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Mutantes bons | Nico Katsanis | TEDxAthens

  • 0:09 - 0:11
    (Grego) Boa tarde.
  • 0:11 - 0:13
    Peço desculpas por falar em inglês,
  • 0:13 - 0:15
    eu fui alfabetizado em inglês,
  • 0:15 - 0:18
    mas espero que todos consigam acompanhar.
  • 0:19 - 0:21
    Obrigado, Manoli, pela gentil introdução.
  • 0:21 - 0:23
    É muito bom estar com vocês.
  • 0:23 - 0:28
    Hoje vamos falar sobre apenas uma palavra,
  • 0:28 - 0:30
    e essa palavra é "mutantes".
  • 0:31 - 0:35
    Vamos ser honestos uns com os outros.
  • 0:36 - 0:40
    Não temos imagens positivas em mente
    quando pensamos sobre mutantes.
  • 0:42 - 0:44
    Não olhamos uns aos outros e dizemos:
  • 0:44 - 0:47
    "Ele parece tão mutante"
    ou "Você é um mutante e tanto"
  • 0:47 - 0:49
    como um termo carinhoso.
  • 0:50 - 0:52
    Antes de prosseguir, preciso me certificar
  • 0:52 - 0:56
    que vocês possam dizer a todo mundo
    que não se pega uma mutação,
  • 0:56 - 0:59
    e não, não se pega mutações
    por mordidas de aranhas.
  • 0:59 - 1:01
    Só queria deixar isso claro.
  • 1:03 - 1:06
    Mas culturalmente, por muito tempo,
  • 1:06 - 1:10
    consideramos um mutante
    com uma conotação negativa,
  • 1:10 - 1:13
    e a imagem que vocês vão ver atrás de mim
  • 1:13 - 1:17
    são essas criaturas monstruosas
    em uma caverna.
  • 1:17 - 1:21
    Na verdade, enquanto eu procurava
    por imagens apropriadas,
  • 1:21 - 1:24
    encontrei um zumbi mutante.
  • 1:24 - 1:28
    Como se ser um zumbi não fosse ruim
    o suficiente, era um zumbi mutante.
  • 1:28 - 1:29
    (Risos)
  • 1:31 - 1:33
    Entretanto, eis a questão.
  • 1:33 - 1:36
    Não é tudo verdadeiro.
  • 1:38 - 1:40
    A palavra mutante
  • 1:40 - 1:45
    simplesmente significa uma mudança no DNA,
  • 1:45 - 1:51
    e não classifica como positivo ou negativo
  • 1:51 - 1:53
    aquilo a que se refere.
  • 1:54 - 1:58
    Só quer dizer que há
    uma posição no seu DNA
  • 1:58 - 2:01
    que é diferente da posição de referência,
  • 2:01 - 2:05
    e sabemos disso há 100 anos,
  • 2:05 - 2:08
    desde que começamos a manipular DNA
    de moscas e outras criaturas.
  • 2:09 - 2:15
    E de vários modos, somos todos mutantes,
    e vou falar disso daqui a pouco.
  • 2:17 - 2:21
    Então temos este termo
    inadequado, mutante.
  • 2:21 - 2:24
    Há um segundo termo inadequado
    sobre o qual eu gostaria de falar.
  • 2:24 - 2:27
    E o termo é "cuidados de saúde".
  • 2:28 - 2:32
    Este é o lugar onde trabalho,
    onde tenho o privilégio de trabalhar;
  • 2:32 - 2:34
    é um lugar maravilhoso.
  • 2:35 - 2:41
    Mas eu gostaria de perguntar se alguém
    aqui foi ao médico, recentemente,
  • 2:41 - 2:45
    e disse: "Doutor, eu estou
    me sentindo muito bem hoje.
  • 2:45 - 2:48
    Estou me sentindo muito saudável.
    Por favor me ajude".
  • 2:48 - 2:49
    (Risos)
  • 2:49 - 2:55
    Então, em essência, cuidados
    de saúde são um embelezamento
  • 2:55 - 2:59
    porque na realidade deveria
    ser "cuidados de doenças".
  • 3:00 - 3:02
    Nós cuidamos dos doentes,
    não dos saudáveis.
