Reflexões sobre a luta de uma vida para acabar com a pobreza infantil.
-
0:01 - 0:04Pat Mitchell: Eu sei que não gosta
que lhe chamem "lenda". -
0:04 - 0:05Marian Wright Edelman: Pois não.
-
0:05 - 0:06(Risos)
-
0:06 - 0:08PM: Porque não, Marian?
-
0:08 - 0:10Porque, de certa forma, é uma legenda.
-
0:10 - 0:12Tem vindo a fazer isto há muito tempo
-
0:12 - 0:15e ainda continua
como fundadora e presidente. -
0:15 - 0:20MWE: Porque o meu pai e a minha mãe
educaram-nos a servir, -
0:20 - 0:23e nós somos líderes-servidores.
-
0:23 - 0:27Não tem nada a ver
com coisas externas ou rótulos, -
0:27 - 0:30e eu sinto-me como a pessoa
mais sortuda do mundo -
0:30 - 0:34por ter nascido numa época de
injustiças e de grandes necessidades, -
0:34 - 0:36e de grandes oportunidades
para mudar isso. -
0:36 - 0:38Então, eu sinto-me muito agradecida
-
0:38 - 0:41por poder servir e fazer a diferença.
-
0:41 - 0:43PM: Que bonita maneira de dizer isso.
-
0:43 - 0:45(Aplausos)
-
0:46 - 0:48Cresceu na América do Sul
-
0:48 - 0:51e, como todas as crianças,
-
0:51 - 0:55os seus pais tiveram um papel importante
naquilo em que se tornou. -
0:56 - 1:00Diga-me: O que é que eles lhe ensinaram
sobre a criação de um movimento? -
1:00 - 1:03MWE: Eu tive pais extraordinários.
Tive muita sorte. -
1:03 - 1:06A minha mãe era a melhor organizadora
que eu já conheci. -
1:06 - 1:09E ela sempre insistiu, mesmo naquela época
em ter o seu próprio dinheiro. -
1:09 - 1:13Começou com uma produção de lacticínios
para ter o seu dinheiro, -
1:13 - 1:16e obviamente transmitiu-me
esse sentido de independência. -
1:17 - 1:20O meu pai era pastor religioso
e eram realmente parceiros. -
1:20 - 1:23Tenho uma irmã mais velha,
-
1:23 - 1:26Eu sou a mais nova,
e há três rapazes pelo meio. -
1:26 - 1:29Eu sempre soube que era
tão inteligente como os meus irmãos. -
1:29 - 1:32Eu sempre fui uma maria-rapaz.
-
1:32 - 1:35Sempre tive as mesmas grandes
aspirações que eles. -
1:35 - 1:38Mas o mais importante
é que fomos imensamente abençoados, -
1:38 - 1:40apesar de crescermos
-
1:40 - 1:43numa pequena cidade da Carolina do Sul
onde havia muita segregação. -
1:45 - 1:47Nós sabíamos que era errado.
-
1:48 - 1:50Eu sempre soube,
desde os meus quatro anos, -
1:50 - 1:54que não ia aceitar
que me metessem num grupo. -
1:54 - 1:58Mas os meus pais sempre souberam
que o problema não éramos nós, -
1:58 - 2:00era o mundo lá fora,
-
2:00 - 2:02e que, ao crescermos,
podíamos mudar essa situação. -
2:02 - 2:04E eu comecei a fazer isso muito cedo.
-
2:04 - 2:07Mas o mais importante,
eram os melhores exemplos e diziam: -
2:07 - 2:11"Perante uma necessidade, não perguntes
porque é que ninguém faz nada. -
2:11 - 2:12"Vê o que tu podes fazer."
-
2:12 - 2:15Não havia nenhum lar de idosos
na nossa cidade. -
2:15 - 2:17E o Reverendo Reddick,
que tinha o que hoje, -
2:17 - 2:1950 anos depois, chamamos
doença de Alzheimer, -
2:19 - 2:21começou a vaguear pelas ruas.
-
2:21 - 2:24Então os meus pais perceberam
que ele precisava de um lugar para viver, -
2:24 - 2:26e criámos um lar para idosos.
-
2:26 - 2:28As crianças tinham de cozinhar,
de limpar e servir. -
2:28 - 2:30Nós não gostávamos de fazer isso,
-
2:30 - 2:33mas foi assim que aprendemos
que era a nossa obrigação -
2:33 - 2:36cuidar daqueles que não
conseguiam cuidar de si próprios. -
2:36 - 2:40Tive 12 irmãs e irmãos adotivos.
