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A solidão das mães especiais - seja rede, seja aldeia | Lau Patrón | TEDxUnisinos

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    É preciso uma aldeia inteira
    pra educar uma criança.
  • 0:24 - 0:25
    Dizem.
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    Até que essa criança
    tenha necessidades especiais.
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    Esse é o limite desse provérbio
    bonito africano que se usa tanto hoje.
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    Quando se toca nessa maternidade especial,
    na maternidade que ninguém quer,
  • 0:41 - 0:42
    ninguém vê,
  • 0:42 - 0:44
    e sobre a qual todos têm medo de falar,
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    a gente cruza uma linha importante
    e do outro lado a aldeia se desfaz.
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    Segundo a ONU, 1 bilhão de pessoas
    no mundo têm algum tipo de deficiência.
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    Um bilhão, dos 7,5 bilhões
    que somos todos.
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    Vocês sabiam disso?
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    Eu não sabia.
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    Há cinco anos eu não sabia
    muitas das coisas que eu sei hoje,
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    por uma razão bem simples:
  • 1:11 - 1:12
    eu não precisava saber.
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    Eu nunca quis ser mãe.
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    Nunca me achei capaz
    de educar outro ser humano,
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    com a responsabilidade de ensinar
    pra ele aquilo que eu mesma não sei.
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    Nunca achei que eu era boa o suficiente
    pro cargo endeusado das mães.
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    Mas a vida sempre foi meio danada comigo.
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    E, com 22 anos e nenhuma vontade,
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    eu engravidei.
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    E senti a conexão mais potente
    da minha vida começar.
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    No processo de gravidez, eu troquei muito
    com o meu companheiro na época.
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    A gente tinha muitas dúvidas
    sobre quem o nosso filho seria.
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    A gente debateu tudo, todos os tabus
    que a gente encontrou pelo caminho.
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    A gente falou sobre afeto,
    doação, entrega.
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    Falamos sobre uma educação
    feminista, igualitária.
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    Pensamos em como abordaríamos assuntos
    como sexualidade, raça, privilégio.
  • 2:07 - 2:09
    Pensamos também o que faríamos
  • 2:09 - 2:12
    se esse menino que estava
    chegando no mundo
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    quisesse ser artista de circo,
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    ou tivesse uma opinião política
    diferente da nossa,
  • 2:18 - 2:20
    ou gostasse de música sertaneja.
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    A gente pensou em diversidade,
    mas de forma incompleta.
  • 2:27 - 2:32
    Nunca pensamos que o que aconteceria
    com a gente seria um outro desafio,
  • 2:32 - 2:35
    que chegaria tão cedo
    e que quase perderíamos o João.
  • 2:36 - 2:40
    Eu quis sempre ter a certeza
    que o meu filho teria amor e espaço.
  • 2:41 - 2:43
    Mas eu não sabia o que estava por vir.
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    Então, quando o João
    tinha um ano e oito meses,
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    e a essa altura era o sol, o meu sol,
  • 2:51 - 2:55
    e corria por tudo e falava bastante,
    e aprontava muito,
  • 2:56 - 2:59
    o corpo dele colapsou, do nada.
  • 3:00 - 3:04
    A doença grave e muito violenta,
    que hoje a gente conhece,
  • 3:04 - 3:07
    nos pegou desprevenidos
    numa virada de esquina.
  • 3:07 - 3:12
    No domingo a gente estava no parque,
    pulando numa cama elástica, se divertindo.
  • 3:12 - 3:15
    Na segunda, entrando em um hospital,
  • 3:15 - 3:18
    de onde a gente demoraria
    71 dias pra sair.
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    Eu lembro ainda da sensação
    de estar sendo levada pra UTI
  • 3:24 - 3:26
    e, naquele momento, ter certeza
  • 3:26 - 3:28
    que a nossa vida
    nunca mais ia ser a mesma.
  • 3:29 - 3:33
    O João foi diagnosticado
    com uma doença rara e sofreu um grave AVC.