  • 3:02 - 3:06
    Sim, eu entendo que nós
    desejamos ser saudáveis,
  • 3:06 - 3:09
    mas na verdade nós cuidamos dos doentes.
  • 3:09 - 3:15
    Vamos pensar sobre o problema de cuidados
    de saúde e cuidados de doenças
  • 3:16 - 3:19
    em uma perspectiva ligeiramente diferente.
  • 3:19 - 3:23
    É verdade e apropriado
  • 3:23 - 3:27
    que gastamos quantias significativas
    de esforços e de recursos
  • 3:27 - 3:31
    pelo mundo para cuidar dos doentes.
  • 3:32 - 3:34
    Certamente alguns dirão
    que não gastamos o suficiente
  • 3:34 - 3:37
    e eu concordo com isso.
  • 3:37 - 3:40
    Entretanto, digo a vocês
  • 3:41 - 3:43
    que é tão esclarecedor
  • 3:43 - 3:47
    não somente entender
    porque as pessoas ficam doentes,
  • 3:47 - 3:50
    mas também entender
  • 3:50 - 3:55
    porque pessoas que deveriam
    estar doentes não estão.
  • 3:56 - 3:58
    Pensem nisso por um momento.
  • 3:58 - 4:05
    Aqui vai talvez uma declaração
    um tanto perturbadora.
  • 4:06 - 4:10
    Um subconjunto de nós não deveria existir
  • 4:11 - 4:15
    ou deveria ser muito doente,
    como as crianças, os recém-nascidos.
  • 4:17 - 4:18
    E a razão disso
  • 4:18 - 4:24
    é que algumas informações
    que carregamos em nossos genomas
  • 4:24 - 4:28
    está prevendo uma desordem catastrófica
  • 4:28 - 4:32
    da qual nós talvez não tenhamos
    sido capazes de nos recuperar.
  • 4:32 - 4:36
    Mesmo assim aqui estamos, capazes
    de apreciar a companhia uns dos outros.
  • 4:37 - 4:43
    Eu acho isso maravilhoso,
    mas também acho interessante,
  • 4:43 - 4:49
    porque, se pudermos entender
    o que nos protege das doenças,
  • 4:49 - 4:53
    talvez esse seja um caminho
    alternativo para novas terapias,
  • 4:53 - 4:57
    para ajudar pessoas que estão prestes
    a desenvolver tais doenças.
  • 4:57 - 5:03
    E eu diria que essa é uma área
    onde temos recursos insuficientes
  • 5:03 - 5:06
    e que temos subestimado.
  • 5:06 - 5:07
    Certo.
  • 5:08 - 5:12
    Todo mundo vai se perguntar:
    "Meu deus, o que será o próximo slide".
  • 5:12 - 5:15
    Estamos na Grécia, meu país natal,
  • 5:15 - 5:19
    e às vezes, quando eu penso
    no arquétipo do grego,
  • 5:19 - 5:20
    sobre o que eu penso?
  • 5:20 - 5:23
    Aqui está um dos nossos
    adorados filhos, Dimitri Mitropoulos,
  • 5:23 - 5:27
    mas ele parece estar fazendo muito disto,
  • 5:27 - 5:32
    e é verdade que muitos de nós
    tem o hábito de fumar bastante.
  • 5:33 - 5:38
    Nós também comemos tarde, e algumas
    coisas que comemos não são saudáveis.
  • 5:39 - 5:42
    Como o "gyro" e o "kokoretsi".
  • 5:42 - 5:44
    Acabamos de passar a Páscoa, certo?
  • 5:45 - 5:47
    Alguns de vocês devem saber
    que a União Europeia
  • 5:47 - 5:52
    emitiu um conselho contra comer kokoretsi
  • 5:52 - 5:55
    porque é considerado profundamente
    prejudicial para a saúde.
  • 5:55 - 5:59
    Mas fazemos todas essas coisas,
    e temos feito isso há muito tempo.
  • 6:00 - 6:02
    E ainda assim,
  • 6:02 - 6:09
    parece que temos uma das maiores
    taxas de longevidade na Europa.
  • 6:09 - 6:13
    Temos taxas muito menores
    de doenças cardiovasculares
  • 6:13 - 6:16
    do que se esperaria
    para nosso estilo de vida,
  • 6:16 - 6:20
    e somos geralmente considerados
    bastante resistentes.