-
2:40 - 2:44A minha mãe acolheu-os
antes e depois de sairmos de casa. -
2:44 - 2:48E novamente, "quando vires
uma necessidade tenta satisfazê-la." -
2:48 - 2:50Como o meu pai costumava dizer:
-
2:50 - 2:53"Deus dirige uma economia
de pleno emprego." -
2:53 - 2:54(Risos)
-
2:54 - 2:56Então, se seguirmos a necessidade,
-
2:56 - 2:59nunca nos faltará o que fazer,
nunca nos faltará um objetivo na vida. -
2:59 - 3:03Cada problema em que atualmente
o Fundo de Defesa da Criança trabalha -
3:03 - 3:07vem da minha infância
de uma maneira muito pessoal. -
3:07 - 3:10O pequeno Johnny Harrington,
que vivia a três casas da minha, -
3:10 - 3:13pisou um prego
— ele vivia com a avó — -
3:13 - 3:16apanhou tétano, foi para o hospital,
não apanhou injeções contra o tétano -
3:16 - 3:19e morreu, aos 11 anos.
-
3:19 - 3:20Eu lembrei-me disso.
-
3:20 - 3:22Houve um acidente na estrada,
-
3:22 - 3:25que envolveu dois camionistas,
que eram brancos -
3:25 - 3:28e uma família migrante
que era negra. -
3:29 - 3:30Fomos todos acudir.
-
3:30 - 3:34Isto foi em frente duma igreja.
A ambulância chegou, -
3:34 - 3:37viu que os camionistas brancos
não estavam feridos, -
3:37 - 3:40viu que os trabalhadores
migrantes negros estavam feridos, -
3:40 - 3:42viraram as costas e foram-se embora.
-
3:42 - 3:43Eu nunca esqueci aquilo.
-
3:43 - 3:46A vacinação foi uma das primeiras coisas
em que trabalhei -
3:46 - 3:48no Fundo de Defesa da Criança,
-
3:48 - 3:52para garantir que todas as crianças
ficassem imunizadas a doenças evitáveis. -
3:53 - 3:56(Aplausos)
-
3:56 - 3:58Escolas discriminadas e desiguais,
-
3:58 - 4:00equipadas com o refugo
das escolas de brancos. -
4:00 - 4:02Nós tivemos sempre livros lá em casa.
-
4:02 - 4:03O meu pai lia muito.
-
4:03 - 4:07Fazia-me ler todas as noites com ele
durante 15 a 20 minutos. -
4:07 - 4:10Um dia, coloquei "True Confessions"
dentro de uma revista -
4:10 - 4:12e ele pediu-me para ler em voz alta.
-
4:12 - 4:15Nunca mais voltei a ler
"True Confessions". -
4:15 - 4:16(Risos)
-
4:16 - 4:18Mas eram bons leitores.
-
4:18 - 4:20Tínhamos livros antes de ter
um segundo par de sapatos, -
4:20 - 4:22e isso era muito importante.
-
4:22 - 4:24Embora tivéssemos livros usados
nas escolas negras -
4:24 - 4:26e tudo em segunda mão,
-
4:26 - 4:28era uma grande necessidade.
-
4:28 - 4:32Ele deixou claro que ler
era uma janela para o mundo lá fora, -
4:32 - 4:35e esse foi um grande presente deles.
-
4:37 - 4:40Mas a lição repetida era
-
4:40 - 4:43que Deus dirigia uma economia
de pleno emprego -
4:43 - 4:46e, se seguíssemos a necessidade,
-
4:46 - 4:48nunca nos faltaria um objetivo na vida.
-
4:48 - 4:50Isso, para mim, foi suficiente.
-
4:50 - 4:52Tínhamos uma cidade
pequena e muito segregada. -
4:53 - 4:55Eu era uma rebelde
desde os quatro ou cinco anos. -
4:55 - 4:57Entrei num hipermercado
-
4:57 - 4:59e havia placas de água
para "brancos" e para "negros" -
4:59 - 5:02mas eu não sabia o que era aquilo
e não prestei atenção. -
5:02 - 5:04Eu estava com uma catequista.
-
5:04 - 5:06E bebi na fonte de água errada.
