< Return to Video

A ciência dos incêndios florestais: Porque é que estão a piorar | WSJ

  • 0:01 - 0:04
    Era apenas uma bola de fogo
    mas andava tão depressa
  • 0:05 - 0:07
    que eu só via chamas
  • 0:07 - 0:09
    na colina por trás da minha casa.
  • 0:09 - 0:10
    Era o Armagedeão, digo-vos.
  • 0:11 - 0:13
    O fogo a aproximar-se
    e a queimar tudo à nossa volta.
  • 0:13 - 0:18
    Narrador: Alasca, Arizona,
    Califórnia, Montana, Oregon,
  • 0:18 - 0:22
    Austrália, Brasil, Canadá,
    Grécia, Rússia...
  • 0:22 - 0:25
    Estes são só alguns dos locais
    onde, nos últimos anos,
  • 0:25 - 0:28
    os incêndios florestais
    avançaram incontroláveis.
  • 0:28 - 0:29
    Os satélites da NASA detetam
  • 0:29 - 0:32
    mais de um milhão de grandes incêndios
    todos os anos, a nível mundial.
  • 0:32 - 0:36
    Doug: Os estados do Oeste, por exemplo,
    têm tido incêndios maiores
  • 0:36 - 0:38
    em cada um dos últimos anos
  • 0:38 - 0:40
    e queimadas mais intensas
  • 0:40 - 0:42
    e, quase sempre, estes incêndios
    espalham-se mais depressa,
  • 0:42 - 0:44
    tornando-os mais difíceis de apagar
  • 0:44 - 0:47
    e mais perigosos para as comunidades
    que vivem na vizinhança.
  • 0:47 - 0:51
    Narrador: Em muitos casos, as chamas
    são provocadas pela atividade humana,
  • 0:51 - 0:54
    mas, por vezes, as políticas também
    alimentam as chamas.
  • 0:54 - 0:56
    Vejam a Califórnia.
  • 0:56 - 0:58
    As florestas do estado estão cobertas
    de vegetação
  • 0:58 - 1:00
    em parte por causa
    de políticas federais antigas
  • 1:00 - 1:02
    de extinção de incêndios florestais
  • 1:02 - 1:04
    em vez de os deixar arder.
  • 1:04 - 1:08
    Algumas dessas políticas foram adotadas
    em reação a um fogo devastador em 1910,
  • 1:08 - 1:12
    em que arderam milhões de hectares
    e morreram mais de 80 pessoas.
  • 1:12 - 1:15
    Os anos passaram e a supressão
    passou a ser a estratégia a adotar
  • 1:15 - 1:17
    para lidar com os fogos.
  • 1:18 - 1:21
    Repórter: Basta um minuto
    para destruir um século.
  • 1:21 - 1:23
    Narrador: Iniciativas como Smokey Bear
  • 1:23 - 1:26
    aconselhavam os americanos
    a ajudar a impedir os fogos florestais.
  • 1:26 - 1:29
    Smokey Bear: Só vocês podem impedir
    os fogos florestais.
  • 1:29 - 1:31
    Narrador: Em 1974, o Congresso aprovou
  • 1:31 - 1:34
    a Lei Federal de Prevenção
    e Controlo de Incêndios
  • 1:34 - 1:36
    numa tentativa de salvar vidas,
  • 1:36 - 1:37
    e esse plano funcionou.
  • 1:38 - 1:39
    Nessa altura, segundo essa Lei,
  • 1:39 - 1:43
    os incêndios de todos os tipos
    matavam mais de 12 000 pessoas por ano.
  • 1:43 - 1:46
    Hoje, segundo a Administração
    de Incêndios dos EUA,
  • 1:46 - 1:48
    o total de mortos é mais baixo,
  • 1:48 - 1:49
    mas...
  • 1:49 - 1:52
    Doug: Parte da razão por que vemos
    aumentar os materiais combustíveis
  • 1:52 - 1:54
    e aumentar o comportamento
    extremo dos incêndios
  • 1:54 - 1:56
    é porque temos uma tradição
    de apagar fogos
  • 1:56 - 1:58
    e permitir que os combustíveis cresçam,
  • 1:58 - 2:02
    permitindo que os incêndios,
    quando começam, fiquem fora de controlo.
  • 2:02 - 2:04
    Narrador: As florestas cheias de mato
    têm abundância
  • 2:04 - 2:08
    de árvores pequenas e médias,
    conhecidas por combustíveis-escada,
  • 2:08 - 2:10
    que podem tornar mais perigosos
    os incêndios.
  • 2:10 - 2:12
    Os combustíveis-escada permitem
