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Pés quentes e cabeça fria — razões para os escaravelhos dançarem | Professor Marcus Byrne | TEDxWitsUniversity

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    Isto é cocó.
  • 0:09 - 0:12
    Hoje quero partilhar convosco
    a minha paixão por cocó.
  • 0:12 - 0:13
    (Risos)
  • 0:13 - 0:15
    Vão com certeza achar fascinante
  • 0:15 - 0:17
    a forma como estes pequenos animais
    lidam com cocó.
  • 0:18 - 0:20
    Este animal
  • 0:20 - 0:22
    tem o cérebro do tamanho
    de um grão de arroz.
  • 0:23 - 0:24
    No entanto, faz coisas
  • 0:24 - 0:28
    que nunca imaginaríamos
    ser capaz de fazer.
  • 0:28 - 0:31
    Basicamente, gira tudo em torno
    da sua fonte de comida
  • 0:31 - 0:34
    que são os excrementos.
  • 0:34 - 0:37
    Então, por onde começamos esta história?
  • 0:37 - 0:39
    Parece apropriado começar pelo fim
  • 0:40 - 0:44
    porque trata-se de um desperdício
    que provém de outros animais
  • 0:44 - 0:46
    mas que ainda contém nutrientes.
  • 0:46 - 0:48
    Contém nutrientes suficientes
  • 0:48 - 0:51
    para os escaravelhos viverem.
  • 0:51 - 0:53
    Assim, os escaravelhos comem excrementos.
  • 0:53 - 0:57
    As larvas também
    se alimentam de excrementos.
  • 0:57 - 1:00
    Crescem completamente envolvidos
    numa bola de excrementos.
  • 1:01 - 1:05
    Na África do Sul temos 800 espécies
    de escaravelhos,
  • 1:05 - 1:08
    em África há 2000 espécies
    de escaravelhos,
  • 1:08 - 1:12
    e no mundo inteiro há cerca
    de 6000 espécies de escaravelhos.
  • 1:13 - 1:17
    Segundo os escaravelhos,
    os excrementos são muito bons.
  • 1:18 - 1:22
    Mas, como é que eles lidam
    com esse material?
  • 1:22 - 1:26
    A maior parte dos escaravelhos
    transforma-o numa espécie de embrulho.
  • 1:27 - 1:29
    Transforma-o numa simples bola,
  • 1:29 - 1:31
    mas vocês nunca vão reparar nisso.
  • 1:31 - 1:34
    Se não estiverem dispostos
    a ficar com excrementos nas unhas
  • 1:34 - 1:35
    e a escavar no meio dos excrementos
  • 1:35 - 1:38
    nunca vão ver 90%
    das espécies de escaravelhos
  • 1:38 - 1:42
    porque eles enfiam-se nos excrementos,
    andam por baixo dos excrementos.
  • 1:42 - 1:44
    Depois passeiam
    de um lado para o outro
  • 1:44 - 1:46
    entre os excrementos à superfície do solo
  • 1:46 - 1:48
    e o ninho que fazem debaixo do solo.
  • 1:48 - 1:49
    Felizmente para nós,
  • 1:49 - 1:53
    há 10% das espécies que fazem uma bola.
  • 1:54 - 1:57
    Rebolam essa bola desde
    o local dos excrementos
  • 1:58 - 2:02
    e habitualmente enterram-na
    num local distante
  • 2:02 - 2:04
    afastado do local dos excrementos.
  • 2:05 - 2:07
    Têm um comportamento muito especial
  • 2:08 - 2:12
    que lhes permite rebolar essas bolas.
  • 2:13 - 2:17
    Este é o orgulhoso possuidor
    duma bela bola de excrementos.
  • 2:17 - 2:20
    Podem ver que é um macho
    — tem pelos nas pernas.
  • 2:20 - 2:25
    Está nitidamente muito satisfeito
    com aquilo em que está sentado.
  • 2:25 - 2:30
    Mas está prestes a ser vítima
    dum vergonhoso 'agarra e foge'.
  • 2:30 - 2:31
    (Risos)
  • 2:33 - 2:37
    É uma clara indicação de que aquilo
    é um recurso de valor.
