto há muito tempo
  • 0:12 - 0:15
    e ainda continua
    como fundadora e presidente.
  • 0:15 - 0:20
    MWE: Porque o meu pai e a minha mãe
    educaram-nos a servir,
  • 0:20 - 0:23
    e nós somos líderes-servidores.
  • 0:23 - 0:27
    Não tem nada a ver
    com coisas externas ou rótulos,
  • 0:27 - 0:30
    e eu sinto-me como a pessoa
    mais sortuda do mundo
  • 0:30 - 0:34
    por ter nascido numa época de
    injustiças e de grandes necessidades,
  • 0:34 - 0:36
    e de grandes oportunidades
    para mudar isso.
  • 0:36 - 0:38
    Então, eu sinto-me muito agradecida
  • 0:38 - 0:41
    por poder servir e fazer a diferença.
  • 0:41 - 0:43
    PM: Que bonita maneira de dizer isso.
  • 0:43 - 0:45
    (Aplausos)
  • 0:46 - 0:48
    Cresceu na América do Sul
  • 0:48 - 0:51
    e, como todas as crianças,
  • 0:51 - 0:55
    os seus pais tiveram um papel importante
    naquilo em que se tornou.
  • 0:56 - 1:00
    Diga-me: O que é que eles lhe ensinaram
    sobre a criação de um movimento?
  • 1:00 - 1:03
    MWE: Eu tive pais extraordinários.
    Tive muita sorte.
  • 1:03 - 1:06
    A minha mãe era a melhor organizadora
    que eu já conheci.
  • 1:06 - 1:09
    E ela sempre insistiu, mesmo naquela época
    em ter o seu próprio dinheiro.
  • 1:09 - 1:13
    Começou com uma produção de lacticínios
    para ter o seu dinheiro,
  • 1:13 - 1:16
    e obviamente transmitiu-me
    esse sentido de independência.
  • 1:17 - 1:20
    O meu pai era pastor religioso
    e eram realmente parceiros.
  • 1:20 - 1:23
    Tenho uma irmã mais velha,
  • 1:23 - 1:26
    Eu sou a mais nova,
    e há três rapazes pelo meio.
  • 1:26 - 1:29
    Eu sempre soube que era
    tão inteligente como os meus irmãos.
  • 1:29 - 1:32
    Eu sempre fui uma maria-rapaz.
  • 1:32 - 1:35
    Sempre tive as mesmas grandes
    aspirações que eles.
  • 1:35 - 1:38
    Mas o mais importante
    é que fomos imensamente abençoados,
  • 1:38 - 1:40
    apesar de crescermos
  • 1:40 - 1:43
    numa pequena cidade da Carolina do Sul
    onde havia muita segregação.
  • 1:45 - 1:47
    Nós sabíamos que era errado.
  • 1:48 - 1:50
    Eu sempre soube,
    desde os meus quatro anos,
  • 1:50 - 1:54
    que não ia aceitar
    que me metessem num grupo.
  • 1:54 - 1:58
    Mas os meus pais sempre souberam
    que o problema não éramos nós,
  • 1:58 - 2:00
    era o mundo lá fora,
  • 2:00 - 2:02
    e que, ao crescermos,
    podíamos mudar essa situação.
  • 2:02 - 2:04
    E eu comecei a fazer isso muito cedo.
  • 2:04 - 2:07
    Mas o mais importante,
    eram os melhores exemplos e diziam:
  • 2:07 - 2:11
    "Perante uma necessidade, não perguntes
    porque é que ninguém faz nada.
  • 2:11 - 2:12
    "Vê o que tu podes fazer."
  • 2:12 - 2:15
    Não havia nenhum lar de idosos
    na nossa cidade.
  • 2:15 - 2:17
    E o Reverendo Reddick,
    que tinha o que hoje,
  • 2:17 - 2:19
    50 anos depois, chamamos
    doença de Alzheimer,
  • 2:19 - 2:21
    começou a vaguear pelas ruas.
  • 2:21 - 2:24
    Então os meus pais perceberam
    que ele precisava de um lugar para viver,
  • 2:24 - 2:26
    e criámos um lar para idosos.
