A fenologia e os ritmos da Natureza em mudança — Regina Brinker

Vejam a lição completa em: http://ed.ted.com/lessons/phenology-and-nature-s-shifting-rhythms-regina-brinker

Com a rápida subida das temperaturas globais, surgem as mudanças sazonais. Quando a primavera surge mais cedo para certas espécies de plantas, há um efeito de onda pela cadeia alimentar. Regina Brinker explica como a fenologia, ou os ciclos naturais das plantas e animais, pode ser afetada por essas alterações.

Lição de Regina Brinker, animação de The Leading Sheep Studios.

Olhem lá para fora, pela janela.

Em que estação do ano estão?

Como é que sabem?

Provavelmente, viram
uma árvore ou uma planta,

repararam em pormenores das folhas

e avaliaram a qualidade
dos raios solares, lá fora.

Observar os fenómenos biológicos
periódicos, ao longo do tempo,

em relação às alterações
nas estações e no clima

chama-se "fenologia".

Quando vemos que os botões dos narcisos
espreitam através da neve,

e pensamos que a primavera está a chegar,

estamos a usar a fenologia.

Quando vemos as folhas
passarem de verdes para vermelhas,

vemos passar as aves migratórias,

e percebemos que o verão acabou
e o outono já chegou,

estamos a usar a fenologia.

Significando literalmente
"a ciência dos fenómenos",

"fenologia " provém
das palavras gregas

"pheno", mostrar ou aparecer,

e "logos", estudar.

Os seres humanos sempre
se basearam na fenologia

desde o tempo dos caçadores-recoletores.

Observávamos as mudanças nas estações

para saber quando plantar
e quando fazer as colheitas

e quando perseguir animais migrantes.

Os cientistas observam e documentam
mudanças sazonais na Natureza

e procuram padrões na evolução temporal
dos acontecimentos sazonais.

A evolução temporal desses sinais naturais

tem-se mantido consistente
até há pouco tempo.

O aumento das temperaturas globais

está a provocar a mudança
de ritmos da Natureza.

O dia em que as folhas ou as flores
de uma árvore ou de uma planta abrem,

está a ocorrer mais cedo no ano
para algumas espécies.

Por cada grau Celsius de aumento
na temperatura,

esse momento ocorre
cinco dias mais cedo do que o habitual.

As diferenças no tempo
não afetam só as plantas,

mas os insetos e as aves que dependem
das plantas enquanto alimento.

Por exemplo, nos carvalhos
na floresta Arnhem, da Holanda,

os rebentos aparecem 10 dias
mais cedo do que há 20 anos.

As folhas novas dos carvalhos

são alimento preferido
das lagartas de inverno.

Para sobreviver, as lagartas
adaptaram-se ao ritmo das árvores

e a sua eclosão é agora
15 dias mais cedo do que antes.

Mas os papa-moscas-pretos
migratórios não têm tanta sorte.

Estes pássaros preferem alimentar
as suas crias com as lagartas de inverno.

A eclosão das lagartas
faz-se agora mis cedo

mas as crias dos pássaros não.

Este atraso está a custar
aos pássaros uma fonte alimentar.

A população dos papa-moscas-pretos
tem diminuído em 90%

nalgumas áreas, em consequência disso.

A mudança num acontecimento tão simples

— o aparecimento das folhas —

tem um efeito de onda
ao longo da cadeia alimentar.

Uma florescência mais cedo
também pode ter impacto económico.

As famosas cerejeiras em flor
em Washington D.C.

estão a florir cinco dias
mais cedo do que antes.

Como as cerejeiras florescem mais cedo

também murcham mais cedo,

frustrando milhares de turistas
que visitam

o Festival das Cerejeiras em Flor.

As bandas dos liceus planeiam
todo o ano assistir ao desfile,

e atuar rodeadas por uma majestosa
cobertura branca.

Que desilusão quando encontram... árvores

em vez das famosas flores de cerejeira.

Plantas e animais reagem às mudanças
da luz natural e da temperatura.

Temperaturas mais altas fazem
as plantas florir mais cedo que antes,

e deixam de ter sincronismo
com os insetos e as aves

da cadeia alimentar.

Da próxima vez que olharem pela janela

e repararem que estação é,

podem ser enganados
por aquelas árvores em flor.

Pensem na fenologia,

e depois pensem no que podem fazer
para abrandar a alteração climática.