  • 2:38 - 2:42
    É preciso tomar conta
    dos recursos de valor
  • 2:43 - 2:45
    e guardá-los de forma especial.
  • 2:45 - 2:48
    Pensamos que é por essa razão
    que eles rebolam as bolas para longe,
  • 2:48 - 2:51
    por causa da concorrência que existe
  • 2:51 - 2:54
    pela propriedade daqueles excrementos.
  • 2:54 - 2:55
    Estes bocados de excrementos
  • 2:55 - 2:57
    — bem, não eram
    bocados de excrementos
  • 2:57 - 3:00
    quinze minutos antes
    de tirada esta fotografia —
  • 3:00 - 3:03
    Pensamos que é esta concorrência intensa
  • 3:03 - 3:06
    que faz com que os escaravelhos
    estejam tão bem adaptados
  • 3:06 - 3:09
    para rebolarem
    as suas bolas de excrementos.
  • 3:09 - 3:12
    Têm que imaginar este animal
  • 3:12 - 3:13
    a atravessar a savana africana.
  • 3:14 - 3:18
    De cabeça para baixo, a andar às arrecuas,
  • 3:18 - 3:23
    é a forma mais bizarra de transportar
    comida, seja em que direção for.
  • 3:24 - 3:26
    Ao mesmo tempo, tem que suportar o calor.
  • 3:26 - 3:28
    Estamos em África. Está calor.
  • 3:28 - 3:30
    Agora vou partilhar convosco
  • 3:30 - 3:34
    algumas das experiências
    que eu e os meus colegas fizemos
  • 3:34 - 3:39
    para investigar como os escaravelhos
    resolvem estes problemas.
  • 3:40 - 3:42
    Observem este escaravelho.
  • 3:42 - 3:44
    Há duas coisas que quero que observem.
  • 3:44 - 3:47
    A primeira é como ele lida
    com este obstáculo
  • 3:47 - 3:49
    que colocámos no seu caminho.
  • 3:49 - 3:50
    Vejam, faz uma pequena dança.
  • 3:50 - 3:53
    Depois continua
    exatamente na mesma direção
  • 3:53 - 3:55
    em que ia inicialmente.
  • 3:59 - 4:01
    Uma pequena dança,
  • 4:01 - 4:03
    e depois avança numa determinada direção.
  • 4:03 - 4:07
    Nitidamente, o animal sabe para onde vai
  • 4:07 - 4:08
    e sabe para onde quer ir.
  • 4:08 - 4:10
    É uma coisa muito importante
  • 4:10 - 4:13
    porque, se pensarmos nisso,
    estamos no monte de estrume,
  • 4:13 - 4:15
    obtemos esta grande bola de excrementos
  • 4:15 - 4:17
    que queremos afastar de todos os outros
  • 4:17 - 4:20
    e a forma mais rápida
    de o fazer é em linha reta.
  • 4:20 - 4:24
    Então, demos-lhe mais tarefas
    para ele resolver.
  • 4:25 - 4:29
    Aqui, virámos o mundo ao contrário,
    debaixo dos pés dele.
  • 4:30 - 4:31
    Observem a reação dele.
  • 4:32 - 4:36
    Este animal ficou com o mundo
    virado ao contrário, debaixo dos pés.
  • 4:36 - 4:38
    Foi rodado a 90 graus,
    mas ele não hesita.
  • 4:38 - 4:40
    Sabe exatamente para onde quer ir
  • 4:40 - 4:43
    e avança nessa determinada direção.
  • 4:45 - 4:47
    A nossa pergunta seguinte foi:
  • 4:47 - 4:50
    "Como é que eles fazem isso?
    O que é que estão a fazer?"
  • 4:50 - 4:52
    Havia uma pista que nos era facultada.
  • 4:52 - 4:55
    De vez em quando,
    eles trepam para cima da bola
  • 4:55 - 4:57
    e olham à sua volta.
  • 4:58 - 5:00
    Para onde estarão eles a olhar
  • 5:00 - 5:02
    quando trepam para cima da bola?
  • 5:02 - 5:05
    Quais são as pistas óbvias
    que este animal está a usar
  • 5:05 - 5:08
    para orientar o seu movimento?
  • 5:08 - 5:11
    A pista mais óbvia é olhar para o céu.