  • 2:26 - 2:28
    As crianças tinham de cozinhar,
    de limpar e servir.
  • 2:28 - 2:30
    Nós não gostávamos de fazer isso,
  • 2:30 - 2:33
    mas foi assim que aprendemos
    que era a nossa obrigação
  • 2:33 - 2:36
    cuidar daqueles que não
    conseguiam cuidar de si próprios.
  • 2:36 - 2:40
    Tive 12 irmãs e irmãos adotivos.
  • 2:40 - 2:44
    A minha mãe acolheu-os
    antes e depois de sairmos de casa.
  • 2:44 - 2:48
    E novamente, "quando vires
    uma necessidade tenta satisfazê-la."
  • 2:48 - 2:50
    Como o meu pai costumava dizer:
  • 2:50 - 2:53
    "Deus dirige uma economia
    de pleno emprego."
  • 2:53 - 2:54
    (Risos)
  • 2:54 - 2:56
    Então, se seguirmos a necessidade,
  • 2:56 - 2:59
    nunca nos faltará o que fazer,
    nunca nos faltará um objetivo na vida.
  • 2:59 - 3:03
    Cada problema em que atualmente
    o Fundo de Defesa da Criança trabalha
  • 3:03 - 3:07
    vem da minha infância
    de uma maneira muito pessoal.
  • 3:07 - 3:10
    O pequeno Johnny Harrington,
    que vivia a três casas da minha,
  • 3:10 - 3:13
    pisou um prego
    — ele vivia com a avó —
  • 3:13 - 3:16
    apanhou tétano, foi para o hospital,
    não apanhou injeções contra o tétano
  • 3:16 - 3:19
    e morreu, aos 11 anos.
  • 3:19 - 3:20
    Eu lembrei-me disso.
  • 3:20 - 3:22
    Houve um acidente na estrada,
  • 3:22 - 3:25
    que envolveu dois camionistas,
    que eram brancos
  • 3:25 - 3:28
    e uma família migrante
    que era negra.
  • 3:29 - 3:30
    Fomos todos acudir.
  • 3:30 - 3:34
    Isto foi em frente duma igreja.
    A ambulância chegou,
  • 3:34 - 3:37
    viu que os camionistas brancos
    não estavam feridos,
  • 3:37 - 3:40
    viu que os trabalhadores
    migrantes negros estavam feridos,
  • 3:40 - 3:42
    viraram as costas e foram-se embora.
  • 3:42 - 3:43
    Eu nunca esqueci aquilo.
  • 3:43 - 3:46
    A vacinação foi uma das primeiras coisas
    em que trabalhei
  • 3:46 - 3:48
    no Fundo de Defesa da Criança,
  • 3:48 - 3:52
    para garantir que todas as crianças
    ficassem imunizadas a doenças evitáveis.
  • 3:53 - 3:56
    (Aplausos)
  • 3:56 - 3:58
    Escolas discriminadas e desiguais,
  • 3:58 - 4:00
    equipadas com o refugo
    das escolas de brancos.
  • 4:00 - 4:02
    Nós tivemos sempre livros lá em casa.
  • 4:02 - 4:03
    O meu pai lia muito.
  • 4:03 - 4:07
    Fazia-me ler todas as noites com ele
    durante 15 a 20 minutos.
  • 4:07 - 4:10
    Um dia, coloquei "True Confessions"
    dentro de uma revista
  • 4:10 - 4:12
    e ele pediu-me para ler em voz alta.
  • 4:12 - 4:15
    Nunca mais voltei a ler
    "True Confessions".
  • 4:15 - 4:16
    (Risos)
  • 4:16 - 4:18
    Mas eram bons leitores.
  • 4:18 - 4:20
    Tínhamos livros antes de ter
    um segundo par de sapatos,
  • 4:20 - 4:22
    e isso era muito importante.
  • 4:22 - 4:24
    Embora tivéssemos livros usados
    nas escolas negras
  • 4:24 - 4:26
    e tudo em segunda mão,
  • 4:26 - 4:28
    era uma grande necessidade.
