Todos, inclusive você | Starr Lake | TEDxWashingtonCorrectionsCenterforWomen
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0:05 - 0:07Quando eu tinha cinco anos,
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0:07 - 0:10tive uma conversa que mudou a minha vida.
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0:10 - 0:14Bem, devo dizer a vocês que meu
apelido de criança era "faladeira", -
0:14 - 0:17e se perguntarem aos meus amigos hoje,
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0:17 - 0:19talvez digam que não mudou muita coisa.
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0:20 - 0:23Vocês podem imaginar
que tive várias conversas, -
0:23 - 0:27mas uma em especial mudou
a minha vida para sempre. -
0:28 - 0:30Minha família andava um dia no Balboa Park
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0:30 - 0:34em San Diego, California, quando vi
um homem dormindo num banco. -
0:35 - 0:38As roupas dele estavam sujas
e rasgadas, e mesmo com o calor, -
0:38 - 0:40ele usava várias camadas de roupas.
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0:41 - 0:45Contrastando com os turistas que usavam
roupas coloridas e chinelos -
0:45 - 0:48aquele homem dormindo não fazia sentido.
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0:48 - 0:49Então me virei e perguntei:
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0:49 - 0:52"Papai, por que aquele homem
não vai dormir na casa dele?" -
0:53 - 0:57Ele me disse que o homem dormia ali
porque ele era morador de rua. -
0:57 - 1:00Eu não entendia o que era morador de rua.
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1:00 - 1:03Eu já tinha ouvido falar do "sem teto",
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1:03 - 1:07coisas que eu peguei das conversas
de adultos, como as crianças fazem. -
1:08 - 1:12Coisas como: "Eles são preguiçosos,
bêbados, por que não vão trabalhar?" -
1:12 - 1:16Mas eu não entendia bem
o conceito de viver na rua. -
1:17 - 1:20Vendo minha expressão confusa,
meu pai continuou explicando. -
1:21 - 1:25Ele me disse que nem todo mundo
tinha casa ou a cama para dormir. -
1:25 - 1:28E mesmo que tivéssemos nossa casa
e não precisávamos nos preocupar -
1:28 - 1:30com comida e roupas,
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1:30 - 1:34ele queria que eu compreendesse
que todos nós estávamos a um passo -
1:34 - 1:36de estar onde aquele homem estava,
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1:36 - 1:39seja por causa da perda do emprego,
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1:39 - 1:41um investimento ruim,
ou contas de hospital. -
1:42 - 1:46Todos nós estávamos a um passo
de estar na situação dele. -
1:46 - 1:49Por isso tínhamos que ajudar os outros
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1:49 - 1:53e cresci entendendo que ajudar
os outros era o que se devia fazer. -
1:55 - 1:58Mas, às vezes, as circunstâncias
nos levam a acreditar -
1:58 - 2:00que não temos nada para dar.
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2:01 - 2:07Em 1998, quando tinha 16 anos, eu vim
para o Presídio Feminino de Washington. -
2:07 - 2:12Não vim em excursão com a turma da escola
que eu estava orgulhosa de ter iniciado -
2:12 - 2:14oito meses antes.
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2:14 - 2:16Eu vim como presidiária,
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2:16 - 2:19para cumprir uma sentença de 40 anos.
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2:19 - 2:22Eu tinha sido banida da sociedade.
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2:22 - 2:26Apenas uns dois membros da família
não me rejeitaram completamente, -
2:26 - 2:29e eu sabia que não tinha nada mais
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2:29 - 2:32para oferecer ao mundo,
e nunca mais teria. -
2:34 - 2:37Nos dois primeiros anos aqui eu baguncei,
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2:37 - 2:40me meti em problemas; eu não me importava.
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2:41 - 2:44Mas acabei me cansando disso,
e me comportei o suficiente -
2:44 - 2:46para ser indicada
a assistente de professora -
2:46 - 2:48nas aulas do curso supletivo.
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2:48 - 2:53Devo dizer que essas aulas na prisão
são como em qualquer escola. -
2:53 - 2:55Algumas pessoas estão lá
porque querem aprender, -
2:55 - 2:58e outras porque são obrigadas a ir.
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2:58 - 3:02Mas com o tempo, percebi que ajudar
alguém a chegar àquele momento "AHA!", -
3:02 - 3:07para elas perceberem que conseguem
somar, subtrair, multiplicar -
3:07 - 3:09e dividir frações,
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3:10 - 3:13me fez pensar que talvez, somente talvez,
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3:14 - 3:16eu tinha algo para dar.
