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As mãos do arquiteto: como criar melhores ruas

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    Durante muito tempo, acreditávamos
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    que a mão do arquiteto devia ser assim.
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    Sabe-se que os arquitetos
    são inteligentes e sofisticados.
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    Andam sempre vestidos de preto,
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    e sabem melhor do que ninguém
    como devem funcionar as nossas cidades.
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    Constroem modelos,
    e olham para eles lá de cima.
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    A mão do arquiteto é como a mão de Deus.
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    Esta mão, em especial,
    pertence a Le Corbusier.
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    Nesta foto icónica, ele está
    a apresentar um modelo do Plan Voisin,
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    uma visão modernista utópica para Paris
    que, felizmente, nunca foi construída
  • 0:55 - 0:58
    mas o impacto das suas ideias foi enorme.
  • 0:59 - 1:01
    Com efeito, os urbanistas modernos
  • 1:01 - 1:06
    estão a tentar consertar o que ele,
    com a sua mão lá do alto, fez às cidades.
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    O planeamento da cidade modernista
  • 1:09 - 1:11
    produziu espaços concebidos
    especificamente para carros,
  • 1:11 - 1:16
    uma cidade onde as diversas funções,
    como lojas, escritórios e habitação
  • 1:16 - 1:18
    estão estritamente separadas,
  • 1:18 - 1:22
    uma cidade onde a rua tradicional,
    juntamente com toda a vida de rua
  • 1:22 - 1:24
    ficou obsoleta.
  • 1:24 - 1:29
    Contrariamente a Le Corbusier,
    eu preocupo-me muito com as ruas
  • 1:29 - 1:33
    e desejava que as ruas das cidades
    oferecessem um espaço mais equilibrado
  • 1:34 - 1:36
    à mobilidade e à vida social.
  • 1:36 - 1:40
    Também acredito que a mão
    do arquiteto seja assim
  • 1:41 - 1:45
    e que ele possa trabalhar
    no interior do modelo,
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    diretamente na rua.
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    Durante os últimos cinco anos,
  • 1:49 - 1:53
    tive a oportunidade de trabalhar
    em diversos projetos de "design" urbano
  • 1:53 - 1:55
    em espaços públicos.
  • 1:55 - 1:59
    Tenho usado as minhas mãos
    para construir estas coisas.
  • 1:59 - 2:01
    Tenho passado muitas horas no local,
  • 2:01 - 2:05
    e tenho feito ali observações
    muito interessantes.
  • 2:05 - 2:09
    Tudo começou com um projeto
    em Bastejkalns Park em Riga,
  • 2:09 - 2:12
    quando passei uma semana
    de gatas no chão,
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    a pintar círculos verdes
  • 2:14 - 2:16
    e a explicar constantemente
    aos transeuntes curiosos
  • 2:17 - 2:19
    porque é que estou a fazer isto.
  • 2:19 - 2:22
    Eu estava a montar
    uma exposição ao ar livre
  • 2:22 - 2:24
    que era dedicada a um escritor letão.
  • 2:24 - 2:27
    A minha experiência com a cor
  • 2:27 - 2:29
    continuou em Sarkandaugava,
    um bairro de Riga.
  • 2:29 - 2:32
    Desta vez, pintei tudo de vermelho
  • 2:32 - 2:35
    e, claro, continuei
    a ter de explicar porquê.
  • 2:35 - 2:38
    Era para marcar a primeira
    praça pública em Riga,
  • 2:38 - 2:41
    concebida em conjunto
    com uma ousada comunidade local.
  • 2:41 - 2:45
    Mas hoje, queria contar-vos
    sobretudo o projeto da Rua Miera.
  • 2:45 - 2:48
    O nome da rua significa "paz" em letão.
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    O nome do projeto, "Mierīgi", traduz-se
    por "pacificamente" ou "facilmente".
  • 2:55 - 2:57
    No nosso estudo, Fine Young Urbanists,
  • 2:57 - 2:59
    o meu colega Toms Kokins e eu
  • 2:59 - 3:01
    começámos a trabalhar
    na Rua Miera há três anos.
  • 3:02 - 3:05
    Foi quando eu tinha acabado
    de regressar de Roterdão, na Holanda,
  • 3:05 - 3:09
    onde eu tinha passado vários anos
    a estudar e a trabalhar.
  • 3:09 - 3:13
    No que se refere ao "design" de ruas,
    a Holanda é uma superpotência.
