Podemos criar a fazenda "perfeita"?

Veja a lição completa: https://ed.ted.com/lessons/can-we-create-the-perfect-farm-brent-loken

Cerca de 10 mil anos atrás, os seres humanos começaram a cultivar. Essa revolução agrícola foi um momento decisivo em nossa história e possibilitou a existência de civilização. Hoje, quase 40% do nosso planeta consiste em terras cultivadas. Espalhadas por todo o mundo, essas terras são as peças de um quebra-cabeça global que todos enfrentamos: no futuro, como poderemos alimentar cada membro de uma população em crescimento com uma dieta saudável? Brent Loken investiga.

Dirigido por Hype CG, narrado por Jack Cutmore-Scott, música de Gabriel Maia.

Cerca de 10 mil anos atrás,

os seres humanos começaram a cultivar.

Esta revolução agrícola

foi um momento decisivo em nossa história

o qual permitiu que as pessoas
se instalassem, construíssem

e criassem.

Em suma, a agricultura possibilitou

a existência de civilização.

Hoje, cerca de 40% do nosso planeta
consiste em terras cultivadas.

Espalhadas por todo o mundo,

essas terras cultivadas são as peças

de um quebra-cabeça global
que todos enfrentamos.

No futuro, como poderemos
alimentar cada membro

de uma população em crescimento
com uma dieta saudável?

Alcançar esse objetivo exigirá nada menos

que uma segunda revolução agrícola.

A primeira revolução agrícola

foi caracterizada
pela expansão e exploração,

alimentando as pessoas às custas

das florestas, vida selvagem e água

e causando a desestabilização
do clima no processo.

Essa não é uma opção uma segunda vez.

A agricultura depende de um clima estável,

com estações e padrões
climáticos previsíveis.

Isso significa que não podemos continuar
expandindo nossas terras cultivadas,

pois isso prejudicará
as condições ambientais

que, antes de mais nada,
possibilitam a agricultura.

Em vez disso, a próxima revolução agrícola

terá que aumentar a produção
de nossas terras cultivadas existentes

para o longo prazo,

enquanto protege a biodiversidade,

conserva a água

e reduz a poluição e as emissões
de gases de efeito estufa.

Então, como serão as futuras fazendas?

Este drone faz parte de uma frota
que monitora as plantações abaixo.

A fazenda pode parecer desordenada,

mas faz um uso delicadamente
projetado da terra

o qual entrelaça plantações e gado
com habitats selvagens.

Os métodos convencionais de agricultura
limpavam grandes áreas de terra

e as semeavam com uma única safra,

erradicando a vida selvagem
e emitindo enormes quantidades

de gases de efeito estufa no processo.

Esta abordagem visa corrigir esse dano.

Enquanto isso,
movendo-se entre as plantações,

equipes de robôs de campo aplicam
fertilizantes em doses específicas.

No subsolo,

centenas de sensores coletam dados
sobre nutrientes e níveis de água.

Esta informação reduz
o uso desnecessário de água

e indica aos agricultores onde devem
aplicar mais ou menos fertilizante,

em vez de causar poluição,

espalhando-o por toda a propriedade.

Mas, as fazendas do futuro não serão
feitas apenas de sensores e robôs.

Essas tecnologias são projetadas
para nos ajudar a produzir alimentos

em harmonia com o meio ambiente

e não contra ele,

levando em consideração
as nuances dos ecossistemas locais.

Práticas agrícolas de baixo custo

também podem servir
a esses mesmos objetivos

e são muito mais acessíveis
para muitos agricultores.

Na verdade, muitas dessas
práticas já estão em uso hoje

e devem ter um impacto cada vez maior

à medida que mais agricultores as adotam.

Na Costa Rica, agricultores
combinam terras cultivadas

com habitats tropicais com tanto sucesso

que contribuíram significativamente para
duplicar a cobertura florestal do país.

Isso fornece alimento
e habitat para a vida selvagem,

bem como polinização natural
e o controle de pragas

feito pelos pássaros e insetos
que essas fazendas atraem,

produzindo alimentos
enquanto restauram o planeta.

Nos Estados Unidos,
pecuaristas estão criando gado

em pastagens compostas
por espécies nativas,

gerando uma valiosa fonte de proteína

por meio de métodos de produção
que armazenam carbono

e protegem a biodiversidade.

Em Bangladesh, Camboja e Nepal,

novas abordagens para a produção de arroz
podem diminuir drasticamente

as emissões de gases
de efeito estufa no futuro.

O arroz é um alimento básico
para 3 bilhões de pessoas

e a principal fonte de sustento
para milhões de famílias.

Mais de 90% do arroz é cultivado
em arrozais inundados,

que usam muita água e liberam 11%
das emissões anuais de metano,

que é responsável por 1% a 2%
do total das emissões anuais

de gases do efeito estufa globalmente.

Experimentando novas variedades de arroz,

irrigando menos,

e adotando métodos de plantio de sementes
menos intensivos em mão-de-obra,

os agricultores desses países
já aumentaram suas receitas e safras,

reduzindo as emissões
de gases de efeito estufa.

Na Zâmbia,

várias organizações estão investindo
em métodos locais específicos

para melhorar a produção agrícola,

reduzir a perda de florestas

e melhorar a subsistência
dos agricultores locais.

Estima-se que esses esforços aumentem
a produtividade das lavouras

em quase um quarto nas próximas décadas.

Se combinados com métodos
de combate ao desmatamento na região,

eles podem levar o país a um setor
agrícola resiliente e focado no clima.

E na Índia,

onde até 40% dos alimentos
pós-colheita são perdidos

ou desperdiçados devido
à infraestrutura deficiente,

agricultores já começaram a implementar

cápsulas frigoríficas
movidas a energia solar

que ajudam milhares de agricultores rurais
a preservar seus produtos

e a se tornar uma parte viável
da cadeia de suprimentos.

Serão necessários todos esses métodos,

da mais alta tecnologia ao menor custo,
para revolucionar a agricultura.

Intervenções de alta tecnologia
ampliam as abordagens

orientadas para o clima
e a conservação da agricultura,

e os grandes produtores
precisarão investir

na implementação dessas tecnologias.

Enquanto isso, teremos
que expandir o acesso

aos métodos de custo mais baixo
para agricultores de menor escala.

Essa visão da agricultura futura

também exigirá uma mudança global

em direção a dietas
baseadas mais em vegetais

e enormes reduções na perda
e no desperdício de alimentos,

os quais reduzirão a pressão sobre a terra

e permitirão que agricultores façam mais
com o que eles têm disponível.

Se otimizarmos a produção de alimentos,

tanto em terra quanto no mar,

podemos alimentar a humanidade
dentro dos limites ambientais da Terra.

Mas há uma margem de erro muito pequena,

e isso exigirá cooperação
e coordenação global sem precedentes

das terras cultivadas que temos hoje.