A corrida de obstáculos de Almanza Pereda | Art21 "New York Close Up"

Como os artistas superam as dificuldades ao se mudarem para Nova York? Neste filme, o artista Alejandro Almanza Pereda luta contra uma série de obstáculos durante seu primeiro semestre na faculdade Hunter College em Manhattan. Como cidadão mexicano, a primeira dificuldade de Almanza Pereda é encontrar uma maneira de viver e trabalhar como artista em Nova York. Ele decide que a melhor forma de conseguir um visto e fazer parte da comunidade artística é voltando a estudar. Sem dinheiro para o aluguel, ele depende da ajuda de seus amigos e colegas artistas. Na medida que se acomoda no estúdio MFA e prepara seu primeiro projeto de avaliação, uma tragédia lhe acomete quando ele acidentalmente destrói uma série de esculturas feitas de lâmpadas fluorescentes. Sempre com uma carta na manga, Almanza Pereda exibe o que restou de sua obra e desmonta suas esculturas, retornando os materiais para ganhar um dinheiro extra. A última barreira do filme é a faculdade em si: Almanza Pereda descobre que a Hunter College planeja demolir as instalações do estúdio, um grande prédio com espaços subutilizados perto de Port Authority. Ele cria então uma obra de protesto na fachada do prédio, a fim de expressar suas frustrações com a administração da faculdade, e prestar solidariedade aos colegas estudantes. Como ele mesmo diz, "quando você passa por dificuldades, você improvisa". Ao som da banda de Alejandro Almanza Pereda, a Bachelor Sound Machín, o filme conta com as obras chamadas "This placed Displaced Misplaced" (2012), "After all these years I see that I was mistaken about Eve in the beginning; it is better to live outside the Garden with her than inside it without her" (2012), "Spare the rod and spoil the child" (2008-12), "Change the world or go home" (2009), "Just give me a place to stand" (2007), "Andamio" (2007), e "Untitled (Ropero)" (2006).

Estúdio da Faculdade Hunter - Sexto andar

Alejandro Almanza Pereda - Artista

Minhas lembranças mais afetivas
foram sempre de travessuras.

Você tinha que desafiar as normas.

Aí que está a diversão.
Pois o normal não é divertido.

[O caminho de obstáculos
de Alejandro Almanza Pereda)

Sou da Cidade do México.

É uma cidade bem acelerada,
mas não como Nova York.

Existe um consenso sobre
se mudar para Nova York:

Se você não tem contatos,
seu primeiro ano será difícil.

[Obstáculo #1:
Começando na cidade de Nova York...]

[Mesa de Alejandro]

Quando me mudei para Nova York
depois de me graduar,

planejei trabalhar bastante
para arranjar um dinheiro.

Eu tinha um bom emprego
como manuseador de arte.

Tive uma banda artística.

E estávamos indo muito bem.

Fazíamos shows e nos divertíamos muito.

Eu fazia arte.

Vivia em um ótimo lugar,
com companheiros ótimos,

amigos incríveis.

Foi a melhor época da minha vida.

Mas percebi que depois disso,
tudo começou a decair.

Voltei para a Cidade do México.

Depois de quatro anos no México,
eu queria muito voltar para Nova York.

Mas claro que não tenho um visto.

Então pensei: devo
me inscrever em alguma escola.

Hunter é tipo um plano
que acabou se prolongando.

Quando voltei, pensei: "Ah, Nova York,

vai ser fácil.

Será divertido. Conheço a cidade,
vou recuperar meu emprego.

Vai dar tudo certo."

Mas não foi bem assim.

[Obstáculo #2]

[Não consegue pagar por um apartamento...]

[Alejandro não tem lugar fixo para dormir]

Minha aventura começou em Greenpoint,
morei com o Rick e Birgit por dois meses.

Foi muito bom.

Depois passei duas semanas na casa
de Miriam e Shawn, em Bushwick.

Em seguida, passei uma semana em Madri.

Voltei,

e dormi no sofá da Claudia
por alguns dias.