  • 3:14 - 3:17
    Há tantos tipos diferentes de ruas
    nas cidades holandesas,
  • 3:17 - 3:21
    com enormes árvores belíssimas,
    com canais,
  • 3:21 - 3:23
    com largos passeios
  • 3:23 - 3:26
    — sei que já devem estar a pensar nisto —
  • 3:26 - 3:28
    com ciclovias, evidentemente.
  • 3:28 - 3:30
    Viver em Roterdão fez-me perceber
  • 3:30 - 3:34
    que os estilos de vida saudáveis
    e uma vibrante vida de rua
  • 3:34 - 3:37
    podem estar integrados no "design" urbano.
  • 3:37 - 3:39
    Mesmo sem pensar em exercício,
  • 3:39 - 3:43
    eu andava de bicicleta,
    pelo menos, 20 minutos por dia.
  • 3:43 - 3:45
    Sem andar à procura de um parque,
  • 3:45 - 3:50
    tinha acesso a zonas verdes
    aqui mesmo na rua.
  • 3:50 - 3:55
    Via pessoas a fazer churrasco, a ver TV,
    ou a vender a mobília no meio da rua
  • 3:55 - 3:58
    e participava nisso, alegremente.
  • 3:58 - 4:03
    Sentia que tinha a liberdade de circular
    na cidade como bem me apetecesse.
  • 4:04 - 4:07
    Estava em forma e era feliz.
  • 4:08 - 4:10
    Depois, voltei para Riga.
  • 4:11 - 4:14
    Aqui, vi as ruas
    de uma perspetiva diferente:
  • 4:14 - 4:17
    como são tristes, vazias,
  • 4:17 - 4:20
    especialmente as que foram
    construídas há pouco tempo.
  • 4:20 - 4:23
    Andar de bicicleta é incómodo
  • 4:23 - 4:27
    e rapidamente mudei para um carro
    porque é mais fácil.
  • 4:27 - 4:30
    Riga hoje repete os mesmos erros
  • 4:30 - 4:33
    que as cidades norte-americanas
    fizeram nos anos 50.
  • 4:33 - 4:36
    Constrói vias rápidas
    para resolver os problemas de tráfego,
  • 4:36 - 4:39
    permite grandes centros comerciais
    junto a essas vias rápidas
  • 4:39 - 4:45
    e o crescimento de aldeias suburbanas
    mesmo nos limites de Riga.
  • 4:45 - 4:49
    Simultaneamente, o centro histórico
    está a perder residentes rapidamente,
  • 4:49 - 4:52
    a qualidade do ar é a pior
    dos estados bálticos
  • 4:52 - 4:54
    devido ao congestionamento do trânsito
  • 4:54 - 4:56
    e há um edifício devoluto
    em quase cada quarteirão.
  • 4:56 - 5:02
    Riga fez-me sentir, a uma urbanista,
    limitada nas minhas escolhas
  • 5:02 - 5:06
    e, inconscientemente, mudei
    para um estilo de vida
  • 5:06 - 5:08
    pouco saudável e infeliz.
  • 5:08 - 5:10
    Com tudo isto na cabeça,
  • 5:10 - 5:14
    decidimos fazer qualquer coisa,
    pelo menos, numa rua de Riga.
  • 5:14 - 5:16
    As razões por que escolhemos a Rua Miera
  • 5:16 - 5:19
    foi que havia uma comunidade local ativa
  • 5:19 - 5:22
    que é excecional para uma rua
    no centro de Riga;
  • 5:22 - 5:26
    havia um grande potencial espacial
    para uma vida de rua de alta qualidade;
  • 5:26 - 5:28
    e havia um problema óbvio:
  • 5:29 - 5:32
    90% dos carros circulam
    pelas linhas dos elétricos,
  • 5:32 - 5:35
    deixando livres as pistas
    que lhes são destinadas.
  • 5:35 - 5:39
    Ao mesmo tempo, os peões
    e o crescente número de ciclistas
  • 5:39 - 5:41
    têm de partilhar um passeio estreito
  • 5:41 - 5:45
    e circular entre postes de sinalização,
    portas abertas e carros estacionados.
  • 5:45 - 5:47
    Tínhamos a certeza
  • 5:47 - 5:51
    de que o espaço de rua disponível
    podia ser usado de forma mais equilibrada.