  • 5:12 - 5:13
    Por isso pensámos:
  • 5:13 - 5:16
    "O que é que eles podem ver no céu?"
  • 5:16 - 5:20
    A resposta óbvia é que olham para o sol.
  • 5:20 - 5:23
    Esta é uma experiência clássica:
  • 5:25 - 5:27
    Vamos mover o sol.
  • 5:28 - 5:31
    Assim, tapamos o sol com uma tábua,
  • 5:31 - 5:33
    e depois, com um espelho,
  • 5:33 - 5:35
    movemos o sol para uma posição
    totalmente diferente.
  • 5:35 - 5:37
    Vamos ver o que é que o escaravelho faz.
  • 5:37 - 5:40
    Faz uma pequena dança, duas vezes.
  • 5:40 - 5:43
    Depois volta atrás
    exatamente na mesma direção
  • 5:43 - 5:45
    em que seguia a princípio.
  • 5:45 - 5:47
    (Risos)
  • 5:48 - 5:49
    Pensa melhor
  • 5:49 - 5:51
    e avança na direção oposta.
  • 5:51 - 5:53
    Portanto, estava mesmo a olhar para o sol.
  • 5:53 - 5:56
    O sol, no céu,
    é uma pista importante para eles.
  • 5:56 - 5:59
    O problema é que o sol
    nem sempre está disponível,
  • 5:59 - 6:03
    porque, no ocaso, desaparece
    abaixo do horizonte.
  • 6:03 - 6:05
    Mas o que acontece no céu
  • 6:05 - 6:08
    é que há um padrão muito grande
  • 6:08 - 6:11
    de luz polarizada,
    que nós não conseguimos ver.
  • 6:11 - 6:13
    É a forma como os nossos olhos são feitos.
  • 6:14 - 6:17
    O sol aqui está no horizonte
  • 6:17 - 6:20
    e sabemos que,
    quando o sol está no horizonte
  • 6:20 - 6:22
    — portanto, está deste lado —
  • 6:22 - 6:26
    há uma enorme faixa norte-sul,
    atravessando o céu,
  • 6:26 - 6:28
    de luz polarizada que nós não vemos.
  • 6:28 - 6:30
    Mas os escaravelhos veem-na.
  • 6:34 - 6:38
    Como é que testamos isso? É fácil.
  • 6:38 - 6:41
    Arranjamos um filtro de polarização
    muito grande,
  • 6:41 - 6:43
    colocamos o escaravelho
    por baixo dele.
  • 6:43 - 6:46
    O filtro está em ângulo reto
    com o padrão de polarização no céu.
  • 6:47 - 6:50
    O escaravelho sai de debaixo do filtro,
  • 6:53 - 6:55
    dá uma volta para a direita
  • 6:55 - 7:00
    porque volta a ficar debaixo do céu
    pelo qual se orientava inicialmente
  • 7:00 - 7:02
    e depois volta a orientar-se
  • 7:02 - 7:05
    na direção em que
    estava a seguir inicialmente.
  • 7:05 - 7:09
    Obviamente, os escaravelhos
    veem a luz polarizada.
  • 7:10 - 7:12
    Assim, o que temos até aqui é:
  • 7:13 - 7:15
    "O que é que os escaravelhos fazem?"
    — Rebolam bolas.
  • 7:15 - 7:18
    "Como é que fazem isso?"
    — rebolam-nas em linha reta.
  • 7:18 - 7:22
    "Como é que se mantêm
    numa determinada linha reta?"
  • 7:22 - 7:25
    — procuram pistas celestiais no céu,
  • 7:25 - 7:27
    algumas das quais nós não vemos.
  • 7:27 - 7:29
    Mas, "Como é que escolhem
    essas pistas celestiais?"
  • 7:29 - 7:32
    Era esse o nosso interesse seguinte.
  • 7:32 - 7:35
    Pensávamos que aquele
    comportamento especial, a dança,
  • 7:36 - 7:37
    é que era importante,
  • 7:37 - 7:38
    porque — reparem!
  • 7:38 - 7:41
    ele faz uma pausa, de vez em quando,
  • 7:41 - 7:43
    e depois avança na direção
    em que quer seguir.
