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Bissexualidade: a invisibilidade da letra "B" | Misty Gedlinske | TEDxOshkosh

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    Imagine se você tivesse um superpoder.
  • 0:17 - 0:19
    Falamos sobre isso hoje.
  • 0:20 - 0:21
    Se pudesse escolher o seu,
  • 0:21 - 0:23
    qual você iria querer?
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    Força?
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    Velocidade?
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    Visão de raio-x?
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    O poder de voar?
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    De viajar no tempo?
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    Mover objetos com a mente?
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    Talvez só saber onde estão
    as chaves do carro?
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    Suponha que seu poder
    seja o da invisibilidade.
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    Talvez você o tenha escolhido,
    ou tenha nascido com ele.
  • 0:42 - 0:45
    Seja como for, ele poder ser útil.
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    Assediadores e valentões não veem você.
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    Você pode ir aonde quiser,
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    fazer praticamente tudo que quiser.
  • 0:52 - 0:55
    Desde que tome algumas precauções,
  • 0:55 - 0:57
    ninguém nem sequer vai te notar.
  • 0:57 - 0:59
    Se alguém vir você,
  • 0:59 - 1:01
    não perceberá quem você realmente é.
  • 1:01 - 1:05
    Vai enxergar apenas o seu alter ego comum.
  • 1:05 - 1:08
    Sua verdadeira identidade
    continuará em segredo.
  • 1:09 - 1:11
    Parece bem legal, né?
  • 1:11 - 1:13
    E se eu dissesse
  • 1:13 - 1:18
    que existe um certo tipo de invisibilidade
    que é menos rara do que se imagina?
  • 1:19 - 1:20
    Na verdade,
  • 1:20 - 1:22
    eu tenho essa invisibilidade,
  • 1:22 - 1:24
    e estou usando-a neste momento.
  • 1:26 - 1:30
    Alguns de vocês estão cutucando
    a pessoa ao lado e pensando:
  • 1:30 - 1:31
    "Mas como assim?
  • 1:31 - 1:33
    Estou olhando pra ela".
  • 1:34 - 1:35
    Verdade, sim.
  • 1:35 - 1:37
    Mas o que você está vendo?
  • 1:38 - 1:40
    Neste momento,
    a imagem que estou projetando
  • 1:40 - 1:43
    é a de uma mulher baixa e branca,
    próxima da meia-idade.
  • 1:43 - 1:45
    (Risos)
  • 1:45 - 1:46
    É verdade.
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    Ela tem cabelo ondulado e usa óculos.
  • 1:49 - 1:52
    Esse cabelo ondulado está ficando
    cada vez mais grisalho.
  • 1:53 - 1:55
    Ela mora numa casa antiga
    com uma cerca de madeira,
  • 1:55 - 1:57
    numa cidade pequena
    do meio oeste dos EUA.
  • 1:57 - 2:02
    Ela tem três filhos e um cachorro,
    e dirige uma perua.
  • 2:02 - 2:05
    Atualmente as pessoas
    a chamam de "senhora"
  • 2:05 - 2:08
    e, pra ela, tudo bem a chamarem assim.
  • 2:08 - 2:12
    Ela não bebe vinho,
    mas veste calças de ioga,
  • 2:12 - 2:15
    e algumas das suas
    paixões de fã - acreditem -
  • 2:15 - 2:17
    por algumas celebridades britânicas
  • 2:17 - 2:20
    podem ser vistas do espaço.
  • 2:21 - 2:23
    "Netflix and chill" -
  • 2:23 - 2:25
    procurem o significado -
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    às vezes significa exatamente isso,
  • 2:27 - 2:31
    porque ela acaba caindo no sono
    vendo TV por volta das 9 da noite.
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    Vocês conhecem o tipo,
  • 2:33 - 2:35
    ou ao menos acham que conhecem.
  • 2:36 - 2:39
    Existem muitas pessoas
    com o meu tipo de invisibilidade.
  • 2:40 - 2:42
    Talvez haja algumas nesta sala.
  • 2:42 - 2:46
    Algumas de nós temos
    uns anéis bacanas de poder
  • 2:46 - 2:49
    que amplificam ainda mais
    a nossa invisibilidade.
  • 2:50 - 2:51
    Quando os tiramos,
  • 2:51 - 2:56
    as pessoas ao nosso redor ainda só verão
    a versão de nós que quiserem,
  • 2:56 - 2:58
    a que combina com as suas
    expectativas e perspectiva.