  • 5:51 - 5:55
    Criando no meio uma pista comum
    para elétricos e carros,
  • 5:55 - 5:58
    o espaço ficaria livre para uma ciclovia
    de cada lado da rua.
  • 5:58 - 6:03
    Isso permitir-nos-ia
    libertar os passeios para os peões,
  • 6:03 - 6:07
    para nos sentarmos, para estacionamento
    de bicicletas, para esplanadas,
  • 6:07 - 6:13
    para plantas e árvores,
    belas árvores verdes, frondosas.
  • 6:14 - 6:17
    Sabiam que naqueles quase 700 metros
    da Rua Miera
  • 6:17 - 6:20
    que é considerado um quarteirão
    de qualidade, criativo,
  • 6:20 - 6:22
    só há 15 árvores?
  • 6:22 - 6:28
    É uma árvore a cada 45 metros,
    e só de um lado da rua.
  • 6:29 - 6:32
    Não parece de grande qualidade, não acham?
  • 6:32 - 6:34
    Com um perfil de rua mais bem concebido,
  • 6:34 - 6:38
    seria mais fácil e mais seguro
    para os peões atravessar a rua,
  • 6:38 - 6:41
    o pequeno comércio teria
    melhores condições espaciais para evoluir
  • 6:41 - 6:45
    e ainda haveria espaço para estacionamento
    de carros onde fosse necessário.
  • 6:45 - 6:48
    A qualidade de vida
    da Rua Miera melhoraria
  • 6:48 - 6:50
    e tudo isso deixaria
    praticamente intacta
  • 6:50 - 6:53
    a situação atual do trânsito.
  • 6:53 - 6:56
    As pessoas sentir-se-ão melhor,
    mais em casa,
  • 6:56 - 6:59
    numa rua que proporciona mais opções.
  • 6:59 - 7:01
    Também queríamos
    explorar, com este projeto,
  • 7:01 - 7:05
    a relação entre um arquiteto
    e a comunidade local.
  • 7:05 - 7:08
    Os residentes são obviamente
    especialistas da sua rua
  • 7:08 - 7:11
    e nós, os urbanistas,
    queremos saber o que eles sabem,
  • 7:11 - 7:13
    porque queremos criar um "design"
  • 7:13 - 7:18
    que satisfaça as suas necessidades
    e melhore a sua rua.
  • 7:18 - 7:21
    A princípio, fizemos estes desenhos
    e fotomontagens
  • 7:21 - 7:23
    para termos qualquer coisa
    sobre que falar.
  • 7:23 - 7:25
    Depois, tentámos envolver
    as pessoas na rua,
  • 7:25 - 7:28
    mostrando-lhes a nossa visão.
  • 7:28 - 7:33
    A reação foi muito positiva
    mas ainda não tínhamos a certeza
  • 7:33 - 7:37
    se a solução proposta era a melhor
    ou se estávamos a ser entendidos.
  • 7:37 - 7:41
    Por fim, decidimos
    testar a ideia, espacialmente.
  • 7:41 - 7:43
    Fizemos o que os arquitetos
    fazem normalmente:
  • 7:43 - 7:45
    construímos um modelo.
  • 7:46 - 7:50
    Mas, em vez de criar uma coisa pequena
    e olhar para ela, de cima,
  • 7:50 - 7:52
    decidimos que seríamos nós
  • 7:53 - 7:55
    as pessoas de plástico dentro do modelo
  • 7:55 - 8:00
    e testaríamos a ideia numa situação
    de escala real de 1:1,
  • 8:00 - 8:02
    diretamente na rua.
  • 8:04 - 8:07
    A maquete foi construída em três dias
  • 8:07 - 8:09
    e manteve-se no seu local
    durante quase uma semana.
  • 8:09 - 8:12
    Mudou a rua instantaneamente.
  • 8:12 - 8:16
    De um lado, juntámos só 30 cm ao passeio,
  • 8:16 - 8:20
    e foi o suficiente
    para criar espaço para bancos
  • 8:20 - 8:23
    e mesinhas de café junto às paredes,
  • 8:23 - 8:26
    o que é muito conveniente
    se queremos sentar-nos à espera de alguém
  • 8:26 - 8:30
    comer uma refeição, reorganizar
    os sacos depois das compras,
  • 8:31 - 8:33
    descansar após uma longa caminhada
  • 8:33 - 8:37
    ou simplesmente desfrutar
    estar sentado a ver as outras pessoas.
