O homem mais feliz do mundo - a história do sobrevivente de 99 anos do holocausto | Eddie Jaku | TEDxSydney

Nesta palestra bonita e comovente, o autoproclamado "homem mais feliz do mundo", Eddie Jaku, conta a história dele de amor e sobrevivência. Eddie Jaku era um judeu que morava na Alemanha no início da Segunda Guerra Mundial. A história dele de sobrevivência estende-se por 12 anos, desde a ascensão de Hitler ao poder em 1933 até a libertação em 1945. Ele via a morte todos os dias durante a guerra e, como sobreviveu, prometeu a si mesmo sorrir todos os dias.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

Meus caros novos amigos...

(Risos)

Meu nome é Eddie Jaku,

e estou diante de vocês hoje,

sobrevivente do Holocausto

e testemunha dos crimes mais trágicos

da história da humanidade.

Eu era um jovem alemão orgulhoso.

Achava que essa era a melhor civilização

que poderia ser dada a um jovem como eu.

Como eu estava errado.

No dia 9 de novembro de 1938,

voltei do colégio interno,

onde vivi sob um nome falso por cinco anos

porque eu era judeu.

Vivia longe de minha família, como órfão,

recebendo educação

e sob enorme pressão e medo
de que alguém descobrisse

que eu não era Walter Shleiss
que fingia ser.

Eu estava em grande perigo.

Naquela noite fatídica,
eu havia chegado em casa,

mas minha família havia se escondido,

e eu estava sozinho.

Fui dormir com meu cachorro por perto.

Às 5 da manhã de 10 de novembro de 1938,

10 nazistas arrombaram
a porta de nossa casa.

Tenho vergonha de contar
o que eles fizeram comigo.

Foi tão ruim que acreditei:
"Eddie, você vai morrer hoje".

Depois, eles me fizeram testemunhar
a demolição de nossa casa de 200 anos

e o assassinato de meu amado cão Lulu,

que havia tentado me proteger.

Diante de meus olhos.

Perdi minha dignidade, minha liberdade

e minha fé na humanidade.

Perdi tudo pelo que vivi.

Fui reduzido de homem a nada.

O que será que aconteceu
com meu país, onde nasci,

o país dos meus antepassados,

o país que produziu Schiller,
Goethe, Beethoven e Mozart?

O que será que aconteceu
com meus amigos alemães,

que se tornaram assassinos?

Na época, nenhum de nós entendia

que "Kristallnacht",
a "Noite dos Cristais",

quando as frentes das lojas de propriedade
dos judeus foram destruídas,

as lojas saqueadas

e as casas e sinagogas incendiadas,

era apenas o começo do pesadelo
de algo muito pior que estava por vir.

Naquele dia, fui levado
para meu primeiro campo de concentração,

Buchenwald,

onde fiquei com outros 11 mil judeus

por cerca de cinco meses.

Em 2 de maio de 1939, fui libertado.

Meu pai me pegou e me levou para Aachen.

Depois de dez horas de carro,
fizemos um acordo com um contrabandista

para nos levar para a Bélgica.

Passei duas semanas lá com meu pai,
em um apartamento,

até ser preso pela polícia da Bélgica
como alemão, não como judeu,

e internado em um campo
com 4 mil outros alemães.

Em 10 de maio de 1940,
o campo foi fechado.

Nos separamos em Dunquerque,
e continuei rumo a Lyon.

Lá, fui preso pela polícia francesa

e enviado para Gurs, um campo
terrível com 6 mil alemães.

Após minhas internações em campos,

fui finalmente levado
para o que se tornou meu inferno na Terra:

Auschwitz.

Meus pais e minha irmã também
foram levados para Auschwitz,

e eu nunca mais voltaria a ver meus pais.

Não tive a chance de me despedir
de minha querida mãe.

E sinto falta dela
todos os dias de minha vida.

Se vocês tiverem a oportunidade hoje,

vão pra casa e digam à mãe de vocês
o quanto vocês a amam.

Por favor, façam isso
pelo seu novo amigo, Eddie.