  • 6:20 - 6:22
    Por que isso?
  • 6:22 - 6:24
    Bem, tem uma série de motivos.
  • 6:24 - 6:28
    É claro que antes do McDonald's
    invadir nosso país,
  • 6:28 - 6:34
    nós apreciávamos a dieta mediterrânea
    com óleos, frutas, castanhas, peixes.
  • 6:35 - 6:39
    Não posso falar mais sobre isso
    para vocês porque sou geneticista.
  • 6:39 - 6:42
    Eu posso lhes falar um pouco sobre isto:
  • 6:42 - 6:47
    não é só a nossa dieta que nos protege
  • 6:47 - 6:52
    dos males do fumo,
    do kokoretsi e de todo o resto,
  • 6:52 - 6:55
    agora compreendemos
  • 6:55 - 7:01
    que temos mudanças, mutações em nosso DNA,
  • 7:01 - 7:04
    que nos protegem de alguns
    distúrbios catastróficos.
  • 7:05 - 7:11
    Essa não é uma informação nova
    e é um pouco intrigante
  • 7:11 - 7:15
    que talvez não estejamos gastando
    tanto tempo quanto deveríamos.
  • 7:15 - 7:21
    Considerem isto: glóbulos vermelhos.
    Eles carregam oxigênio pelo nosso corpo.
  • 7:21 - 7:23
    Vocês precisam deles, acreditem em mim.
  • 7:23 - 7:28
    Então compreendemos
    que, quando temos mutações específicas
  • 7:28 - 7:32
    que causam mudanças na forma
    dos glóbulos vermelhos,
  • 7:32 - 7:35
    contraímos coisas como anemia falciforme,
  • 7:35 - 7:39
    e a oxigenação do nosso tecido é reduzido.
  • 7:39 - 7:43
    Isso é algo muito ruim; não é confortável.
  • 7:43 - 7:48
    A não ser que aconteça
    de você viver em um lugar
  • 7:48 - 7:53
    em que a malária é endêmica
    e ocorre com alta frequência.
  • 7:53 - 7:56
    Porque, se for esse o caso,
  • 7:56 - 8:01
    essas glóbulos deformados
    na verdade te protegem da malária.
  • 8:03 - 8:05
    Vamos dar um passo
    para trás por um momento.
  • 8:05 - 8:11
    Temos uma mutação ruim
    que causa anemia falciforme,
  • 8:11 - 8:13
    que se torna uma mutação boa
  • 8:13 - 8:19
    se você viver em um local
    em que a malária prevalece.
  • 8:20 - 8:24
    O ponto onde estou tentando
    chegar é que não há certezas,
  • 8:24 - 8:28
    não há certezas ruins
    nem boas com as mutações.
  • 8:28 - 8:30
    Uma mutação é uma mutação,
  • 8:30 - 8:34
    e depende do contexto
    em que se avalia o tipo da informação
  • 8:34 - 8:37
    e de ajuda que você pode obter.
  • 8:38 - 8:44
    É possível para nós usarmos nosso genoma
  • 8:44 - 8:47
    não só para encontrar
    essas mutações ruins,
  • 8:47 - 8:51
    mas também para encontrar
    boas mutações para nos ajudar?
  • 8:52 - 8:54
    Sim, é possível.
  • 8:56 - 9:00
    Tenho metas ambiciosas em relação a isso,
    mas isso não é ficção científica,
  • 9:00 - 9:03
    isso está acontecendo em laboratórios
    pelo mundo exatamente agora,
  • 9:03 - 9:07
    aliás, se meu laboratório estiver
    assistindo, espero que voltem ao trabalho.
  • 9:07 - 9:09
    (Risos)
  • 9:09 - 9:12
    Aqui estão as capas
    de duas famosas edições
  • 9:12 - 9:16
    das renomadas revistas
    "Nature" e "Science",
  • 9:16 - 9:20
    que em 2001 publicaram o primeiro rascunho
  • 9:20 - 9:23
    do modelo da vida, o genoma humano.
  • 9:24 - 9:26
    Era um rascunho, mas funcionou muito bem.