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3:17 - 3:20Depois de ser assistente de professora
por alguns anos, me perguntaram -
3:20 - 3:23se já tinha pensado em trabalhar
no programa de braile aqui. -
3:23 - 3:26Eu não sabia que ele existia,
e muito menos do que se tratava, -
3:26 - 3:28mas me disseram que estavam contratando,
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3:28 - 3:32então eu preenchi uma ficha,
fiz uma entrevista e consegui o trabalho. -
3:32 - 3:33Por que não?
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3:34 - 3:37Por um tempo, ia trabalhar todo dia,
fazia meu trabalho, ia embora, e só. -
3:37 - 3:42Aí percebi que cada dia que ia trabalhar
eu estava ajudando as pessoas a ter acesso -
3:42 - 3:47a materiais que elas talvez não teriam
se não fosse desta maneira. -
3:48 - 3:51Sei que tenho sorte de ter
um trabalho no qual, todo dia, -
3:51 - 3:54sinto que estou proporcionando algo
e nem todo trabalho é assim. -
3:54 - 3:58Mas também estou envolvida
em outras coisas além do meu trabalho. -
3:58 - 4:03Eu sou membra do programa
das Irmãs da Caridade aqui no presídio. -
4:03 - 4:06Passo minhas tardes de domingo
fazendo acolchoados para a caridade, -
4:06 - 4:08mesmo durante os jogos do Seahawks.
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4:08 - 4:09(Risos)
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4:09 - 4:13E passo as noites de segunda
fazendo gorros, na máquina de tricotar, -
4:13 - 4:17que são doados aos moradores de rua,
mulheres e crianças dos abrigos locais; -
4:17 - 4:21e os gorros já foram para a Tailândia
e vilas remotas das montanhas em Myanmar. -
4:22 - 4:26Não vou mentir dizendo que fico
sempre animada em passar as noites -
4:26 - 4:30de segunda na sala de artesanato depois
de um longo dia na escola e no trabalho. -
4:30 - 4:33Mas sei que se eu for,
posso fazer cinco gorros; -
4:33 - 4:38se eu não for, teremos cinco cabeças
com frio em algum lugar lá fora, certo? -
4:39 - 4:43Na maioria dos feriados algumas de nós
está na sala de artesanato, ajudando -
4:43 - 4:47e participando nas oficinas de caridade,
usando dias extras de folga do trabalho. -
4:48 - 4:52Lembrem-se que sou só uma
das muitas participantes no programa -
4:52 - 4:53Irmãs da Caridade,
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4:53 - 5:00mas somente no ano passado, juntas,
doamos mais de 2,7 itens variados -
5:00 - 5:04tais como acolchoados, gorros
e cachecóis para várias organizações. -
5:04 - 5:06(Aplausos)
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5:12 - 5:16Não consigo nem começar a explicar
o impacto que a doação teve na minha vida -
5:16 - 5:18aqui dentro do presídio.
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5:18 - 5:23A doação não só me ajudou
a reconquistar a percepção de mim mesma, -
5:23 - 5:28mas também me ajudou a ficar conectada
com a comunidade fora do presídio. -
5:29 - 5:32A doação me ajudou a manter
a parte boa que há em mim, -
5:33 - 5:37enquanto eu transformava as partes
que ainda precisavam melhorar. -
5:38 - 5:39Então, pensem sobre isso:
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5:40 - 5:42se eu que estou no presídio
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5:42 - 5:44posso afetar uma vida
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5:44 - 5:49e ajudar alguém que pode estar
do outro lado do mundo, -
5:50 - 5:54imaginem então o que vocês podem fazer!
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5:54 - 5:57A mensagem que quero que levem hoje é:
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5:57 - 6:01todo mundo, e quero dizer todo mundo,
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6:01 - 6:06tem um conjunto único de talentos,
traços e experiências. -
6:07 - 6:11E todo mundo tem algo para dar.
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6:12 - 6:16E esse "todo mundo" inclui vocês.
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6:16 - 6:17Obrigada.
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6:17 - 6:19(Aplausos)
- Title:
- Todos, inclusive você | Starr Lake | TEDxWashingtonCorrectionsCenterforWomen
- Description:
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Starr afirma que "dar" é uma forma de tocar a vida de alguém e ajudá-lo, não importando onde você esteja neste mundo. Simplesmente imagine!
Starr está trabalhando ativamente no Projeto Puget Sound de Educação para a Liberdade. Ela trabalha no Programa de Braile e se envolve em várias atividades. Para Starr, a vida é para ser vivida da melhor maneira possível e fazer o melhor possível, independentemente de onde você esteja e em que circunstâncias você se encontra. A vida não tem a ver somente com você, mas sim com as conexões que você faz com os outros.
Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 06:24