  • 7:48 - 7:51
    O que é que eles fazem,
    quando fazem aquela dança?
  • 7:51 - 7:55
    Até que ponto podemos empurrá-los
    antes de eles voltarem a orientar-se?
  • 7:55 - 8:00
    Nesta experiência forçámo-lo
    a entrar num canal.
  • 8:00 - 8:02
    Como veem, não foi preciso forçá-lo muito
  • 8:02 - 8:04
    para entrar neste canal.
  • 8:04 - 8:09
    Gradualmente, obrigámos
    o escaravelho a virar 180 graus
  • 8:09 - 8:14
    até sair pela ponta que aponta
    exatamente na direção errada.
  • 8:14 - 8:17
    Ele acaba por avançar exatamente
    na direção oposta
  • 8:17 - 8:19
    à direção em que queria ir inicialmente.
  • 8:19 - 8:21
    Vejamos qual vai ser a sua reação,
  • 8:21 - 8:24
    quando é desviado aqui a 90 graus.
  • 8:24 - 8:26
    e quando acaba por ir parar aqui,
  • 8:26 - 8:29
    está a ir na direção errada, a 180 graus.
  • 8:30 - 8:32
    Vejam qual é a reação.
  • 8:35 - 8:37
    Faz uma pequena dança,
  • 8:37 - 8:39
    dá meia volta e volta para trás.
  • 8:39 - 8:42
    Sabe exatamente para onde quer ir.
  • 8:42 - 8:44
    Sabe exatamente qual é o problema.
  • 8:44 - 8:46
    Sabe exatamente o que tem a fazer.
  • 8:46 - 8:49
    A dança é um comportamento de transição
  • 8:49 - 8:52
    que lhe permite voltar a orientar-se.
  • 8:52 - 8:54
    Portanto, é a dança.
  • 8:54 - 8:58
    Depois de passarmos muitos anos
    sentados na savana africana,
  • 8:58 - 9:01
    a observar escaravelhos
    em belos dias escaldantes,
  • 9:01 - 9:03
    reparámos que havia
    um outro comportamento
  • 9:03 - 9:07
    associado ao comportamento da dança.
  • 9:08 - 9:10
    Vão vê-lo neste vídeo. É muito óbvio.
  • 9:10 - 9:12
    De vez em quando,
  • 9:12 - 9:14
    quando trepam para cima da bola,
  • 9:14 - 9:16
    limpam a cara.
  • 9:18 - 9:20
    Lá está ele a fazê-lo de novo.
  • 9:21 - 9:23
    O que é que poderá significar?
  • 9:24 - 9:26
    Claro que o terreno está muito quente.
  • 9:26 - 9:28
    Quando o terreno está quente,
    eles dançam mais vezes.
  • 9:28 - 9:30
    E quando fazem esta dança em especial,
  • 9:30 - 9:32
    limpam a cara.
  • 9:32 - 9:35
    Pensámos que talvez fosse
    um comportamento termorregulador,
  • 9:35 - 9:38
    talvez estivessem
    a tentar fugir ao solo quente
  • 9:38 - 9:42
    e também a cuspir para a cara,
    para arrefecer a cabeça.
  • 9:42 - 9:46
    Por isso, concebemos umas arenas.
  • 9:47 - 9:49
    Uma era quente, a outra era fria.
  • 9:49 - 9:51
    pusemos esta à sombra,
    deixámos a outra ao sol.
  • 9:51 - 9:52
    Podíamos trocá-las.
  • 9:52 - 9:56
    Depois filmámos com uma câmara térmica.
  • 9:56 - 9:58
    O que estão a ver aqui
  • 9:58 - 10:03
    é uma imagem de calor do sistema.
  • 10:04 - 10:06
    O que veem aqui, a sair do cocó
  • 10:06 - 10:08
    é uma bola de excremento frio.
  • 10:09 - 10:11
    A verdade é que,
  • 10:11 - 10:12
    — se observarem a temperatura aqui —
  • 10:12 - 10:14
    o excremento está frio.
  • 10:14 - 10:15
    (Risos)
  • 10:16 - 10:19
    O nosso interesse é comparar
  • 10:19 - 10:22
    a temperatura do escaravelho
    em relação ao ambiente.
