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Porquê ler "Fahrenheit 451"?

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    "Era um prazer incendiar.
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    "Era um prazer especial
    ver as coisas devoradas,
  • 0:11 - 0:14
    "ver as coisas enegrecidas
    e deformadas".
  • 0:14 - 0:18
    Fahrenheit 451 começa
    com uma fogueira gloriosa
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    e, logo a seguir, ficamos a saber
    o que é que está em chamas.
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    O romance de Ray Bradbury
    imagina um mundo
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    onde os livros são eliminados
    de todas as áreas da vida,
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    é proibido tê-los e muito menos lê-los
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    O protagonista, Montag, é um bombeiro
    responsável por destruir os que restam.
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    Mas quando o seu prazer dá lugar à dúvida.
  • 0:40 - 0:44
    a história coloca questões críticas
    sobre como preservar o nosso espírito
  • 0:44 - 0:48
    numa sociedade em que a vontade,
    a liberdade de expressão e a curiosidade
  • 0:48 - 0:50
    são destruídas pelo fogo.
  • 0:50 - 0:54
    No mundo de Montag, os "media"
    têm o monopólio da informação,
  • 0:54 - 0:58
    eliminando quase toda a capacidade
    de pensamento independente.
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    No metro, os anúncios ocupam
    as paredes todas.
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    Em casa, Mildred, a mulher de Montag,
    ouve a rádio 24 horas por dia
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    e três das paredes da sala
    estão ocupadas por ecrãs.
  • 1:10 - 1:14
    No trabalho, o cheiro do querosene
    paira sobre os colegas de Montag,
  • 1:14 - 1:19
    que fumam e atiçam o cão mecânico
    atrás das ratazanas para passar o tempo.
  • 1:19 - 1:24
    Quando soa a sirene, correm
    para os veículos com forma de salamandras,
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    por vezes, para reduzir a cinzas
    bibliotecas inteiras.
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    Mas, à medida que incendeia livros,
    dia após dia, como "borboletas negras",
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    o espírito de Montag por vezes pensa
    no contrabando escondido em sua casa.
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    Pouco a pouco, começa a questionar
    o objetivo do seu trabalho.
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    Montag apercebe-se que sempre
    se sentiu incomodado
  • 1:44 - 1:47
    mas faltavam-lhe as palavras adequadas
    para exprimir os seus sentimentos
  • 1:47 - 1:52
    numa sociedade em que proferir a frase
    "era uma vez" podia ser fatal.
  • 1:53 - 1:55
    "Fahrenheit 451" descreve um mundo
  • 1:55 - 1:59
    governado pela vigilância,
    pela robótica e pela realidade virtual
  • 1:59 - 2:05
    — uma visão clarividente, mas que também
    falava das preocupações da época.
  • 2:05 - 2:09
    O romance foi publicado em 1953,
    no auge da Guerra Fria.
  • 2:10 - 2:13
    Naquela época alimentava-se
    uma paranoia e um receio alargados
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    por todo o país natal de Bradbury, os EUA,
  • 2:16 - 2:21
    amplificados pela supressão de informações
    e pelas brutais investigações do governo.
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    Em especial, esta mentalidade
    de caça às bruxas
  • 2:24 - 2:29
    visava artistas e escritores que eram
    suspeitos de simpatias comunistas.
  • 2:29 - 2:32
    Bradbury ficou alarmado com esta
    repressão cultural.
  • 2:32 - 2:36
    Acreditava que era um precedente
    perigoso para uma censura maior
  • 2:36 - 2:39
    e lembrou-se da destruição
    da Biblioteca de Alexandria
  • 2:39 - 2:42
    e da queima de livros
    dos regimes fascistas.
  • 2:42 - 2:46
    Explorou estas ligações tenebrosas
    em Fahrenheit 451,
  • 2:46 - 2:50
    cujo título remete para a temperatura
    a que arde o papel.
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    O rigor desta temperatura
    tem sido questionado
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    mas isso não diminui o estatuto do romance
  • 2:55 - 2:58
    enquanto obra-prima da ficção distópica.
  • 2:58 - 3:00
    A ficção distópica, enquanto género,
  • 3:00 - 3:03
    amplifica as características inquietantes
    do mundo à nossa volta
  • 3:03 - 3:07
    e imagina as consequências
    de as levar a um extremo.
  • 3:07 - 3:09
    Em muitas histórias distópicas
  • 3:09 - 3:13
    o governo impõe restrições
    sobre cidadãos relutantes.
  • 3:13 - 3:15
    Mas em "Fahrenheit 451",
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    Montag chega à conclusão
    de que foi a apatia das massas
  • 3:18 - 3:21
    que deu origem ao regime em vigor.
  • 3:21 - 3:22
    O governo apenas capitalizou
  • 3:22 - 3:26
    os episódios de pouca atenção
    e o apetite pelo entretenimento oco
  • 3:26 - 3:29
    que reduzem a cinzas
    a circulação das ideias.
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    À medida que a cultura desaparece,
    segue-se a imaginação e a livre expressão.
  • 3:34 - 3:37
    Até a forma como as pessoas falam,
    é curtocircuitada
  • 3:37 - 3:40
    — como quando o Capitão Beatty,
    o patrão de Montag,
  • 3:40 - 3:42
    descreve a aceleração
    da cultura de massas:
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    "Acelera o filme, Montag, depressa.
    Clique? Olha, Olho, Agora, Flique, Aqui,
  • 3:47 - 3:52
    "Ali, Rápido, Ritma, Para cima, Para Baixo,
    Sai, Porquê, Como, Quem, O quê, Onde,
  • 3:52 - 3:58
    "Ei?, Uh! Bang! Bate! Força! Bing, Bang,
    Bum, Resume, Digere, Digere, Digere.
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    "Política? Uma coluna, duas frases,
    um cabeçalho!
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    "Depois, no ar, tudo desaparece!"
  • 4:04 - 4:08
    Neste mundo árido, Montag aprende
    como é difícil resistir
  • 4:08 - 4:11
    quando não há nada a que se agarrar.
  • 4:11 - 4:15
    No todo, "Fahrenheit 451" é um retrato
    do pensamento independente
  • 4:15 - 4:17
    à beira da extinção
  • 4:17 - 4:20
    e uma parábola sobre
    uma sociedade que é cúmplice
  • 4:20 - 4:22
    da sua própria combustão.
Title:
Porquê ler "Fahrenheit 451"?
Speaker:
Iseult Gillespie
Description:

Ver lição completa: https://ed.ted.com/lessons/why-should-you-read-fahrenheit-451-iseult-gillespie

O romance de Ray Bradbury imagina um mundo onde é proibido ter livros ou lê-los. O protagonista, Montag, é um bombeiro responsável por destruir os que restam. A história coloca a questão: como podemos preservar o nosso espírito numa sociedade em que a vontade, a liberdade de expressão e a curiosidade são destruídas pelo fogo? Iseult Gillespie examina o que torna este romance distópico num clássico.

Lição de Iseult Gillespie, realização de Anton Bogaty.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TED-Ed
Duration:
04:22

Portuguese subtitles

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