  • 3:45 - 3:48
    É muito difícil falar
    sobre isso ainda hoje,
  • 3:48 - 3:50
    porque são essas coisas
    que a gente não espera
  • 3:50 - 3:52
    que vão acontecer na nossa vida.
  • 3:52 - 3:54
    O diagnóstico parecia
    uma ficção científica,
  • 3:54 - 3:57
    o nome da doença é SHUa
    e eu não conhecia.
  • 3:57 - 4:00
    É uma doença raríssima e muito fatal,
  • 4:00 - 4:04
    que até dez anos atrás tinha
    taxa de mortalidade de 100%.
  • 4:04 - 4:06
    E era isso que estava
    acontecendo com o meu filho.
  • 4:06 - 4:08
    Ele estava morrendo.
  • 4:08 - 4:11
    Nos 71 dias, em muitos desses 71 dias,
    ele estava morrendo.
  • 4:12 - 4:15
    E por isso, quando ele sobreviveu,
  • 4:16 - 4:19
    as sequelas do AVC
    eram a parte do problema
  • 4:19 - 4:21
    que eu estava disposta a enfrentar.
  • 4:22 - 4:25
    Foi assim que o mundo totalmente estranho
    das necessidades especiais
  • 4:25 - 4:26
    começou pra nós.
  • 4:27 - 4:29
    E o João se tornou parte dessa minoria
  • 4:29 - 4:30
    gigantesca
  • 4:30 - 4:32
    de 1 bilhão de pessoas.
  • 4:33 - 4:37
    Foi assim que a cadeira de rodas se tornou
    a forma dele de navegar no mundo.
  • 4:37 - 4:41
    E eu aprendi a ler olhares e gestos,
    e precisar menos das palavras.
  • 4:43 - 4:45
    Os meses da volta pra casa
    foram devastadores.
  • 4:46 - 4:48
    O João não controlava mais
    o próprio corpo,
  • 4:48 - 4:53
    ele não sentava, ele não falava,
    ele não comia, ele não andava.
  • 4:53 - 4:57
    As melhoras eram pequenas
    e muito graduais.
  • 4:57 - 4:59
    O tempo tinha outro ritmo.
  • 4:59 - 5:01
    Eu tive que reaprender a dançar.
  • 5:01 - 5:04
    Mas a ficha só caiu mesmo
    na volta pra escola,
  • 5:04 - 5:08
    quando, numa reunião de pais
    pra explicar a entrada do João na turma,
  • 5:08 - 5:13
    uma mãe ignorou a minha presença,
    se virou para a professora e disse:
  • 5:13 - 5:17
    "O meu filho é pequeno demais
    pra conviver com esse problema".
  • 5:17 - 5:20
    E "esse problema" era o João.
  • 5:21 - 5:23
    Com dois anos, o meu filho
    deixou de ser um menino
  • 5:23 - 5:25
    pra virar um problema.
  • 5:25 - 5:29
    E passou a saber o que é
    não ser desejado cedo demais.
  • 5:32 - 5:36
    Um dia uma médica me disse:
    "O cérebro é sagrado.
  • 5:36 - 5:40
    Ainda tem muita vida pela frente,
    umas mil possibilidades".
  • 5:41 - 5:45
    No meio de tantos diagnósticos péssimos
    e nossos medos, e as nossas inseguranças,
  • 5:45 - 5:48
    e um reencontro com a sociedade tão duro,
  • 5:48 - 5:52
    eu não sei dizer de onde
    a gente tirou tanta força.
  • 5:52 - 5:55
    Mas eu sei dizer uma coisa
    sobre as palavras ditas com afeto:
  • 5:55 - 6:00
    elas têm o poder de ecoar
    dentro da gente por tempo indeterminado.
  • 6:01 - 6:03
    E assim passaram cinco anos.
  • 6:04 - 6:07
    Cinco anos de tratamentos
    intensos de reabilitação,
  • 6:07 - 6:11
    que nos exigiram muito esforço,
    muito estudo, muita coragem.