  • 2:59 - 3:03
    Tudo que falei sobre meu alter ego
    é verdadeiro a meu respeito,
  • 3:04 - 3:06
    só que não sou só isso.
  • 3:08 - 3:12
    Meu poder de invisibilidade
    vem do fato de eu ser bissexual
  • 3:12 - 3:16
    e é reforçado pelo fato de eu ser
    comprometida com um homem.
  • 3:16 - 3:20
    Meu anel de poder -
    e Deus me livre de deixá-lo cair -
  • 3:20 - 3:21
    é a minha aliança de casamento.
  • 3:25 - 3:27
    A suposição que as pessoas fazem
  • 3:27 - 3:30
    sobre gente que tem
    companheiros do sexo oposto
  • 3:30 - 3:33
    ou que simplesmente não falam
    abertamente sobre sua orientação
  • 3:33 - 3:36
    é a de que somos "certinhos",
    ou heterossexuais.
  • 3:37 - 3:39
    Alguns talvez digam
    que isso é uma vantagem,
  • 3:39 - 3:41
    ou até um tipo de privilégio.
  • 3:42 - 3:44
    Ao passarmos como hétero,
  • 3:44 - 3:46
    conseguimos evitar
    muitas das coisas negativas
  • 3:46 - 3:51
    que casais homoafetivos ou pessoas
    abertamente gays ou lésbicas vivenciam.
  • 3:51 - 3:53
    Por exemplo,
  • 3:54 - 3:57
    podemos segurar a mão do nosso parceiro
    do sexo oposto em público
  • 3:57 - 4:00
    sem que ninguém ao redor
    aja de forma crítica ou hostil.
  • 4:00 - 4:03
    Podemos pôr fotos de família
    em nosso local de trabalho
  • 4:03 - 4:07
    sem nos preocuparmos com a possível reação
    de colegas ou de clientes.
  • 4:07 - 4:10
    Nossos aniversários de casamento
    ou outras datas marcantes
  • 4:10 - 4:13
    são parabenizadas e comemoradas.
  • 4:14 - 4:17
    Quando temos filhos, ninguém pergunta:
  • 4:18 - 4:20
    "Qual de vocês duas é a mãe?"
  • 4:21 - 4:24
    Somos poupados de comentários
    curiosos e ofensivos
  • 4:24 - 4:27
    sobre como expressamos
    nossa intimidade física.
  • 4:28 - 4:29
    Numa emergência médica,
  • 4:29 - 4:34
    temos acesso imediato e sem ressalvas
    ao paradeiro do nosso filho ou companheiro
  • 4:34 - 4:36
    ou ao seu estado de saúde.
  • 4:36 - 4:40
    Nossas certidões de casamento
    são emitidas sem objeção,
  • 4:40 - 4:44
    e ninguém fica nervoso
    com qual banheiro vamos usar.
  • 4:45 - 4:47
    Porém,
  • 4:47 - 4:48
    existe um detalhe.
  • 4:49 - 4:51
    Todo poder tem um preço,
  • 4:51 - 4:54
    e a invisibilidade traz um peso.
  • 4:54 - 4:58
    Manter esse segredo pode parecer
    como se vivêssemos uma mentira.
  • 4:58 - 5:01
    Esse tipo de invisibilidade
    é um pouco instável
  • 5:01 - 5:04
    e não gosta de nos obedecer.
  • 5:04 - 5:09
    Pode ser muito, muito difícil
    desligar os seus poderes,
  • 5:09 - 5:11
    mesmo quando você quer muito,
  • 5:11 - 5:14
    porque muito do que sustenta
    a sua invisibilidade
  • 5:14 - 5:17
    são as suposições que as outras pessoas
    fazem a seu respeito.
  • 5:17 - 5:22
    Quando o poder dessas suposições
    se combina com o poder do medo,
  • 5:22 - 5:25
    os resultados são tão fortes
  • 5:25 - 5:29
    que a pessoa afetada pode se tornar
    invisível até para si mesma.
  • 5:30 - 5:33
    Nós ocultamos uma parte
    da nossa identidade
  • 5:33 - 5:37
    para nos encaixarmos melhor
    naquilo que alguns consideram normal,
  • 5:37 - 5:38
    ou aceitável.
  • 5:39 - 5:43
    Mentimos por omissão
    e nos escondemos em plena vista.
  • 5:43 - 5:47
    Permitimos que nosso silêncio
    nos torne cúmplices
  • 5:47 - 5:49
    da nossa própria invisibilidade.
  • 5:50 - 5:51
    Nem todos nós.
