< Return to Video

Vamos mudar o ensino da matemática | Gerardo Soto y Koelemeijer | TEDxDelft

  • 0:15 - 0:17
    (Espanhol) Buenas noches.
  • 0:18 - 0:20
    Bem-vindos à aula de matemática!
  • 0:20 - 0:24
    Pelos próximos 9.000 segundos,
    vocês serão meus.
  • 0:24 - 0:25
    (Risos)
  • 0:25 - 0:27
    Tudo bem, foi só uma piada.
  • 0:27 - 0:30
    Mas levante a mão se você ama matemática.
  • 0:31 - 0:33
    Vejam só, bastante gente. Humm. (Risos)
  • 0:34 - 0:37
    Humm, essa vai ser difícil. (Risos)
  • 0:40 - 0:47
    Vamos voltar ao ano 2.600 a.C.,
    para a Mesopotâmia.
  • 0:48 - 0:50
    Os babilônios não eram apenas bons,
  • 0:50 - 0:54
    não estavam apenas criando uma das
    primeiras obras literárias,
  • 0:54 - 0:55
    a Epopeia de Gilgamesh,
  • 0:55 - 0:58
    mas eram bons também em matemática.
  • 0:59 - 1:03
    A Epopeia de Gilgamesh foi escrita
    em cuneiforme, em tábuas de argila,
  • 1:04 - 1:07
    mas como eu disse, eles eram
    bons em matemática,
  • 1:07 - 1:11
    pois já conheciam o teorema de Pitágoras,
  • 1:11 - 1:13
    e isso é realmente impressionante,
  • 1:13 - 1:16
    pois Pitágoras ainda nem havia nascido.
  • 1:16 - 1:17
    (Risos)
  • 1:18 - 1:21
    Eles também conheciam
    equações quadráticas,
  • 1:21 - 1:22
    conseguiam resolvê-las,
  • 1:22 - 1:26
    tinham uma fórmula geral
    para equações quadráticas.
  • 1:26 - 1:29
    Conseguiam até resolver algumas
    equações cúbicas.
  • 1:31 - 1:36
    Quando resolvemos qualquer equação,
    às vezes obtemos resultados negativos,
  • 1:36 - 1:40
    e lidar com números negativos
    não é tão fácil.
  • 1:40 - 1:42
    Deixe-me dar um exemplo.
  • 1:42 - 1:47
    Se eu tenho duas bolas de tênis,
    e tenho que me desfazer de três,
  • 1:47 - 1:52
    então eu entrego a primeira, a segunda...
  • 1:52 - 1:53
    e agora?
  • 1:55 - 1:59
    Bem, vamos criar uma bola imaginária,
    - esta é uma bola imaginária -
  • 1:59 - 2:03
    e eu me desfaço dela,
    então o que me resta?
  • 2:04 - 2:06
    Menos uma bola imaginária.
  • 2:06 - 2:07
    (Risos)
  • 2:09 - 2:11
    Bem, os matemáticos gregos
  • 2:11 - 2:14
    estavam estudando o comprimento,
    a área e o volume,
  • 2:14 - 2:19
    então não precisavam de números negativos,
    apenas dos positivos.
  • 2:19 - 2:23
    Então eles eliminavam
    os números negativos.
  • 2:23 - 2:26
    Essa é uma ótima maneira de resolver
    os problemas, não é?
  • 2:26 - 2:30
    Pense no dinheiro em sua conta bancária
  • 2:30 - 2:32
    se pelo menos a gente pudesse...
  • 2:32 - 2:36
    eliminar os números negativos,
    seria ótimo.
  • 2:37 - 2:38
    Sim.
  • 2:40 - 2:45
    Os números negativos só começaram a surgir
    na Europa no século XV.
  • 2:46 - 2:50
    E isso aconteceu porque os estudiosos
    estavam traduzindo e estudando
  • 2:50 - 2:52
    obras islâmicas e bizantinas.
  • 2:52 - 2:57
    E até o grande Euler, o gênio Euler,
    que inventou o número e
  • 2:57 - 2:59
    e muito, muito mais,
  • 2:59 - 3:03
    não compreendia os números negativos
    da maneira que compreendemos hoje.
  • 3:06 - 3:10
    Finalmente, surgiu um cara chamado
    John Wallis, um matemático inglês,
  • 3:10 - 3:12
    e ele teve uma ótima ideia.
  • 3:12 - 3:17
    O que ele fez foi estender a reta numérica
    para a esquerda.
  • 3:19 - 3:21
    Simples assim.
  • 3:21 - 3:24
    E aí ficou muito claro
    o que era um número negativo,
  • 3:24 - 3:27
    porque se você tem dois e
    diminui três,
  • 3:28 - 3:30
    o resultado é menos um.
  • 3:31 - 3:33
    Isso ficou bem óbvio.
  • 3:33 - 3:35
    Mas e os números complexos?
  • 3:35 - 3:39
    Bem, um matemático grego,
    Heron de Alexandria,
  • 3:39 - 3:41
    teve uma ótima ideia,
  • 3:41 - 3:47
