O que é a psicopatia e o que estamos fazendo a respeito | Dan Komar | TEDxJuniataCollege
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0:12 - 0:13Olá.
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0:13 - 0:17Bem, hoje eu vou falar
sobre o que é psicopatia, o termo, -
0:17 - 0:20e o que estamos fazendo a respeito,
aqui na Juniata College. -
0:22 - 0:26Então, vou começar dizendo
que, no fim de 2016, -
0:26 - 0:30nosso laboratório no Depto. de Psicologia,
sob orientação da Prof. Rebecca Weldon, -
0:30 - 0:35estava tentando verificar algumas
das características por trás da psicopatia -
0:35 - 0:37e qual sua relação
com a população estudantil. -
0:37 - 0:42Descobrimos, de acordo com a hipótese
chamada hipótese da aflição específica, -
0:42 - 0:44sobre a qual vou falar daqui a pouco,
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0:44 - 0:47que participantes
com maior grau de psicopatia, -
0:47 - 0:49que é uma deficiência de empatia,
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0:50 - 0:53eram mais lentos em reconhecer
expressões de medo em outras pessoas, -
0:53 - 0:56e vou falar sobre as implicações disso.
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0:56 - 0:59Bem, no fim deste ano letivo,
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0:59 - 1:02queríamos tentar outra coisa,
queríamos questionar o impossível. -
1:03 - 1:05O fato é que há pouquíssimos
tratamentos para a psicopatia -
1:05 - 1:09e queríamos ver se podíamos
alterar esse efeito, -
1:09 - 1:12essa demora no reconhecimento
de expressões de medo em outras pessoas, -
1:12 - 1:16fomentando empatia,
ou algo parecido com empatia, -
1:16 - 1:19em pessoas com alto grau de psicopatia.
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1:23 - 1:25Acho que para entendermos
o que quero dizer com "psicopatia", -
1:25 - 1:29precisamos falar sobre como o termo
foi sensacionalizado na mídia. -
1:30 - 1:35Na cultura popular de Hollywood,
há uma coisa chamada "psicopata de elite". -
1:35 - 1:37Então, vou falar sobre o que é isso,
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1:37 - 1:39mas antes acho que preciso
dar alguns exemplos. -
1:39 - 1:44Personagens como Hannibal Lecter,
Patrick Bateman de "American Psycho", -
1:44 - 1:47ou a mais recente adaptação
de Sherlock Holmes -
1:47 - 1:51poderiam todos serem enquadrados
como caricaturas de psicopatas de elite, -
1:51 - 1:54e isso é problemático de diversas formas.
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1:54 - 1:58No fundo, esses personagens
são anti-heróis. -
1:58 - 2:03Portanto, somos levados a ter empatia
com esses personagens protagonistas, -
2:03 - 2:07que, na verdade, nunca demonstram
empatia para com os outros. -
2:07 - 2:10Então, é claro, acabamos querendo
imitar esses personagens. -
2:10 - 2:13Na verdade, eles de fato mostram
alguns traços de psicopatia. -
2:14 - 2:19Eles são frios, calculistas,
apáticos, são sofisticados, -
2:19 - 2:24mas também são outras coisas
que não vemos tanto em psicopatas reais. -
2:24 - 2:26Eles estão sempre
um passo à frente de todos, -
2:26 - 2:29são gênios maquiavélicos,
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2:29 - 2:31e não é bem isso que vemos na vida real.
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2:32 - 2:38Vou falar sobre como a psicopatia
é descrita no campo da psicologia, -
2:38 - 2:43e estamos falando de diferenças
de atitude e diferenças cerebrais. -
2:44 - 2:48Também acho importante
salientar que, no DSM-5, -
2:48 - 2:52que é um manual de terminologias
para a psicologia, -
2:52 - 2:57o transtorno da personalidade antissocial
é considerado sinônimo de psicopatia. -
2:57 - 2:59Embora tenham alguns sintomas em comum,
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2:59 - 3:00vamos considerar a psicopatia
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3:00 - 3:04de acordo com um grupo diferente
de traços e características -
3:04 - 3:08que a diferenciam um pouquinho do
transtorno da personalidade antissocial. -
3:08 - 3:11Preciso dizer que, no transtorno
da personalidade antissocial, -
3:11 - 3:13vemos sintomas como agressividade,
visível agressividade, -
3:13 - 3:15que pode ser generalizada,
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3:15 - 3:17uma impulsividade, tendência
a uma busca por sensações, -
3:17 - 3:20imprudência e associação
com comportamentos criminosos. -
3:23 - 3:25Vamos falar sobre alguns desses.