  • 5:52 - 5:56
    Alguns bissexuais escolhem
    rejeitar ativamente a invisibilidade.
  • 5:56 - 5:59
    São insistentemente abertos e francos
  • 5:59 - 6:04
    sobre como sua orientação contribui
    com a totalidade de suas identidades.
  • 6:05 - 6:06
    Bem,
  • 6:06 - 6:07
    já expliquei tudo.
  • 6:08 - 6:09
    Quem me dera.
  • 6:09 - 6:10
    Não é tão simples.
  • 6:11 - 6:15
    A invisibilidade tem
    um amiguinho desagradável
  • 6:16 - 6:18
    chamado "apagamento".
  • 6:19 - 6:24
    O apagamento diz que os bissexuais
    só estão confusos,
  • 6:24 - 6:25
    indecisos,
  • 6:25 - 6:27
    passando por uma fase,
  • 6:27 - 6:29
    ou que só queremos atenção.
  • 6:30 - 6:32
    Ele nos descreve como gananciosos,
  • 6:32 - 6:33
    não confiáveis
  • 6:33 - 6:37
    e incapazes de viver em relacionamentos
    monogâmicos e de longo prazo.
  • 6:37 - 6:39
    O apagamento rouba nosso poder de agir
  • 6:39 - 6:43
    e permite que os outros
    definam a nossa orientação por nós
  • 6:43 - 6:46
    com base no sexo ou gênero
    do nosso companheiro.
  • 6:46 - 6:48
    O apagamento só vê um dos dois lados,
  • 6:48 - 6:50
    e diz aos bissexuais:
  • 6:50 - 6:54
    "Você é hétero demais
    para espaços alternativos,
  • 6:54 - 6:57
    e não é alternativo o suficiente
    para espaços gays".
  • 6:57 - 7:00
    O apagamento diz aos homens bissexuais:
  • 7:00 - 7:04
    "Ah, você na verdade é gay
    e só não quer admitir".
  • 7:05 - 7:09
    O apagamento espera que as mulheres
    bissexuais provem que o são,
  • 7:09 - 7:11
    geralmente de formas performáticas.
  • 7:12 - 7:17
    Enfrentar o apagamento significa
    sair do armário constantemente,
  • 7:17 - 7:21
    respondendo a perguntas
    que outras pessoas não recebem,
  • 7:21 - 7:24
    tentando não parecer tão na defensiva
  • 7:24 - 7:26
    e fazendo o máximo para não desaparecer.
  • 7:27 - 7:31
    O apagamento é frustrante e exaustivo.
  • 7:33 - 7:34
    Então, por que enfrentá-lo?
  • 7:35 - 7:37
    Sabemos quem somos, não?
  • 7:37 - 7:39
    "Hétero" e "gay" não são insultos,
  • 7:39 - 7:41
    só que não são
    os rótulos corretos pra nós.
  • 7:42 - 7:45
    Por que não deixar que as pessoas
    suponham o que quiserem
  • 7:45 - 7:47
    e evitarmos aborrecimento?
  • 7:47 - 7:52
    Porque forçar-se a se encaixar
    num falso binário
  • 7:52 - 7:55
    significa fingir ser algo que você não é
  • 7:55 - 7:57
    e esconder tudo o que você de fato é.
  • 7:58 - 8:00
    É outra forma de armário.
  • 8:00 - 8:02
    Isso faz mal
  • 8:02 - 8:05
    e está lentamente matando muitos de nós.
  • 8:06 - 8:07
    Os bissexuais são pessoas
  • 8:07 - 8:11
    que vivenciam algum grau
    de atração romântica ou sexual
  • 8:11 - 8:13
    por pessoas do mesmo sexo ou gênero
  • 8:13 - 8:16
    e por pessoas de sexo ou gênero diferente.
  • 8:17 - 8:20
    Representamos 52% dos LGBT,
  • 8:21 - 8:24
    mas somos uma maioria
    geralmente silenciosa.
  • 8:24 - 8:28
    Somos cinco vezes mais propensos
    do que gays e lésbicas
  • 8:28 - 8:34
    a esconder nossa orientação
    até de amigos e familiares mais próximos.
  • 8:34 - 8:37
    Somente 44% dos jovens bissexuais
  • 8:37 - 8:40
    relatam conseguirem se abrir
    com um adulto de confiança.
  • 8:41 - 8:45
    Jovens e adultos bissexuais relatam
    índices maiores de abuso de álcool,
  • 8:45 - 8:47
    fumo
  • 8:47 - 8:48
    e sustâncias químicas.