  • 4:28 - 4:32
    Ele deixou claro que ler
    era uma janela para o mundo lá fora,
  • 4:32 - 4:35
    e esse foi um grande presente deles.
  • 4:37 - 4:40
    Mas a lição repetida era
  • 4:40 - 4:43
    que Deus dirigia uma economia
    de pleno emprego
  • 4:43 - 4:46
    e, se seguíssemos a necessidade,
  • 4:46 - 4:48
    nunca nos faltaria um objetivo na vida.
  • 4:48 - 4:50
    Isso, para mim, foi suficiente.
  • 4:50 - 4:52
    Tínhamos uma cidade
    pequena e muito segregada.
  • 4:53 - 4:55
    Eu era uma rebelde
    desde os quatro ou cinco anos.
  • 4:55 - 4:57
    Entrei num hipermercado
  • 4:57 - 4:59
    e havia placas de água
    para "brancos" e para "negros"
  • 4:59 - 5:02
    mas eu não sabia o que era aquilo
    e não prestei atenção.
  • 5:02 - 5:04
    Eu estava com uma catequista.
  • 5:04 - 5:06
    E bebi na fonte de água errada.
  • 5:06 - 5:09
    Ela arrancou-me de lá,
    e eu não percebi porquê.
  • 5:09 - 5:12
    Depois, explicou-me a questão
    da água para brancos e para negros.
  • 5:12 - 5:14
    Eu não sabia mas, depois disso,
  • 5:14 - 5:16
    fui para casa, levei o meu ego
    ferido aos meus pais,
  • 5:16 - 5:20
    contei-lhes o que tinha acontecido
    e perguntei: "O que é que tenho de mal?"
  • 5:20 - 5:21
    Eles responderam:
    "
  • 5:21 - 5:23
    "Não tens nada de mal,
    o que está mal é o sistema."
  • 5:23 - 5:26
    Eu costumava ir às escondidas
    mudar as placas da água
  • 5:26 - 5:27
    em todos os lugares onde ia.
  • 5:27 - 5:28
    (Risos)
  • 5:28 - 5:30
    Sentia-me mesmo bem...
  • 5:30 - 5:32
    (Aplausos)
  • 5:32 - 5:38
    PM: Não há dúvida que esta
    mulher lendária é um bocado rebelde,
  • 5:38 - 5:40
    e há muito tempo.
  • 5:40 - 5:45
    Começou o seu trabalho como advogada
    e com o movimento dos direitos cívicos,
  • 5:45 - 5:49
    e trabalhou com o Dr. King na primeira
    "Campanha das Pessoas Pobres".
  • 5:49 - 5:53
    Depois, há 45 anos, decidiu criar
  • 5:53 - 5:56
    uma campanha nacional
    de defesa das crianças.
  • 5:56 - 6:01
    Porque escolheu esse serviço específico,
    virado para as crianças?
  • 6:01 - 6:05
    MWE: Foi devido às inúmeras coisas
    que vi no Mississippi
  • 6:05 - 6:08
    e em todo o sul dos EUA
  • 6:08 - 6:09
    que tinham a ver com crianças.
  • 6:09 - 6:12
    Eu vi crianças com barrigas
    inchadas neste país,
  • 6:12 - 6:14
    quase a morrer de fome,
  • 6:14 - 6:15
    famintas,
  • 6:15 - 6:17
    que não tinham roupas,
  • 6:18 - 6:19
    e ninguém queria acreditar
  • 6:19 - 6:21
    que havia crianças a morrer à fome.
  • 6:21 - 6:24
    Isso é um processo lento.
  • 6:24 - 6:26
    Ninguém queria ouvir.
  • 6:26 - 6:28
    Eu dizia aos congressistas
    que chegavam ao Mississippi,
  • 6:28 - 6:31
    "Vá ver", mas a maioria
    não quis ocupar-se disso.
  • 6:31 - 6:33
    Mas eu vi a miséria opressiva.