Então fiz residência no TheDen
e fiquei lá por uma semana,

no projeto de Mckendree em Clinton Hill.

Depois disso,
fiquei uns dois dias no DUMBO,

que era de um amigo de um outro amigo.

Aí voltei pra casa
da Miriam e do Shawn.

Três quarteirões pra frente,
pro sofá da Claudia,

depois morei uma semana e meia
com meu amigo Bernardo...

Ah, acho que foi até menos...

De volta para a casa da Miriam e do Shawn,

e de novo, na casa da Claudia.

Agora não durmo no sofá,
estou dormindo na cama.

(A Claudia viajou)

E daqui, agora vou para
a casa do Erik e da Melissa.

E ficarei aqui por três dias.

Vou tomar conta das plantas deles.

E depois disso, eu não sei.

Talvez eu peça abrigo para
meu amigo Alberto, sabe.

Paguei uns 600 dólares de aluguel.

Acho isso inacreditável.

Então em vez de pagar aluguel,
eu faço uma grande festa.

E uma festa deve ser levada a sério.

Faça festa com toda sua dedicação

Tenho sorte de sobreviver
durante esse semestre.

Até que gosto de situações estressantes.

[som de vidro quebrando]

[Obstáculo #3]

[Na noite antes da estreia de Alejandro...]

[Ele acidentalmente quebra uma parede...]

[E quebra metade de sua escultura.]

-Oops.

Não parece uma cena de crime?
Tipo, é meio estranho, né.

Achei que me achariam maluco,
daí comecei a chutar tudo.

[Risos]

[Jess Wheaton - colega de estúdio]
-Bem, admito que achei mesmo.

Pensei que talvez estivesse
frustrado com seu espaço pequeno.

[Risos]

[Alejandro mostra o que sobrou...]

[Depois desmonta as esculturas]

Eu amo as luzes.

Eu uso as lâmpadas, a fragilidade delas.

Elas são delicadas.

Mas aplicando força nelas por um tempo,
elas se mostram muito fortes.

Gosto de pensar que esses bastões de luz
conseguem segurar algo,

como uma estrutura.

Essa coisa viva,

essa corrente está ativa.

Certo.

[Quase sem dinheiro...]

[Alejandro improvisa.]

[Ele devolve alguns materiais.]

[Reembolso: $82,41]

[Obstáculo #4]

[Hunter decide mudar o
estúdio para um prédio menor...]

[com mais estudantes.]

[Em resposta, Alejandro cria uma obra...]

[com colegas estudantes de arte.]

É triste o que está
acontecendo com esse prédio,

foram-se uns dez anos de luta.

[Irvin Morazan, estudante do 3º ano]
Serei o último a me graduar,

antes do prédio ser demolido.

[Abelardo Cruz, estudante do 1º ano]
Todos que passaram por aqui tiveram

um bom espaço,
que agora está sendo levado.

Eles oferecem os melhores estúdios,
além de oferecerem ótimos professores.

Veja essa sala, é ótima.

E é uma pena porque
metade do quinto andar está livre,

metade do sexto andar está livre.

Eu gosto muito dos prédios,
feios do jeito que são.

Eles têm algo especial, sabe?

Nunca tinha feito algo com texto.

Então foi difícil pra mim.
Como dizer?

Tipo, "É, quero meu dinheiro de volta."

Eu escrevi palavras e mais palavras,

e pensei no que estava acontecendo,

estamos sendo... desalojados.

-Quando vi a placa, pensei...
"Uau, grafite do século 21"

-Acho que está passando a mensagem
de que não estamos satisfeitos.

[Almanza Pereda]
Tenho que fazer do meu jeito.

Quando você passa por dificuldades,
você improvisa, aprende, né?

Acho que é saudável nos posicionarmos
quando nossas vidas são afetadas por algo.

Hunter é minha comunidade.

Não é Tequila, é Mescal.

É um Mescal que alguns amigos
vendem na Cidade do México.

É delicioso.

Saúde!

Alejandro achou um novo lugar...

para passar o próximo semestre.

Williamsburg: $800 por mês