  • 8:49 - 8:52
    Mais de um terço dos bissexuais adultos
  • 8:52 - 8:56
    não revelam sua orientação
    a profissionais de saúde.
  • 8:56 - 9:00
    Isso acarreta diversas
    disparidades físicas e mentais
  • 9:00 - 9:02
    entre nós e adultos hétero.
  • 9:02 - 9:05
    Entre elas, estão maiores índices
    de doenças cardíacas,
  • 9:05 - 9:07
    alguns tipos de câncer,
  • 9:07 - 9:11
    obesidade, ansiedade e depressão.
  • 9:11 - 9:14
    Muitos programas de educação
    em saúde sexual
  • 9:14 - 9:18
    são apresentados sob
    uma perspectiva heterossexual
  • 9:18 - 9:20
    ou focam a abstinência.
  • 9:20 - 9:22
    Consequentemente,
  • 9:22 - 9:25
    as mulheres bissexuais talvez não conheçam
    certas práticas de segurança
  • 9:25 - 9:29
    necessárias na prevenção à transmissão
    de DSTs entre parceiras mulheres.
  • 9:29 - 9:32
    Homens bissexuais têm menos chance
    de saberem que são soropositivos
  • 9:33 - 9:34
    do que homens gays,
  • 9:34 - 9:39
    e alguns relatam usarem camisinha menos
    consistentemente com parceiros homens
  • 9:39 - 9:40
    do que com mulheres.
  • 9:41 - 9:45
    Mulheres bissexuais vivenciam
    violência íntima e sexual
  • 9:45 - 9:50
    30% mais frequentemente
    do que lésbicas e mulheres hétero.
  • 9:52 - 9:55
    Quarenta por cento dos adultos bissexuais
  • 9:56 - 10:00
    já pensaram em suicídio ou tentaram.
  • 10:02 - 10:03
    Agora,
  • 10:04 - 10:05
    uma notícia chata:
  • 10:06 - 10:08
    ninguém quer ser reduzido
  • 10:08 - 10:12
    a uma estatística negativa
    ou a um clichê trágico.
  • 10:13 - 10:16
    Às vezes, surge uma vozinha
    em nossa mente, que diz:
  • 10:17 - 10:19
    "Vou ficar na minha,
  • 10:20 - 10:24
    porque não é melhor ser invisível
    do que ser demonizado?
  • 10:25 - 10:26
    Não me importo com rótulos errados,
  • 10:26 - 10:33
    desde que eu não seja visto
    como defeituoso ou inferior.
  • 10:34 - 10:39
    Essa voz pode ficar muito, muito alta.
  • 10:40 - 10:42
    Por favor, não dê ouvidos a ela.
  • 10:43 - 10:45
    Assim começa a autoaversão,
  • 10:45 - 10:47
    e ela vai engolir você vivo.
  • 10:47 - 10:49
    Não é verdade,
  • 10:49 - 10:51
    não é justo
  • 10:51 - 10:53
    e ninguém merece isso.
  • 10:53 - 10:56
    O problema não é ser bissexual.
  • 10:56 - 10:59
    O problema é o fato
    de as pessoas entenderem mal
  • 10:59 - 11:01
    e reagirem mal a isso.
  • 11:03 - 11:06
    Saí do armário publicamente
    há menos de dois anos.
  • 11:06 - 11:07
    Pois é.
  • 11:08 - 11:12
    Não fiz isso porque estava entendiada
    ou infeliz com meu casamento,
  • 11:12 - 11:17
    nem porque quisesse atenção
    ou estivesse numa crise de meia-idade.
  • 11:17 - 11:18
    Não.
  • 11:18 - 11:22
    Saí do armário porque comecei
    a pensar sobre a diferença
  • 11:22 - 11:25
    entre privado e sigiloso
  • 11:25 - 11:28
    e sobre como essa diferença
    afetava a mim e aos outros.
  • 11:28 - 11:31
    Privacidade traz a ideia de valor.
  • 11:31 - 11:34
    Coisas privadas são voltadas
    a um público limitado
  • 11:34 - 11:36
    por serem especiais.
  • 11:36 - 11:40
    Sigilo traz a ideia de medo ou vergonha.