    como no seu trabalho aparecia o número
    raiz quadrada de menos 63,
  • 3:47 - 3:51
    ele precisou substituí-lo
    pela raiz quadrada de 63.
  • 3:52 - 3:56
    Então ele substituiu um menos por um mais.
    Melhor ainda, não é?
  • 3:56 - 3:59
    Pense na quantia de dinheiro
    na sua conta bancária agora,
  • 3:59 - 4:02
    Se pudéssemos simplesmente substituir
    um menos por um mais; ótimo!
  • 4:03 - 4:06
    Sim, os gregos eram muito criativos
    com os números.
  • 4:07 - 4:10
    (Risos)
  • 4:10 - 4:11
    Ainda são.
  • 4:11 - 4:14
    (Aplausos)
  • 4:14 - 4:16
    Talvez, talvez, talvez...
  • 4:16 - 4:21
    Talvez, não sei, isso tenha alguma relação
    com a atual crise financeira grega.
  • 4:21 - 4:22
    Não sei.
  • 4:25 - 4:28
    Mas para continuar a história
    dos números complexos,
  • 4:28 - 4:32
    temos que voltar no tempo para a Bolonha,
    na Itália renascentista do século XVI.
  • 4:32 - 4:35
    Havia um cara chamado Tartaglia,
  • 4:35 - 4:38
    e ele ganhou uma competição de matemática.
  • 4:39 - 4:43
    Ele escreveu sobre a solução
    de uma equação cúbica,
  • 4:43 - 4:44
    e isso foi maravilhoso,
  • 4:44 - 4:49
    porque outros matemáticos da época
    achavam que isso era impossível,
  • 4:49 - 4:53
    pois exigia conhecimento sobre
    a raiz quadrada de um número negativo.
  • 4:55 - 4:59
    Ele até transformou a solução
    em um poema,
  • 5:00 - 5:04
    e meu italiano não é bom, mas tentarei
    recitar os dois primeiros versos.
  • 5:05 - 5:07
    É mais ou menos assim:
  • 5:07 - 5:10
    (Italiano) "Quando chel cubo
    con le cose appresso,
  • 5:10 - 5:13
    se agguaglia à qualche numero discreto."
  • 5:14 - 5:17
    O poema era enorme,
  • 5:17 - 5:19
    e ele o criou para evitar
  • 5:19 - 5:23
    que outros matemáticos
    roubassem a solução.
  • 5:24 - 5:30
    Mas infelizmente, um cara chamado
    Cardano teve acesso ao poema,
  • 5:30 - 5:35
    e publicou a solução em seu livro
    "Ars magna", em 1545.
  • 5:36 - 5:38
    Mas ele tinha prometido
    que não faria isso.
  • 5:40 - 5:43
    Tartaglia foi mencionado
    e reconhecido no livro,
  • 5:43 - 5:45
    mas ele não aceitou, então
  • 5:46 - 5:50
    os dois envolveram-se em uma disputa
    em relação à publicação
  • 5:50 - 5:52
    que durou uma década,
  • 5:52 - 5:55
    e o verdadeiro problema era que
    o tal do Cardano
  • 5:55 - 5:58
    nem sequer entendia o que
    havia escrito no livro,
  • 5:58 - 6:02
    pois ele chamava esses números
    imaginários de "torturas mentais".
  • 6:05 - 6:10
    Mais tarde, surgiu outro cara,
    Bombelli, que está abaixo,
  • 6:10 - 6:11
    e ele foi o primeiro
  • 6:11 - 6:14
    que realmente entendeu alguma coisa
    sobre os números complexos.
  • 6:14 - 6:17
    Ele fez a conexão entre os números reais,
  • 6:17 - 6:19
    - os números normais, 1, 2, 3, 4 -
  • 6:19 - 6:21
    e os números complexos, imaginários.
  • 6:21 - 6:23
    Assim, ele foi o primeiro.
  • 6:24 - 6:28
    Ele introduziu o símbolo i
    que usamos hoje,
  • 6:28 - 6:31
    e também criou algumas regras
    para realizar cálculos.
  • 6:32 - 6:35
    Nos séculos XVII e XVIII,
  • 6:35 - 6:39
    muitos matemáticos estavam estudando
    os números complexos,
  • 6:39 - 6:42
    mas ninguém entendia realmente
    o que estava acontecendo.
  • 6:43 - 6:45
    E aí um outro cara apareceu,
  • 6:45 - 6:50
    e ele fez uma interpretação geométrica
    desse número complexo.
  • 6:50 - 6:54
    Vou poupá-los dos detalhes,
    - fica como dever de casa -
  • 6:54 - 6:56
    então vou poupá-los dos detalhes,
  • 6:56 - 7:00
    pesquisem sozinhos quando chegarem em casa
    hoje ou amanhã, não me importa.
  • 7:00 - 7:01
    (Risos)
  • 7:02 - 7:08
    O que ele fez foi dar uma