  • 9:26 - 9:31
    Levamos cerca de dez anos
    para decodificar um genoma,
  • 9:31 - 9:33
    e depois o que aconteceu?
  • 9:33 - 9:36
    Fizemos o que somos muito bons em fazer.
  • 9:36 - 9:40
    Nós calculamos, miniaturizamos,
    fizemos as coisas ficarem mais baratas.
  • 9:40 - 9:42
    Não é diferente dos velhos
    computadores Cray
  • 9:42 - 9:46
    para a coisa que vocês têm
    nos bolsos agora, seu smartphone.
  • 9:47 - 9:50
    Custava milhões e milhões de dólares,
  • 9:50 - 9:53
    agora custa alguns milhares de dólares
    e os custos continuam a reduzir.
  • 9:53 - 9:55
    Agora mesmo,
  • 9:55 - 9:59
    há dezenas de milhares de genomas
    que já foram sequenciados,
  • 9:59 - 10:00
    e é minha previsão,
  • 10:00 - 10:04
    e eu lhes garanto que não é
    uma previsão visionária,
  • 10:05 - 10:06
    que nos próximos anos,
  • 10:06 - 10:08
    teremos centenas de milhares
  • 10:08 - 10:10
    e milhões e por fim bilhões de genomas.
  • 10:11 - 10:15
    Bom, quando isso acontecer
    teremos uma oportunidade.
  • 10:15 - 10:19
    Além de encontrar todas as mudanças
    nos genomas que nos deixam doentes,
  • 10:19 - 10:21
    também podemos encontrar
  • 10:21 - 10:24
    algumas mudanças
    que nos façam sentir melhor.
  • 10:25 - 10:29
    Alguns de vocês podem ter ouvido
    sobre algo chamado de zonas azuis.
  • 10:29 - 10:33
    As zonas azuis são áreas do planeta
    em que as pessoas vivem mais tempo,
  • 10:33 - 10:38
    e não apenas vivem mais,
    vivem mais e mais saudáveis.
  • 10:38 - 10:42
    A ilha de Ikaria, alguns de vocês
    devem ter visto no mapa, é uma delas,
  • 10:42 - 10:46
    um indivíduo médio, um habitante da ilha,
  • 10:46 - 10:51
    vai viver em média dez anos mais
    do que em qualquer lugar da Europa.
  • 10:51 - 10:54
    Sim, devíamos sequenciar esses indivíduos,
  • 10:54 - 10:56
    mas não devemos olhar apenas
    para essas zonas azuis.
  • 10:56 - 10:58
    Eis a questão.
  • 10:58 - 11:02
    Enquanto olho ao redor,
    estou seguro ao dizer
  • 11:02 - 11:06
    que há pelo menos dois ou três
    de vocês cujo genoma contém algo
  • 11:06 - 11:09
    que é profundamente protetor
    contra uma doença catastrófica.
  • 11:09 - 11:10
    Na verdade eu diria
  • 11:10 - 11:14
    que há mais do que isso,
    mas não tenho uma noção ainda.
  • 11:14 - 11:17
    Estou pensando não só
    naqueles que estão nas zonas azuis,
  • 11:17 - 11:20
    mas em todo o país, em todo
    o continente, em todo o mundo.
  • 11:20 - 11:23
    Ao começarmos a acumular genomas,
  • 11:23 - 11:25
    iremos encontrar esses mutantes bons,
  • 11:25 - 11:29
    pessoas que deveriam ter ficado
    muito doentes, mas não estão,
  • 11:29 - 11:33
    e não estão porque têm mutações
    em outros genes que as protegem.
  • 11:36 - 11:39
    Certo, isso é bom, isso é ótimo.
  • 11:40 - 11:44
    Você vai dizer que são 8 bilhões
    de nós, e eu direi: "Sim, isso é bom,
  • 11:44 - 11:47
    mas sou um pouco impaciente;
    não é o bastante, me dê mais".
  • 11:47 - 11:48
    O que mais podemos fazer?
  • 11:48 - 11:52
    Bem, nós temos estudado
    distúrbios genéticos humanos
  • 11:52 - 11:54
    nos últimos 100 ou 120 anos.