-
5:06 - 5:09Ela arrancou-me de lá,
e eu não percebi porquê. -
5:09 - 5:12Depois, explicou-me a questão
da água para brancos e para negros. -
5:12 - 5:14Eu não sabia mas, depois disso,
-
5:14 - 5:16fui para casa, levei o meu ego
ferido aos meus pais, -
5:16 - 5:20contei-lhes o que tinha acontecido
e perguntei: "O que é que tenho de mal?" -
5:20 - 5:21Eles responderam:
" -
5:21 - 5:23"Não tens nada de mal,
o que está mal é o sistema." -
5:23 - 5:26Eu costumava ir às escondidas
mudar as placas da água -
5:26 - 5:27em todos os lugares onde ia.
-
5:27 - 5:28(Risos)
-
5:28 - 5:30Sentia-me mesmo bem...
-
5:30 - 5:32(Aplausos)
-
5:32 - 5:38PM: Não há dúvida que esta
mulher lendária é um bocado rebelde, -
5:38 - 5:40e há muito tempo.
-
5:40 - 5:45Começou o seu trabalho como advogada
e com o movimento dos direitos cívicos, -
5:45 - 5:49e trabalhou com o Dr. King na primeira
"Campanha das Pessoas Pobres". -
5:49 - 5:53Depois, há 45 anos, decidiu criar
-
5:53 - 5:56uma campanha nacional
de defesa das crianças. -
5:56 - 6:01Porque escolheu esse serviço específico,
virado para as crianças? -
6:01 - 6:05MWE: Foi devido às inúmeras coisas
que vi no Mississippi -
6:05 - 6:08e em todo o sul dos EUA
-
6:08 - 6:09que tinham a ver com crianças.
-
6:09 - 6:12Eu vi crianças com barrigas
inchadas neste país, -
6:12 - 6:14quase a morrer de fome,
-
6:14 - 6:15famintas,
-
6:15 - 6:17que não tinham roupas,
-
6:18 - 6:19e ninguém queria acreditar
-
6:19 - 6:21que havia crianças a morrer à fome.
-
6:21 - 6:24Isso é um processo lento.
-
6:24 - 6:26Ninguém queria ouvir.
-
6:26 - 6:28Eu dizia aos congressistas
que chegavam ao Mississippi, -
6:28 - 6:31"Vá ver", mas a maioria
não quis ocupar-se disso. -
6:31 - 6:33Mas eu vi a miséria opressiva.
-
6:33 - 6:36O estado do Mississippi,
durante a operação do registo eleitoral -
6:36 - 6:40— com jovens brancos vindos de fora
para ajudar os negros a inscreverem-se — -
6:40 - 6:43queria que todos saíssem do estado,
e, para isso, tentou privá-los de comida. -
6:43 - 6:45Em vez dos produtos alimentares gratuitos
-
6:45 - 6:48vendiam cupões de alimentação
que custavam 2 dólares. -
6:48 - 6:51As pessoas não tinham salário
e ninguém nos EUA acreditava -
6:51 - 6:53que havia gente nos EUA
que não tinha salário. -
6:53 - 6:55Eu conhecia centenas e milhares
nessa situação. -
6:56 - 6:58A desnutrição estava a tornar-se
um grande problema. -
6:58 - 7:02Certo dia, chegou o Dr. King
-
7:02 - 7:05nós lutávamos por uma série de coisas
para refinanciar o programa Head Start -
7:05 - 7:08que o estado do Mississippi
tinha recusado. -
7:09 - 7:12Ele entrou num centro
gerido pela comunidade mais pobre -
7:12 - 7:14sem nenhuma ajuda do exterior,
-
7:14 - 7:18e viu um professor cortar uma maçã
para 8 ou 10 crianças. -
7:18 - 7:20Teve de sair a correr.
lavado em lágrimas -
7:20 - 7:21Não conseguia acreditar.
-
7:22 - 7:24Mas só quando Robert Kennedy
decidiu lá ir... -
7:25 - 7:27Eu tinha testemunhado
sobre o programa Head Start -
7:27 - 7:29porque estavam a atacá-lo.
-
7:29 - 7:32Eu pedi: "Por favor, venha
e veja com os seus olhos. -
7:32 - 7:35"E, quando vier, verá pessoas famintas
e crianças a morrer à fome." -
7:35 - 7:37Ele apareceu e levou a imprensa
-
7:37 - 7:39e isso lançou o movimento.