  • 6:33 - 6:36
    O estado do Mississippi,
    durante a operação do registo eleitoral
  • 6:36 - 6:40
    — com jovens brancos vindos de fora
    para ajudar os negros a inscreverem-se —
  • 6:40 - 6:43
    queria que todos saíssem do estado,
    e, para isso, tentou privá-los de comida.
  • 6:43 - 6:45
    Em vez dos produtos alimentares gratuitos
  • 6:45 - 6:48
    vendiam cupões de alimentação
    que custavam 2 dólares.
  • 6:48 - 6:51
    As pessoas não tinham salário
    e ninguém nos EUA acreditava
  • 6:51 - 6:53
    que havia gente nos EUA
    que não tinha salário.
  • 6:53 - 6:55
    Eu conhecia centenas e milhares
    nessa situação.
  • 6:56 - 6:58
    A desnutrição estava a tornar-se
    um grande problema.
  • 6:58 - 7:02
    Certo dia, chegou o Dr. King
  • 7:02 - 7:05
    nós lutávamos por uma série de coisas
    para refinanciar o programa Head Start
  • 7:05 - 7:08
    que o estado do Mississippi
    tinha recusado.
  • 7:09 - 7:12
    Ele entrou num centro
    gerido pela comunidade mais pobre
  • 7:12 - 7:14
    sem nenhuma ajuda do exterior,
  • 7:14 - 7:18
    e viu um professor cortar uma maçã
    para 8 ou 10 crianças.
  • 7:18 - 7:20
    Teve de sair a correr.
    lavado em lágrimas
  • 7:20 - 7:21
    Não conseguia acreditar.
  • 7:22 - 7:24
    Mas só quando Robert Kennedy
    decidiu lá ir...
  • 7:25 - 7:27
    Eu tinha testemunhado
    sobre o programa Head Start
  • 7:27 - 7:29
    porque estavam a atacá-lo.
  • 7:29 - 7:32
    Eu pedi: "Por favor, venha
    e veja com os seus olhos.
  • 7:32 - 7:35
    "E, quando vier, verá pessoas famintas
    e crianças a morrer à fome."
  • 7:35 - 7:37
    Ele apareceu e levou a imprensa
  • 7:37 - 7:39
    e isso lançou o movimento.
  • 7:39 - 7:42
    Mas eles queriam forçar
    todos os pobres a irem para norte
  • 7:42 - 7:45
    e deixarem de ser eleitores.
  • 7:45 - 7:46
    Eu tenho orgulho do Mike Espy.
  • 7:46 - 7:50
    Apesar de ter perdido ontem à noite,
    ele vai ganhar um dia.
  • 7:50 - 7:52
    (Aplausos)
  • 7:52 - 7:57
    Mas não se viu
    tanta miséria confrangedora
  • 7:57 - 8:00
    nem os jovens brancos que vieram de fora
    para ajudar a registar os eleitores,
  • 8:00 - 8:04
    no projeto Freedom Summer de 1964,
    em que perdemos aqueles três jovens.
  • 8:04 - 8:08
    Mas logo que eles se foram embora,
    logo que a imprensa se foi embora,
  • 8:08 - 8:10
    vimos as imensas necessidades,
  • 8:10 - 8:13
    as pessoas tentaram expulsar os pobres.
  • 8:13 - 8:15
    Então, surgiu o Head Start
  • 8:15 - 8:18
    e nós exigimo-lo
    porque o estado recusou-o.
  • 8:18 - 8:21
    E é verdade que muitos estados
    ainda hoje não aceitam a Medicaid.
  • 8:21 - 8:24
    Gerimos o maior programa
    Head Start do país,
  • 8:24 - 8:26
    e isso mudou a vida deles.
  • 8:26 - 8:28
    Eles tinham livros com crianças
    parecidas com eles.
  • 8:28 - 8:31
    Fomos atacados por todos os lados.
  • 8:31 - 8:32
    Mas o resultado final
  • 8:32 - 8:35
    foi que o Mississippi deu origem
    ao Fundo de Defesa da Criança
  • 8:35 - 8:36
    de muitas maneiras,
  • 8:37 - 8:40
    Também me ocorreu
    que, para as crianças,
  • 8:40 - 8:42
    os investimentos preventivos
  • 8:42 - 8:45
    que evitam tratamentos caros,
  • 8:45 - 8:48
    a negligência e as falhas,
  • 8:48 - 8:50
    eram uma maneira
    mais estratégica de prosseguir.