  • 10:22 - 10:25
    O ambiente aqui está a cerca de 50º C.
  • 10:25 - 10:27
    O escaravelho e a bola
  • 10:27 - 10:30
    estão provavelmente entre 30º a 35º C.
  • 10:30 - 10:33
    Isto é uma grande bola de gelado
  • 10:33 - 10:35
    que o escaravelho está agora a transportar
  • 10:35 - 10:37
    através da savana em brasa.
  • 10:39 - 10:41
    Já não trepa, já não dança
  • 10:41 - 10:44
    porque a temperatura do corpo
    está relativamente baixa,
  • 10:44 - 10:47
    é idêntica à vossa e à minha.
  • 10:49 - 10:50
    O que há de interessante nisto
  • 10:50 - 10:54
    é que o pequeno cérebro
    está bastante frio.
  • 10:54 - 10:58
    Mas se compararmos com o que acontece
    num ambiente quente,
  • 11:00 - 11:03
    — reparem neste escaravelho,
  • 11:03 - 11:05
    reparem na temperatura do solo,
  • 11:05 - 11:08
    é de cerca de 55º a 60º C.
  • 11:08 - 11:10
    Reparem quantas vezes o escaravelho dança.
  • 11:12 - 11:15
    Reparem nas pernas da frente.
    Estão extremamente quentes.
  • 11:16 - 11:19
    A bola deixa uma pequena sombra térmica
  • 11:19 - 11:23
    e o escaravelho trepa
    para cima da bola e limpa a cara.
  • 11:23 - 11:27
    Está sempre a tentar refrescar-se,
    — é o que pensamos —
  • 11:27 - 11:33
    e a evitar a areia quente
    que está a atravessar.
  • 11:34 - 11:36
    Foi muito interessante.
  • 11:36 - 11:38
    Ficámos interessados
    na temperatura das pernas.
  • 11:38 - 11:42
    Assim, pusemos umas botinhas
    nessas pernas,
  • 11:42 - 11:46
    porque era uma forma de testar
    se as pernas estavam envolvidas
  • 11:46 - 11:49
    na sensação da temperatura do solo.
  • 11:49 - 11:51
    Se observarem aqui,
  • 11:51 - 11:54
    com botas, ele trepa para a bola
    menos vezes
  • 11:54 - 11:56
    do que quando não tinha botas.
  • 11:57 - 11:59
    Chamámos-lhes botas refrescantes.
  • 11:59 - 12:02
    Fizemo-las com material dentário.
  • 12:02 - 12:05
    Também arrefecemos a bola de excremento,
  • 12:05 - 12:07
    pusemos a bola no frigorífico.
  • 12:07 - 12:09
    Demos-lhe uma bola
    de excrementos, fria,
  • 12:09 - 12:11
    e eles trepavam para cima da bola
  • 12:11 - 12:13
    muito menos vezes do que
    quando tinham uma bola quente.
  • 12:13 - 12:15
    Chama-se a isto "intervalo de pausa".
  • 12:15 - 12:17
    É um comportamento térmico que nós temos
  • 12:17 - 12:19
    quando atravessamos uma praia,
  • 12:19 - 12:21
    saltamos para cima
    da toalha doutra pessoa,
  • 12:21 - 12:23
    — "Desculpe! Pisei a sua toalha!" —
  • 12:23 - 12:26
    depois corremos
    para a toalha doutra pessoa.
  • 12:26 - 12:27
    Dessa forma não queimamos os pés.
  • 12:27 - 12:30
    É exatamente isso
    que os escaravelhos fazem.
  • 12:30 - 12:33
    Mas há mais uma história
    que quero contar-vos
  • 12:33 - 12:36
    sobre esta espécie em particular.
  • 12:36 - 12:38
    É de um género chamado pachysoma.
  • 12:38 - 12:40
    Este género tem 13 espécies.
  • 12:40 - 12:45
    Têm um comportamento especial
    que devem achar interessante.
  • 12:46 - 12:50
    Este é um escaravelho.
    Reparem no que ele faz.
  • 12:51 - 12:53
    Conseguem ver a diferença?
  • 12:53 - 12:55
    Habitualmente, não andam tão devagar.
  • 12:55 - 12:57
    Este avança ao retardador.
