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Como criar suspense na vossa escrita — Victoria Smith

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    O que é uma boa história de terror?
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    Claro, podem introduzir
    monstros medonhos,
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    rios de sangue,
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    e coisas a saltar de todos os lados,
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    mas, como escreveu H.P. Lovecraft,
    um autor clássico do terror:
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    "O medo mais antigo e mais forte
    é o medo do desconhecido"
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    Os escritores manipulam esse medo,
    não por revelarem coisas terríveis,
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    mas por manterem o público
    na expetativa do que vai acontecer,
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    Ou seja, num estado de suspense.
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    Os exemplos mais conhecidos de suspense
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    vêm dos filmes de terror
    e dos romances policiais.
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    O que é que existe na mansão assombrada?
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    Qual dos convidados para jantar
    é o assassino?
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    Mas o suspense existe
    para além destes géneros.
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    Será que o herói vai salvar o mundo?
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    Será que o par se reunirá no final?
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    Qual é o segredo sombrio que causa
    tanto sofrimento à personagem principal?
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    O segredo para o suspense é
    fazer uma pergunta, ou várias,
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    que as pessoas esperam seja respondida
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    e demorar essa resposta, mantendo
    o interesse e deixando-as adivinhar.
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    Quais são algumas técnicas
    para conseguirem isso na nossa escrita?
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    Limitar o ponto de vista.
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    Em vez de um narrador omnisciente
    que vê e relata tudo o que acontece,
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    contem a história na perspetiva
    das personagens.
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    No início, elas podem saber
    tão pouco como os leitores.
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    À medida que elas vão sabendo mais,
    nós também sabemos.
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    Os romances clássicos, como "Drácula",
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    são contados através
    de cartas e entradas de diários.
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    onde as personagens relatam
    o que experimentaram
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    e receiam o que vai acontecer.
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    A seguir, escolham o cenário
    e as imagens adequadas.
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    Mansões antigas ou castelos
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    com corredores sinuosos
    e passagens secretas
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    sugerem que há coisas
    perturbadoras escondidas.
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    A noite, o nevoeiro e as tempestades
    desempenham papéis semelhantes
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    limitando a visibilidade e dificultando
    os movimentos das personagens.
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    É por isso que Londres vitoriana
    é um cenário tão utilizado.
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    Mesmo os locais e os objetos vulgares
    podem tornar-se sinistros
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    como no romance gótico "Rebecca"
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    em que as flores na nova casa
    da protagonista
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    são descritas como vermelho sangue.
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    Três: brinquem com o estilo e a forma.
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    Pode-se criar suspense prestando
    grande atenção
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    não só ao que acontece
    mas à forma como é transmitido e ritmado.
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    Edgar Allan Poe transmite o estado mental
    do narrador em "O Delator"
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    com frases fragmentadas
    que se interrompem bruscamente.
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    Outras curtas frases
    declarativas na história
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    criam um misto de rapidez
    de cortar a respiração e pausas pesadas.
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    No ecrã, a cinematografia
    de Alfred Hitchcock
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    é conhecida pelo uso
    de prolongados silêncios
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    e planos de escadarias
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    que criam um sentimento de desconforto.
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    Quatro: usem a ironia dramática.
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    Não se pode manter o público
    no escuro eternamente.
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    Por vezes, o suspense
    é mais bem servido
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    revelando ao público
    partes importantes do grande segredo
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    mas não às personagens.
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    Esta é uma técnica
    conhecida por ironia dramática
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    em que o mistério já não é
    o que vai acontecer
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    mas quando e como
    as personagens o vão saber.
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    Na peça clássica "O rei Édipo",
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    a personagem do título não sabe
    que matou o próprio pai
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    e casou com a mãe.
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    Mas o público sabe e o facto de esperar
    que Édipo venha a conhecer a verdade
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    fornece à história
    o seu clímax angustiante.
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    Por fim, o pico do suspense.
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    Mas, cuidado, não abusem.
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    Há quem o considere
    um truque barato e fácil,
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    mas é dificil negar a sua eficácia.
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    É quando um capítulo, um episódio,
    um volume ou uma estação
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    termina antes de se revelar
    qualquer coisa fundamental
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    ou a meio duma situação perigosa
    com poucas hipóteses de esperança.
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    A espera, sejam momentos ou anos,
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    permite-nos imaginar possibilidades
    sobre o que acontecerá a seguir
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    criando um suspense extra.
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    A coisa terrível é quase sempre evitada
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    o que cria uma sensação de conclusão
    e de alívio emocional.
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    Mas isso não impede que nos inquietemos
    e imaginemos que, em breve,
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    os protagonistas enfrentarão
    um desastre quase certo.
Title:
Como criar suspense na vossa escrita — Victoria Smith
Description:

Vejam a lição completa: https://ed.ted.com/lessons/how-to-make-your-writing-suspenseful-victoria-smith

O que é uma boa história de terror? Monstros medonhos e rios de sangue podem parecer um bom começo mas, como escreveu H.P. Lovecraft, "O tipo de medo mais antigo e mais forte é o medo do desconhecido". Os escritores dominam esse medo, não por revelarem coisas terríveis, mas por deixarem o público num estado de suspensão. Victoria Smith dá algumas pistas para aumentar o suspense na nossa escrita.

Lição de Victoria Smith, direção de Silvia Prietov.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TED-Ed
Duration:
04:36

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