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Todos, inclusive você | Starr Lake | TEDxWashingtonCorrectionsCenterforWomen

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    Quando eu tinha cinco anos,
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    tive uma conversa que mudou a minha vida.
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    Bem, devo dizer a vocês que meu
    apelido de criança era "faladeira",
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    e se perguntarem aos meus amigos hoje,
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    talvez digam que não mudou muita coisa.
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    Vocês podem imaginar
    que tive várias conversas,
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    mas uma em especial mudou
    a minha vida para sempre.
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    Minha família andava um dia no Balboa Park
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    em San Diego, California, quando vi
    um homem dormindo num banco.
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    As roupas dele estavam sujas
    e rasgadas, e mesmo com o calor,
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    ele usava várias camadas de roupas.
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    Contrastando com os turistas que usavam
    roupas coloridas e chinelos
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    aquele homem dormindo não fazia sentido.
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    Então me virei e perguntei:
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    "Papai, por que aquele homem
    não vai dormir na casa dele?"
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    Ele me disse que o homem dormia ali
    porque ele era morador de rua.
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    Eu não entendia o que era morador de rua.
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    Eu já tinha ouvido falar do "sem teto",
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    coisas que eu peguei das conversas
    de adultos, como as crianças fazem.
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    Coisas como: "Eles são preguiçosos,
    bêbados, por que não vão trabalhar?"
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    Mas eu não entendia bem
    o conceito de viver na rua.
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    Vendo minha expressão confusa,
    meu pai continuou explicando.
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    Ele me disse que nem todo mundo
    tinha casa ou a cama para dormir.
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    E mesmo que tivéssemos nossa casa
    e não precisávamos nos preocupar
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    com comida e roupas,
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    ele queria que eu compreendesse
    que todos nós estávamos a um passo
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    de estar onde aquele homem estava,
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    seja por causa da perda do emprego,
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    um investimento ruim,
    ou contas de hospital.
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    Todos nós estávamos a um passo
    de estar na situação dele.
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    Por isso tínhamos que ajudar os outros
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    e cresci entendendo que ajudar
    os outros era o que se devia fazer.
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    Mas, às vezes, as circunstâncias
    nos levam a acreditar
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    que não temos nada para dar.
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    Em 1998, quando tinha 16 anos, eu vim
    para o Presídio Feminino de Washington.
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    Não vim em excursão com a turma da escola
    que eu estava orgulhosa de ter iniciado
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    oito meses antes.
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    Eu vim como presidiária,
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    para cumprir uma sentença de 40 anos.
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    Eu tinha sido banida da sociedade.
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    Apenas uns dois membros da família
    não me rejeitaram completamente,
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    e eu sabia que não tinha nada mais
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    para oferecer ao mundo,
    e nunca mais teria.
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    Nos dois primeiros anos aqui eu baguncei,
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    me meti em problemas; eu não me importava.
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    Mas acabei me cansando disso,
    e me comportei o suficiente
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    para ser indicada
    a assistente de professora
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    nas aulas do curso supletivo.
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    Devo dizer que essas aulas na prisão
    são como em qualquer escola.
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    Algumas pessoas estão lá
    porque querem aprender,
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    e outras porque são obrigadas a ir.
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    Mas com o tempo, percebi que ajudar
    alguém a chegar àquele momento "AHA!",
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    para elas perceberem que conseguem
    somar, subtrair, multiplicar
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    e dividir frações,
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    me fez pensar que talvez, somente talvez,
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    eu tinha algo para dar.
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    Depois de ser assistente de professora
    por alguns anos, me perguntaram
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    se já tinha pensado em trabalhar
    no programa de braile aqui.
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    Eu não sabia que ele existia,
    e muito menos do que se tratava,
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    mas me disseram que estavam contratando,
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    então eu preenchi uma ficha,
    fiz uma entrevista e consegui o trabalho.
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    Por que não?
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    Por um tempo, ia trabalhar todo dia,
    fazia meu trabalho, ia embora, e só.
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    Aí percebi que cada dia que ia trabalhar
    eu estava ajudando as pessoas a ter acesso
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    a materiais que elas talvez não teriam
    se não fosse desta maneira.
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    Sei que tenho sorte de ter
    um trabalho no qual, todo dia,
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    sinto que estou proporcionando algo
    e nem todo trabalho é assim.
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    Mas também estou envolvida
    em outras coisas além do meu trabalho.
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    Eu sou membra do programa
    das Irmãs da Caridade aqui no presídio.
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    Passo minhas tardes de domingo
    fazendo acolchoados para a caridade,
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    mesmo durante os jogos do Seahawks.
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    (Risos)
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    E passo as noites de segunda
    fazendo gorros, na máquina de tricotar,
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    que são doados aos moradores de rua,
    mulheres e crianças dos abrigos locais;
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    e os gorros já foram para a Tailândia
    e vilas remotas das montanhas em Myanmar.
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    Não vou mentir dizendo que fico
    sempre animada em passar as noites
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    de segunda na sala de artesanato depois
    de um longo dia na escola e no trabalho.
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    Mas sei que se eu for,
    posso fazer cinco gorros;
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    se eu não for, teremos cinco cabeças
    com frio em algum lugar lá fora, certo?
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    Na maioria dos feriados algumas de nós
    está na sala de artesanato, ajudando
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    e participando nas oficinas de caridade,
    usando dias extras de folga do trabalho.
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    Lembrem-se que sou só uma
    das muitas participantes no programa
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    Irmãs da Caridade,
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    mas somente no ano passado, juntas,
    doamos mais de 2,7 itens variados
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    tais como acolchoados, gorros
    e cachecóis para várias organizações.
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    (Aplausos)
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    Não consigo nem começar a explicar
    o impacto que a doação teve na minha vida
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    aqui dentro do presídio.
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    A doação não só me ajudou
    a reconquistar a percepção de mim mesma,
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    mas também me ajudou a ficar conectada
    com a comunidade fora do presídio.
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    A doação me ajudou a manter
    a parte boa que há em mim,
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    enquanto eu transformava as partes
    que ainda precisavam melhorar.
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    Então, pensem sobre isso:
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    se eu que estou no presídio
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    posso afetar uma vida
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    e ajudar alguém que pode estar
    do outro lado do mundo,
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    imaginem então o que vocês podem fazer!
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    A mensagem que quero que levem hoje é:
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    todo mundo, e quero dizer todo mundo,
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    tem um conjunto único de talentos,
    traços e experiências.
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    E todo mundo tem algo para dar.
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    E esse "todo mundo" inclui vocês.
  • 6:16 - 6:17
    Obrigada.
  • 6:17 - 6:19
    (Aplausos)
Title:
Todos, inclusive você | Starr Lake | TEDxWashingtonCorrectionsCenterforWomen
Description:

Starr afirma que "dar" é uma forma de tocar a vida de alguém e ajudá-lo, não importando onde você esteja neste mundo. Simplesmente imagine!

Starr está trabalhando ativamente no Projeto Puget Sound de Educação para a Liberdade. Ela trabalha no Programa de Braile e se envolve em várias atividades. Para Starr, a vida é para ser vivida da melhor maneira possível e fazer o melhor possível, independentemente de onde você esteja e em que circunstâncias você se encontra. A vida não tem a ver somente com você, mas sim com as conexões que você faz com os outros.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
06:24

Portuguese, Brazilian subtitles

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