  • 8:38 - 8:39
    Do outro lado,
  • 8:39 - 8:42
    logo que pusemos mesas e cadeiras,
  • 8:42 - 8:46
    as pessoas de um café ali perto
    começaram a servir café e bolos.
  • 8:47 - 8:48
    As pessoas, instintivamente,
  • 8:49 - 8:52
    sabem como usar uma boa rua
    quando a viam.
  • 8:52 - 8:54
    Nós, no Fine Young Urbanists,
  • 8:54 - 8:57
    achamos que este tipo
    de protótipos urbanos com maquetas
  • 8:57 - 9:00
    é a forma mais barata, mais rápida
    e mais fiável
  • 9:00 - 9:02
    de testar alterações
    no ambiente urbano.
  • 9:03 - 9:07
    Um protótipo urbano é imaginação coletiva,
    é um desejo coletivo.
  • 9:07 - 9:10
    Permite-nos sentir o espaço,
    com o nosso corpo,
  • 9:11 - 9:14
    para ver se podemos encontrar
    um sítio confortável
  • 9:14 - 9:16
    se lá quisermos ficar.
  • 9:16 - 9:20
    É também uma forma de evitar
    erros posteriores, de custo elevado.
  • 9:21 - 9:25
    Aprendemos que estas pequenas ações
    num espaço público
  • 9:25 - 9:29
    é uma ótima forma de envolver o público
    no processo de "design".
  • 9:29 - 9:32
    Durante a altura da construção,
    estávamos lá permanentemente:
  • 9:32 - 9:34
    a construir, a pintar
  • 9:34 - 9:37
    e a falar com as pessoas
    que estavam interessadas naquilo.
  • 9:37 - 9:42
    A pergunta mais frequente era:
    "Porque é que isto é azul?"
  • 9:42 - 9:45
    A cor viva provocava as pessoas
  • 9:45 - 9:49
    a iniciar uma conversa
    com estranhos, sobre o "design" da rua.
  • 9:49 - 9:52
    É esse o sonho de um urbanista
    a tornar-se realidade.
  • 9:52 - 9:55
    Desta vez, tivemos
    todo o tipo de perguntas:
  • 9:55 - 9:58
    desde as muito positivas,
    muito concordantes
  • 9:58 - 10:00
    até às críticas e mesmo agressivas.
  • 10:01 - 10:02
    É compreensível
  • 10:02 - 10:06
    que nem toda a gente apoie
    a ideia de mais ciclistas na rua,
  • 10:06 - 10:08
    são incómodos.
  • 10:08 - 10:11
    Nem todos querem abdicar
    do seu espaço de estacionamento
  • 10:11 - 10:14
    a favor de uma esplanada
    ou de plantas em vasos.
  • 10:15 - 10:17
    Mas eu, aqui, gostava
    de referir um conselho sábio
  • 10:17 - 10:19
    que a minha mãe me deu um dia:
  • 10:19 - 10:22
    "Ninguém resiste às boas maneiras.
  • 10:22 - 10:26
    "As pessoas têm direito à sua opinião
    que pode ser diferente da tua,
  • 10:26 - 10:30
    "mas sê delicada, fala calmamente
    e escuta o que os outros têm a dizer.
  • 10:31 - 10:33
    "Talvez aprendas alguma coisa.
  • 10:33 - 10:36
    "e talvez eles comecem a ouvir-te".
  • 10:37 - 10:39
    Enquanto citadinos, temos de perceber
  • 10:39 - 10:43
    que as ciclovias não são feitas
    apenas para agradar aos ciclistas
  • 10:43 - 10:47
    e o mobiliário urbano não é instalado
    apenas para proveito dos lojistas,
  • 10:47 - 10:52
    as ruas em geral não existem
    apenas para conveniência dos carros.
  • 10:52 - 10:55
    Pensar assim seria como continuar a pensar
  • 10:55 - 10:57
    que os telefones só servem para chamadas.
  • 10:57 - 10:59
    As cidades não são assim tão simples.
  • 10:59 - 11:03
    As cidades são organismos complexos
    onde tudo precisa de estar em equilíbrio
  • 11:03 - 11:04
    e onde toda a gente
  • 11:04 - 11:08
    — jovens, saudáveis e
    com independência económica,
  • 11:08 - 11:13
    assim como os que têm rendimentos
    modestos e com movimentos limitados —
  • 11:13 - 11:18
    pode tomar parte, em pé de igualdade,
    na mobilidade e na vida social.