  • 6:12 - 6:15
    Cinco anos assistindo ao João tentar,
  • 6:15 - 6:16
    no passo dele,
  • 6:16 - 6:18
    voltar a conversar com o próprio corpo.
  • 6:19 - 6:21
    E passar de todas
    as barreiras que disseram
  • 6:21 - 6:24
    que pra ele seriam impossíveis.
  • 6:25 - 6:26
    Ele reaprendeu a sentar.
  • 6:27 - 6:30
    Liberou as mãozinhas de novo,
    que hoje amam desenhar.
  • 6:31 - 6:34
    Ele encontrou de novo
    o caminho das palavras,
  • 6:34 - 6:37
    que são poucas hoje ainda,
    mas que mudaram o nosso mundo.
  • 6:38 - 6:42
    Fica de pé milésimos a mais,
    a cada mês que passa.
  • 6:42 - 6:44
    Passou pra primeira série
    em tempo regular.
  • 6:45 - 6:50
    E é esse menino, amoroso,
    corajoso e muito inteligente
  • 6:50 - 6:52
    que faz parecer ser fácil
  • 6:52 - 6:53
    o que não é.
  • 6:54 - 6:57
    Ele faz parecer ser fácil porque o João
    tem um movimento muito natural
  • 6:57 - 7:00
    de deixar a dor vir e não se abraçar nela.
  • 7:01 - 7:04
    E uma alegria que é a mais honesta
    que eu já conheci.
  • 7:04 - 7:07
    E é o modo operante
    que ele escolheu de estar no mundo.
  • 7:08 - 7:11
    Toda vez que alguém descreve
    o caso do João como milagre,
  • 7:11 - 7:17
    eu me lembro que esse milagre foi
    e ainda é feito de muito suor.
  • 7:17 - 7:19
    E falo no ouvido dele baixinho
  • 7:19 - 7:21
    o quanto eu me orgulho
    do menino que ele se tornou.
  • 7:24 - 7:27
    Alguns meses atrás eu comecei
    um processo de estudo
  • 7:27 - 7:29
    pra escrever um livro sobre inclusão.
  • 7:30 - 7:33
    Comecei a entrevistar outras mães
    e profissionais da área, educadores.
  • 7:34 - 7:38
    E nessas entrevistas um assunto voltava
    recorrentemente e me incomodava.
  • 7:39 - 7:41
    A solidão das mães ditas especiais.
  • 7:42 - 7:46
    Não que eu não tenha sentido essa solidão
    em nenhum momento, muito pelo contrário.
  • 7:46 - 7:49
    Eu acho que a gente sente tanto
    que se acostuma.
  • 7:50 - 7:52
    Mas eu estava ignorando o assunto.
  • 7:52 - 7:55
    Aquela velha coisa de botar
    nossos problemas pra baixo do tapete
  • 7:55 - 7:57
    e pensar depois.
  • 7:57 - 7:59
    Outra hora. Quem sabe amanhã.
  • 8:00 - 8:02
    É preciso uma aldeia inteira
    pra educar uma criança,
  • 8:02 - 8:05
    mas nos nossos casos,
    na maioria das vezes,
  • 8:05 - 8:09
    o que temos são amigos
    que não querem se aproximar.
  • 8:09 - 8:11
    Parentes que têm medo
    e não querem se envolver.
  • 8:11 - 8:17
    Tios que não vão levar essa criança
    pra passear, nunca, num sábado de tarde.
  • 8:18 - 8:21
    Mães de colegas que não convidam
    pra dormir na sua casa,
  • 8:21 - 8:24
    convites de aniversário que não chegam.
  • 8:24 - 8:26
    Avós que dizem não ter mais idade.
  • 8:27 - 8:29
    Pais que estão, mas não muito.
  • 8:29 - 8:30
    Pais que vão embora.