-
7:39 - 7:42Mas eles queriam forçar
todos os pobres a irem para norte -
7:42 - 7:45e deixarem de ser eleitores.
-
7:45 - 7:46Eu tenho orgulho do Mike Espy.
-
7:46 - 7:50Apesar de ter perdido ontem à noite,
ele vai ganhar um dia. -
7:50 - 7:52(Aplausos)
-
7:52 - 7:57Mas não se viu
tanta miséria confrangedora -
7:57 - 8:00nem os jovens brancos que vieram de fora
para ajudar a registar os eleitores, -
8:00 - 8:04no projeto Freedom Summer de 1964,
em que perdemos aqueles três jovens. -
8:04 - 8:08Mas logo que eles se foram embora,
logo que a imprensa se foi embora, -
8:08 - 8:10vimos as imensas necessidades,
-
8:10 - 8:13as pessoas tentaram expulsar os pobres.
-
8:13 - 8:15Então, surgiu o Head Start
-
8:15 - 8:18e nós exigimo-lo
porque o estado recusou-o. -
8:18 - 8:21E é verdade que muitos estados
ainda hoje não aceitam a Medicaid. -
8:21 - 8:24Gerimos o maior programa
Head Start do país, -
8:24 - 8:26e isso mudou a vida deles.
-
8:26 - 8:28Eles tinham livros com crianças
parecidas com eles. -
8:28 - 8:31Fomos atacados por todos os lados.
-
8:31 - 8:32Mas o resultado final
-
8:32 - 8:35foi que o Mississippi deu origem
ao Fundo de Defesa da Criança -
8:35 - 8:36de muitas maneiras,
-
8:37 - 8:40Também me ocorreu
que, para as crianças, -
8:40 - 8:42os investimentos preventivos
-
8:42 - 8:45que evitam tratamentos caros,
-
8:45 - 8:48a negligência e as falhas,
-
8:48 - 8:50eram uma maneira
mais estratégica de prosseguir. -
8:50 - 8:53Assim o Fundo de Defesa da Criança
-
8:53 - 8:55nasceu da Campanha das Pessoas Pobres.
-
8:55 - 8:57Mas era evidente
que tudo o que se chamasse -
8:57 - 9:00negros ou pessoas de cor independentes,
-
9:00 - 9:02ia ter um eleitorado reduzido.
-
9:02 - 9:06Quem pode zangar-se com um bebé
de dois meses ou de dois anos? -
9:06 - 9:08Muitas pessoas conseguem.
-
9:08 - 9:10Não querem alimentá-los,
pelo que temos visto. -
9:10 - 9:13Mas foi o julgamento certo a fazer.
-
9:13 - 9:15Foi um privilégio servir
-
9:15 - 9:18como coordenadora política
da Campanha das Pessoas Pobres -
9:18 - 9:19durante dois anos,
-
9:19 - 9:21e não foi um fracasso,
-
9:21 - 9:25porque as sementes da mudança
ficam plantadas -
9:25 - 9:27e é preciso ativistas que acompanhem.
-
9:28 - 9:31Eu sou uma boa trabalhadora
e uma pessoa persistente. -
9:31 - 9:35Em consequência, todos os que vivem
hoje, com cupões de alimentação -
9:35 - 9:38deviam agradecer aos pobres na lama
do campo da Resurrection City. -
9:38 - 9:43É preciso muito acompanhamento,
um trabalho minucioso e nunca desistir. -
9:43 - 9:45PM: E tem feito isso há 45 anos,
-
9:45 - 9:48e tem visto resultados surpreendentes.
-
9:49 - 9:53Do que mais se orgulha
no Fundo de Defesa da Criança? -
9:54 - 9:58MWE: Acho que as crianças agora
tornaram-se num tema predominante. -
9:58 - 10:02Temos muitas leis novas.
-
10:03 - 10:05Milhões de crianças
estão a receber comida, -
10:06 - 10:08Milhões de crianças
estão a ter um bom princípio de vida. -
10:08 - 10:11Milhões de crianças
estão a receber o Head Start -
10:11 - 10:14e têm conseguido benefícios.
-
10:14 - 10:16Temos o Programa de Seguro
de Saúde Infantil, -
10:16 - 10:19a ampliação do Medicaid para crianças.