  • 11:19 - 11:22
    Porque é que eu penso
    que as ruas são tão importantes?
  • 11:22 - 11:24
    William H. Whyte,
    o urbanista norte-americano
  • 11:24 - 11:26
    e conhecido observador de pessoas,
  • 11:26 - 11:31
    disse um dia que as ruas
    são os rios da vida na cidade.
  • 11:31 - 11:35
    Claro, as ruas ajudam-nos
    a deslocarmo-nos,
  • 11:35 - 11:39
    mas as ruas também são um palco
    onde pode ocorrer a vida pública.
  • 11:39 - 11:43
    A vida pública é a essência das cidades.
  • 11:43 - 11:45
    As pessoas não construíram
    aglomerados urbanos
  • 11:45 - 11:48
    para se manterem escondidas
    umas das outras
  • 11:48 - 11:50
    nas suas casas ou nos seus carros.
  • 11:50 - 11:51
    Têm de se encontrar,
  • 11:51 - 11:54
    de trocar conhecimentos,
    de partilhar recursos,
  • 11:54 - 11:57
    e de criar qualquer coisa coletivamente.
  • 11:57 - 12:00
    Uma boa cidade tem a capacidade
  • 12:00 - 12:05
    de abranger todas as opções
    das pessoas que nela vivem
  • 12:05 - 12:08
    e de ajudar a equilibrá-las
    espacialmente.
  • 12:09 - 12:12
    Depois de acabar o projeto "Mierīgi",
    fizemos um vídeo
  • 12:12 - 12:14
    que foi publicado "online".
  • 12:14 - 12:18
    A ideia ecoou nas pessoas
    do mundo inteiro.
  • 12:18 - 12:25
    O nosso vídeo já foi visto, "tweeted",
    partilhado e gostado mais de 60 000 vezes.
  • 12:26 - 12:31
    Isso mostra que os urbanistas, ativistas
  • 12:31 - 12:33
    e líderes de comunidades,
    pelo mundo fora,
  • 12:33 - 12:36
    andam à procura de novas formas
    de dar a conhecer às cidades
  • 12:36 - 12:39
    que as pessoas querem recuperar
    o espaço das ruas
  • 12:39 - 12:42
    aos automóveis e aos urbanizadores
    sedentos de lucros.
  • 12:42 - 12:44
    Não estamos sozinhos,
  • 12:44 - 12:48
    há toda uma nova geração
    de arquitetos e urbanistas
  • 12:48 - 12:51
    que estão menos preocupados
    em projetar edifícios icónicos
  • 12:51 - 12:56
    e mais interessados em humanizar
    a cidade rígida e desequilibrada.
  • 12:56 - 13:00
    Não têm medo de correr riscos
    de trabalhar com as próprias mãos,
  • 13:00 - 13:04
    e são mestres em encontrar
    buracos nas regulamentações
  • 13:04 - 13:07
    e formas alternativas de comunicação.
  • 13:08 - 13:10
    Esqueçam os modernistas arrogantes.
  • 13:10 - 13:13
    Este arquiteto novo
    é sobretudo um "hacker".
  • 13:13 - 13:17
    Práticas como Exist, em França,
    ou Raumlabor, na Alemanha,
  • 13:17 - 13:19
    ou Assemble no Reino Unido,
  • 13:19 - 13:22
    estão a transformar com êxito
    o papel dos arquitetos
  • 13:22 - 13:25
    e a mudar a forma como olhamos
  • 13:25 - 13:27
    para ruas congestionadas,
    edifícios devolutos
  • 13:27 - 13:30
    e áreas indesejadas nas nossas cidades.
  • 13:30 - 13:34
    Por exemplo, PARK(ing) Day
    começou como uma pequena iniciativa
  • 13:34 - 13:37
    de Rebar Art e Design Studio
    em San Francisco.
  • 13:37 - 13:41
    Em 10 anos, aumentou
    para um movimento mundial,
  • 13:41 - 13:45
    e várias cidades já o incorporaram
    na sua política urbana.
  • 13:45 - 13:49
    Ou a empresa de arquitetura ZUS
    em Roterdão,
  • 13:49 - 13:52
    que conseguiu transformar
    um bloco de escritórios indesejável,
  • 13:52 - 13:55
    que estava devoluto há 15 anos,
  • 13:55 - 13:59
    num local criativo
    e num local de testes para novas ideias.