  • 8:32 - 8:35
    Olhando profundamente,
    a verdade é que muitas vezes
  • 8:35 - 8:38
    a mãe é a aldeia inteira dessa criança.
  • 8:38 - 8:41
    E ela vai tentar ser
    com toda a força dela.
  • 8:41 - 8:46
    E ela vai se esforçar e se cobrar
    pra dar conta de todos aqueles papéis.
  • 8:46 - 8:48
    E ela vai falhar,
  • 8:48 - 8:49
    invariavelmente.
  • 8:49 - 8:51
    Ela não tem nenhuma chance.
  • 8:53 - 8:56
    Esses tempos eu recebi um convite
    de aniversário de um colega do João.
  • 8:56 - 8:58
    Era uma festa do pijama.
  • 8:58 - 9:02
    Dessas que tem as cabaninhas
    e as crianças dormem na festa.
  • 9:02 - 9:03
    Eu gelei.
  • 9:04 - 9:06
    Porque já está em mim saber
    que pro meu filho
  • 9:06 - 9:08
    os convites são diferentes.
  • 9:09 - 9:11
    Eu não respondi pra mãe, demorei dias,
  • 9:11 - 9:15
    deixei passar aquele prazo
    de confirmação pra festinha.
  • 9:15 - 9:18
    E uns dois dias antes da festa,
    eu procurei ela.
  • 9:18 - 9:19
    Mandei uma mensagem.
  • 9:19 - 9:23
    "Escuta, vou... acho que vou levar o João
  • 9:23 - 9:26
    pelo menos para que ele fique
    três horinhas com os colegas.
  • 9:26 - 9:29
    Que ele possa estar com os amigos
    num momento de celebração
  • 9:29 - 9:31
    e depois eu busco ele.
  • 9:31 - 9:32
    Não vai rolar dormir, né".
  • 9:33 - 9:38
    E ela me respondeu: "Se tu topar,
    eu queria tentar que ele dormisse".
  • 9:40 - 9:43
    Eu fiquei meio chocada
    porque eu não esperava a resposta dela.
  • 9:43 - 9:46
    Quantas mães no lugar dela
    estariam dispostas?
  • 9:48 - 9:50
    Nós decidimos juntas tentar.
  • 9:50 - 9:52
    E o João não voltou pra casa
    naquele sábado.
  • 9:54 - 9:58
    Diz que ele aproveitou muito,
    que estava feliz e muito bagunceiro.
  • 9:58 - 10:00
    Diz que comeu bastante cachorro-quente,
  • 10:00 - 10:03
    derrubou várias cabaninhas por gosto.
  • 10:03 - 10:08
    Rolou pra dentro de reuniões secretas
    das meninas sem autorização.
  • 10:09 - 10:11
    E foi o último a dormir.
  • 10:11 - 10:12
    Feliz.
  • 10:13 - 10:17
    Naquela noite, eu me senti uma mãe normal.
  • 10:18 - 10:21
    Grudada no celular,
    acordada a madrugada inteira,
  • 10:21 - 10:24
    cuidando para ver se algum fenômeno
    da natureza tinha tirado o meu celular,
  • 10:24 - 10:26
    tinha botado no silencioso,
  • 10:26 - 10:27
    mas normal.
  • 10:28 - 10:30
    E esse dia me ensinou muitas coisas.
  • 10:30 - 10:33
    Sobre a normalidade do meu próprio filho.
  • 10:33 - 10:37
    Sobre como medos nos impedem
    de viver experiências importantes.
  • 10:37 - 10:39
    Sobre a minha coragem e a coragem do outro
  • 10:39 - 10:42
    que quando se encontram
    podem ser tão potentes.
  • 10:42 - 10:44
    E sobre ter uma rede.
  • 10:44 - 10:46
    Disposta, a fim de tentar.
  • 10:47 - 10:50
    Inclusão parece uma palavra difícil.
  • 10:51 - 10:55
    Um movimento grande
    que cabe a grandes esferas
  • 10:55 - 10:57
    e se ensina em livros complicados.