-
10:19 - 10:22Há décadas que temos tentado
melhorar a assistência infantil. -
10:22 - 10:25Finalmente, tivemos um avanço
importante este ano, que diz: -
10:25 - 10:28estejam prontos com as propostas
quando alguém estiver pronto para mudar. -
10:28 - 10:31Às vezes demora 5, 10, 20 anos,
mas aparece. -
10:31 - 10:35Tenho tentado manter as crianças
longe das instituições de acolhimento, -
10:35 - 10:37com as suas famílias,
com serviços preventivos. -
10:37 - 10:38Isso foi aprovado.
-
10:38 - 10:41Mas há milhões de crianças
que têm esperança -
10:41 - 10:43que têm acesso à primeira infância.
-
10:43 - 10:44Nós ainda não chegámos ao fim
-
10:44 - 10:46e nunca vamos sentir que chegámos
-
10:46 - 10:50até acabarmos com a pobreza infantil
na nação mais rica do planeta. -
10:50 - 10:53É ridículo que tenhamos de exigir isto.
-
10:53 - 10:56(Aplausos)
-
10:58 - 11:03PM: Há muitos problemas,
apesar dos sucessos. -
11:03 - 11:07Obrigada, por nos ter falado
de alguns deles, Marian: -
11:07 - 11:08as Freedom Schools,
-
11:08 - 11:10as gerações de crianças
que passaram -
11:10 - 11:14pelos programas
do Fundo de Defesa da Criança. -
11:14 - 11:16Mas, quando olhamos para o mundo,
-
11:16 - 11:20para este país, para os EUA,
e para outros países, -
11:20 - 11:22anda há muitos problemas.
-
11:22 - 11:24O que a preocupa mais?
-
11:25 - 11:29MWE: O que me preocupa é a maneira
irresponsável como nós, adultos, no poder, -
11:29 - 11:33temos agido na criação
de um planeta mais saudável. -
11:33 - 11:36E preocupa-me quando leio
o "Bulletin of Atomic Scientists" -
11:36 - 11:39e vejo agora que estamos
cada vez mais próximos -
11:39 - 11:41de uma catástrofe mundial.
-
11:41 - 11:44Colocámos em risco o nosso futuro
-
11:44 - 11:47e o futuro e a segurança
dos nossos filhos, -
11:47 - 11:51num mundo que ainda é
muito governado pela violência. -
11:51 - 11:53Devemos acabar com isso agora.
-
11:53 - 11:58Devemos deixar de investir na guerra
e começar a investir nos jovens e na paz, -
11:58 - 12:00e estamos muito longe de fazer isso.
-
12:00 - 12:02(Aplausos)
-
12:02 - 12:05Eu não quero que os meus netos
-
12:05 - 12:08tenham de voltar a lutar estas batalhas.
-
12:08 - 12:10Por isso, fico mais radical.
-
12:10 - 12:12Quanto mais velha, mais radical fico,
-
12:12 - 12:15porque há algumas coisas
que nós, adultos, temos de fazer -
12:15 - 12:17para as próximas gerações.
-
12:17 - 12:19Eu vi os sacrifícios da Sra. Hamer
-
12:19 - 12:21e de todas aquelas pessoas no Mississippi
-
12:21 - 12:24que arriscaram a vida delas
para nos dar uma vida melhor. -
12:24 - 12:26Mas os EUA têm de começar a lidar
-
12:26 - 12:29com o seu fracasso
em investir nas crianças. -
12:29 - 12:31Esse é o calcanhar de Aquiles desta nação.
-
12:31 - 12:34Como podemos ser uma
das maiores economias do mundo -
12:34 - 12:39e permitir que 13, 2 milhões de crianças
vivam na pobreza, -
12:39 - 12:41e deixar crianças sem abrigo
-
12:41 - 12:44quando temos meios para fazer algo?
-
12:44 - 12:46Temos de repensar quem somos
enquanto povo, -
12:46 - 12:48ser um exemplo para o mundo.
-
12:48 - 12:50Não devia haver pobreza.
-
12:50 - 12:53Queremos dizer que iremos
acabar com a pobreza no mundo. -
12:53 - 12:54É só começar em casa.
-
12:54 - 12:55Fizemos um progresso real,
-
12:55 - 12:57mas é um trabalho muito difícil,
-
12:57 - 13:00e vai ser o nosso calcanhar de Aquiles.
-
13:00 - 13:04Lamento, mas devemos deixar
de reduzir impostos aos multimilionários -
13:04 - 13:06em prejuízo dos bebés
e da sua assistência médica. -
13:06 - 13:08Devemos estabelecer as nossas prioridades.