    que um fogo de superfície
  • 2:12 - 2:14
    ardendo lentamente
    ao longo do terreno
  • 2:14 - 2:16
    chegue às copas das árvores
  • 2:16 - 2:17
    onde pode avançar mais rapidamente.
  • 2:17 - 2:19
    Quando essas árvores estão a arder,
  • 2:19 - 2:23
    as brasas que são sopradas pelo vento
    podem incendiar as árvores vizinhas
  • 2:23 - 2:25
    que também se podem espalhar
    a favor do vento.
  • 2:25 - 2:29
    Narrador: Isto é parte da histórica época
    de incêndios de 2018 na Califórnia.
  • 2:29 - 2:32
    A fogueira mortífera
    foi alimentada pelo tempo seco,
  • 2:32 - 2:34
    por ventos fortes
    e por combustíveis-escada.
  • 2:34 - 2:36
    Segundo recente investigação,
  • 2:36 - 2:40
    oito milhões de hectares de floresta
    ou seja, quase 20% da Califórnia,
  • 2:40 - 2:43
    beneficiaram daquilo que é conhecido
    por tratamento de combustíveis.
  • 2:43 - 2:46
    Os gestores do território
    podem limitar os combustíveis
  • 2:46 - 2:49
    que podem criar grandes incêndios
    de propagação rápida, de várias formas,
  • 2:49 - 2:51
    incluindo remover vegetação
  • 2:51 - 2:54
    — pensem em abate de árvores
    ou limpeza de mato —
  • 2:54 - 2:58
    queimadas estipuladas, em que são ateados
    pequenos fogos, propositadamente,
  • 2:58 - 3:01
    ou deixando que fogos florestais
    em áreas despovoadas
  • 3:01 - 3:04
    sigam o seu curso sob a vigilância
    de bombeiros locais.
  • 3:04 - 3:08
    Mas a limpeza de arbustos
    pode ser cara e dar muito trabalho.
  • 3:08 - 3:11
    Primeiro, muitas dessas árvores
    são de pequeno diâmetro,
  • 3:11 - 3:13
    por isso não têm valor comercial
    para madeira
  • 3:13 - 3:16
    e há poucos incentivos financeiros
    para as eliminar,
  • 3:16 - 3:18
    e as politicas federais
    historicamente têm favorecido
  • 3:18 - 3:20
    apagar os fogos logo que eles começam,
  • 3:20 - 3:22
    para manter as pessoas em segurança.
  • 3:22 - 3:23
    Manter esse equilíbrio
  • 3:23 - 3:27
    de diferentes tipos de ecossistemas
    e diferentes frequências de incêndios
  • 3:27 - 3:29
    é mais difícil quando passamos
    para áreas
  • 3:29 - 3:31
    com populações humanas mais densas.
  • 3:31 - 3:33
    Assim, a interface urbano-rural
    é realmente
  • 3:33 - 3:36
    o ponto de encontro destes dois desafios,
  • 3:36 - 3:39
    onde há pessoas que vivem em comunidades
  • 3:39 - 3:42
    e paisagens que historicamente
    têm atividade de incêndios.
  • 3:42 - 3:45
    São paisagens muito difíceis de proteger
  • 3:45 - 3:47
    quando os incêndios começam.
  • 3:47 - 3:50
    Narrador: Um dos fatores que afeta
    a estação de incêndios da Califórnia
  • 3:50 - 3:54
    é a construção de novas habitações
    em zonas propensas a incêndios.
  • 3:54 - 3:56
    A alteração climática também
    aumenta o problema.
  • 3:56 - 3:59
    Doug: Nos locais onde os combustíveis
    são abundantes
  • 3:59 - 4:03
    e onde a alteração climática está a criar
    condições mais quentes e mais secas,
  • 4:03 - 4:06
    já estamos a assistir
    a um comportamento de fogos mais radical.
  • 4:06 - 4:08
    Narrador: Segundo recentes dados federais,
  • 4:08 - 4:11
    os últimos 10 anos bateram o recorde
    do mais quente.
  • 4:11 - 4:12
    No verão de 2020,
  • 4:12 - 4:14
    ocorreram incêndios no Ártico,
  • 4:14 - 4:16
    e partes da Sibéria bateram o recorde
  • 4:16 - 4:20
    das temperaturas mais altas
    jamais registadas acima do Círculo Ártico.
  • 4:21 - 4:24