  • 10:57 - 11:00
    Mas a verdade é que a mudança
    cabe na mão de cada um de nós.
  • 11:01 - 11:04
    Na escolha de pequenos
    gestos com gentileza,
  • 11:04 - 11:06
    na empatia pela dor do outro,
  • 11:06 - 11:09
    numa abertura pela
    diversidade como um todo.
  • 11:10 - 11:12
    Precisamos mudar o nosso ponto de vista
  • 11:12 - 11:18
    e entender que lugares são deficientes,
    ideias são deficientes.
  • 11:18 - 11:21
    O marketing, o planejamento,
    o design é deficiente.
  • 11:21 - 11:22
    Não as pessoas.
  • 11:23 - 11:26
    E ultrapassar barreiras óbvias, por afeto.
  • 11:32 - 11:35
    As pessoas me perguntam:
    "Por onde eu posso começar?"
  • 11:35 - 11:37
    Você já olhou sua calçada hoje?
  • 11:38 - 11:42
    Você conseguiria atravessar ela
    se estivesse numa cadeira de rodas?
  • 11:43 - 11:45
    Esqueçam as vagas prioritárias.
  • 11:45 - 11:48
    Nem por cinco minutos,
    nem por cinco segundos.
  • 11:48 - 11:51
    Elas não foram feitas pra vocês.
  • 11:51 - 11:54
    Foram feitas para 1 bilhão
    de pessoas, lembra?
  • 11:55 - 11:59
    Perguntem na escola do filho de vocês
    qual é o posicionamento sobre inclusão.
  • 11:59 - 12:02
    Uma escola que não tem
    capacidade e desejo de olhar
  • 12:02 - 12:04
    pras diferenças gritantes do meu filho
  • 12:04 - 12:08
    não vai ter sensibilidade
    pra olhar pras sutis do seu.
  • 12:10 - 12:11
    O meu convite vai além.
  • 12:12 - 12:14
    Sejam aldeia, sejam rede.
  • 12:15 - 12:18
    Sabe aquela amiga que tem um filho
    com paralisia cerebral?
  • 12:18 - 12:19
    Liga pra ela hoje.
  • 12:19 - 12:22
    Pergunta como é que ela está,
    com disponibilidade pra escutar.
  • 12:23 - 12:26
    Parece simples, mas me acontece raramente.
  • 12:27 - 12:29
    Ou aquela mãe de um coleguinha
    que tem uma doença rara.
  • 12:30 - 12:32
    Convida pro parquinho.
  • 12:32 - 12:36
    Pega essa criança no colo,
    tenta olhar com alguma normalidade.
  • 12:36 - 12:38
    Às vezes não é tão ruim.
  • 12:38 - 12:40
    É só diferente.
  • 12:40 - 12:42
    Inclusão não é um favor.
  • 12:42 - 12:45
    É um processo de melhora
    do mundo para todos.
  • 12:46 - 12:49
    É entender a diversidade como força
    e não como fraqueza.
  • 12:55 - 13:00
    É buscar soluções de ensino,
    de trânsito, de olhar, de convivência;
  • 13:00 - 13:03
    que abracem todas as pessoas
    como elas são.
  • 13:05 - 13:09
    Respeito que subestima
    não é respeito, é pena.
  • 13:09 - 13:13
    Inclusão, pra mim, é olhar
    pras diferenças do outro,
  • 13:13 - 13:15
    respeitar as diferenças do outro,
  • 13:16 - 13:17
    olhando de igual pra igual.
  • 13:18 - 13:21
    Nós já passamos de muitas fronteiras
    na nossa história.
  • 13:21 - 13:25
    Já ultrapassamos muitas
    que desumanizaram o João,
  • 13:25 - 13:27
    que tiraram ele da caixinha do perfeito,
  • 13:27 - 13:30
    tiraram ele da caixinha
    do bonito, do aceitável,
  • 13:30 - 13:32
    pra resumir ele a uma cadeira de rodas
  • 13:32 - 13:33
    ou a problema.