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3:25 - 3:29Há uma falta de culpa ou remorso.
Há uma falta de expressão emocional. -
3:29 - 3:33Esses sintomas são de ordem afetiva,
ou ligados ao processamento de emoções. -
3:33 - 3:35O foco do nosso estudo
foram esses sintomas. -
3:35 - 3:38Pessoas com maior grau de psicopatia
tendem a ser insensíveis, -
3:38 - 3:40um pouco como os personagens populares.
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3:40 - 3:43Não expressam emoções,
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3:43 - 3:46não vão demonstrar emoções
para outras pessoas. -
3:46 - 3:48Também há uma falta
de reações emocionais pró-sociais, -
3:48 - 3:53o que significa que, no dia a dia,
quando vemos alguém sofrendo, -
3:53 - 3:56espera-se que reajamos
de determinada maneira; -
3:56 - 3:57mas eles não reagem da mesma forma.
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3:58 - 4:02Também há diferenças
interpessoais por natureza. -
4:02 - 4:05Eles manipulam as outras pessoas,
as usam como um meio para um fim. -
4:05 - 4:09Também há uma imponência,
ou uma atitude exagerada de vaidade. -
4:09 - 4:13Isso também é visto em pessoas
com alto grau de psicopatia. -
4:15 - 4:20Há um último detalhe, que é a busca
por sensações e a impulsividade. -
4:20 - 4:23Elas não são tão vistas
na caricatura do psicopata de elite. -
4:23 - 4:28Pessoas com alto grau de psicopatia
agem impulsivamente, -
4:29 - 4:33buscam sensações e não pensam devidamente
sobre a relação risco-recompensa. -
4:33 - 4:38Com frequência, elas cometem crimes
e acabam sendo presas. -
4:41 - 4:42Quando elas buscam sensações,
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4:43 - 4:46precisam calcular
essa relação risco-recompensa, -
4:46 - 4:49precisam ativamente avaliar o risco
versus a recompensa para poderem agir, -
4:49 - 4:53mas não vemos isso em pessoas
com alto grau de psicopatia. -
4:53 - 4:57É claro que também há a agressividade,
agressividade generalizada. -
4:57 - 5:00Pessoas com alto grau de psicopatia
têm dificuldade em diferenciar -
5:00 - 5:03crimes com vítimas e crimes sem vítimas.
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5:03 - 5:04Então, ao cometerem esses crimes,
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5:04 - 5:09eles não pensam devidamente sobre
o possível impacto sobre os outros. -
5:11 - 5:14Vamos falar sobre algumas diferenças
cerebrais presentes na psicopatia, -
5:14 - 5:16especialmente sobre a amígdala,
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5:16 - 5:19que é uma região do cérebro,
próxima ao centro do cérebro, -
5:19 - 5:24que apresenta menos atividade
em pessoas com maior grau de psicopatia, -
5:24 - 5:27enquanto elas observam
as emoções de outras pessoas, -
5:27 - 5:30especialmente emoções
que refletem aflição. -
5:30 - 5:31Isso é importante
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5:31 - 5:35porque, por não processarem
o sofrimento dos outros, -
5:35 - 5:39talvez também não sintam
a culpa e o remorso -
5:39 - 5:41que uma pessoa normal sentiria
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5:41 - 5:45ao perceber que outra pessoa
está sentindo essas emoções. -
5:47 - 5:51Quando há menos atividade em pessoas
com alto grau de psicopatia, -
5:51 - 5:55essa região do cérebro, a amígdala,
envolvida no processamento das emoções, -
5:55 - 5:57também mostra menos atividade.
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5:57 - 6:00Então, qual a importância
de estudarmos a psicopatia? -
6:00 - 6:03Bem, existe uma ligação
entre a psicopatia e o crime. -
6:03 - 6:05Se analisarmos a literatura
sobre psicopatia, -
6:05 - 6:08veremos que a maioria
dos participantes é de detentos. -
6:08 - 6:10Não é coincidência.