Tive muita sorte.

Consegui escapar da que ficou conhecida
como "a marcha da morte".

Me escondi em uma floresta,
sozinho, por muitos meses,

antes de ser encontrado
pelo exército norte-americano.

Mas estou aqui hoje, um homem feliz,

que desfruta a vida com uma esposa
maravilhosa e uma família linda.

Não odeio ninguém.

O ódio é uma doença,

que pode destruir nosso inimigo,

mas também nos destruirá no processo.

(Aplausos)

Estou fazendo todo o possível

para tornar este mundo
um lugar melhor para todos.

E imploro a todos vocês
que façam o seu melhor também.

Vamos garantir que essa
tragédia terrível, a pior da história,

nunca ocorra novamente

e que também nunca jamais seja esquecida.

Depois de muitos anos passando
dificuldades e me escondendo,

no dia 7 de setembro de 1945,

após uma longa viagem de trem,

voltei para a Bélgica sem documentos.

Pouco depois, conheci minha esposa,
Flore, e me casei com ela,

com quem estou casado há 73 anos.

(Vivas) (Aplausos)

Obrigado.

Naquela época, eu não era um homem feliz.

(Risos)

Eu não gostava de estar entre as pessoas.

Isso foi até o nascimento
de nosso primeiro filho, Michael.

Naquele momento, meu coração foi curado
e minha felicidade retornou em abundância.

Prometi, daquele dia
até o fim de minha vida,

ser feliz, sorrir,

ser educado, prestativo e gentil.

Também prometi nunca voltar
a pisar em solo alemão.

Hoje, estou diante de vocês,

um homem que cumpriu
todas essas promessas.

Minha maior felicidade
vem da minha família,

minha esposa, meus dois filhos,
Michael e Andre,

meus muitos netos e bisnetos,

que trazem muita alegria.

Hoje, ensino e compartilho a felicidade
com todos que conheço.

A felicidade não cai do céu;

ela está nas nossas mãos.

Se você for saudável e feliz,
você é um milionário.

(Risos)

A felicidade também traz boa saúde
ao corpo e à mente,

e atribuo meus 99 anos de saúde

principalmente à atitude positiva e feliz.

(Aplausos)

Uma flor é o meu jardim;
um bom amigo é o meu mundo.

Os jovens de hoje se esquecem de parar.

Eles estão sempre correndo

e não sabem para onde estão correndo.

(Risos)

Você deve reservar um tempo
para ser feliz e aproveitar a vida.

Há tempo para rir e tempo para chorar.

Vejo coisas boas na vida.

Convide um amigo ou familiar
para uma refeição.

Vá caminhar.

O amanhã chegará,

mas aproveite primeiro o hoje!

(Aplausos)

Eu me pergunto como existem
pessoas sem amigos,

sem alguém com quem compartilhar
segredos, esperanças e sonhos,

boa sorte ou tristes perdas.

Na doçura da amizade,

que haja risos e compartilhamento
de sensações de alegria.

Os bons tempos melhoram
e os maus tempos são esquecidos

devido à magia da amizade.

Eu, quando acordo, sou feliz

porque é mais um dia para desfrutar.

Quando me lembro que eu deveria
ter tido uma morte horrível,

mas que, em vez disso, estou vivo,

tento ajudar as pessoas
que estão abatidas.

Eu estava no fundo do poço.

Então, se consigo fazer
uma pessoa infeliz sorrir,

eu fico feliz.

(Aplausos)

Obrigado.

Lembrem-se destas palavras:

"Por favor, não ande na minha frente.

Talvez eu não consiga segui-lo.

Por favor, não ande atrás de mim.

Talvez eu não consiga liderar.

Ande apenas ao meu lado

e seja meu amigo".

(Aplausos)

Terminarei minha palestra com um desejo
do meu coração para o coração de todos.

Que vocês tenham sempre
muito amor para compartilhar,

muita boa saúde de sobra

e muitos bons amigos que se importam.

Obrigado por me darem o privilégio
de falar com vocês hoje.

Obrigado.

(Aplausos) (Vivas)