    interpretação geométrica,
  • 7:08 - 7:14
    e ele não criou a tal bola imaginária,
    não, ele criou um eixo imaginário,
  • 7:14 - 7:19
    ou seja, esse eixo vertical
    que é o eixo imaginário.
  • 7:22 - 7:24
    E aí tudo ficou claro.
  • 7:24 - 7:29
    Um número complexo era um número
    bidimensional: a + bi.
  • 7:30 - 7:32
    Então, todos entenderam
    o que acontecia.
  • 7:32 - 7:34
    Fazendo uma analogia,
    podemos dizer que
  • 7:34 - 7:39
    os números complexos eram não apenas
    complexos, mas também absurdos,
  • 7:39 - 7:42
    até que alguém apresentou
    uma interpretação geométrica.
  • 7:44 - 7:47
    Agora, sou professor de matemática
    e autor,
  • 7:47 - 7:52
    e isso pode parecer uma combinação
    incomum ou estranha, mas não é.
  • 7:52 - 7:55
    Gosto de ler histórias,
    e gosto de escrever histórias,
  • 7:55 - 8:00
    Gosto de fazer cálculos matemáticos,
    e gosto de imaginar o imaginário.
  • 8:01 - 8:04
    Há alguns anos,
  • 8:04 - 8:08
    li uma solução, um belo poema, não é?
  • 8:08 - 8:11
    Se lido em voz alta,
    é possível ouvir nitidamente o ritmo,
  • 8:11 - 8:12
    e tenho certeza
  • 8:12 - 8:16
    de que os autores pensaram
    muito cuidadosamente sobre a estrutura.
  • 8:16 - 8:21
    E cada palavra, cada sinal
    foi escrito com toda a atenção.
  • 8:23 - 8:27
    É parte da obra "Principia Mathematica",
    do início do século XX.
  • 8:27 - 8:29
    Foi escrito por Alfred North Whitehead
    e Bertrand Russell,
  • 8:29 - 8:32
    que também ganhou
    o prêmio Nobel de literatura.
  • 8:33 - 8:37
    Eles precisaram de mais de 360 páginas
  • 8:37 - 8:41
    para provar que um mais um é igual a dois.
  • 8:43 - 8:45
    Então não é assim tão fácil.
  • 8:46 - 8:50
    Mas matemática e literatura
    têm algo em comum.
  • 8:50 - 8:55
    Elas fazem parte da cultura humana
    há milênios.
  • 8:55 - 8:58
    Elas estão mais interligadas
    do que vocês imaginam,
  • 8:58 - 9:01
    e acho que os matemáticos
    podem aprender algo com a literatura.
  • 9:02 - 9:06
    Em vez de oferecer uma definição
    de um número complexo
  • 9:06 - 9:08
    e apresentar regras para fazer cálculos,
  • 9:08 - 9:10
    contei a vocês uma história.
  • 9:13 - 9:18
    Nas minha palestras, prefiro contar
    histórias para ensinar matemática,
  • 9:18 - 9:21
    em vez de resolver intermináveis
    exercícios de álgebra.
  • 9:22 - 9:24
    Sem histórias,
  • 9:24 - 9:27
    a matemática pode se tornar chata,
  • 9:27 - 9:29
    e sem histórias,
  • 9:29 - 9:33
    alguns aspectos importantes da matemática
    ficam de fora do currículo.
  • 9:33 - 9:38
    Pense na história da matemática,
    pense na filosofia da matemática,
  • 9:38 - 9:41
    e pense nas aplicações da matemática.
  • 9:42 - 9:46
    Já vi vários alunos que têm dificuldades
    em matemática
  • 9:46 - 9:49
    por causa da maneira como a ensinamos.
  • 9:50 - 9:52
    E isso, senhoras e senhores,
  • 9:52 - 9:55
    só pode melhorar através
    da contação de histórias.
  • 9:55 - 9:56
    Obrigado.
  • 9:56 - 9:58
    (Aplausos)
Title:
Vamos mudar o ensino da matemática | Gerardo Soto y Koelemeijer | TEDxDelft
Description:

Esta palestra foi dada em um evento TEDx local, produzido independentemente das conferências TED.

"A matemática é um importante elemento da cultura humana", afirma o Dr. Gerardo Soto y Koelemeijer. "Nas minhas palestras, eu conto histórias, em vez de explicar coisas como teoremas e soluções. Eu acho que sem as histórias, elementos importantes são excluídos e ignorados." E é por isso mesmo que ele acha que matemática e cultura são duas faces da mesma moeda.

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
10:02

Portuguese, Brazilian subtitles

Revisions