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6:10 - 6:13A psicopatia é bem mais comum
na população carcerária. -
6:13 - 6:17Estima-se que algo entre 50 e 80%
dos presidiários demonstrem -
6:17 - 6:21alguns sintomas de psicopatia,
acima do considerado normal. -
6:21 - 6:23Fora das prisões,
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6:23 - 6:26uma porcentagem bem menor
se enquadraria no quadro de psicopatia. -
6:26 - 6:31Estima-se que algo entre 1,3 e 6,85%
dos homens na população em geral, -
6:31 - 6:32principalmente nos EUA,
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6:32 - 6:36demonstrem alguns sintomas
associados à psicopatia, -
6:36 - 6:39enquanto em mulheres
a estimativa é de 0,8%; -
6:39 - 6:43ou seja, bem menos pessoas se enquadrariam
nos sintomas da psicopatia, em geral. -
6:44 - 6:48Também é importante estudarmos
a psicopatia porque, atualmente, -
6:48 - 6:51o tratamento para a psicopatia
é tremendamente ineficaz. -
6:51 - 6:55Isso porque tratamentos
cognitivos e comportamentais -
6:55 - 6:58precisam de alguma atitude
ou vontade de mudar -
6:58 - 7:01por parte do participante, ou paciente.
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7:01 - 7:04Não é surpresa que pessoas
com alto grau de psicopatia -
7:04 - 7:06parecem não ter essa atitude
ou vontade de mudar. -
7:06 - 7:09Por isso, o tratamento
é tremendamente ineficaz. -
7:09 - 7:11E o que tem sido feito?
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7:11 - 7:14Atualmente, nosso laboratório
aqui na Juniata College -
7:15 - 7:17está trabalhando nessa hipótese
da aflição específica, -
7:17 - 7:19no sentido de que os sintomas afetivos
-
7:19 - 7:24ou os sintomas da psicopatia
em termos de processamento emocional -
7:25 - 7:28poderiam ser responsáveis por esse déficit
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7:28 - 7:32no processamento do sofrimento
de outras pessoas. -
7:32 - 7:37Então pensamos: "E se pudéssemos
fomentar neles emoções condizentes, -
7:37 - 7:40e talvez, quem sabe, alterar esse efeito,
-
7:40 - 7:43essa demora no processamento
das emoções alheias?" -
7:43 - 7:47Então, usamos algo chamado exercício
de memória emocional autobiográfica, -
7:47 - 7:51que leva o participante a se lembrar
de um momento em sua vida -
7:51 - 7:53em que sentiu uma emoção específica.
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7:53 - 7:54Nós usamos o medo.
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7:54 - 7:58Nossos participantes se lembraram
de um momento em que sentiram medo -
7:58 - 8:00e, por causa disso,
-
8:00 - 8:03talvez o medo se torne mais latente,
se torne mais acessível, -
8:03 - 8:05mais fácil de reconhecer
em outras pessoas. -
8:05 - 8:09Se pudéssemos pegar pessoas
com alto grau de psicopatia -
8:09 - 8:10e fazê-las reconhecer o medo,
-
8:10 - 8:15talvez elas possam ter mais facilidade
em reconhecer o medo nos outros. -
8:15 - 8:17E se conseguirmos comprovar isso,
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8:17 - 8:20talvez fomentar emoções condizentes
-
8:20 - 8:24possa ser uma forma, via exposição,
de condicionarmos uma reação empática -
8:24 - 8:28em pessoas que, de outra forma,
não teriam essa reação. -
8:28 - 8:31Em outras palavras, poderíamos
fomentar a empatia em psicopatas. -
8:31 - 8:32Isso seria revolucionário
-
8:32 - 8:36porque os níveis de encarceramento
nos EUA nunca foram tão altos -
8:36 - 8:40e, se pudermos minimizar isso
de alguma forma, -
8:40 - 8:45desenvolvendo estratégias para tratar
pessoas com sintomas de psicopatia, -
8:45 - 8:48antes de elas apresentarem
comportamentos criminosos, -
8:48 - 8:51talvez consigamos lidar
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8:51 - 8:54com o atual dilema
que é a psicopatia neste país. -
8:55 - 8:56Obrigado.
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8:56 - 8:57(Aplausos)
- Title:
- O que é a psicopatia e o que estamos fazendo a respeito | Dan Komar | TEDxJuniataCollege
- Description:
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A psicopatia é tradicionalmente entendida como um distúrbio psicológico marcado por traços afetivos, interpessoais e comportamentais. Vilões da cultura popular demonstram essas características, assim como presidiários. Daniel Komar, aluno veterano da Juniata College, estudante de Psicologia, revela o mistério por trás desse fenômeno e nos convida a pensar sobre a questão de forma diferente, por meio da empatia aprendida.
Dan Komar atualmente está trabalhando em sua tese sobre a psicopatia. Sua pesquisa está sob a orientação da Dra. Weldon, que também foi palestrante neste mesmo evento.
Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx
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- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
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- 09:04