  • 12:57 - 13:01
    Mas está a avançar
    e a arrastar um grânulo,
  • 13:01 - 13:04
    está a arrastar um grânulo
    de excrementos com ele.
  • 13:04 - 13:06
    É uma espécie diferente do mesmo género
  • 13:06 - 13:09
    mas tem exatamente o mesmo
    comportamento de procura de alimento.
  • 13:13 - 13:15
    O que é que se passa aqui?
  • 13:15 - 13:17
    Um aspeto muito interessante
  • 13:17 - 13:22
    do comportamento deste escaravelho
    que achámos muito fascinante
  • 13:22 - 13:26
    é que ele recolhe alimentos
    e abastece um ninho.
  • 13:26 - 13:29
    Observem este indivíduo aqui.
  • 13:29 - 13:31
    Está a tentar construir um ninho.
  • 13:32 - 13:34
    Não gosta da primeira posição
  • 13:34 - 13:36
    e arranja uma segunda posição.
  • 13:36 - 13:40
    Uns 50 minutos depois,
    o ninho está terminado
  • 13:40 - 13:43
    e ele parte para procurar
    alimentos e provisões
  • 13:43 - 13:45
    num monte de grânulos
    de excrementos secos.
  • 13:45 - 13:51
    Reparem no caminho de ida,
    em comparação com o caminho para casa.
  • 13:50 - 13:52
    Comparem os dois.
  • 13:53 - 13:56
    De longe, vemos que o caminho para casa
  • 13:56 - 13:58
    é muito mais direto
    do que o caminho de ida.
  • 13:58 - 14:01
    No caminho de ida está sempre à procura
  • 14:01 - 14:04
    de um novo monte de excrementos.
  • 14:04 - 14:05
    No caminho para casa,
  • 14:05 - 14:08
    — ele sabe onde é a casa —
    quer ir direitinho para lá.
  • 14:12 - 14:15
    O que é importante,
    é que não se trata apenas de uma viagem.
  • 14:15 - 14:17
    Como com a maior parte dos escaravelhos,
  • 14:17 - 14:20
    a viagem é repetida várias vezes
  • 14:20 - 14:23
    entre o local das provisões
    e o local do ninho.
  • 14:23 - 14:25
    Reparem, vamos ver
    mais um crime sul-africano
  • 14:25 - 14:27
    a ocorrer agora mesmo!
  • 14:27 - 14:28
    (Risos)
  • 14:28 - 14:31
    O vizinho rouba
    um dos grânulos de excremento.
  • 14:35 - 14:39
    Vemos aqui um comportamento
    a que se chama "integração do caminho".
  • 14:39 - 14:43
    O escaravelho tem um local
    para a sua casa,
  • 14:44 - 14:48
    sai num percurso complicado
    à procura de comida.
  • 14:48 - 14:52
    Quando encontra comida,
    volta logo para casa,
  • 14:52 - 14:54
    sabe exatamente onde é a sua casa.
  • 14:54 - 14:57
    Ora bem, há duas formas para fazer isso.
  • 14:57 - 15:01
    Podemos testar o que ele faz,
    deslocando o escaravelho
  • 15:01 - 15:04
    para uma outra posição,
    quando está no local dos alimentos.
  • 15:04 - 15:08
    Se ele usar as referências,
    vai encontrar a sua casa.
  • 15:08 - 15:14
    Se usar a "integração do caminho",
    não vai encontrar a sua casa,
  • 15:14 - 15:16
    vai chegar ao local errado.
  • 15:16 - 15:19
    Aqui, ele está a usar
    a integração do caminho.
  • 15:19 - 15:20
    Está a contar os passos,
  • 15:20 - 15:22
    a medir a distância nesta direção,
  • 15:22 - 15:24
    sabe onde é o alojamento,
  • 15:24 - 15:26
    sabe que deve ser naquela direção.
  • 15:26 - 15:29
    Se o deslocarmos,
    vai parar ao local errado.
  • 15:29 - 15:31
    Vejamos o que acontece
  • 15:31 - 15:33
    quando pomos este escaravelho à prova
  • 15:33 - 15:36
    com uma experiência semelhante.
  • 15:36 - 15:39
    Este é o nosso experimentador astucioso.