  • 11:55 - 11:59
    E uma das coisas que fazemos
    é modelar esses distúrbios genéticos
  • 11:59 - 12:04
    em uma variedade
    de animais: camundongos, ratos,
  • 12:04 - 12:09
    peixes, minhocas, moscas.
  • 12:10 - 12:15
    E o que normalmente gostamos
    de fazer é dizer: "Aha, existe um gene
  • 12:15 - 12:17
    que quando está faltando em uma criança,
  • 12:17 - 12:21
    causa uma doença metabólica muito grave
  • 12:21 - 12:23
    e eu preciso entender por quê".
  • 12:23 - 12:24
    Bom, eu vou prosseguir,
  • 12:24 - 12:28
    e vou excluir exatamente o mesmo gene
    em um camundongo ou em uma mosca
  • 12:28 - 12:29
    ou em uma minhoca ou em um peixe.
  • 12:30 - 12:34
    E vou recriar esta doença neste modelo
  • 12:34 - 12:36
    de tal forma que eu possa estudá-la.
  • 12:37 - 12:41
    E devo dizer a vocês que ficamos mais
    animados quando alcançamos esse objetivo
  • 12:41 - 12:45
    porque então temos uma ferramenta
    maleável para estudar uma doença.
  • 12:45 - 12:49
    Eu diria que deveríamos
    ficar ainda mais animados,
  • 12:49 - 12:52
    quando excluímos esses genes
    nestes organismos modelo,
  • 12:52 - 12:56
    e não conseguimos gerar esta doença.
  • 12:56 - 12:57
    Por quê?
  • 12:57 - 13:00
    Porque a questão então se torna:
  • 13:00 - 13:06
    por que, quando um bebê
    não tem um gene específico,
  • 13:06 - 13:10
    ele acaba tendo um futuro muito tênue,
    e considero isso inaceitável,
  • 13:10 - 13:13
    enquanto excluímos exatamente
    o mesmo gene em um rato,
  • 13:13 - 13:15
    e o rato não se importa?
  • 13:17 - 13:19
    A minha sensação
  • 13:19 - 13:25
    é que entender por que esses organismos
    modelos, esses animais,
  • 13:25 - 13:31
    têm a capacidade de não possuir
    esses genes e ainda serem saudáveis
  • 13:31 - 13:37
    certamente nos ajudará, nos guiará,
    para melhores terapias.
  • 13:38 - 13:43
    Se pensarmos um pouco
    mais amplo - o planeta -
  • 13:43 - 13:48
    há um número enorme de espécies
    em todo o planeta,
  • 13:48 - 13:51
    e estamos a caminho
    de sequenciar todas elas.
  • 13:51 - 13:55
    Teremos os genomas de milhares
    de espécies, muito em breve.
  • 13:56 - 13:59
    Não é uma predição ousada dizer
  • 13:59 - 14:03
    que entre as espécies
    vamos encontrar mutações
  • 14:03 - 14:06
    que causam catástrofes no ser humano,
  • 14:06 - 14:10
    mas que nessas espécies
    são totalmente toleradas.
  • 14:11 - 14:16
    Vamos trabalhar juntos
    para entender as diferenças;
  • 14:16 - 14:20
    para entender por que em uma minhoca
    em um peixe, em uma formiga ou uma girafa,
  • 14:20 - 14:22
    não me importa a espécie,
  • 14:22 - 14:26
    um gene que causa uma doença catastrófica
    em um ser humano é completamente tolerado.
  • 14:29 - 14:32
    E, no entanto, vocês dirão:
    "Que ganancioso, todas as espécies,
  • 14:32 - 14:35
    temos agora 8 bilhões de humanos
    e todas as espécies do planeta".
  • 14:36 - 14:39
    Eu odeio dizer isso, mas ainda
    não estou satisfeito.
  • 14:39 - 14:45
    Cientistas, por definição, são impacientes
    e não pedimos desculpas por isso.
  • 14:46 - 14:48
    Então eis a questão.
  • 14:49 - 14:52
    Há algo mais que podemos fazer.
  • 14:53 - 14:57
    E a outra coisa que podemos fazer
    é entrar diretamente nas células.