  • 13:59 - 14:02
    É atualmente um local
    que muitas cidades invejam.
  • 14:02 - 14:07
    Como é que podemos convencer
    mais arquitetos e urbanistas
  • 14:07 - 14:10
    a envolverem-se na criação de cidades?
  • 14:10 - 14:14
    Penso que uma das formas
    é através da educação.
  • 14:15 - 14:17
    Todos os anos, organizamos
    uma escola de verão
  • 14:17 - 14:20
    para estudantes e jovens
    profissionais de arquitetura,
  • 14:20 - 14:23
    de planeamento urbanístico e "design".
  • 14:23 - 14:26
    Nesta escola de verão,
    eles têm a oportunidade
  • 14:26 - 14:28
    de passar por um ciclo
    de "design" completo
  • 14:28 - 14:29
    em apenas duas semanas.
  • 14:29 - 14:33
    É uma coisa rara
    no ensino da arquitetura.
  • 14:33 - 14:37
    Os participantes investigam,
    descobrem um conceito
  • 14:37 - 14:41
    e testam-no imediatamente
    construindo-o no domínio público.
  • 14:42 - 14:45
    Através disso, aprendem
    como os materiais reais são pesados
  • 14:46 - 14:48
    e como as ferramentas elétricas
    podem ser assustadoras.
  • 14:48 - 14:51
    Não constroem apenas
    como exercício,
  • 14:51 - 14:52
    criam uma coisa
  • 14:52 - 14:55
    que o município local
    — no nosso caso, Cēsis —
  • 14:56 - 15:00
    ou a organização local
    está deveras interessada.
  • 15:01 - 15:03
    Por fim, quando a escola de verão termina,
  • 15:03 - 15:07
    veem a construção final
    a ser apropriada pelo público.
  • 15:07 - 15:12
    Veem se funciona como se pretendia
    ou se não conseguiram cumprir o conceito.
  • 15:12 - 15:16
    Esta experiência transforma
    por completo
  • 15:16 - 15:19
    a forma como estes jovens arquitetos
    encaram a sua profissão.
  • 15:19 - 15:20
    Na nossa escola de verão,
  • 15:20 - 15:23
    ensinamos que a arquitetura
    vai mais além dos edifícios
  • 15:23 - 15:27
    e que o urbanismo não é
    apenas o espaço entre eles.
  • 15:27 - 15:30
    Acreditamos que construir
    é um ato social,
  • 15:30 - 15:32
    mas não nos esqueçamos
  • 15:32 - 15:37
    que os protótipos são apenas um passo
    para criar verdadeiros espaços públicos,
  • 15:37 - 15:41
    e uma escola de verão provavelmente
    nunca substituirá uma universidade.
  • 15:41 - 15:45
    Não penso que a Rua Miera
    tivesse de ser pintada de azul,
  • 15:45 - 15:47
    e sei que os construtores profissionais
  • 15:47 - 15:50
    têm muito mais competência
    do que os arquitetos
  • 15:50 - 15:52
    para manejar uma parafusadora elétrica.
  • 15:52 - 15:57
    O que eu sugiro é que, para manter
    um espírito claro e crítico
  • 15:57 - 16:00
    precisamos, muitas vezes,
    de mudar de perspetiva.
  • 16:00 - 16:03
    Para criar cidades melhores,
    precisamos de duas coisas:
  • 16:03 - 16:07
    uma compreensão plena da vida da rua
    e uma perspetiva de cima.
  • 16:08 - 16:12
    Creio que dar pequenos passos
  • 16:12 - 16:15
    pode levar a importantes transformações
    nas nossas cidades.
  • 16:16 - 16:18
    E espero, com convicção,
  • 16:18 - 16:22
    que, no futuro, haverá
    mais arquitetos e urbanistas
  • 16:22 - 16:25
    que se baseiem menos
    numa visão Mega-Lo-Mania
  • 16:25 - 16:28
    e mais na sua humanidade.
  • 16:29 - 16:30
    Obrigada.
  • 16:30 - 16:32
    (Aplausos)
Title:
As mãos do arquiteto: como criar melhores ruas
Description:

Nesta palestra, Evelīna Ozola fala da importância da rua enquanto espaço público e das formas de o reclamar. Evelina aparece com um novo método atraente e provocador de fazer um protótipo do espaço da rua e de envolver a sociedade no processo do seu "design".

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
16:33

Portuguese subtitles

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