  • 8:50 - 8:53
    Assim o Fundo de Defesa da Criança
  • 8:53 - 8:55
    nasceu da Campanha das Pessoas Pobres.
  • 8:55 - 8:57
    Mas era evidente
    que tudo o que se chamasse
  • 8:57 - 9:00
    negros ou pessoas de cor independentes,
  • 9:00 - 9:02
    ia ter um eleitorado reduzido.
  • 9:02 - 9:06
    Quem pode zangar-se com um bebé
    de dois meses ou de dois anos?
  • 9:06 - 9:08
    Muitas pessoas conseguem.
  • 9:08 - 9:10
    Não querem alimentá-los,
    pelo que temos visto.
  • 9:10 - 9:13
    Mas foi o julgamento certo a fazer.
  • 9:13 - 9:15
    Foi um privilégio servir
  • 9:15 - 9:18
    como coordenadora política
    da Campanha das Pessoas Pobres
  • 9:18 - 9:19
    durante dois anos,
  • 9:19 - 9:21
    e não foi um fracasso,
  • 9:21 - 9:25
    porque as sementes da mudança
    ficam plantadas
  • 9:25 - 9:27
    e é preciso ativistas que acompanhem.
  • 9:28 - 9:31
    Eu sou uma boa trabalhadora
    e uma pessoa persistente.
  • 9:31 - 9:35
    Em consequência, todos os que vivem
    hoje, com cupões de alimentação
  • 9:35 - 9:38
    deviam agradecer aos pobres na lama
    do campo da Resurrection City.
  • 9:38 - 9:43
    É preciso muito acompanhamento,
    um trabalho minucioso e nunca desistir.
  • 9:43 - 9:45
    PM: E tem feito isso há 45 anos,
  • 9:45 - 9:48
    e tem visto resultados surpreendentes.
  • 9:49 - 9:53
    Do que mais se orgulha
    no Fundo de Defesa da Criança?
  • 9:54 - 9:58
    MWE: Acho que as crianças agora
    tornaram-se num tema predominante.
  • 9:58 - 10:02
    Temos muitas leis novas.
  • 10:03 - 10:05
    Milhões de crianças
    estão a receber comida,
  • 10:06 - 10:08
    Milhões de crianças
    estão a ter um bom princípio de vida.
  • 10:08 - 10:11
    Milhões de crianças
    estão a receber o Head Start
  • 10:11 - 10:14
    e têm conseguido benefícios.
  • 10:14 - 10:16
    Temos o Programa de Seguro
    de Saúde Infantil,
  • 10:16 - 10:19
    a ampliação do Medicaid para crianças.
  • 10:19 - 10:22
    Há décadas que temos tentado
    melhorar a assistência infantil.
  • 10:22 - 10:25
    Finalmente, tivemos um avanço
    importante este ano, que diz:
  • 10:25 - 10:28
    estejam prontos com as propostas
    quando alguém estiver pronto para mudar.
  • 10:28 - 10:31
    Às vezes demora 5, 10, 20 anos,
    mas aparece.
  • 10:31 - 10:35
    Tenho tentado manter as crianças
    longe das instituições de acolhimento,
  • 10:35 - 10:37
    com as suas famílias,
    com serviços preventivos.
  • 10:37 - 10:38
    Isso foi aprovado.
  • 10:38 - 10:41
    Mas há milhões de crianças
    que têm esperança
  • 10:41 - 10:43
    que têm acesso à primeira infância.
  • 10:43 - 10:44
    Nós ainda não chegámos ao fim
  • 10:44 - 10:46
    e nunca vamos sentir que chegámos
  • 10:46 - 10:50
    até acabarmos com a pobreza infantil
    na nação mais rica do planeta.
  • 10:50 - 10:53
    É ridículo que tenhamos de exigir isto.