  • 11:41 - 11:43
    Avaliei relacionamentos anteriores
  • 11:43 - 11:46
    em que eu havia escolhido manter
    minha orientação em sigilo
  • 11:46 - 11:49
    ou tinha escondido
    o fato de estar numa relação,
  • 11:49 - 11:53
    e me lembrei de como o medo e a vergonha
    influenciaram essas decisões:
  • 11:54 - 11:58
    medo de a pessoa com quem eu estava
    questionar minha lealdade para com ela,
  • 11:58 - 12:02
    medo de que me tratasse como meio
    para realizar certas fantasias,
  • 12:03 - 12:04
    medo de que me abandonasse;
  • 12:05 - 12:09
    vergonha por saber que não estava sendo
    totalmente verdeira sobre mim mesma,
  • 12:10 - 12:13
    vergonha de que minha preocupação
    sobre a possível reação das pessoas
  • 12:13 - 12:16
    às minhas relações
    com alguém do mesmo sexo
  • 12:16 - 12:20
    fizesse com que eu só falasse sobre
    as relações com pessoas do sexo oposto,
  • 12:21 - 12:24
    vergonha da dor que essas decisões
    causavam aos outros.
  • 12:25 - 12:28
    Eu me calava, se é que dá pra acreditar,
  • 12:31 - 12:34
    e mostrava o que eu achava
    que era menos complicado.
  • 12:34 - 12:37
    Dizia a mim mesma que era melhor assim,
  • 12:37 - 12:39
    mesmo quando obviamente não era.
  • 12:40 - 12:44
    Me lembrei de como eu tinha
    finalmente me livrado desse ciclo,
  • 12:44 - 12:47
    não continuando a esconder
    coisas a meu respeito,
  • 12:47 - 12:49
    mas finalmente assumindo o risco
  • 12:49 - 12:53
    de ser franca e verdadeira
    com alguém em quem eu confiava.
  • 12:54 - 13:00
    Meu cônjuge sabe da minha orientação
    desde o início do nosso relacionamento.
  • 13:00 - 13:03
    Já faz 18 anos.
  • 13:03 - 13:07
    Na época, ele era a única pessoa
    próxima a mim que sabia.
  • 13:07 - 13:11
    Tivemos muitos desafios,
    como outros casais de longa data.
  • 13:11 - 13:13
    Nenhum deles foi causado
  • 13:13 - 13:18
    por um de nós esperar
    que outro esconda, minta ou finja.
  • 13:20 - 13:23
    Nosso casamento é um casamento
    entre pessoas de sexo oposto.
  • 13:23 - 13:25
    Não é um casamento hétero.
  • 13:26 - 13:30
    Usei o termo "cônjuge" porque significa
    "parceiro escolhido para a vida".
  • 13:30 - 13:34
    Daria no mesmo pra mim
    se eu tivesse me casado com um Stephen
  • 13:34 - 13:35
    ou com uma Stephanie.
  • 13:36 - 13:37
    Escolhi um companheiro,
  • 13:37 - 13:39
    não um lado.
  • 13:39 - 13:44
    Sou casada monogamicamente
    com um homem cisgênero heterossexual.
  • 13:44 - 13:46
    Sou mãe de três filhos.
  • 13:47 - 13:49
    Ainda assim, sou bissexual.
  • 13:50 - 13:53
    Já me perguntaram se meus filhos
    sabem da minha orientação,
  • 13:53 - 13:55
    ou se pretendo contar a eles.
  • 13:55 - 14:00
    Eles sabem, da forma que achamos ser mais
    adequada para suas respectivas idades,
  • 14:00 - 14:04
    e o motivo é que eu queria
    que eles entendessem
  • 14:04 - 14:06
    que não há nada de vergonhoso
    em orientação sexual
  • 14:06 - 14:09
    e que identidade não é um tabu.
  • 14:09 - 14:14
    Pessoas fora do padrão heteronormativo
    são mais que caricaturas ou esteriótipos.
  • 14:15 - 14:18
    Nossos relacionamentos são baseados
    em ligação emocional,
  • 14:18 - 14:19
    afeto,
  • 14:19 - 14:20
    paciência
  • 14:20 - 14:22
    e compromisso.
  • 14:22 - 14:25
    Somos todos, cada um de nós,
  • 14:25 - 14:29
    mais do que a soma das nossas partes
    e do que possamos fazer com elas.
  • 14:30 - 14:33
    Se um de nossos filhos um dia disser
    num jantar em família:
  • 14:33 - 14:35
    "Mãe, pai, eu sou..."
  • 14:36 - 14:37
    isso ou aquilo...
  • 14:37 - 14:39
    "Por favor, me passe as ervilhas",
  • 14:39 - 14:43
    quero que ele saiba
    que a parte chocante dessa frase
  • 14:43 - 14:45
    é fato de estar disposto
    a comer uma leguminosa.