  • 13:33 - 13:39
    Aliás, por favor, nunca resumam
    uma pessoa a problema.
  • 13:40 - 13:43
    Vocês correm o risco
    dessa pessoa acreditar nisso.
  • 13:44 - 13:46
    Por outro lado, em contrapartida,
  • 13:46 - 13:49
    essas mesmas fronteiras
    nos fizeram crescer muito.
  • 13:50 - 13:53
    Nos desumanizando,
    nos humanizaram muito mais.
  • 13:54 - 13:57
    Foi recebendo olhares tão duros
  • 13:57 - 13:59
    que eu consegui olhar pro outro
    com mais candura.
  • 14:00 - 14:03
    E ultrapassando linhas improváveis
    e outras impossíveis
  • 14:03 - 14:07
    que eu achei a felicidade genuína,
    porque não precisa esconder a dor.
  • 14:09 - 14:12
    A gente se sente frágil
    quando precisa pedir,
  • 14:12 - 14:14
    mas a verdade é que toda mãe
    precisa de uma rede.
  • 14:16 - 14:20
    E é preciso uma aldeia inteira
    pra educar uma criança. Toda criança.
  • 14:21 - 14:24
    Mesmo aquela que diz "eu te amo"
    apenas com um olhar.
  • 14:26 - 14:29
    Eu queria dividir uma coisa
    com vocês agora, pra finalizar.
  • 14:29 - 14:33
    Faz cinco meses que o João voltou
    a me chamar de mãe, que ele conseguiu.
  • 14:33 - 14:34
    Mama, na verdade.
  • 14:35 - 14:38
    Eu fiquei muito tempo
    sem essa palavra, sem esse lugar.
  • 14:38 - 14:42
    E agora a gente estava fazendo uma viagem,
    uma das nossas muitas viagens,
  • 14:42 - 14:45
    e ele me deu este presente aqui,
    que eu queria dividir.
  • 14:46 - 14:47
    (Vídeo)
  • 14:48 - 14:49
    Lau Patrón: Eu...
  • 14:50 - 14:51
    João: E.
  • 14:51 - 14:52
    LP: Te...
  • 14:52 - 14:53
    J: De.
  • 14:53 - 14:54
    LP: A...
  • 14:54 - 14:55
    J: A.
  • 14:56 - 14:57
    LP: Mo.
  • 14:57 - 14:58
    J: Ma.
  • 14:58 - 15:00
    (Beijos)
  • 15:01 - 15:03
    LP: Nós somos a diversidade.
  • 15:03 - 15:06
    Sejam a aldeia. Sejam a rede.
  • 15:06 - 15:07
    Obrigada.
  • 15:07 - 15:10
    (Aplausos) (Vivas)
Title:
A solidão das mães especiais - seja rede, seja aldeia | Lau Patrón | TEDxUnisinos
Description:

Lau Patrón é publicitária, escritora e mãe do João Vicente, um menino sorridente e portador de uma síndrome autoimune raríssima, de causa genética, chamada SHUa. Uma das crises da doença provocou um AVC muito grave e João perdeu o controle do próprio corpo, mas não a alegria. Faz alguns anos que Lau criou a página Avante Leãozinho, onde divide com muitas pessoas suas reflexões sobre inclusão e seu processo de aceitação em textos esclarecedores, além de acolher outras famílias que vivem histórias parecidas. Lau vem desenvolvendo mais projetos nesse sentido, sonha alto, odeia a palavra "inclusão" e acredita apenas na mudança que passa pelo afeto. E em um novo entendimento da diversidade como força, e não como fraqueza. "Construiremos um mundo melhor e mais inovador quando ele for construído para abraçar todas as pessoas, como elas são." Quase lançando seu livro de estreia, se autodenomina uma "escritora por necessidade e vive dizendo "a vida é maravilhosa".

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
Portuguese, Brazilian
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
15:13

Portuguese, Brazilian subtitles

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