  • 10:53 - 10:56
    (Aplausos)
  • 10:58 - 11:03
    PM: Há muitos problemas,
    apesar dos sucessos.
  • 11:03 - 11:07
    Obrigada, por nos ter falado
    de alguns deles, Marian:
  • 11:07 - 11:08
    as Freedom Schools,
  • 11:08 - 11:10
    as gerações de crianças
    que passaram
  • 11:10 - 11:14
    pelos programas
    do Fundo de Defesa da Criança.
  • 11:14 - 11:16
    Mas, quando olhamos para o mundo,
  • 11:16 - 11:20
    para este país, para os EUA,
    e para outros países,
  • 11:20 - 11:22
    anda há muitos problemas.
  • 11:22 - 11:24
    O que a preocupa mais?
  • 11:25 - 11:29
    MWE: O que me preocupa é a maneira
    irresponsável como nós, adultos, no poder,
  • 11:29 - 11:33
    temos agido na criação
    de um planeta mais saudável.
  • 11:33 - 11:36
    E preocupa-me quando leio
    o "Bulletin of Atomic Scientists"
  • 11:36 - 11:39
    e vejo agora que estamos
    cada vez mais próximos
  • 11:39 - 11:41
    de uma catástrofe mundial.
  • 11:41 - 11:44
    Colocámos em risco o nosso futuro
  • 11:44 - 11:47
    e o futuro e a segurança
    dos nossos filhos,
  • 11:47 - 11:51
    num mundo que ainda é
    muito governado pela violência.
  • 11:51 - 11:53
    Devemos acabar com isso agora.
  • 11:53 - 11:58
    Devemos deixar de investir na guerra
    e começar a investir nos jovens e na paz,
  • 11:58 - 12:00
    e estamos muito longe de fazer isso.
  • 12:00 - 12:02
    (Aplausos)
  • 12:02 - 12:05
    Eu não quero que os meus netos
  • 12:05 - 12:08
    tenham de voltar a lutar estas batalhas.
  • 12:08 - 12:10
    Por isso, fico mais radical.
  • 12:10 - 12:12
    Quanto mais velha, mais radical fico,
  • 12:12 - 12:15
    porque há algumas coisas
    que nós, adultos, temos de fazer
  • 12:15 - 12:17
    para as próximas gerações.
  • 12:17 - 12:19
    Eu vi os sacrifícios da Sra. Hamer
  • 12:19 - 12:21
    e de todas aquelas pessoas no Mississippi
  • 12:21 - 12:24
    que arriscaram a vida delas
    para nos dar uma vida melhor.
  • 12:24 - 12:26
    Mas os EUA têm de começar a lidar
  • 12:26 - 12:29
    com o seu fracasso
    em investir nas crianças.
  • 12:29 - 12:31
    Esse é o calcanhar de Aquiles desta nação.
  • 12:31 - 12:34
    Como podemos ser uma
    das maiores economias do mundo
  • 12:34 - 12:39
    e permitir que 13, 2 milhões de crianças
    vivam na pobreza,
  • 12:39 - 12:41
    e deixar crianças sem abrigo
  • 12:41 - 12:44
    quando temos meios para fazer algo?
  • 12:44 - 12:46
    Temos de repensar quem somos
    enquanto povo,
  • 12:46 - 12:48
    ser um exemplo para o mundo.
  • 12:48 - 12:50
    Não devia haver pobreza.
  • 12:50 - 12:53
    Queremos dizer que iremos
    acabar com a pobreza no mundo.
  • 12:53 - 12:54
    É só começar em casa.
  • 12:54 - 12:55
    Fizemos um progresso real,
  • 12:55 - 12:57
    mas é um trabalho muito difícil,
  • 12:57 - 13:00
    e vai ser o nosso calcanhar de Aquiles.
  • 13:00 - 13:04
    Lamento, mas devemos deixar
    de reduzir impostos aos multimilionários
  • 13:04 - 13:06
    em prejuízo dos bebés
    e da sua assistência médica.
  • 13:06 - 13:08
    Devemos estabelecer as nossas prioridades.