  • 14:45 - 14:47
    (Risos)
  • 14:50 - 14:52
    Quando a invisibilidade se torna tóxica,
  • 14:53 - 14:56
    quando ela não é mais
    uma questão de privacidade,
  • 14:56 - 14:58
    mas uma questão de sigilo e meia-verdade,
  • 14:59 - 15:01
    é hora de abandoná-la.
  • 15:02 - 15:05
    Fazer isso nunca é fácil.
  • 15:06 - 15:09
    Mas vou contar uma coisa: é empoderador.
  • 15:10 - 15:12
    Ao escolhermos nos revelar,
  • 15:12 - 15:15
    podemos estabelecer as condições.
  • 15:15 - 15:18
    Podemos insistir
    em nossa própria legitimidade.
  • 15:20 - 15:23
    Quando deixamos de lado
    esse poder não tão super assim,
  • 15:23 - 15:28
    compreendemos o quanto era pesado
    o fardo da invisibilidade
  • 15:28 - 15:31
    e o quanto somos mais livres sem ele.
  • 15:31 - 15:35
    Paramos de nos preocupar
    se somos gays ou hétero o suficiente,
  • 15:35 - 15:39
    e conseguimos simplesmente
    ser suficientes.
  • 15:40 - 15:41
    Esse pode ser o primeiro passo
  • 15:41 - 15:45
    em direção a sermos vistos
    e conhecidos por inteiro,
  • 15:45 - 15:48
    em direção a relacionamentos
    baseados em absoluta verdade
  • 15:48 - 15:52
    e compartilhados com o mundo
    da forma que escolhermos.
  • 15:53 - 15:54
    Ao vivermos abertamente,
  • 15:54 - 15:59
    podemos ajudar aqueles que precisam
    de exemplos acessíveis e reais,
  • 15:59 - 16:01
    porque agora podemos
    ser vistos sob essa ótica.
  • 16:02 - 16:07
    Chegar a esse nível pode levar tempo,
    coragem, pequenos passos.
  • 16:08 - 16:12
    Nem todos esses passos serão lineares
    ou parecerão estar indo adiante.
  • 16:13 - 16:14
    As coisas podem ficar estranhas,
  • 16:14 - 16:16
    desconfortáveis,
  • 16:16 - 16:17
    ou até assustadoras.
  • 16:18 - 16:19
    Talvez você descubra, da pior forma,
  • 16:19 - 16:22
    quem são seus
    verdadeiros amigos e aliados.
  • 16:23 - 16:26
    Leve o tempo que for preciso pra você.
  • 16:27 - 16:31
    Não há prazo nem data de validade
    para a sua verdade.
  • 16:31 - 16:33
    Se, neste momento,
  • 16:33 - 16:40
    você só se sente confortável ou seguro
    sussurrando sua verdade para si mesmo,
  • 16:41 - 16:43
    faça assim mesmo.
  • 16:44 - 16:47
    Antes de mais nada,
    seja visível a si mesmo.
  • 16:47 - 16:51
    Não troque sua invisibilidade
    por um complexo de herói.
  • 16:51 - 16:53
    Você não deve isso a ninguém.
  • 16:54 - 16:58
    A única pessoa que você tem
    a obrigação de salvar
  • 16:59 - 17:00
    é você mesmo.
  • 17:01 - 17:03
    (Aplausos)
Title:
Bissexualidade: a invisibilidade da letra "B" | Misty Gedlinske | TEDxOshkosh
Description:

Percepção é tudo. Ela impacta a imagem que as pessoas têm de nós, bem como nossos relacionamentos íntimos. Ser aberto sobre sua orientação sexual é arriscado, mas talvez valha a pena viver de forma plenamente autêntica. A visibilidade pode derrubar os esteriótipos, eliminar a vergonha e o sigilo e criar representatividade e exemplos nos quais outras pessoas podem se espelhar, acessíveis e reais.

Misty Gedlinske vive em Fond du Lac, Wisconsin, mas é originalmente de Asheville, Carolina do Norte. Sua carreira inclui mais de dez anos na administração municipal, como escrivã.

Ela é fundadora da Fond du Lac Pride Alliance, uma iniciativa comunitária de divulgação visando a fazer uma ponte entre pessoas LGBT+ locais e aliadas e serviços, recursos e organizações acolhedoras.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
17:16

Portuguese, Brazilian subtitles

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