Querem ser mais criativos? Deem um passeio

Ao tentarmos ter uma nova ideia, todos temos alturas em que estamos bloqueados. Mas de acordo com a pesquisa da cientista comportamental e de aprendizagem Marily Oppezzo, levantarmo-nos e dar um passeio pode ser tudo o que necessitamos para pôr a nossa criatividade a fluir. Nesta divertida e rápida palestra, ela explica como caminhar poderá ajudar a tirar o melhor partido do próximo "brainstorm".

O processo criativo — vocês sabem bem —

da primeira ideia ao produto final,

é um processo longo.

É super repetitivo,
exige muito aperfeiçoamento,

sangue, suor, lágrimas e anos.

Não estamos a dizer
que vão dar um passeio

e que voltam com a Capela Sistina
na mão esquerda.

Então em que estrutura do processo
criativo nos focamos

nesta primeira parte?

Apenas no "brainstorming",
em ter uma nova ideia.

Na verdade, fizemos quatro estudos
com uma série de pessoas,

que passeavam tanto
dentro de casa como no exterior.

Todos esses estudos
chegaram à mesma conclusão.

Hoje só vou falar de um deles.

Um dos testes que usámos para
a criatividade foram os usos alternativos.

Neste teste, têm quatro minutos.

A função é inventar o máximo
de formas úteis de utilização

para objetos do dia a dia.

Por exemplo, o que podemos
fazer com uma chave

para além de a usar
para abrir uma fechadura?

Poderíamos usá-la como
um terceiro olho para uma girafa?

Talvez. Até é interessante,
uma coisa nova. Mas será criativo?

As pessoas tiveram
o máximo de ideias possível,

e tivemos de decidir:

Isto é criativo ou não?

Criatividade, para muita gente,

define-se como "novidade adequada."

Para uma coisa ser adequada,
tem de ser realista,

então, infelizmente, não podemos
usar uma chave como um olho.

Bú!

Mas "novidade", o segundo aspeto,
é só se mais ninguém o disser.

Então, para nós, primeiro
tinha de ser adequado,

e depois, quanto à novidade,

mais ninguém na população
inquirida o podia ter dito.

Podem pensar em usar uma chave
para riscar o carro de alguém,

mas se mais alguém disser o mesmo,
não recebem o crédito por isso.

Nenhum de vocês recebeu crédito.

No entanto, só uma pessoa disse:

"Se estivesses a morrer e fosse um caso
de homicídio misterioso,

"e tivesses de gravar o nome
do assassino no chão

"com as tuas últimas palavras."

Uma pessoa disse isto.

(Risos)

É uma ideia criativa,
porque é adequada e é novidade.

O teste foi feito e as ideias apareceram
enquanto as pessoas estavam sentadas

ou a andar numa passadeira rolante.

(Risos)

O teste foi feito duas vezes
com objetos diferentes.

Três grupos: o primeiro grupo
primeiro fê-lo sentado

e voltou a sentar-se
para o segundo teste.

O segundo grupo primeiro
fê-lo sentado

e depois fez o segundo teste
enquanto andava na passadeira.

Os do terceiro grupo
— e isto é interessante —

primeiro andaram na passadeira
e depois fizeram-no sentados.

OK, então os dois grupos que se
sentaram juntos para o primeiro teste

pareciam bastante semelhantes entre si,

e tiveram em média cerca
de 20 ideias criativas por pessoa.

O grupo que começou
por andar na passadeira

foi quase duas vezes melhor.

E estavam a andar na passadeira
num quarto sem janelas.

Lembrem-se, fizeram os testes duas vezes.

As pessoas que se sentaram duas vezes
para esse segundo teste não melhoraram;

a prática não ajudou.

Mas as mesmas pessoas que se sentaram
e depois foram para a passadeira

sofreram uma melhoria por andarem.

Isto é que é interessante.

As pessoas que andaram na passadeira

ainda tinham o efeito residual de andarem,

e continuaram criativas depois.

Então, a conclusão
é que devemos dar um passeio

antes de uma grande reunião e antes
de começarmos o "brainstorming".

Temos cinco dicas para vocês

que vos ajudarão a tirar disto
o melhor efeito possível.

Primeiro, têm de escolher um problema
ou um tópico para fazer "brainstorming".

Então, isto não é o efeito do chuveiro,

quando estão no chuveiro e, de repente,

sai uma nova ideia do frasco de champô.

Isto é uma coisa em que estão
a pensar há algum tempo

com a intenção de refletir
numa perspetiva diferente

caminhando.

Segundo, perguntam-me muito isto:

Pode ser a correr?

Bem, a resposta para mim
é que se eu estivesse a correr,

a única nova ideia que eu teria
seria deixar de correr, portanto...

(Risos)

Mas se, para vocês, correr
é um ritmo confortável, ótimo.

Parece que funciona com qualquer atividade
física que não exija muita atenção.

Então, andar a um ritmo confortável
é uma boa escolha.

Para além disso, queremos ter
o máximo de ideias possível.

Um ponto chave da criatividade
é não ficar preso na primeira ideia.

Continuem.

Continuem a ter novas ideias,
até escolherem uma ou duas.

Podem ficar preocupados
por não poderem escrevê-las,

o que acontece se as esquecerem?

Então, a ideia é dizê-las.

Todos estavam a falar das novas ideias.

Por isso, podem pôr os auriculares
e gravar no telemóvel

e fingir que estão a ter uma
conversa criativa, certo?

Porque o ato de escrever
a ideia já é um filtro.

Vão ficar tipo:
"Valerá a pena escrevê-la?"

E depois escrevem.

Falem o máximo que conseguirem,
gravem e pensem mais tarde.

E finalmente: não façam isto eternamente.

Se estão a andar
e a ideia não está a aparecer,

voltem mais tarde, noutra altura.

Estamos a chegar a uma pausa
agora mesmo,

então, tenho uma ideia:

Porque não pegam numa trela

e levam os vossos pensamentos a passear?

Obrigada.

(Aplausos)