  • 15:41 - 15:44
    Desloca o escaravelho
  • 15:45 - 15:50
    e agora vamos ver o que vai acontecer.
  • 16:00 - 16:02
    Ele não gosta daquela peça. Rejeita-a.
  • 16:03 - 16:08
    Trepa para o papel
  • 16:08 - 16:10
    e é mudado para outra posição.
  • 16:10 - 16:12
    Agora, o que temos é uma toca.
  • 16:12 - 16:13
    Era onde estava a comida.
  • 16:13 - 16:16
    O escaravelho foi colocado noutra posição.
  • 16:16 - 16:18
    Se usar a orientação por referências
  • 16:18 - 16:20
    vai conseguir encontrar a toca
  • 16:20 - 16:22
    porque consegue reconhecer
  • 16:22 - 16:24
    as referências à volta dela.
  • 16:24 - 16:29
    Se usar a integração do caminho,
  • 16:29 - 16:32
    vai acabar no local errado,
  • 16:32 - 16:33
    neste sítio.
  • 16:33 - 16:35
    Vamos ver o que acontece,
  • 16:37 - 16:40
    quando fazemos a experiência
    com o escaravelho
  • 16:45 - 16:48
    Lá está ele.
  • 16:48 - 16:50
    Está em vias de avançar para casa.
  • 16:50 - 16:52
    e vejam o que é que acontece.
  • 16:54 - 16:55
    Que vergonha.
  • 16:57 - 16:58
    Não faz a mínima ideia.
  • 16:59 - 17:01
    Começa à procura da sua casa.
  • 17:01 - 17:04
    à distância certa da comida
  • 17:04 - 17:07
    mas está nitidamente perdido.
  • 17:08 - 17:11
    Sabemos assim que este animal
  • 17:11 - 17:14
    usa a interação do caminho
    para encontrar a direção.
  • 17:14 - 17:18
    O experimentador cruel sai
    pelo canto em cima à esquerda
  • 17:19 - 17:21
    O que vemos aqui
  • 17:21 - 17:24
    é um grupo de animais
    que usa uma bússola.
  • 17:24 - 17:27
    Usam o sol como uma bússola
    para encontrar o seu caminho
  • 17:27 - 17:32
    e têm um sistema qualquer
    para medir essa distância.
  • 17:32 - 17:36
    Sabemos que esta espécie aqui
    conta os passos.
  • 17:36 - 17:39
    É isso que usam como um odómetro,
  • 17:39 - 17:41
    é um sistema de contagem de passos
  • 17:42 - 17:46
    para encontrar o caminho
    de regresso a casa.
  • 17:46 - 17:49
    Não sabemos ainda o que é
    que os escaravelhos usam.
  • 17:49 - 17:51
    O que é que aprendemos com estes animais
  • 17:51 - 17:55
    com um cérebro do tamanho
    de um grão de arroz?
  • 17:55 - 17:59
    Sabemos que rebolam bolas
    em linha reta
  • 17:59 - 18:01
    usando pistas celestiais.
  • 18:01 - 18:04
    Sabemos que o comportamento de dança
    é um comportamento de orientação
  • 18:04 - 18:07
    e é também um comportamento
    termorregulador,
  • 18:07 - 18:12
    e também sabemos que usam
    um sistema de integração do caminho.
  • 18:12 - 18:14
    para encontrar o caminho para casa.
  • 18:14 - 18:15
    Para um animal tão pequeno,
  • 18:15 - 18:17
    que lida com uma substância
    tão repugnante,
  • 18:17 - 18:21
    podemos aprender
    uma grande quantidade de comportamentos.
  • 18:21 - 18:24
    Fazem coisas que nós
    provavelmente não fazemos.
  • 18:24 - 18:26
    Obrigado.
  • 18:26 - 18:27
    (Aplausos)
Title:
Pés quentes e cabeça fria — razões para os escaravelhos dançarem | Professor Marcus Byrne | TEDxWitsUniversity
Description:

Os interesses da investigação de Marcus Byrne concentram-se no uso dos insetos para controlo biológico. Esta palestra desvenda alguns dos segredos da sobrevivência dos escaravelhos e a sua adaptação ao meio ambiente.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
18:31

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