  • 14:57 - 15:01
    A imagem que vocês veem atrás de mim
    é uma imagem de uma célula,
  • 15:01 - 15:08
    é bastante aceitável para nós obtermos
    células doentes de todas doenças genéticas
  • 15:08 - 15:10
    que já foram descobertas.
  • 15:11 - 15:15
    Para raras doenças genéticas humanas,
    e essa é minha paixão,
  • 15:15 - 15:19
    há cerca de 10 a 12 mil delas,
  • 15:19 - 15:21
    e se alguém me dissesse:
  • 15:21 - 15:25
    "Vamos estabelecer as células
    de 12 mil distúrbios genéticos humanos",
  • 15:25 - 15:29
    eu diria: "Isso é difícil, mas não é
    impossível, com um esforço de imaginação".
  • 15:29 - 15:34
    Não precisamos inventar tecnologia,
    precisamos apenas investir tempo.
  • 15:34 - 15:36
    E tempo é algo que nós temos um pouco.
  • 15:36 - 15:39
    E depois, o que vamos fazer?
  • 15:39 - 15:42
    Bom, nós vivemos em um mundo novo.
  • 15:42 - 15:45
    Tenho certeza que meu antecessor
    e os que vieram antes disseram o mesmo,
  • 15:45 - 15:48
    e é uma coisa maravilhosa
    sobre a humanidade,
  • 15:48 - 15:53
    mas é verdade, vivemos em um mundo
    onde, pela primeira vez,
  • 15:53 - 15:57
    temos a capacidade de editar o genoma.
  • 15:57 - 16:03
    Alguns de vocês podem ter ouvido
    falar sobre uma enzima, CRISPR-Cas9.
  • 16:03 - 16:09
    A questão é que podemos ir adiante
    e, à nossa vontade, podemos excluir genes,
  • 16:09 - 16:12
    podemos mudar as letras dos genes,
    podemos mudar a ordem dos genes,
  • 16:12 - 16:14
    podemos praticamente
    fazer o que quisermos.
  • 16:14 - 16:19
    É como o Microsoft Word sem os erros,
    a pirataria e as ameaças de vírus.
  • 16:20 - 16:22
    Mas, podemos fazer isso.
  • 16:23 - 16:31
    O que podemos fazer é pegar cada uma
    das 12 mil doenças que temos,
  • 16:31 - 16:37
    e em cada célula, sistematicamente,
    apagar um gene por vez.
  • 16:38 - 16:42
    E podemos descobrir quais genes,
    quando estão faltando,
  • 16:42 - 16:48
    irão realmente proteger, curar,
    restaurar a disfunção original.
  • 16:49 - 16:55
    E quando realmente combinarmos isso
    com a farmacopeia que temos,
  • 16:55 - 16:59
    podemos ter uma hiperaceleração
    na descoberta de novos remédios.
  • 16:59 - 17:03
    Isto não vai funcionar para todo
    transtorno genético humano,
  • 17:03 - 17:08
    mas estou convencido de que vai funcionar
    para uma grande parcela deles.
  • 17:09 - 17:12
    E já que agora, em relação
    aos distúrbios genéticos,
  • 17:12 - 17:16
    nossas opções terapêuticas
    são preciosas, poucas e limitadas,
  • 17:16 - 17:19
    eu dou boas-vindas a essa ideia ousada,
  • 17:19 - 17:23
    porque, afinal, às vezes
    é bom ser um mutante!
  • 17:24 - 17:25
    Obrigado.
  • 17:25 - 17:28
    (Aplausos)
Title:
Mutantes bons | Nico Katsanis | TEDxAthens
Description:

A mutação, na cultura popular, é considerada uma doença para a humanidade. Dos X-Men aos exemplos da vida real, o Dr. Katsanis desenha uma linha e explica o futuro da genética, das doenças e da evolução da humanidade.

O Dr. Katsanis é diretor do Centro de Modelagem de Doenças Humanas, professor de Biologia Celular e distinguido professor de Pediatria da Duke University. Ele obteve seu primeiro diploma em genética pela UCL em Londres em 1993, depois em 2002 tornou-se professor assistente do Instituto de Medicina Genética da Universidade Johns Hopkins e foi promovido a professor associado em 2005.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma
comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
17:39

Portuguese, Brazilian subtitles

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