-
13:08 - 13:10(Aplausos)
-
13:10 - 13:12Isto não está certo e não é produtivo.
-
13:12 - 13:16A solução para este país será
uma população infantil instruída, -
13:16 - 13:18mas ainda temos muitas crianças
-
13:18 - 13:21que não sabem ler nem escrever
a um nível básico. -
13:21 - 13:23Estamos a investir nas coisas erradas.
-
13:23 - 13:25Eu não ficaria aborrecida
se alguém tivesse mil milhões, -
13:26 - 13:2710 mil milhões de dólares,
-
13:27 - 13:29se não houvesse crianças a passar fome,
-
13:29 - 13:31se não houvesse crianças sem casa,
-
13:31 - 13:33se não houvesse crianças sem instrução.
-
13:33 - 13:36O importante é o que significa viver
-
13:36 - 13:38e levar esta vida.
-
13:38 - 13:40Porque é que fomos
colocados neste planeta? -
13:40 - 13:42Fomos colocados aqui
para melhorar as coisas -
13:42 - 13:44para as próximas gerações.
-
13:44 - 13:46Estamos preocupados
com a alteração climática -
13:46 - 13:48e o aquecimento global.
-
13:48 - 13:51Estamos a olhar — lá estou eu
a citar constantemente — -
13:51 - 13:54vejo o "Bulletin of Atomic Scientists"
todos os anos, que diz: -
13:54 - 13:56"Faltam dois minutos para a meia-noite."
-
13:56 - 13:58Nós, os adultos estaremos loucos,
-
13:58 - 14:01quando se trata de legar
um mundo melhor aos nossos filhos? -
14:01 - 14:04É esse o nosso objetivo,
deixar um mundo melhor para todos, -
14:04 - 14:07e o conceito de "suficiente para todos".
-
14:07 - 14:10Não devia haver crianças
famintas neste mundo -
14:10 - 14:11com a riqueza que temos.
-
14:12 - 14:14Não consigo pensar numa causa maior
-
14:14 - 14:16e acho que sou guiada pela minha fé.
-
14:16 - 14:19Tem sido um privilégio servir,
-
14:19 - 14:22mas sempre tive
os melhores exemplos do mundo. -
14:22 - 14:26O meu pai dizia sempre que Deus
dirige uma economia de pleno emprego -
14:26 - 14:28e que, se seguirmos a necessidade,
-
14:28 - 14:30nunca nos faltará um objetivo na vida.
-
14:30 - 14:33Eu via a parceria, porque a minha mãe
era uma verdadeira parceira. -
14:33 - 14:36Eu sempre soube que era tão inteligente
quanto os meus irmãos. -
14:36 - 14:41E sempre soubemos que não se tratava
apenas de sermos nós próprios, -
14:41 - 14:43mas que estávamos aqui para servir.
-
14:43 - 14:46PM: Bem, Marian, em nome
de todas as crianças do mundo, -
14:46 - 14:48obrigada pela sua paixão,
-
14:48 - 14:51o seu propósito e o seu ativismo.
-
14:51 - 14:54(Aplausos)
- Title:
- Reflexões sobre a luta de uma vida para acabar com a pobreza infantil.
- Speaker:
- Marian Wright Edelman
- Description:
-
O que é preciso para criar um movimento nacional? Numa conversa cativante com Pat Mitchell, a curadora da TEDWomen, Marian Wright Edelman reflete sobre o seu caminho para fundar o Fundo de Defesa da Criança em 1973 — desde a influência precoce de ter crescido no segregado Sul americano até ao seu ativismo com o Dr. Martin Luther King Jr. — e partilha como o envelhecimento só a tornou mais radical.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 15:09
Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for Reflections from a lifetime fighting to end child poverty | ||
Margarida Ferreira accepted Portuguese subtitles for Reflections from a lifetime fighting to end child poverty | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Reflections from a lifetime fighting to end child poverty | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Reflections from a lifetime fighting to end child poverty | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Reflections from a lifetime fighting to end child poverty | ||
Rita Marques edited Portuguese subtitles for Reflections from a lifetime fighting to end child poverty | ||
Rita Marques edited Portuguese subtitles for Reflections from a lifetime fighting to end child poverty | ||
Rita Marques edited Portuguese subtitles for Reflections from a lifetime fighting to end child poverty |