  • 13:08 - 13:10
    (Aplausos)
  • 13:10 - 13:12
    Isto não está certo e não é produtivo.
  • 13:12 - 13:16
    A solução para este país será
    uma população infantil instruída,
  • 13:16 - 13:18
    mas ainda temos muitas crianças
  • 13:18 - 13:21
    que não sabem ler nem escrever
    a um nível básico.
  • 13:21 - 13:23
    Estamos a investir nas coisas erradas.
  • 13:23 - 13:25
    Eu não ficaria aborrecida
    se alguém tivesse mil milhões,
  • 13:26 - 13:27
    10 mil milhões de dólares,
  • 13:27 - 13:29
    se não houvesse crianças a passar fome,
  • 13:29 - 13:31
    se não houvesse crianças sem casa,
  • 13:31 - 13:33
    se não houvesse crianças sem instrução.
  • 13:33 - 13:36
    O importante é o que significa viver
  • 13:36 - 13:38
    e levar esta vida.
  • 13:38 - 13:40
    Porque é que fomos
    colocados neste planeta?
  • 13:40 - 13:42
    Fomos colocados aqui
    para melhorar as coisas
  • 13:42 - 13:44
    para as próximas gerações.
  • 13:44 - 13:46
    Estamos preocupados
    com a alteração climática
  • 13:46 - 13:48
    e o aquecimento global.
  • 13:48 - 13:51
    Estamos a olhar — lá estou eu
    a citar constantemente —
  • 13:51 - 13:54
    vejo o "Bulletin of Atomic Scientists"
    todos os anos, que diz:
  • 13:54 - 13:56
    "Faltam dois minutos para a meia-noite."
  • 13:56 - 13:58
    Nós, os adultos estaremos loucos,
  • 13:58 - 14:01
    quando se trata de legar
    um mundo melhor aos nossos filhos?
  • 14:01 - 14:04
    É esse o nosso objetivo,
    deixar um mundo melhor para todos,
  • 14:04 - 14:07
    e o conceito de "suficiente para todos".
  • 14:07 - 14:10
    Não devia haver crianças
    famintas neste mundo
  • 14:10 - 14:11
    com a riqueza que temos.
  • 14:12 - 14:14
    Não consigo pensar numa causa maior
  • 14:14 - 14:16
    e acho que sou guiada pela minha fé.
  • 14:16 - 14:19
    Tem sido um privilégio servir,
  • 14:19 - 14:22
    mas sempre tive
    os melhores exemplos do mundo.
  • 14:22 - 14:26
    O meu pai dizia sempre que Deus
    dirige uma economia de pleno emprego
  • 14:26 - 14:28
    e que, se seguirmos a necessidade,
  • 14:28 - 14:30
    nunca nos faltará um objetivo na vida.
  • 14:30 - 14:33
    Eu via a parceria, porque a minha mãe
    era uma verdadeira parceira.
  • 14:33 - 14:36
    Eu sempre soube que era tão inteligente
    quanto os meus irmãos.
  • 14:36 - 14:41
    E sempre soubemos que não se tratava
    apenas de sermos nós próprios,
  • 14:41 - 14:43
    mas que estávamos aqui para servir.
  • 14:43 - 14:46
    PM: Bem, Marian, em nome
    de todas as crianças do mundo,
  • 14:46 - 14:48
    obrigada pela sua paixão,
  • 14:48 - 14:51
    o seu propósito e o seu ativismo.
  • 14:51 - 14:54
    (Aplausos)
Title:
Reflexões sobre a luta de uma vida para acabar com a pobreza infantil.
Speaker:
Marian Wright Edelman
Description:

O que é preciso para criar um movimento nacional? Numa conversa cativante com Pat Mitchell, a curadora da TEDWomen, Marian Wright Edelman reflete sobre o seu caminho para fundar o Fundo de Defesa da Criança em 1973 — desde a influência precoce de ter crescido no segregado Sul americano até ao seu ativismo com o Dr. Martin Luther King Jr. — e partilha como o envelhecimento só a tornou mais radical.

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
15:09

Portuguese subtitles

Revisions