    Quase sempre são demasiado frias
    e demasiado húmidos para arderem.
  • 4:24 - 4:26
    Então, enquanto estas paisagens
  • 4:26 - 4:29
    que estão a aquecer três vezes
    mais depressa do que o resto do planeta,
  • 4:29 - 4:31
    continuam a aquecer e a secar,
  • 4:31 - 4:33
    certamente esperamos assistir
    a mais incêndios
  • 4:33 - 4:34
    nessas paisagens distantes,
  • 4:34 - 4:37
    diretamente em reação
    à alteração climática.
  • 4:37 - 4:39
    Narrador: Em agosto de 2020,
  • 4:39 - 4:41
    incêndios florestais,
    na sua maioria provocados por um raio,
  • 4:41 - 4:44
    grassaram descontrolados
    pela Califórnia.
  • 4:44 - 4:48
    No início do ano, funcionários estatais
    tinham alertado para o perigo de fogos
  • 4:48 - 4:50
    provocados por um inverno seco
    e uma primavera quente.
  • 4:50 - 4:54
    É um padrão que os cientistas
    geralmente atribuem à alteração climática.
  • 4:54 - 4:57
    Em maio, a camada das montanhas
    da Sierra Nevada, na Califórnia,
  • 4:57 - 4:59
    era apenas 13% do normal.
  • 4:59 - 5:01
    E não foi apenas em 2020.
  • 5:01 - 5:04
    Metade dos 20 incêndios florestais
    mais destrutivos da Califórnia
  • 5:04 - 5:07
    ocorreram desde 2015.
  • 5:09 - 5:11
    Nas florestas do sudeste da Austrália,
  • 5:11 - 5:15
    a NASA mapeou mais incêndios
    entre 2019 e 2020
  • 5:15 - 5:18
    do que tinha havido nos últimos 16 anos.
  • 5:18 - 5:21
    Os incêndios foram alimentados
    por um calor extremo e seca.
  • 5:21 - 5:23
    O tempo mais quente e mais seco
  • 5:23 - 5:26
    suga a humidade das árvores,
    das ervas e de outros combustíveis,
  • 5:26 - 5:28
    tornando-os mais inflamáveis.
  • 5:28 - 5:30
    Isto torna a gestão dos incêndios
    ainda mais complicada.
  • 5:30 - 5:34
    Assim, à medida que as condições
    permitem que os incêndios se espalhem,
  • 5:34 - 5:38
    e durem mais tempo nos EUA
    e em toda a parte,
  • 5:38 - 5:40
    há uma janela cada vez mis curta
  • 5:40 - 5:42
    em que a gestão ativa
    pode ocorrer sob condições
  • 5:42 - 5:45
    que não arriscaria incêndios
    selvagens a propagar-se
  • 5:45 - 5:47
    em terrenos como um fogo florestal.
  • 5:48 - 5:50
    Narrador: Isso significa
    que combater o fogo com fogo
  • 5:50 - 5:53
    pode já não ser uma opção
    para determinadas regiões.
  • 5:53 - 5:55
    Então, para ajudar
    os incêndios florestais,
  • 5:55 - 5:57
    os investigadores estão a trabalhar
    em algoritmos
  • 5:57 - 5:59
    para melhorar as previsões.
  • 5:59 - 6:01
    Doug: Se pudermos prever os prazos
  • 6:01 - 6:04
    e os locais onde é mais provável
    haver incêndios.
  • 6:04 - 6:07
    temos a melhor hipótese de tentar
    mobilizar e preparar recursos
  • 6:07 - 6:11
    para nos anteciparmos aos incêndios
    e tomar uma decisão mais atempada
  • 6:11 - 6:14
    sobre quais os fogos a apagar
    e quais os que deixamos arder.
  • 6:18 - 6:21
    Tradução de Margarida Ferreira (2024)
Title:
A ciência dos incêndios florestais: Porque é que estão a piorar | WSJ
Description:

Os dados globais de satélite indicam que os incêndios florestais estão a tornar-se maiores e mais intensos. O WSJ fala com Doug Morton, da NASA, para compreender a ciência por trás do que está a tornar o planeta mais inflamável e os incêndios mais difíceis de controlar. Noah Berger/Associated Press

more » « less
Video Language:
English
Team:
Amplifying Voices
Project:
Wildfires
Duration:
06:23

Portuguese subtitles

Incomplete

Revisions